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IVA – IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO

1. CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO
CONCEITO
O IVA é um imposto indirecto que recai sobre o consumo, aplicável de um modo geral e
uniforme em todo o circuito económico ocorrido no território nacional.
Além das operações com estas características estão também sujeitas a IVA as
importações de bens;
Os pressupostos acabados de enunciar, traduzem-se, ainda que referidos de forma muito
reduzida, na incidência real e pessoal do imposto, bem como no seu elemento de
conexão territorial. É, pois, cada um destes elementos que passaremos a analisar.

1.1. INCIDÊNCIA PESSOAL

a) São sujeitos passivos (SP) do IVA as pessoas, singulares ou colectivas que:


• De modo independente e com carácter de habitualidade exerçam actividades
de produção, comércio ou prestação de serviços;
• De modo independente pratiquem uma só operação, enquadrável numa das
referidas actividades, sejam elas exercidas no território nacional ou fora
dele;
• Pratiquem uma só operação que não esteja sujeita a IRPS ou IRPC;
• Realizem importação de bens;

b) sujeitos passivos ficcionados


Em certos casos, a lei considera sujeitos passivos, no sentido de serem devedores do
imposto, os adquirentes de determinados serviços, dentro das seguintes condições
cumulativas (conjugação do art.º 2º, nº 1, alínea a), 2ª parte, com o art.º 6 nº 8):
• De serem já sujeitos passivos nacionais pela prática de operações tributáveis
previstas no art.º 2º, nº 1, alínea a);
• De o prestador não ter sede, estabelecimento estável ou domicílio no
território nacional a partir do qual o serviço seja prestado;
• De se tratar de um dos serviços enumerados no art.º 6 nº 7 (marcas de
fabrico, publicidade, serviços de consultoria, operações bancárias, etc.).

São também sujeitos passivos (devedores do imposto) os adquirentes do serviços a


seguir referidos, dentro das seguintes condições cumulativas (conjugação do art.º 2º,
nº 1, alínea e), com o art.º 6º):
• De o prestador não ter no território nacional, sede, estabelecimento estável ou
domicílio a partir do qual o serviço seja prestado;
É ainda sujeito passivo do IVA (devedor) quem, enquadrando-se ou não nas
situações anteriores, mencione indevidamente imposto em factura ou documentos
equivalentes (art.º 2º, nº 1, alínea e).

b) Outros sujeitos passivos


O Estado e as demais pessoas colectivas de direito público não são, em princípio
sujeitos passivos do impostos desde que a sua actividade decorra dos seus poderes
de autoridade, ainda que por ela obtenham contrapartidas (preço ou taxa ou outras
prestações).
Porém, os entes públicos já serão sujeitos passivos quando exercerem determinadas
actividades económicas, elencadas no art.º 4º (Telecomunicações, distribuição de
água, gás e electricidade, transportes, radiodifusão e radiotelevisão, etc.),
actividades estas que não têm uma natureza intrínseca estadual e podem também ser
desenvolvidas por empresas privadas.
Observa-se, porém que os entes públicos podem ser sujeitos passivos quando, no
primeiro caso, a sua não sujeição possa originar distorções de concorrência,
podendo não o vir a ser, no segundo caso, quando as actividades elencadas no art.º
3º sejam exercidas de forma não significativa.
Abaixo se encontra uma estrutura da incidência pessoal do IVA:

1.2. INCIDÊNCIA REAL

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A incidência real traduz-se nos factos sujeitos ao imposto e que, como já se viu, são
desde logo as transmissões de bens e as prestações de serviços.
a) Transmissão de bens
Define-se transmissão de bens como acto ou contrato que faz operar a
transferência onerosa de bens corpóreos, sendo assimilados a bens corpóreos a
energia, o gás, o calor, o frio e realidade similares.
Nota-se que não se impõe que o transmitente seja o verdadeiro proprietário do bem
transferido. Ao contrário, basta que aquele actue como o faria um proprietário, isto
é, pela forma correspondente ao exercício do direito de propriedade.
Assim, há lugar a uma transmissão para efeitos de IVA mesmo que o transmitente
seja um mero detentor dos bens, bem como nos casos de transmissões forçadas
(venda judicial ou administrativa, por exemplo)

Transmissões ficcionadas

O pendor económico que caracteriza a estrutura normativa deste ou de qualquer


outro imposto levou a que determinadas situações que, juridicamente não podem
considerar-se transmissões, fossem assimiladas a esta figura, uma vez que
propiciavam resultados equivalentes.
É o que acontece com os seguintes casos:
• Contratos de locação-venda em que as partes celebram um contrato de locação,
mas com a cláusula vinculante da posterior transferência da propriedade;
• Contrato de venda com reserva de propriedade, isto é, sujeito a condição
suspensiva do pagamento do preço;
• Transferência de bens entre comitente e comissário;
Idêntico regime é aplicável ao contrato de consignação, em relação as transferência
de mercadorias entre o consignante e consignatário:
• Não devolução, no prazo de 180 dias, das mercadorias enviadas a consignação.
Neste caso presume-se que as mercadorias foram vendidas, havendo lugar a
tributação;
• A afectação de bens da empresa, cuja aquisição tenha conferido a dedução do
imposto, a fins alheios a actividade da própria empresa, seja a que título for, é
considerada transmissão e, como tal, tributável, exceptuam-se deste regime as
amostras e ofertas de pequeno valor;

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• Transferência de bens entre um sector sujeito e um sector isento e a afectação ao
activo imobilizado de bens referidos no art. º 20º, nº 1, quando tenha havido
lugar a dedução do imposto suportado na aquisição desse bem.
Prestações de serviços
O conceito de prestação de serviços reveste-se de um carácter residual cabendo
todas as operações onerosas que não se encontram tipificadas como transmissões de
bens, nem como importações.
Presume-se também que a utilização, seja a que título for, de bens da empresa por
cuja aquisição tenha havido lugar a dedução do imposto, para fins alheios a sua
actividade tributável, é uma prestação de serviços a título oneroso e como tal
tributável.

c) Importações de bens
É considerada importação a entrada em território nacional de bens originários ou
precedentes de países terceiros.

1.3. LOCALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES

a) Localização das transmissões de bens


De acordo com o n.º1 do Artº.6, são as tributadas as transmissões de bens nos casos
abaixo mencionados:

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• Se os bens estiverem situados no território nacional, no momento em que se inicia o
transporte ou a expedição para o adquirente;
• Caso não haja expedição ou transporte, no momento em que são colocados a
disposição do adquirente.

b) Localização das prestações de serviços


A regra geral é a de tributar em Moçambique as prestações de serviços quando o seu
prestador aqui tiver a sede, estabelecimento estável ou o seu domicílio a partir dos
quais os serviços sejam prestados (art.º 6º nº3).
Esta regra comporta várias excepções e especificidades.

