Você está na página 1de 19

Universidade Mandume Ya Ndemufayo

Faculdade de Economia
Departamento de Economia

UNIDADE III
UNIDADE III - MODELO KEYNESIANO SIMPLES DE
DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO

Osvaldo Salazar
1º Ano/Turma A
Aula n.º 1 e 2
Abril/2023
UNIDADE III: MODELO KEYNESIANO SIMPLES
Unidade Curricular: Economia

Aula n.º 1 e 2

Método: Expositivo

Tipo de Aula: Nova

Procedimento: Aula Teórica

Carga Horária: 90 minutos

Regime: Regular

Meios didáticos: Quadro, marcadores, projector e computador

Prof: Osvaldo Salazar


UNIDADE I: INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
Básica Básica:

➢ Samuelson, P. A. e Nordhaus, W.D. (2010). Economia. 19ª Edição. McGraw- Hill: New York.
➢ Nabais, C. e Ferreira, V, R, (2012) Macroeconomia: Lições e exercícios. Lidel Edições Técnicas,
Lda. Lisboa
➢ Pinheiro, D. et. All. (2008). Manual de Economia. Saraiva: São Paulo.
➢ Rosseti, J. P. (2002). Introdução à Economia. 19ª Edição. Editora Atlas: São Paulo.
➢ Stonier, A. W. e Hangue, D. C. (2010). Teoria Económica. Zahar: Rio de Janeiro.

Específica:

➢ Santos, J., Pina, Á., Braga, J., & Aubyn, M. (2010). Macroeconomia. Lisboa: Escolar.

➢ Mankiw, G. (2008). Princípios de Microeconomia. 5ª Edição. Pioneira Thimpson: Rio de Janeiro.


➢ Varian, H.R. (2006). Microeconomia-Princípios Básicos. 7ª Edição. Campus: São Paulo.

Prof: Osvaldo Salazar


ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO DA AULA N.º 1 e 2

1.Modelo simples;
2. Introdução do Estado;
3. Saldo Orçamental;
4. Orçamento equilibrado;
5. A moeda: origem e tipos de moeda;
6. Oferta monetária: os agregados
monetários;

Prof: Osvaldo Salazar


NO PREFÁCIO DA TEORIA GERAL, KEYNES ESCREVE:

“Aqueles que estão fortemente casados com o


que eu chamo de “a teoria clássica” irão oscilar,
assim espero, entre a crença de que eu estou
bastante equivocado e a crença de que nada
tenho a dizer. Deixo aos outros a incumbência de
determinar qual das opiniões está certa ou se
uma terceira alternativa é a correta.”
PENSAMENTO DOS CLÁSSICOS

➢ Keynes via a sua teoria como uma total


ruptura com a ortodoxia corrente a que
denominou de “teoria clássica”.
➢ Os autores clássicos a que ele se refere eram
simplesmente os neoclássicos da Universidade
de Cambridge, seguidores de Alfred Marshall
que representava a consolidação da Revolução
Marginalista no mundo de fala inglesa (ora ele
parece incluir também John S. Mill e a escola
clássica inglesa do século XIX).
RECEPÇÃO DA TEORIA GERAL DE KEYNES

➢ A Teoria Geral teve boa aceitação, principalmente por gerações mais


novas de economistas. Os economistas da “velha guarda”, no entanto,
procuravam condenar a nova proposta atacando alguns aspectos da
teoria. J. Viner, D. Robertson e Bertil Ohlin foram os críticos mais
hábeis do trabalho de Keynes. Os membros do Circo, aliados a Keynes
(Joan Robinson era um deles), e jovens economistas espalhados por
toda a Grã-Bretanha, entre eles Roy Harrod e A. Lerner, elaboraram
trabalhos no sentido de esclarecer o que Keynes quis dizer.
➢ A opinião pública não especializada tendia a receber com bons ouvidos
a mensagem de Keynes.
O MERCADO DO PRODUTO
(ENQUADRAMENTO GERAL)
O MERCADO DO PRODUTO (INTRODUÇÃO)
Os mercados de produto e monetário definem o lado da procura agregada da
economia.O mercado de trabalho e a função de produção, o lado da oferta
agregada. Até ao primeiro choque petrolífero (1973/74), praticamente só o lado
da procura agregada era considerado nos livros de Macroeconomia. Esse
choque (que foi um choque do lado da oferta), veio provocar um renovado
interesse pela oferta agregada da economia, interesse esse que se mantém até
aos dias de hoje. Este capítulo debruça-se sobre o mercado de produto,
considerando sucessivamente o «modelo simples» keynesiano que inclui os
agregados económicos «Famílias» e «Em-presas» e um modelo a que se junta
o agregado económico «Estado». Supõe-se que os preços são fixos, pelo que os
ajustamentos para o equilíbrio se fazem unicamente através de variações de
quantidades.

