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Bibliografia____________________________________________________________ 14
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular Teoria e Análise da Imagem,
da Licenciatura de Fotografia, lecionada pela Professora Maria Baptista e visa apresentar a
análise e investigação dos alunos relativamente às imagens fotográficas disponibilizadas pela
docente.
É pretendida a análise pertinente das imagens selecionadas, seguindo um fio condutor repleto
de questões sociais e técnicas da matéria lecionada em aula. A análise é colocada de forma
fluída, mostrando diferentes leituras e diferentes perspetivas dos alunos.
Introdução
A primeira imagem apresentada mostra uma menina sentada num colchão, colocado
diretamente no chão, a brincar com os seus brinquedos num ambiente repleto de informação e
sem luz natural. Mostra-se num espaço fechado, iluminado por focos de pouca intensidade no
teto, um ambiente fechado e claustrofóbico.
Análise técnica
A primeira fixação poderá ser dirigida para a criança, apresentada ligeiramente à direita, mais
propriamente no rosto da mesma. Seguidamente, somos direcionados pelo olhar do sujeito para
as mãos na qual está a segurar uma boneca, e somos guiados com diferentes sacadas
progressivas sob diversos elementos ao redor da imagem, pois esta contém tantos detalhes que
causa confusão levando a uma impossibilidade de foco.
Outra primeira fixação foi também no fundo da imagem, mais concretamente no quadro azul,
seguido dos objetos de cores fortes ao longo da imagem. Logo de seguida, o olhar segue-se
para o rosto da criança, que logo após a leitura da legenda, encontramos os peluches com que
a criança brincava.
A imagem mostra-se do tipo ótico, com cores bastante saturadas de um lado e o contrário no
outro, dividido à distribuição de planos pelo pilar estrutural do edifício e a possível discrepância
de intensidades de luz artificial.
A imagem quer transmitir a realidade de uma menina sentada num colchão no chão a brincar
com o seu peluche num espaço cheio de bens pessoais. A cave mostra-se escura e com pouca
iluminação, no entanto uma luz ilumina com força sobre os “tubos” e acaba por levar o nosso
olhar até à secretaria atrás da criança. Parece conter todos os bens necessários para o seu dia a
dia, como materiais escolares, comida, garrafa de água e entre outros.
Além disso, a secretária e a cave no geral apresentam-se desarrumadas, sem uma organização
óbvia, como se tivessem chegado ali há poucos dias, prontos para uma fuga repentina, ou
porque o “quarto” provavelmente é compartilhado por outros sobreviventes dos ataques.
A criança parece ter uma aparência calma perante toda a situação, já que esta brinca com os
seus peluches. Mostra que ainda existe a presença de inocência respetivamente à sua idade
mesmo no meio da guerra. Apesar do caos, ela está confortável, foi criado um espaço
ficticiamente seguro para adicionar alguma espécie de estabilidade, mesmo que temporária.
A legenda fornecida com a imagem faz-nos entender que se trata de uma menina na cave de
uma escola na invasão da Rússia na Ucrânia. Conseguimos concluir que se estão a proteger dos
bombardeamentos no lado de fora e também dos próprios militares tendo em conta o aumento
da violência sexual no País. A menina está numa posição que pode demonstrar tanto
ingenuidade como medo, talvez a tentar-se distrair dos sons lá fora criando a sua própria
realidade a partir da imaginação e dos brinquedos. O ambiente mostra-se bastante complexo
numa quantidade significativa de pormenores, levando a uma excessiva informação visual.
A cor mostra-se de grande importância nesta imagem, sendo como já dito anteriormente uma
discrepância entre a saturação e a intensidade das mesmas. Por isso, para melhor análise da
imagem, devemos recorrer aos símbolos dos objetos mostrados na imagem. Recorrendo ao
dicionário de símbolos de Jean Chevalier, procuramos o significado começando com esta
questão da cor.
Um símbolo encontrado na imagem de uma forma indireta foi o arco-íris, pois a imensa
quantidade de objetos de diferentes cores acaba por transmitir essa impressão. Simboliza
“uma ponte entre a terra e o céu”. Posso assim dizer que esta criança passa por dificuldades
que estão entre a vida e a morte.