Assim:
• A prestação de serviços relacionados com um imóvel situado fora do território
nacional, incluindo os que tenham por objecto preparar ou coordenar a execução
de trabalhos imobiliários e as prestações de peritos e agentes imobiliários:
• Trabalhos efectuados sobre bens móveis corpóreos e peritagens a eles
referentes, executados total ou essencialmente fora do território nacional.
• Prestações de serviços de carácter artístico, cientifico, desportivo, recreativo, de
ensino e similares, compreendendo as dos organizadores destas actividades e as
prestações de serviços que lhes sejam acessórias, que tenham lugar no território
nacional;
• O transporte, pela distância percorida fora do território nacional.
Por outro lado, as prestações de serviços a seguir referidas, cujo prestador não seja
localizado em Moçambique, são aqui tributados se o adquirente for um sujeito
passivo do IVA com sede, estabelecimento estável ou domicílio em território
nacional (art.º6 nº 7):
• Cessão ou autorização para a utilização de direitos de autor, licenças, marcas de
fabrico e de comércio e outros direitos análogos;
• Serviços de publicidade;
• Serviços de telecomunicações;
• Serviços de consultores, engenheiros, advogados, economistas e contabilistas,
gabinestes de estudos em todos os domínios, compreendendo os de organização,
investigação e desenvolvimento;
• Tratamento de dados e fornecimento de informações;

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• Operação bancária, financeiras de seguro e resseguro;
• Colocação de pessoal à disposição;
• Serviços de intermediários que intervenham em nome e por conta de outrem no
fornecimento das prestações de serviços;
• Obrigação de não exercer, mesmo a título parcial uma actividade, uma
actividade profissional ou de um direito mencionado (Art.6, n.º7 h) i)
• Locação de bens móveis corpóreos, com excepção dos meios de transporte;
Contudo, as mesmas prestações de serviços não serão tributadas em Moçambique,
mesmo que o prestador aqui seja localizado, sempre que o adquirente seja uma
pessoa estabelecida ou domiciliada no estrangeiro (Artº. 6º nº 8).

1.4. FACTO GERADOR E EXIGIBILIDADE DO IMPOSTO


Fazendo ainda parte da incidência, vista esta num sentido temporal, há que ter em
conta o facto gerador do imposto e a sua exigibilidade, isto é, o momento em que o
imposto é devido pelo SP e exigível pelo Estado.

a) Regra geral
A regra geral (Artº. 7º, nº 1) é de natureza material e traduz-se em o imposto ser
devido e exigível no momento em que os bens são postos à disposição do adquirente,
quando se realizam as prestações de serviços ou, quando ocorrem importações, no
momento em que for numerado o DU – Documentos Único.
Esta regra geral cede, no entanto, nos casos em que os bens sejam entregues antes de
se produzirem os efeitos translativos de um contrato (salvo nos contratos de locação-
venda e de compra e venda com reserva de propriedade), sendo o imposto devido e
exigível apenas quando esses efeitos se verificarem (art.º 7º, nº7).
A mesma regra comporta ainda outras propriedades que importa considerar. Assim:
• Instalação ou montagem de bens (art.º 7º, nº 2). O imposto é devido e exigível
quando a instalação ou montagem estiver concluída;
• Transmissão de bens e prestação de serviços de carácter continuado com
pagamentos fraccionados (art.º 7º, nº 3). O imposto é devido e exigível em
relação a cada pagamento;
• Afectação ou utilização de bens ou serviços da empresa a uso próprio do seu
titular, do pessoal, ou a fins alheios a actividade para que foram adquiridos (art.º
7º, nº 4). O imposto é devido e exigível no momento em que as afectações de
bens ou as prestações de serviços tiverem lugar;

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• Transmissões de bens entre comitente e comissário (art.º 7º, nº 5). O imposto é
devido e exigível no momento em que o comissário os puser a disposição de seu
adquirente;
• Não devolução das mercadorias enviadas à consignação (art.º 7, nº 6).
Oimposto torna-se, pois, exigível no momento da emissão da factura, se o prazo for
respeitado ou, no termo desse prazo caso contrário. Porém, no caso de pagamentos
antecipados, o imposto é devido pelo montante efectivamente pago. (Vide o Capítulo
sobre Obrigações Acessórias – Obrigação de emissão de emissão de facturas).

Regimes especiais de exigibilidade do imposto


Relativamente às empreitadas e sub-empreitadas de obras públicas em que sejam
donos da obra a Estado, a exigibilidade do imposto é diferida para o momento de
recebimento do preço, nos termos do Decreto n.º27/2000 de 10 de Outubro que impõe
a criação de um Regime Especial de Exibilidade do IVA nas Empreitadas e Obras
Públicas.
1.5. ISENÇÕES

Isenções nas operações internas (art.º 9º)


Este tipo de isenções, designadas por simples ou incompletas, traduzem-se no facto de
o operador económico não ser obrigado a liquidar imposto nas transmissões de bens ou
prestações de serviços que efectuar, não podendo, em contrapartida deduzir o imposto
suportado nas suas aquisições.

a) Principais isenções internas


• Transmissões de bens e prestações de serviços de Saúde indicadas no Art.9
n.º1
• Transmissões de bens e prestações de serviços efectuadas por entidades sem
fins lucrativos de acordo com o Art.9 n.º 2;
• Transmissões de bens e prestações de serviços de ensino indicados no Art.9
n.º 3;
• As operações bancárias e financeiras (Art.9 nº 4);
• Certas locações de imóveis (Art.9 nº.5);
• As operações de seguro e resseguro, bem como as prestações de serviços
conexas, efectuadas pelos corretores e outros mediadores de seguros; (Art 9
n.º6);
• Certas transmissões de bens e prestaçções de serviços no âmbito das
actividades agrícola, silvícola, pecuária e piscatória (Art.º 9, n.º7);