Prof: Osvaldo Salazar


MODELO SIMPLES
O modelo mais simples de funcionamento de uma economia supõe um circuito
econó-mico com apenas dois agregados: Famílias e Empresas.
A procura total existente nessa economia é igual à soma das despesas planeadas
de consumo (C) e de investimento (I). Supondo, como o faz Keynes que:
➢ Quando o rendimento aumenta o consumo aumenta, mas que à medida que o
rendimento aumenta o consumo aumenta menos do que o aumento do
rendimento («lei psicológica fundamental» das sociedades modernas);
➢ As decisões de investimento são de tal maneira imprevisíveis e dependentes
dos animal spirits (estados de alma), que dificilmente se encontram
variáveis que o expliquem, isto é, se supusermos que o investimento é
exógeno.

Prof: Osvaldo Salazar


MODELO SIMPLES (CONTINUAÇÃO)
O modelo Keynesiamo simples será uma representação adequada da nossa economia nos
seguintes moldes:
𝐷 =𝐶+𝐼
𝐶 = 𝐶ҧ + 𝑐𝑌
𝐼 = 𝐼ҧ
𝒀=𝑫

(D), a despesa total ou agregada; (C), as despesas em consumo privado; (C), o consumo
autónomo (é um parâmetro positivo do modelo); (I) as despesas em investimento; (Y), o
rendimento ou produto totais; e (c), a propensão marginal a consumir (outro parâmetro do
modelo, cujo valor está compreendido entre 0 e 1).O modelo está na forma estrutural, sendo a 1ª
equação uma equação de definição (é a definição de despesa nacional), a 2ª equação representa o
comportamento do consumo privado (e que obedece à tal «lei psicológica»), a 3ª equação afirma
que o investimento é exógeno, e a 4ª equação é uma equação de equilíbrio.

Prof: Osvaldo Salazar


FORMA REDUZIDA DO MODELO SIMPLES
O modelo (1) tem duas variáveis endógenas (Y e C), podendo determinar se o
valor de qualquer delas em relação às variáveis exógenas e aos parâmetros.
Isso corresponde a achar-se a forma reduzida do modelo em relação a cada uma
das variáveis, por exemplo, a forma reduzida em relação a Y pode ser obtida da
seguinte maneira:
𝑌 =𝐶+𝐼

𝑌 = 𝐶 + 𝑐𝑌 + I

1 − 𝑐 = 𝐶ҧ + 𝐼 ҧ

ഥ + ത𝑰
𝑪
𝒀=
(𝟏 − 𝒄)

Prof: Osvaldo Salazar


O CONCEITO DO MULTIPLICADOR
O multiplicador dá-nos precisamente qual é a variação do valor de equilíbrio de
uma variável endógena quando existe uma variação unitária de uma variável
exógena, ou parâmetro, considerando constantes todas as outras variáveis
exógenas e parâmetros. O conceito de multiplicador associa-se ao conceito de
derivadas (parcial). Por exemplo, o multiplicador do investimento em relação ao
rendimento é deduzido a partir da forma reduzida obtida na última equação, e é
iguala:
𝛿𝑌 1 1
= =
ҧ
𝛿𝐼 1 − 𝑐 𝑠

Ou seja, é igual ao inverso da propensão marginal a poupar (s)


Como 0 < 𝑐 < 1, então o multiplicador é maior que uma unidade. Se por
exemplo, a propensão marginal a consumir for igual a 0,8 então o multiplicador
do investimento em relação ao rendimento será igual a 5.
Prof: Osvaldo Salazar
INTRODUÇÃO DO ESTADO NO MODELO
➢ Quando se introduz o agregado Estado no modelo, temos de considerar a
aquisição de bens e de serviços finais por parte do Estado (G), os impostos
que arrecada (T), bem como o saldo das suas transferências com os
particulares (TR).
➢ Vamos supor que tanto os gastos (G) como as transferências (TR) são
exógenos, e admitir que os impostos variam directamente com o nível de
rendimento Y, para além de terem uma parte autónoma. Esta parte autónoma
poderá estar a representar, por exemplo, os impostos lump-sum[4].O
aumento de impostos resultante de um aumento unitário do nível de
rendimento é designado de taxa marginal de imposto (em termos
matemáticos, é a derivada dos impostos T em relação ao rendimento Y). A
função de imposto é então:

