Ponto 1 - Conceito e Problemas Fundamentais Do Direito

01-10-2022
Unidade Curricular de
Noções Fundamentais de Direito
1.º Ano
Licenciatura em Contabilidade e
Fiscalidade
Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 1
Ponto 1
Conceito e problemas
fundamentais do Direito
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 A Ordem jurídica:
 O direito está presente em todos os momentos da

nossa vida, desde que nascemos até à nossa morte
e na prática dos atos tão simples como comprar um
jornal;
 O direito visa estabelecer normas de forma a

ordenar, definir e orientar a conduta do homem
resolver os seus problemas.
Mas o direito procura enquadrar as suas normas

perspetivando o homem integrado numa sociedade;
 O direito visa definir o comportamento convivente do

homem orientando a sua conduta de acordo com
certos padrões cuja observância o direito reputa como
indispensável para uma harmonia social e justa
resolvendo os conflitos gerados pela convivência em
sociedade.
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O direito procura abarcar ações humanas com

relevância social, prevendo disciplinando as condutas
de cada um com vista à realização de objetivos
comunitários;
Onde existe direito existe necessariamente uma

sociedade; mas o inverso também é verdadeiro.
 Direito: regulação da vida em sociedade:
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 O que é o Direito?
 Direito: regulação da vida em sociedade
Conflito Ordem
Normativa
O conjunto de regras...
Valorativa
Estrutural
...que prosseguindo
...no sentido de
resolver conflito na valores considerados
essenciais...
sociedade!
Volitiva
...é o resultado de uma
manifestação do poder político...
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 Características desta Ordem = do Direito:
 Sociabilidade
 Imperatividade
 Coercibilidade
Qual a razão da existência de regras?
Tem sobretudo a ver com a natureza essencialmente

conflituante do homem em sociedade, que exige a
previsão de normas, regras de conduta com força para
serem respeitadas, de forma a poder existir paz
social.
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 As diversas ordens normativas:
A conduta social das pessoas não se rege somente por normas

jurídicas, pelo Direito, pela ordem (normativa) jurídica. Existem
outras normas de conduta, outras ordens normativas, que, da
mesma forma, impõem regras de comportamento:
Morais: não mentir, não cometer adultério, socorrer um ferido…
Religiosas: não matar, não cometer adultério…
De cortesia: cumprimentar os outros quando se entra numa sala,
dar passagem às senhoras…
Normas fixadas pelos usos: vestir de luto aquando da morte de um
familiar próximo…e pelas convenções sociais: as noivas vestirem-
se de branco, dar gorjetas ao empregado do restaurante…
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 A ordem social:
Da ordem social em que nos inserimos fazem parte

várias subordens ou ordens parcelares:
A ordem jurídica;
A ordem moral;
A ordem religiosa (normas da fé);
A ordem de trato social (usos sociais de diferente
natureza, tais como o decorrentes de usos de etiqueta,
cortesia etc.).
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Ordem de Trato
Ordem Moral Social
Ordem
Social
Ordem Religiosa Ordem Jurídica
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 Ordem Social:
Ordem Moral
Também a moral é normativa, pois estabelece

normas de conduta que as pessoas devem
observar para realizar o bem; tem a ver com a
interioridade do ser humano; a pessoa
obedece às regras morais por imperativos da
sua própria consciência, atuando bem ou mal.
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 Ordem Social:
Ordem Religiosa
Regula as condutas humanas em relação a

Deus; todas as religiões têm um sistema mais
ou menos complexo de regras de conduta, que
as pessoas seguem por temor a Deus, por
razões de fé.
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 Ordem Social:
Ordem de Trato Social
Regras para uma convivência mais agradável;

são as tais regras de cortesia que as pessoas,
inseridas em determinado meio social, têm de
seguir.
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 Ordem Social:
Ordem Jurídica
Ordem de convivência justa; aqui está em

causa um ordenamento justo da sociedade,
que impõe certas regras fundamentais para
uma convivência pacífica e justa.
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 A ordem jurídica:
A ordem jurídica abarca então o Direito.
O que é o Direito?
Conjunto de normas orientadoras da ação do Homem

em sociedade estabelecidas com vista à justiça, paz
social e bem comum impostas pela força
(coercibilidade) quando necessário e possível.
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A ordem moral:
A ordem moral abarca as chamadas normas de