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• Lotaria, bingo, bem como outras actividades sujeitas ao imposto especial
sobre jogo (Art.º 9º, nº 8);
• As transmissões de bens e prestações de serviços para fins culturais e
artísticos (9, nº 9);
• As transmissões de farinha de milho, arroz, pão, sal iodado, leite em pó para
lactentes até um ano, trigo, farinha de trigo, tomate fresco ou refrigerado,
batata, cebola, carapau congelado, petróleo de iluminação, jet fuel, bicicletas
comuns e preservativos; (Art.9º n.º10)
• Transmissões de bens e pretação de serviçoss efectuados no âmbito de
fornecimento de material de guerra e de aquartelamento, fardamentos
militares e paramilitares, destinados à utilização oficial das Forças de Defesa
e de Segurança Nacional, desde que a actividade seja efectuada
exclusivamente para aqueles serviços, por estabelecimentos reconhecidos
pelo Ministério competente. (Art.9º n.º11)
• Outras transmissões de bens a seguir indicadas (Art.9º n.º11):
o As transmissões, pelo seu valor facial, de selos de correio em
circulação ou de valores selados, bem como as respectivas comissões
de venda;
o O serviço público de remoção de lixo;
o As prestações de serviços e as transmissões de bens acessórios aos
mesmos serviços, efectuadas por empresas funerárias e de cremação;
o As operações sujeitas à SISA ainda que dela isenta;
o As transmissões de bens afectos exclusivamente a um sector de
actividade isento ou que, em qualquer caso, não foram objecto de
direito de dedução e bem assim as transmissões de bens cuja
aquisição tenha sido feita com exclusão do direito à dedução.

b) Renúncia à isenção (art.º 11º)


Poderão renunciar a isenção os sujeitos passivos que se beneficiam da isenção na
transmissão de bens e prestações de serviços no âmbito de actividades agrícola,
silvícola, pecuaria, e pesca referidas na a) do n.º 7 do Art.9.
A renúncia à isenção, de que só podem aproveitar as operações acabadas de referir,
é feita através da entrega na repartição de finanças competente, de uma declaração
de início de actividade (se o interessado não a tiver ainda iniciado) ou de alterações
(se já estiver a exercer a actividade).
Uma vez feita a opção de tributação o SP é obrigado a permanecer nesse regime
durante, pelo menos, cinco anos. Findo esse prazo pode voltar ao regime de isenção
devendo para tal solicitar por meio da declaração antes de expirado o prazo.

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Isenções nas importações
De acordo com o Art. 12 estão isentas do IVA:
• Importações definitivas de bens cuja transmissão em território nacional tenha
isenção objectiva de acordo com a alinea a) do n.º1 do .12.
• Certas importações de bens, sempre que gozem de isenção de pagamento de
direitos de importação, nos termos da Lei;
• As prestações de serviços cujo valor esteja incluído na base tributável das
importações de bens refiram conforme o estabelecido na base de tributação nas
importações;
• As importações de bens de abastecimento que, desde a sua entrada em território
nacional até a chegada ao porto ou aeroporto nacionais de destino e durante a
permanência nos mesmos pelo período normal necessário para o cumprimento
das suas tarefas, sejam consumidos ou se encontram a bordo das embarcações
que efectuem navegação marítima, fluvial ou lacustre internacional ou de aviões
que efectuem navegação aérea internacional;
Esta isenção não abrange as provisões de bordo e os combustíveis em
determinadas condições (cf. art.º 12º nº 3);
• As importações de bens de equipamento classificados na classe “K” da pauta
aduaneira, destinados aos investimentos em empreendimentos autorizados
ao abrigo da Lei de Investimentos e respectivo Regulamento.

Isenções nas exportações, operações assimiladas a exportações e transportes


internacionais (art.º 13º CIVA)
Ao contrário do que acontece com parte das operações internas, em que a isenção é
considerada incompleta, como se referiu, no caso das vendas para o exterior o
vendedor não só não liquida imposto como pode deduzir, eventualmente pela via
de reembolso, o IVA que suportou na compra de bens destinados a esse fim.
Como regra geral poderia afirmar-se que este artigo 14º pretende incluir todas as
exportações efectivas, sendo concebível que o pudesse fazer através de uma norma
suficientemente abrangente para esse efeito. Essa forma seria a sua alínea a) que
faz referência “as transmissões de bens expedidos ou transportados com destino
estrangeiro pelo vendedor ou por um terceiro por conta deste”. Sabe-se, no entanto,
que a realidade das coisas não é tão linear, que existem situações em que não é
assim tão claro saber-se se estamos perante uma operação interna, e situações que
assumidamente se pretendem excluir da isenção. Daí todo o desenvolvimento
normativo que caracteriza este preceito onde se faz referência, nomeadamente:
o As exportações directas (alíneas a, a e);
o As exportações precedidas de reparações ou transformações (alíneas f) e
g);

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o As exportações relacionadas com abastecimento e reparações de navios
e aviões (alíneas h) e i);
o As exportações relacionadas com organismos internacionais, e com as
representações diplomáticas (alíneas j), k) e l));
o As prestações de serviços, nomeadamente de transporte, relacionadas
com o circuito de pessoas e bens (alíneas m), n), o) e p)).

Outras isenções (art.º 14º)


Consagrou-se aqui outro tipo de isenções de que destacamos:
• De acordo com o Art.º 14º, estão isentas do imposto as operações indicas
abaixo, desde que os bens a que se referem não tenham utilização nem
consumo finais nas áreas mencionadas:
o As importações de bens que, sob controlo alfandegário e com
sujeição às disposições especificamente aplicáveis, sejam postas
nos regimes de zona económica especial, zona franca, depósito
franco e depósitos gerais francos ou que sejam introduzidos em
depósitos de regime aduaneiro ou lojas francas, enquanto
permanecerem sob tais regimes.
o As transmissões de bens que se encontrem nos regimes de
trânsito, draubaque ou importação temporária e as prestações de
serviços de transporte directamente conexas com tais operações,
enquanto os mesmos forem considerados abrangidos por aqueles
regimes.
1.6. PRINCÍPIOS GERAIS DE TRIBUTAÇÃO

VALOR TRIBUTÁVEL

Valor tributável nas operações internas (art.º 15º)


O valor tributável das transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a
imposto é o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário
ou de um terceiro.
O valor tributável deverá ainda incluir:
• Os impostos, direitos e taxas (com exclusão do Próprio IVA)
• As despesas acessórias (comissões, embalagens, transporte, seguros)

Porém, já serão excluídos:


• As indemnizações declaradas judicialmente, por incumprimento total ou
parcial de obrigações;

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• Os descontos, bónus e abatimentos;
• As quantias pagas em nome e por conta do adquirente, registadas pelo
contribuinte em contas de terceiros apropriadas;
• As embalagens que não forem objecto de transacção.

Refira-se ainda que em alguns casos o valor tributável não incide sobre o total do
montante da factura, como se depreende em algumas alíneas do Art.15, n.º2
• Transmissão de energia, cujo preço é fixado por Autoridade Pública, o IVA
incide sobre 62% do total da factura (alinea j);
• Prestações de serviços de obras públicas em construção e reabilitação de
estradas, ponte e infraestruturas de abastecimento de água, no valor
tributável deduz 60% do mesmo, ou seja, o IVA incide sobre 40% do valor
da factura; (alinea i);
Valor tributável na importação de bens (art.º 16º)

O valor tributável dos bens importados é o seu valor aduaneiro, adicionado, desde
que não contenham os elementos abaixo indicados, de acordo com o n.º1:

• Direitos de importação e quasiquer outros impostos e taxas efectivamente


devidos na importação, com exclusão do próprio IVA;
• Despesas acessórias tais como embalagem, transporte, seguro e outros encargos
que se verifiquem até ao primeiro lugar de destino dos bens no interior do Pais.