Prof: Osvaldo Salazar


O IMPOSTO
A função de imposto é então:

𝑇 = 𝑇ത + 𝑡𝑌

Com 𝑡 (taxa marginal de imposto) > 0 𝑒 < 1

Com a introdução da actividade do Estado, as decisões de consumir e poupar


passam a depender não do rendimento Y mas sim do rendimento disponível dos
particu-Jares. O rendimento disponível Yd é igual ao rendimento Y a que se
subtrai os impostos e adiciona o saldo das transferências com os particulares (Yd
= Y - T + TR).

Prof: Osvaldo Salazar


FORMA ESTRUTURAL DO MODELO
O modelo na sua forma estrutural é agora o seguinte:

𝐷 =𝐶+𝐼+𝐺
𝐶 = 𝐶ҧ + 𝑌𝑑
𝑌𝑑 = 𝑌 − 𝑇 + 𝑇𝑅
𝑇 = 𝑇ത + 𝑡𝑌
𝑇𝑅 = 𝑇𝑅
𝐼 = 𝐼ҧ
𝐺 = 𝐺ҧ
𝑌=𝐷
As variáveis endógenas são agora o rendimento Y (igual à despesa D), o
rendimento disponível Yd, os impostos I, e o consumo C.

Prof: Osvaldo Salazar


FORMA REDUZIDA DO MODELO
O modelo na sua forma reduzida em relação ao rendimento Y pode ser obtida
através de substituições sucessivas do seguinte modo:
𝑌 =𝐶+𝐼+𝐺
𝑌 = 𝐶ҧ + 𝑐𝑌𝑑 + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
𝑌 = 𝐶ҧ + 𝑐(𝑌 − 𝑇 + 𝑇𝑅) + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
𝑌 = 𝐶ҧ + 𝑐(𝑌 − 𝑇ത − 𝑡𝑌 + 𝑇𝑅) + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
1 − 𝑐(1 − 𝑡) 𝑌 = 𝐶ҧ + 𝑐 𝑇ത + 𝑐𝑇𝑅 + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
𝐶ҧ + 𝑐 𝑇ത + 𝑐𝑇𝑅 + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
𝑌=
1 − 𝑐(1 − 𝑡)
𝐴ҧ
𝑌= 𝐴ҧ = 𝐶ҧ + 𝑐 𝑇ത + 𝑐𝑇𝑅 + 𝐼 ҧ + 𝐺ҧ
1 − 𝑐(1 − 𝑡)

Prof: Osvaldo Salazar


O MULTIPLICADOR DO MODELO
Os multiplicadores podem ser agora facilmente deduzido a partir da última
equação:

𝜕𝑌 𝜕𝑌 𝜕𝑌 1 1
= = = = =𝛼
𝜕𝐼 ҧ 𝜕𝐺ҧ 𝜕 𝐶ҧ 1−𝑐(1−𝑡) 1−𝑐+𝑐𝑡)

Os multiplicadores dos impostos autónomos e das transferências autónomas,


são simétricos e iguais a:

𝜕𝑌 𝜕𝑌 𝑐
= =
𝜕𝑇ത 𝜕𝑇𝑅 1 − 𝑐(1 − 𝑡)

Prof: Osvaldo Salazar


EXERCÍCIOS
2.1. Suponha que se verificam as seguintes relações numa dada economia:
C = 100 + 0,6Y I = 300
a) Diga quais os valores de equilíbrio do rendimento, consumo e poupança.
b) Se o investimento aumentar de 50 u.m., qual será o aumento no rendimento de
equilíbrio?
c) Represente graficamente, utilizando papel milimétrico, o equilíbrio inicial e final
deste modelo (alíneas a e b), utilizando as condições de equilíbrio Y = D e S = I.

d) Suponha que as pessoas, para cada nível de rendimento, resolvem poupar mais10
u.m. Calcule os novos níveis de poupança e de rendimento de equilíbrio.
e) Se a propensão marginal ao consumo aumentar para 0,8, qual será o novo
rendimento de equilíbrio?

Prof: Osvaldo Salazar

Você também pode gostar