conduta que visam o aperfeiçoamento do indivíduo em
direção ao bem caracterizando-se por um conjunto de
imperativos impostos ao homem pela sua própria
consciência.
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 Distinção entre o direito e a moral:
 Nem todas as obrigações impostas pelas normas

morais obtêm a proteção do direito;
 Há regras jurídicas alheias à moral (regras de

trânsito)
 O Direito procura consagrar apenas o “mínimo ético”

necessário à convivência.
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 As regras impostas pela moral no caso de não serem

observadas implicam apenas uma sanção interna, de
consciência, reprovação social.
 As regras jurídicas são impostas coativamente pelo

poder público, em caso de violação poderá haver a
aplicação de sanções.
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 O direito assenta numa vinculação heterónoma, isto

é, impõe-se de fora dos indivíduos e não numa
simples vinculação autónoma assente na consciência
de cada um (moral).
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 O direito goza da característica coercibilidade, isto é,

a possibilidade de imposição do direito pela força
pública para garantir o respeito por todos,
assegurando a paz e o bem comum, através da
ameaça de sanções (penas de prisão, indemnização,
multas) aplicadas pelos poderes públicos.
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 Mas existe alguma interligação entre o direito e a moral?
 Sim porque:
 O direito não deve impor condutas imorais;
 Porque um dos valores do direito é a justiça – valor ético;
 Nas relações jurídicas existem consagrados vários

princípios de ordem moral, isto é, princípios da boa fé,
bons costumes, abuso de direito, equidade…
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 Ordem jurídica e ordem religiosa:

 A relação predominante entre estas duas ordens
normativas é a da indiferença, embora haja “pontos
comuns”:
Coincidência: por exemplo, o casamento
católico, e o mandamento não matarás – regra
simultaneamente religiosa e jurídica, etc…
Conflito: procriação artificial, eutanásia,

distanásia e interrupção voluntária da gravidez.
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 Ordem jurídica e ordem de trato social:

 Entre elas existe também, fundamentalmente, uma
relação de indiferença, mas igualmente com “zonas de
contacto”:
Coincidência: regras deontológicas dos
advogados (deveres de correção e urbanidade)
ou de outras ordens profissionais.
Conflito: touradas de morte, etc...
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 A ordem jurídica como ordem normativa:
 A ordem jurídica instituída pelo Direito tem uma

intenção normativa da realidade social, de acordo
com um conjunto de valores que se fundamentam na
consciência ética da sociedade.
 A função do Direito é servir de modelo ordenador das

condutas do ser humano em sociedade de acordo
com um critério de justiça.
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 A ordem jurídica como ordem normativa:

 A ordem jurídica como forma de ordenação da vida
social, como ordem normativa, tem duas funções:
Funciona como princípio de ação da conduta do
ser humano na sociedade, isto é, institui modelos
de comportamento que as pessoas devem seguir e
cumprir.
Estabelece as regras de organização da

sociedade e das instituições sociais (função
secundária ou organizatória).
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Noção jurídica do Direito: o

Direito objetivo e os direitos
subjetivos
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 Direito Objetivo:
 O que distingue as normas jurídicas das outras é o caráter
coativo das normas jurídicas: os que não cumprirem normas
morais ou de cortesia poderão sofrer uma sanção (castigo,
punição) psicológica, moral ou social (remorsos, reprovação
dos outros, etc.).
 A ordem moral resulta das determinações da consciência

individual, na prossecução do Bem. O cumprimento dessas
determinações mantém a tranquilidade. O seu não
cumprimento geral gera desconforto, desassossego e
remorsos ao faltoso. Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 30
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 Os que não cumprirem normas jurídicas sofrerão uma sanção

jurídica.
 Por exemplo:
 Se alguém não pagar o preço do que comprou verá os seus
bens apreendidos, que serão vendidos para, com o produto
dessa venda, se pagar o preço da coisa que adquiriu.
 Se alguém matar outra pessoa será preso (podendo ser
também morto, nos países que mantêm a pena de morte).
31
 Resulta que, no que se refere às normas jurídicas, a sociedade
montou mecanismos destinados a obrigar, a coagir as pessoas
a cumpri-las.
 Porque não basta à sociedade que existam normas destinadas
a prevenir e dirimir os conflitos de interesses.
 Para tanto não basta que existam normas: torna-se necessário
também que essas normas sejam eficazes. Não basta que se
fixe uma norma que diga que quem pedir dinheiro emprestado
deve devolvê-lo. Terá que assegurar-se essa devolução,
mesmo contra a vontade do que deve fazê-lo.
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01-10-2022
 Essa eficácia das normas jurídicas é assegurada por