Taxas (art.º 17º)


A taxa do IVA é de 17% e a sua aplicação vigora a partir do momento em que o
imposto se torna exigível.
APURAMENTO DO IMPOSTO (Artºs. 18º a 25º)

DIREITO À DEDUÇÃO (Artº. 19º e 20º)

a) Natureza do direito à dedução


Uma vez que IVA é um imposto de natureza periódica, como adiante se referirá, a
quantia a pagar ao Estado é determinada pela aplicação da taxa ao valor tributável
referente a cada transmissão de bens ou prestação de serviços efectuadas no
período, deduzido o imposto suportado nas aquisições de bens e serviços do mesmo
período de imposto.
A dedução é pois uma das componentes essenciais do apuramento do imposto,
traduzindo-se na compensação entre um direito de crédito de que um operador

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económico é titular em relação ao imposto suportado nas operações “a montante” e
a dívida tributária decorrente das suas operações “ a jusante”.

b) Requisitos do direito a dedução(Artº.18º e 19º)


1. Só confere direito à dedução:
a) O imposto que lhes foi facturado na aquisição de bens e serviços por outros sujeitos
passivos;
b) O imposto suportado nas importações de bens;
c) O imposto pago pela aquisição dos serviços indicados no n.º7 do artigo 6.
d) O imposto pago como destinatário de operações tributáveis efectuadas por sujeitos
passivos estabelecidos no estrangeiro, quando estes não tenham representante
legalmente acreditado e não houver facturado o imposto;
e) O imposto suportado nas reparações, manutenção, ou outras prestações de serviços,
no caso dos revendedores de bens em segunda mão;
1. O imposto mencionado em facturas, documentos equivalentes e bilhetes de despacho de
importações passados na forma legal, na posse do sujeito passivo.
2. Não pode deduzir-se o imposto que resulte de operação simulada ou em que seja
simulado o preço constante da factura ou documento equivalente.
3. Não é ainda permitido o direito a dedução do imposto nas aquisições de bens de
segunda mão quando o valor tributável da sua transmissão posterior for a diferença
entre o preço de venda e o preço de compra, nos termos da alínea f) do n° 2 do artigo 15
° do CIRPS.
4. Não pode, igualmente, deduzir-se o imposto que resulte de operações em que o
transmitente dos bens ou prestador de serviços não tenha entregue nos cofres do estado
o imposto liquidado, quando o sujeito passivo tenha o devesse ter conhecimento de que
o transmitente dos bens ou prestador de serviços não dispõe de adequada estrutura
empresarial susceptível de exercer a actividade declarada
5. De acordo com o Art.19º n.º1, só pode deduzir-se o imposto que tenha incidido sobre
bens ou serviços adquiridos, importados ou utilizados pelo sujeito passivo para a
realização das seguintes operações:

o Transmissões de bens e prestações de serviços sujeitas a imposto e dele


não isento;
o Transmissões de bens que consistem em:
− Exportações e operações isentas nos termos do art.13;
− Operações efectuadas no estrangeiro que seriam tributáveis se fossem
efectuadas no território nacional;
− Prestação de serviços de transporte cujo valor esteja incluído na base
tributável, dos bens importados, nos termos da alinea b), do n.º1 do
Art.16;
− Transmissões de bens e prestação serviços abrangidos pelas alinas b),
c) e d) do n.º1 e n.º2 do Art.14

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− Transmissões de bens abrangidos pela alinae b) do n. º7, n.º10 e nas
alíneas d) e f) do n.º13, todos do art.9.

c) Exclusão do direito à dedução (Artº. 20º)


É pois excluído o direito a dedução do IVA suportado nas seguintes despesas:
• Compra, fabrico, importação, locação, utilização, transformação e reparação
de barcos de recreio, helicópteros, aviões, motos, motociclos e viaturas de
turismo (qualquer veiculo automóvel, com inclusão de reboque, que, pelo
seu tipo de construção e equipamento, não seja destinada unicamente ao
transporte de mercadorias ou a uma utilização com carácter agrícola,
comercial ou industrial ou que, sendo misto ou de transporte de passageiros,
não tenha mais de nove lugares, com inclusão do condutor – alinea a) do
n.º1 do Art.20).
• Despesas com aquisição de combustíveis. O IVA contido no preço do
gasóleo é dedutível em 50% e, se for destinado a veículos pesados de
transporte de pessoas, transporte públicos, máquinas que não sejam veículos
matriculados, tractores agrícolas, a dedução é total;
• Despesas de transporte e viagens do sujeito passivo e do seu pessoal;
• Despesas de alimentação, bebidas, alojamento, de recepção, de tabaco, de
recepção, incluindo as relativas ao acolhimento de pessoas estranhas a
empresa;
• Despesas com serviços de telefonia móvel;
• Despesas de divertimento e de luxo;
Mais ainda, de acordo com o n.º4 do Art.18, não é permitido o direito à
dedução do imposto nas aquisições de bens da segunda mão quando o valor
tributável da sua transmissão posterior for a diferença entre o preço de venda
e o de compra, nos termos da alinea f) do n.º2 do Art.15.
E de acordo com o n.º2 do Art.19, não há direito a dedução do imposto
respeitante a operações que deêm lugar aos pagamentos referidos na alinea
c) do n.º6 do Art.15.

d) Direito ao reembolso (Artº. 21º)


O direito ao reembolso é uma das formas de exercer o direito à dedução, pois o
sujeito passivo tem uma situação credora perante o Estado (imposto dedutível é
superior ao imposto liquidado).
O reembolso pode ser pedido, no campo respectivo de uma declaração periódica
entregue dentro do prazo legal, se persistir uma situação de crédito superior a
50,000.00 MT durante doze meses. Pode, ainda, sem este requisito de permanência,
ser solicitado o reembolso nas seguintes circunstâncias (Art. 21º, nº 6):

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• Cessação de actividade;
• Mudança de enquadramento, para um regime que não confira direito a
dedução;
No último capítulo falaremos com mais pormenores sobre o pedido do reembolso e
os requisitos do direito ao reembolso.