Conclusão
Podendo o espectador colocar-se no ponto de vista do fotógrafo, quase que podemos sentir a
melancolia e o ambiente de estresse e ansiedade, contrastante com a calma sentida pelo
sujeito da imagem.
Introdução
A segunda imagem apresentada mostra-se como uma vista de cima de um pedaço de território,
sendo que no centro encontra-se um edifício mais robusto e um pedaço de território intrigante
com formas repetitivas.
Análise técnica
A primeira fixação encontra-se num edifício branco adornado com detalhes em dourado no
centro da imagem, que se apresenta de grande tamanho à volta de um campo de terra batida.
Seguidamente o olhar leva-nos para as grandes sepulturas no chão, e, como esta foto foi tirada
por satélite, é possível concluir que não seriam sepulturas comuns. Uma acumulação de pessoas
por conta do aumento do número de mortes na Ucrânia num pequeno espaço de tempo.
Outra linha de raciocínio presente no grupo de trabalho, mostra-se com a segunda fixação nos
edifícios de tons vermelhos (já que a cor é elemento significativo na imagem) e um espaço
composto por diversas formas parecidas e repetidas.
A topicalização mostra-se assim no edifício central da imagem, por sua grande dimensão e suas
cores vibrantes e discrepantes com o resto da obra.
Podemos perceber as grandes dimensões da igreja, por mais longe que esta imagem tenha sido
tirada. No entanto, as sepulturas acabam por ter um papel mais chamativo por terem um
comprimento maior. Isso faz com que cause ao espectador emoções negativas ou perturbações.
A imagem representa uma vista superior de um território aparentemente habitado visto pelas
casas recorrentes a toda a imagem, e a legenda indica-nos que esse território fotografado via
satélite, é pertencente a uma quantidade significativa de valas comuns feitas na sequência da
guerra da Ucrânia com a Rússia, vividos no dia de hoje.
Apesar da existência de alguns telhados na cor vermelha, os tons esbatidos e frios presentes na
imagem acabam por roubar o clima geral de guerra e melancolia. Considerando os simbolismos
dados pelo dicionário dos mesmos, podemos assumir grande importância da cor branca, sendo
esta uma ausência, no entanto uma soma das cores assumindo assim o papel da vida como
conclusão da mesma no momento da morte. Assume também um momento de passagem, no
sentido de ritual, como a morte e o renascimento a dirigir para o vazio precedente da vida, pois
no nascimento é um renascimento. Por essa razão, o branco é originalmente a cor da morte,
sendo oposto do vermelho, símbolo de sangue derramado e, por consequência a morte, também
demonstrada nesta imagem. Ainda referente ao edifício, a igreja é símbolo de santidade cega,
sendo seguida pelo pós-vida, e o dourado refere à prosperidade e riqueza, contrastante com a
realidade apresentada.
Referente à vala comum, o simbolismo das campas é a morte. Os depósitos de vida colocados
sem dignidade, numa representatividade de uma nova morada para o falecido, tão necessária
como uma casa. Esta, no entanto, são habitações em vida destruídas pela guerra, necessitando
assim de um novo lar, isto é, a campa.
Sendo esta imagem centralizada numa paleta de cores pouco saturadas e cheias de simbolismos,
a imagem apresentada denota-se como simples, mas com variadas zonas de foco.
Análise Conjunta
Após analisar as duas imagens atribuídas pela Docente, podemos afirmar que ambas as
fotografias possuem o mesmo tema, mas diferentes maneiras de o interpretar, sendo uma mais
complexa e outra com uma análise mais direta. As imagens mostram também uma acentuada
discrepância das cores, sendo que uma é bastante saturada e outra mais simples e fria.
Por fim, as imagens são diferentes a nível de detalhe, sendo que uma é excessiva no mesmo e
outra é mais minimalista.
O nosso projeto foi alvo de diferentes perspetivas referentes às imagens selecionadas pela
docente. As análises, ainda que diferentes, mostram-se semelhantes quanto à forma complexa
de análise dos membros do grupo.
Jean Chevalier (data desconhecida). Dicionario de los simbolos. Local: Moodle, fornecido pela
Docente da Unidade Curricular:
https://moodle.esmad.ipp.pt/pluginfile.php/17446/mod_resource/content/1/diccionario-de-
los-simbolos-jean-chevalier-ilovepdf-compressed.pdf