“meios de tutela (proteção) do Direito”, que fazem
cumpri-las, exercendo coação sobre os homens.
 Poderá, por isso, definir-se objetivamente o Direito (o

Direito Objetivo) como um sistema de normas de
conduta social com proteção coativa.
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 Outros Sentidos do termo “Direito”:

 Direito Subjetivo:
 Vem-se encarando o Direito objetivamente (conjunto de normas);

noutra visão, encarado o Direito na perspetiva dos interesses das
pessoas, dos sujeitos, num sentido, portanto, subjetivo (direito
subjetivo), o Direito significa poder ou faculdade (conferida pelo
Direito Objetivo):
 A pode morar na casa que arrendou (tem o direito de lá morar) e B
tem a faculdade de exigir a devolução daquilo que emprestou a C
(tem direito à devolução das suas coisas), porque o Direito objetivo
lhes reconhece esses direitos, proibindo os outros de os impedirem
que os exerçam. Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 34
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 Direito Objetivo e Direito Subjetivo:

 Sintetizando a diferença poderemos afirmar que:
Direito Objetivo: é a norma de agir, a regra ou

conjunto de regras jurídicas.
Direito Subjetivo: é o poder de agir, o poder de

que goza a pessoa jurídica (titular do direito) de
fazer o que o Direito objetivo lhe permite, se
necessário através da coação jurídica.
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 Direito Natural:
 Põe-se, há séculos, a questão de saber se para além, antes
ou acima dos vários direitos objetivos de cada povo e de
cada época não existirá um conjunto de princípios
superiores, justos e verdadeiros com validade eterna (para
todas as épocas) e universal (para todos os povos), que
serão um Direito natural, que deva ser.
 Uma das construções mais antigas sobre esse direito que
deve ser foi cristã: o direito deriva de Deus, da vontade
divina (ou da inteligência divina).
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 No século XVII, a Escola clássica do direito natural (Hobbes, Grotius
e Pufendorf) defendeu que o direito natural é ditado pela razão
humana: conjunto de princípios impostos ou ditados ao Homem pela
razão.
 No século XIX, a Escola Histórica (Savigny) sustentou que o direito
se vai criando paulatinamente pelo espírito do povo. O direito é um
fenómeno cultural e historicamente condicionado.
 O positivismo jurídico (com Comte – século XIX) proclamou que não
há direito natural: o direito não deriva de princípios universais; deriva
da vontade humana (“só é direito a vontade do Estado expressa
devidamente através de órgãos adequados” – Truyol Serra).
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 A Escola Clássica, fazendo prevalecer a razão humana como fonte do
Direito, deu enorme contributo para a dignificação dos homens (abolição
da pena de morte e da escravatura e afirmação do princípio da
igualdade dos homens, com a consequente extinção das classes
sociais: nobres e plebeus).
 A Escola Histórica, fazendo derivar o direito das sucessivas conquistas
culturais dos povos, incrementou o estudo da história dos institutos
jurídicos, com recuperação de vários institutos do Direito Romano.
 A posição realista foi expressa pelo positivismo: os direitos objetivos
nascem da vontade humana, determinada pela necessidade de resolver
conflitos sociais.
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 Direitos aduaneiros, direitos reais, direitos sucessórios, etc.,
ciência do direito: Doutrina e Jurisprudência:
 A palavra direito emprega-se também para definir institutos

jurídicos (conjuntos de normas que regulam certo sector das
relações sociais): direitos aduaneiros (direitos pagos pelas
mercadorias nas fronteiras ou alfândegas), direitos reais (direitos
das coisas ou sobre as coisas), direitos sucessórios (reguladores
das sucessões-heranças), etc…
 A expressão Ciência do Direito refere-se à teorização das
questões jurídicas (doutrina) e às decisões dos Tribunais
(jurisprudência).
39
 Direito e Justiça. Problema da lei injusta:

 Na prevenção ou resolução dos conflitos sociais, o Direito
deverá orientar-se fundamentalmente pelo valor Justiça.
 Esses critérios já assentaram no mérito (com a comprovada
injustiça de se atender sobretudo ao mérito do nascimento),
defendendo-se hoje que se deverá dar a cada um conforme o
seu trabalho ou, numa fase mais avançada, a cada um de
acordo com as suas necessidades.
 Mas o valor Justiça não é o único valor prosseguido pelo
Direito.
 Há outros: a paz social, a segurança e a certeza jurídica.
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 Eficácia da Ordem Jurídica:

 O Direito procura a solução do caso concreto e deve conter em si os
meios adequados a atingir de facto esse resultado, isto é, as regras
em que se consubstancia devem ser construídas e orientadas para
ordenarem adequadamente as relações sociais.
 Exemplificando: se existir uma regra que diga “Quem empresta

dinheiro deve ser reembolsado”, tal prescrição proporciona com
maior probabilidade o resultado (o reembolso), mas este só é
assegurado se o sistema acolher mecanismos de coação
adequados, como, por exemplo, a eventualidade de apreensão de
bens do devedor, se necessário.
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 Meios de Tutela do Direito:

 O Estado faz cumprir as normas jurídicas de diversas
formas, utilizando vários meios (de tutela do Direito):
 Reintegração natural;
 Reintegração por equivalente ou sucedâneo
pecuniário;
 Sanções criminais;
 Meios compulsivos;
 Invalidade e ineficácia dos atos praticados em
contravenção das normas jurídicas.
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 Reintegração natural:
 Se A não devolver a B o relógio que lhe foi emprestado
por B, os Tribunais, quando solicitados por B, podem
apreender o relógio e entrega-lo a B, repondo a
situação anterior.
 Opera-se a restituição ou reintegração natural (in
natura – tal qual) da situação tutelada (protegida) pela
norma jurídica que obriga as pessoas a devolver aos
seus donos as coisas que lhe tiverem sido
emprestadas. Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 43
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 Reintegração por equivalente ou sucedâneo pecuniário:

 Suponha-se, porém, que A destruiu o relógio emprestado
por B, pelo que, obviamente, não poderá ser apreendido.
 Nesse caso, o Tribunal, a pedido de B, apreenderá
dinheiro ou outros bens (que venderá) de A e com o
dinheiro que apreendeu ou com o produto da venda dos
bens de A prestará a B o valor do relógio destruído: dará
a B o equivalente (ou sucedâneo pecuniário) da coisa
protegida pela norma jurídica que A violara.
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 Sanções criminais:
 Mas se A tinha subtraído o relógio a B contra
vontade deste, o Direito já se não bastará com a
apreensão do relógio e a sua devolução ao seu dono:
aplicará uma pena a A.
 A pena consiste num mal, num sofrimento, num
sacrifício imposto ao infrator da norma, traduzindo a
reprovação moral da sua conduta.
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 Meios compulsivos:
 Quando uma norma não foi tempestivamente cumprida mas
há possibilidade ainda de se conseguir que seja observada, o
Direito recorre a outros meios compulsivos: aplica ao infrator
sofrimentos que cessarão logo que ele cumprir.
 Se A foi nomeado depositário judicial do relógio que fora
penhorado a C terá que apresenta-lo no Tribunal logo que tal
lhe for ordenado.
 Se o não fizer, serão arrestados (aprendidos) os seus bens,
mas essa medida cessará logo que ele apresente o relógio no
Tribunal. Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 46
46
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 Invalidade e ineficácia dos atos praticados em contravenção das normas
jurídicas:
 Há uma norma que, como regra, manda fazer por escritura pública os
contratos de venda dos prédios (ver artigo 875.º do Código Civil).
 Se A e B transacionarem um prédio mas documentarem essa transação por
mero escrito particular, o Direito não protege esse contrato, que considerará
nulo.
 O artigo 877.º do Código Civil proíbe os pais de venderem bens a um dos seus
filhos sem autorização dos outros filhos.
 Se o artigo 877.º do Código Civil não for cumprido, o Direito confere aos outros
filhos o direito de pedirem a anulação daquela venda.
 O primeiro caso será de nulidade; o segundo de anulabilidade.
 Nos dois casos, a sanção do não cumprimento das normas jurídicas será a
inutilidade da atividade das partes contratantes.
47