Prazos de pagamento dos reembolsos


• Os reembolsos serão pagos no prazo de trinta dias a contar da data da
apresentação do respectivo pedido;
.
Pagamentos de juros a favor do titular do reembolso
No caso de não ser cumprido o prazo acima referido, por motivos imputáveis aos
serviços da administração fiscal, poderá o sujeito passivo solicitar o pagamento de
juros.

e) Dedução parcial do imposto. Sujeitos passivos mistos (Art. 22º)


Casos há em que os sujeitos passivos que exercem operações tributáveis que
conferem o direito a dedução do imposto suportado a montante e, em simultâneo,
exercem operações isentas que não conferem aquele direito.
Sendo assim, tornar-se necessário determinar o montante do imposto dedutível e do
que não é dedutível. Este apuramento pode ser feito por duas modalidades.

Método da afectação real


Este método consiste na separação, através da contabilidade da empresa, das
aquisições de bens e serviços que são afectas ao sector tributável das que são afectas
para o sector isento. Desde modo já poderá deduzir integralmente o imposto
suportado no primeiro caso, nada deduzindo no segundo.

Método do “pró rata” de dedução


A percentagem de dedução é proporcional ao valor das operações tributáveis e
isenta com direito a dedução em relação ao volume de negócios total. Esta
percentagem é calculada através de uma fracção que comporta no numerador o
montante anual das operações que conferem direito a dedução, com o imposto
excluído e, no denominador, o montante anual de todas operações do sujeito
passivo, também com o imposto excluído.
As transmissões de bens do activo imobilizado da empresa e as operações
imobiliárias e financeiras acessórias do sujeito passivo em causa não são incluídas
nem no numerador nem no denominador da fracção.

DOCENTES 14
Regularização das deduções
Uma vez que só no final de cada exercício é possível apurar o “pró rata” definitivo,
durante cada exercício é aplicável a percentagem de dedução referente ao ano
anterior. É o “pró rata” provisório que deverá ser corrigido quando forem
conhecidos os elementos definitivos do ano, havendo assim lugar à correspondente
regularização.
A regularização é feita na declaração referente ao último período do ano a respeita.

1.7. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS


Obrigações dos sujeitos passivos de IVA

Obrigações declarativas

a) Declaração de inicio, alteração e cessação de actividade (alinea a) n.º1 do


Art.25);
A declaração de inicio deve ser apresentada, em triplicado, antes de iniciada a
actividade, na repartição de finanças competente, em geral a da área da sede,
estabelecimento principal ou domicílio do sujeito passivo.

b) Declarações periódicas
• Declarações de imposto (alinea c) do n.º1 do Artº. 25º)
Devem ser apresentadas nos seguintes termos:
✓ Sujeitos passivos do regime normal mensal – até ao último dia útil do
mês seguinte àquele a que respeitem as operações;

✓ O imposto autoliquidado deve ser enviado, juntamente com estas


declarações, através de cheque bancário ou em numerário.

✓ Estas declarações devem ser entregues mesmo que, num determinado


mês o sujeito passivo não efectue operações tributáveis.

Obrigações de facturação (alinea b) do n.º1 do Art.25º e 27º)


Os sujeitos passivos de IVA são obrigados a passar uma factura ou documento
equivalente por cada transmissão de bens ou prestação de serviços, bem como
pelos pagamentos antecipados em relação à data das operações (Artº. 25º, nº 1,
alínea b).

DOCENTES 15
As facturas devem conter obrigatoriamente alguns elementos como pressuposto da
sua validade, tais como, identificação do sujeito passivo emitente e do destinatário
dos bens ou serviços, preços, taxas e imposto devido (Artº. 27º, nº 5).
Além disso devem ser numeradas sequencialmente e datadas, bem como obedecer
aos requisitos, serem emitidas por tipografia autorizada ou processada por
computador;
Devem, por outro lado, ser emitidas em duplicado, destinando-se o original ao
cliente e a cópia ao arquivo do fornecedor.
Refira-se que a questão de exigência do original, para documentar o direito à
dedução, não é uma mera exigência de ordem formal significando antes a garantia
de que o IVA que contem só é deduzido uma vez. A 2º via de uma factura não pode
legitimar esse direito. Em caso, de extravio do original deve emitir-se novas
facturas com anulação da anterior, referindo expressamente esse facto de modo a
que o imposto não seja liquidado de novo nem origine novo direito a dedução.

DOCENTES 16
REQUSITOS DE VALIDADE DAS FACTURAS

Nome, firma e denominação social;


Endereço completo da empresa;
Número Único de Identificação Tributaria- NUIT O número sequencial
(bem identificado) da factura

Insert Factura No. 778878


Victor e Construções, Lda.
Rua das Embaixadas 659 Maputo -Moçambique
Tel: +258 21 22 345

NUIT: 700003241455 FACTURA

Data da emissão
Cliente da factura

Nome completo Nome Data


do cliente, Endereço
endereço e NUIT Cidade Código Postal NUIT
Telefone

Qt. Discrição P. Unit. TOTAL

20 xxxxxx 30.00 600.00

Quantidade, descrição e
preço antes do IVA.

NB: Todos os preços


quando não indicados o
IVA deve estar explicito:
IVA NÃO INCLUÍDO ou
IVA INCLUÍDO

Sub total 600.00

Pagamento IVA 17%


Se processadas Se a empresa vende bens
electronicamente No. Da Conta TOTAL 600.00
ou serviços isentos do
este descritivo deve Nome
IVA, deve indicar
estar mencionado. Motivo justificativo da não aplicação do
justificativo
E o sistema deve imposto
ser aprovado pelo
Ministério das
Finanças
Processado Por Computador

Dom Gráficas - Av. Das Estrelas, Maputo/200004324 Aut No:234/MPF/0234 Liv.24X34556 a 50000

Se a factura for impressa tipograficamente, deve conter elementos de


identificação da tipografia, nomeadamente a designação social, sede
e NUIT, bem como a autorização do Governo para a tipografia NB: Ler Art. 31 do Código do IVA
imprimir facturas

a) Prazo para a emissão


As facturas ou documentos equivalentes devem ser emitidas, o mais tardar, no
quinto dia útil seguinte ao do momento em que o imposto é devido.
Em caso de pagamentos antecipados, a emissão deve coincidir com o recebimento
do montante que estiver em causa.
Observa-se que os documentos equivalentes, não tendo a mesma natureza da
factura, devem, no entanto, conter todos os elementos exigíveis para as facturas. São
considerados documentos equivalentes as notas de crédito e de débito, as Facturas-
Recibo, as Vendas a Dinheiro (V.D), desde que, como é obvio, não seja emitida
uma Factura para a mesma operação.

DOCENTES 17
As Guias de Remessa não são consideradas documentos equivalentes, sendo
exigível a emissão subsequente da factura.

b) Facturas globais
É permitido o sistema de facturação global, referente a um mês ou períodos
inferiores, desde que seja feita comunicação prévia a DGI e por cada transacção seja
emitida guia ou nota de remessa e do conjunto dos dois documentos resultem todos
os elementos exigíveis para a factura.
O processamento da factura global não pode ultrapassar cinco dias úteis após o
termo do período a que respeitam.

c) Dispensa da obrigação de emissão da factura


Ficam dispensados de emitir factura, nas vendas a dinheiro em que o cliente seja um
particular:
• Os retalhistas e os vendedores ambulantes;
• As transmissões de bens feitas por aparelhos de distribuição
automática;
• As prestações de serviços em que seja habitual a emissão de talão,
bilhete de ingresso ou de transporte, senha ou outro documento
impresso e ao portador, comprovativo de pagamento;
• Outras prestações de serviços inferiores a 100.00 MT.
Observa-se, no entanto que se os adquirentes forem sujeitos passivos do IVA estes
devem exigir facturas e a mesma deve ser passada obrigatoriamente.

d) Obrigatoriedade da liquidação do IVA nas facturas (repercussão – Artº.28)


O IVA deve obrigatoriamente ser adicionado ao valor da factura ou documento
equivalente para efeitos da sua exigência ao adquirente das mercadorias ou aos
utilizadores de serviços.
Nos casos em que a emissão da factura não seja obrigatória, o imposto deve ser
incluído no preço para efeitos da sua exigência ao cliente.

e) Emissão de talões de venda


De acordo com o Artº. 1º do Decreto n.º28/2000, que aprova a utilização de
máquinas registadoras, os sujeitos passivos dispensados da obrigação de facturação,
poderão optar pela emissão de talões de venda através de máquinas registadoras.

DOCENTES 18
Os talões, sejam pré-impressos ou emitidos por máquina, devem conter a data e a
numeração sequencial, denominação social e o número fiscal do emitente, a
designação usual dos bens ou serviços, o preço, líquido de imposto, e a indicação do
valor total do imposto incluído nas vendas ou serviços efectuados ou, em
alternativa, a indicação “IVA incluso” e a respectiva taxa.

f) Declaração de operações isoladas

De acordo com o Artº. 37, os SP que pratiquem uma só operação tributável deverão
apresentar a Declaração de Operações Isoladas e Facturação Indevida – Modelo E,
na repartição de finanças competente até ao fim do mês seguinte ao da conclusão da
operação.
Extrai-se do Código do IRPS no n.º4 do Artº.8º que considera-se rendimentos
provenientes de actos isolados os que não resultem de uma pratica previsível ou
reiterada.

1.8. REGIMES ESPECIAIS


Regime de isenção (Artº. 35º a 41º)
Ficam isentos desde imposto os sujeitos passivos que preencham os seguintes
requisitos (cumulativos):
• Não tenham nem sejam obrigados a possuir contabilidade organizada para
efeitos de IRPS e IRPC;
• Não pratiquem operações de importação, exportação ou actividades conexas;
• Não tenham atingido, no ano civil anterior um volume de negócios igual ou
inferior a 750,000.00MT.
O significado desta isenção traduz-se no facto de os seus titulares não terem que
liquidar imposto pelas suas operações, não podendo deduzir o IVA suportado nas
aquisições.
Para que este direito possa ser exercido torna-se necessário a opção pelo regime
normal de tributação. Para este efeito deverão entregar na repartição de finanças
competente uma declaração de inicio de actividade ou de alterações, produzindo
efeitos a partir de 01 de Janeiro do ano da sua apresentação.
Em caso de opção o sujeito passivo é obrigado a permanecer no regime por que
optou, por um período de cinco anos, podendo depois voltar ao regime de isenção se
os pressupostos se verificarem.

Alteração de enquadramento

DOCENTES 19
Em determinados casos os requisitos acima enunciados deixam de verificar-se
obrigando ao reenquadramento dos sujeitos passivos. Esta obrigatoriedade verifica-
se, nomeadamente:
• Quando o SP passe a ter contabilidade organizada;
• Quando o SP inicie operações de importação ou exportação. Nestes dois
casos, deverá entregar na repartição de finanças competente uma declaração
de alterações, produzindo efeitos a partir de 01 de Janeiro do ano civil
seguinte.
• Quando o volume de negócios ultrapassar os limites acima referidos, a
declaração de alteração deve ser apresentada no mês de Janeiro do ano
seguinte;
Refira-se finalmente que os sujeitos enquadrados neste regime, quando emitirem
facturas deverão sempre apôr-lhes a menção: “IVA – Regime de Isenção” (Artº
39º).

Regime de tributação simplificada (Artº.42º ao Artº.50º)


São enquadrados no regime de tributação simplificada, os sujeitos passivos que
reúnam qualquer um dos seguintes requisitos:
• Possuam um volume de negócios anual superior a 750.000,00 MT e inferior
a 2.500.000,00 MT;
• Não possuam nem sejam obrigados a possuir contabilidade organizada para
efeitos de tributação sobre o rendimento;
• Não efectuem operações de importação, exportação ou actividades conexas
com estas operações.
O cálculo do imposto neste regime é feito numa base trimestral e resulta da
aplicação de uma percentagem de 5% sobre o valor das vendas de bens ou de
prestação de serviços, com excepção das vendas de bens de investimento corpóreos
que tenham sido utilizados na actividade por eles exercida.
Esta percentagem de 5% não incide sobre o valor de cada operação efectuada mas
sim sobre o valor global das vendas efectuadas no trimestre.
As facturas ou documentos equivalentes emitidos por contribuintes deste regime
não conferem ao adquirente direito à dedução, devendo delas constar a expressão
“IVA – Não Confere Direito a Dedução”.
Tal como sucede no regime de isenção, o SP pode migrar deste regime para outros,
bastando para tal reunir os requisitos exigidos no regime que pretende e
consequentemente efectuar a comunicação na respectiva Área Fiscal por meio da
declaração de alteração que produzirá efeitos a partir de 01 de Janeiro do ano civil
seguinte.

DOCENTES 20
No entanto, neste regime, os SP são obrigados a registar no prazo de trinta dias a
contar da respectiva recepção, as facturas, documentos equivalentes e guias ou notas
de devolução relativos a bens ou serviços transmitidos, e a conservá-los em boa
ordem e com observância do regime das operações activas e das operações passivas.
Para cumprir com o acima descrito, os contribuintes devem possuir os seguintes
elementos de escrita:
• Livro de registo de compras;
• Livro de registo de vendas e serviços prestados;
• Livro de registo de despesas gerais.