 Invalidade e ineficácia dos atos praticados em contravenção
das normas jurídicas:
 Se A hipotecar uma casa a B, para garantir um empréstimo
que B lhe fez, há uma norma jurídica que manda B registar
na Conservatória do Registo Predial essa hipoteca – sob
pena de não ter prioridade no recebimento do seu crédito
em relação aos demais credores de A.
 Portanto, por não ter cumprido aquela norma, B sofrerá
uma sanção: o contrato será ineficaz em relação a
terceiros.
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Questões:
49
 Questões:
1) Como se carateriza a ordem jurídica?
2) Defina e diferencie sucintamente:

 a) Direito Objetivo e Direito Subjetivo.
 b) Sanção e Coercibilidade.
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01-10-2022
 Na elaboração deste texto foi consultada a bibliografia seguinte:

- ASCENSÃO, José de Oliveira, O Direito – Introdução e Teoria Geral, 13.ª ed., 6.ª Reimp.,
Almedina, Coimbra, 2011.
- CONSCIÊNCIA, Eurico Heitor, Breve Introdução ao Estudo do Direito, 5.ª ed., Almedina,
Coimbra, 2012.
- JUSTO, A. Santos, Introdução ao Estudo do Direito, 11.ª ed., Petrony, Lisboa, 2021.
- LUÍS, Sandra Lopes, Introdução ao Estudo do Direito, 3.ª ed., AAFDL, Lisboa, 2019.
- MACHADO, João Baptista, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, 14.ª Reimp.,

Almedina, Coimbra, 2004.
- SILVA, Germano Marques da, Introdução ao Estudo do Direito, 5.ª ed., Universidade Católica
Editora, Lisboa, 2015.
- SOUSA, Miguel Teixeira de, Introdução ao Direito,

Sérgio Machado Almedina,
– Ano Letivo 2022/2023 Coimbra, 2012. 51
51

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Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 2

 O direito está presente em todos os momentos da

 O direito visa estabelecer normas de forma a

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Mas o direito procura enquadrar as suas normas

 O direito visa definir o comportamento convivente do

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 4

O direito procura abarcar ações humanas com

Onde existe direito existe necessariamente uma

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 5

 Direito: regulação da vida em sociedade:

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 6

 Direito: regulação da vida em sociedade

 Características desta Ordem = do Direito:

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 9

Qual a razão da existência de regras?

Tem sobretudo a ver com a natureza essencialmente

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 10

 As diversas ordens normativas:

A conduta social das pessoas não se rege somente por normas

Da ordem social em que nos inserimos fazem parte

Ordem Religiosa Ordem Jurídica

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Também a moral é normativa, pois estabelece

Regula as condutas humanas em relação a

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Ordem de Trato Social

Regras para uma convivência mais agradável;

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Ordem de convivência justa; aqui está em

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 17

Conjunto de normas orientadoras da ação do Homem

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 18

A ordem moral abarca as chamadas normas de

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 19

 Distinção entre o direito e a moral:

 Nem todas as obrigações impostas pelas normas

 Há regras jurídicas alheias à moral (regras de

 O Direito procura consagrar apenas o “mínimo ético”

 As regras impostas pela moral no caso de não serem

 As regras jurídicas são impostas coativamente pelo

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 21

 Distinção entre o direito e a moral:

 O direito assenta numa vinculação heterónoma, isto

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 22

 O direito goza da característica coercibilidade, isto é,

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 23

 Distinção entre o direito e a moral:

 O direito não deve impor condutas imorais;

 Porque um dos valores do direito é a justiça – valor ético;

 Nas relações jurídicas existem consagrados vários

 Ordem jurídica e ordem religiosa:

Conflito: procriação artificial, eutanásia,

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 25

 Ordem jurídica e ordem de trato social:

Conflito: touradas de morte, etc...

Sérgio Machado – Ano Letivo 2022/2023 26

 A ordem jurídica como ordem normativa:

 A ordem jurídica instituída pelo Direito tem uma

 A função do Direito é servir de modelo ordenador das

 A ordem jurídica como ordem normativa:

Estabelece as regras de organização da