REGIME ESPECIAL DAS EMPREITADAS E OBRAS PÚBLICAS

Este regime aplica-se às empreitadas e subempreitadas de obras públicas em que o


dono da obra é o Estado.
De acordo com o Artº.3º do Decreto 27/2000, que impõe a criação de um Regime
Especial de Exigibilidade do Imposto nas Empreitadas e Subempreitadas, o imposto
relativo às prestações de serviços é exigível no momento do recebimento total ou
parcial do preço, pelo montante recebido, com IVA incluído na factura ou
documento equivalente emitida pelo transmitente dos bens ou dos serviços.
Os SP podem optar pela aplicação das regras previstas nos Art. n.º 7 e Art. nº 8,
mediante a apresentação de um requerimento na repartição de finanças e produzirá
efeitos a partir do mês seguinte ao da data do deferimento.
No entanto, poderão voltar a aplicar as regras de exigibilidade do imposto previstas
neste regime especial, mediante apresentação de um requerimento neste sentido.

Dedução do Imposto
De acordo com o n.º 1 do Artº.6º, o imposto só é dedutível no momento do
pagamento efectivo do preço e deve ser efectuada na declaração do período em que
se tiver verificado a emissão dos recibos de pagamento.

Emissão de facturas
As facturas emitidas devem ser numeradas seguidamente numa série especial
convenientemente referenciada, e conter a menção “IVA exigivel e dedutível no
pagamento”

DOCENTES 21
1.9. PROCESSO DE PEDIDO DE REEMBOLSO DO IVA
Quando o IVA suportado nas aquisições efectuadas é superior ao liquidado nas
vendas, o sujeito passivo terá um crédito do imposto que, querendo, poderá reportar
para o período posterior ou, alternativamente, solicitar o reembolso do respectivo
imposto.

O reembolso é, assim, a restituição pelo Estado do crédito do IVA quando num


dado período, o valor do imposto suportado e dedutível, supera o imposto liquidado.

Visto que o reembolso pressupõe que o Estado devolva ao sujeito passivo o IVA
por este suportado nas suas aquisições, foram estabelecidas regras rigorosas para o
exercício deste direito uma vez que o Estado pretende assegurar, de entre outros,
que o crédito apresentado pelo sujeito passivo é correcto.

Resulta assim, que a organização dos processos de pedido de reembolso é uma etapa
importante, como também o é o correcto arquivo dos documentos de suporte do
qual emergiu o direito à dedução uma vez que a Administração Tributária poderá
desencadear acções de fiscalização para validar o reembolso solicitado.

Vejamos, pois, de seguida os principais aspectos relacionados com o pedido de


reembolso do IVA e que devem ser tomados em consideração desde o momento em
que se inicia o registo das despesas na contabilidade.

Documentos que devem acompanhar o Pedido de Reembolso do IVA

• Fotocópia das três últimas declarações periódicas quando o crédito do imposto


estiver influenciado por créditos de períodos anteriores.
• Notas justificativas das regularizações efectuadas relativas ao período a que
corresponde o total do crédito do imposto, contendo:
o O tipo de operação realizada.
o Identificação do sujeito passivo com o qual se efectua a regularização.
o Valor da regularização do IVA e respectiva base de incidência.

• Extracto de fornecedor relativos a todos os períodos a que corresponde o crédito


de imposto a reembolsar, elaborado conforme modelo aprovado e devidamente
assinado.
• Cópia do Balancete sintético do razão assinado, relativo ao período cujo
reembolso se solicita.
• Cópia do documento único de importação definitivo, passado pela competente
estância aduaneira.
• Cópia do documento único de exportação, passado pela competente estância
aduaneira e certificado pela instituição bancária.

DOCENTES 22
Causas do indeferimento do Pedido de Reembolso do IVA

• Falta de disponibilização pelo sujeito passivo dos elementos que permitam aferir
da legitimidade do reembolso;
• Dedução do imposto efectuada na declaração referente a períodos anteriores ao
pedido de reembolso;
• Imposto dedutível constante de facturas emitidas por sujeito passivo com NUIT
inexistente, inválido, ou que tenha suspenso ou cessado a sua actividade no
período a que se refere o reembolso;
• Imposto deduzido em facturas não emitidas na forma legal;

Causas de Suspensão dos Pedidos de Reembolso do IVA


• Falta de qualquer dos documentos que devem acompanhar o pedido de
reembolso;
• Envio de declarações periódicas Modelo A fora do prazo;
• Falta de legitimidade do reembolso por facto imputável ao Sujeito passivo
devido a:

✓ Não disponibilização dos documentos indicados anteriormente;


✓ Incorrecções nos mesmos documentos;
✓ Falta de especificação, no extracto de fornecedores, dos bens e serviços
adquiridos e indicação da sua aplicação.

DOCENTES 23
O que é o IVA e como funciona?
O conceito base do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) é de que se trata de um
imposto indirecto sobre o consumo/despesa. Este imposto recai sobre as transmissões de
bens e/ou prestações de serviços realizados no território nacional (incluindo as
importações), em todas as fases do circuito económico, desde a produção/importação ou
aquisição até à venda pelo retalhista sem efeitos cumulativos, como o próprio nome
indica, através do seu mecanismo particular de apuramento.
Assim, na prática, cada sujeito passivo interveniente no circuito adquire uma posição
devedora perante o Estado pelo valor do imposto facturado nas vendas que realizou (A)
e credora pelo imposto que deduziu relativamente às aquisições que efectuou (B), sendo
o imposto apurado igual à diferença entre as duas posições, podendo resultar num saldo
devedor (A maior que B) ou credor (B maior que A) perante o Estado:
IVA apuramento = A (Valor das Vendas x 17%) – B (Valor das aquisições x17%)

Como se pode verificar neste exemplo, cada sujeito passivo interveniente no circuito
realizou as seguintes operações:
✓ liquidou o IVA nas vendas;
✓ exerceu o direito à dedução do IVA suportado (o 1º na importação e os restantes
nas aquisições);
✓ apurou o montante do IVA a entregar ao Estado pela diferença entre o IVA liquidado e
o IVA deduzido, e

✓ No final do circuito, o somatório dos montantes entregues ao Estado pelos vários


sujeitos passivos intervenientes é igual ao imposto liquidado pelo último interveniente e
suportado pelo consumidor final.

DOCENTES 24
Síntese dos regimes de tributação

Regime de Tributação Regime de


Regime Normal
Simplificado Isenção
Liquidação
do IVA nas Sim (17%) Não Não
facturas
Dedução do
IVA nas Sim (17%) Não Não
aquisições
Entrega do Sim (IVA liquado -
Sim (5% sobre o valor
IVA ao IVA dedutível ± Não
das vendas)
Estado IVA regularizações

1. A farmácia CURA TUDO está no regime normal de IVA e comercializa medicamentos


e produtos de beleza (champôs, cremes hidratantes, produtos de cosmética...) durante o
mês de Março as facturas e VD´s referentes a aquisição de Medicamentos e produtos de
beleza atingiram 3.000.000,00 Mts e 1.200.000,00 Mts respectivamente. O volume de
Vendas para medicamentos e produtos de beleza foi de 2.500.000,00 Mts e
1.400.000,00 Mts respectivamente.

Outras informações

➢ Durante o mês de Março a farmácia comprou a vista 1 computador por 30.000,00


Mts + IVA

➢ Factura de terceiros pela aquisição de diverso mobiliário para a conservação de


bens comercializáveis pela empresa no valor de 100.000,00 Mts + IVA

➢ Facturas pelas despesas de energia no valor de 2.000,00 Mts + IVA e facturas da


Petromoc pelo combustível abastecido na viatura ligeira do director geral da
farmácia na ordem de 5.000,00 Mts + IVA.

Pedidos:
a) Preencha o modelo A do mês de Março

b) Em Fevereiro a empresa reportou um crédito de Imposto em 7.500,00 Mts preencha


o modelo A

Nota Explicativa: Se não existir crédito pelo imposto o valor registado no campo 14
mostra que o imposto é a favor do estado, isto é, IVA a pagar (Passivo para a
empresa) Se o valor for registado no campo 15 o imposto é a favor da empresa, isto é,
IVA a recuperar (Activo para a empresa)

DOCENTES 25
Instruções de preenchimento do Modelo:
QUADRO 01
1 - O Número Único de Identificação Tributária é o constante do cartão do sujeito passivo (contribuinte) e
não
deve ser alterado.
2 - O Código de Actividade Económica “CAE”, é o constante da nomenclatura do Instituto Nacional de
Estatística.
QUADRO 02
1 - Indicar o período a que se refere a declaração.
2 - Assinalar com X no quadrícula se a declaração é apresentada dentro do prazo, nos termos do n.º 1 do
artigo 36 ou
fora do prazo nos termos do n.º 1 do artigo 74, ambos do Código IVA.
QUADRO 03
Indicar o nome, denominação social, firma ou outra designação identificadora do sujeito passivo que
esteja legalmente autorizado a utilizar, bem como todos os elementos de localização solicitados no
quadro.
QUADRO 04
Assinalar com X no quadrícula se no período a que refere a declaração, não realizou qualquer operação
activa
nem passiva.
QUADRO 05
Este quadro destina-se a apurar o Imposto do período a que respeita a declaração e deverá ser preenchido
com
base nos elementos constantes na contabilidade da empresa.
CAMPO 01: Indicar o montante das transações de bens e / ou prestação de serviços realizados pelo
sujeito
passivo .
CAMPO 02: (Imposto Líquidado) resulta da aplicação da taxa do IVA sobre o valor do campo 01.
CAMPO 03: Indicar o valor de transmissão de bens e / ou prestação de serviços isentos nos termos da
alínea b)
do n.º 1 do artigo 18 do Código IVA .
CAMPO 04: Indicar o valor de transmissão de bens e / ou prestação de serviços isentos nos termos do
artigo 9.º
com excepção do n.º 29 do Código IVA .
CAMPOS: (05, 06 e 07): (Imposto dedutível) os montantes do imposto suportado na aquisição do
imobilizado, existências
e outros bens e serviços, incluindo o previsto no n.º 3 do Código IVA respectivamente.
CAMPO 08 : (Imposto dedutível) indicar o montante do imposto suportado na importação de bens
efectuado pelo sujeito
passivo, mencionado no Documento Único.
CAMPOS (9 e 10): Indicar o montante das regularizações previstas no nº 6 do artigo 64º do Código IVA.
CAMPO 14: Indicar o valor do imposto da autoliquidação, resultante da diferença entre os campos 13 e
12.
CAMPO 15: Indicar o valor do crédito do período, resultante da diferença entre os campos 12 e 13, ado”.
CAMPO 16: Indicar o valor dos créditos acumulados de períodos anteriores, a favor do sujeito passivo,
excluída do
presente período.
CAMPO 17: Indicar o montante de créditos comunicados pela Administração Fiscal, resultante de
correcção de erros,
nos termos do n.º 7 do artigo 64 do Código IVA.
QUADRO 06:
CAMPO 18: Indicar o montante resultante da diferença entre o valor do campo 14, e os campos 16 e 17.
CAMPO 19: Indicar os juros calculados nos termos do artigo 37 do CIR, conjugado com os artigos 22 e
74 do Código
IVA.
QUADRO 07:
CAMPO 21: Indicar o montante resultante da soma dos valores dos campos 15, 16 e 17.
CAMPO 22: Indicar o montante do crédito que transita para o período seguinte que será inscrito no

DOCENTES 26
campo 16 da próxima
declaração. No caso de solicitar reembolso indicar o montante solicitado no campo 23.

2. A empresa XYZ com Sede na Avenida Guerra Popular com NUIT 400464870 dedica-se
a compra e venda de diversos tipos de mercadorias, algumas isentas de IVA, no mês de
Fevereiro de 2017 apresentou as seguinte informação:

Valor sem IVA


Documento Valor Total
IVA dedutível
Fact.341/18 – A 100.000,00 0,00 100.000,00
Fact.941/18 – B 34.670,00 5.893,90 40.563,90
Fact.723 – C 50.300,00 5.130,60 55.430,60
Fact.110/18 – D 60.700,00 7.223,30 67.923,30
Fact.1792/18 da EDM 10.000,00 1.054,00 11.054,00
Fact.099/18 de FIPAG 8.600,00 1.096,50 9.696,50
Fact. 1830/18 HOME CENTER 150.000,00 25.500,00 175.500,00
Total 414.270,00 45.898,30 460.168,30

Valor sem IVA


Documento Valor Total
IVA Liquidado
Factura 000484 - XYZ 25 000,00 4 250,00 29 250,00
Factura 000485 - XYZ 75 000,00 12 750,00 87 750,00
Factura 000486 - XYZ 212 300,00 36 091,00 248 391,00
Factura 000487 - XYZ 200 000,00 17 000,00 217 000,00
Factura 000488 - XYZ 120 000,00 16 320,00 136 320,00
Factura 000489 - XYZ 10 000,00 1 700,00 11 700,00
Total 642 300,00 88 111,00 730 411,00

Informação Adicional

✓ Emitiu-se nota de crédito n°00483 sobre a factura 000486 – XYZ pelo valor
total de 23 400,00;
✓ Nas facturas emitidas por XYZ algumas não foram tributadas pelo valor total
facturado devido a certas isenções.
✓ A factura da HOME CENTER é referente a aquisição do imobilizado.
Pede-se

a) Preenchimento do Modelo A

DOCENTES 27

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