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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - IE
PEDAGOGIA LICENCIATURA
ARTE E LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO
Segundo Cleusa Peralta nos mostra em seu livro - Pela linha do tempo do
desenho infantil: um caminho trans estético para o currículo integrado – Rio Grande,
2012. Na fase de garatuja as crianças evidenciam o pensamento cinestésico, que
segundo Peralta: tem como característica marcante a não representação, ou seja, o
desenho é a grafia do movimento sem uma tentativa de representação figurativa, o
desenho ali presente se encontra sem uma tentativa de plagiar ou referenciar
qualquer outro objeto ou situação mundana.
A fase de garatuja possui 3 níveis/etapas, sendo a primeira a etapa de garatuja
desordenada, onde a criança não transmite evidência de controle ou uma
representação do que é visto, evidenciando apenas movimentos aleatórios e
espontâneos, já na segunda etapa, chamada de garatuja ordenada ou longitudinal, a
criança tende a buscar um maior controle ao rabiscar, através de movimentos mais
ordenados e firmes. Na última etapa do pensamento sinestésico, intitulada como
garatuja nomeada, as crianças começam com as tentativas de representar através de
suas obras, desta forma, passam a nomear e dar sentido aos seus rabiscos, mesmo
que essas representações mudem a todo momento.
Como visto, ao decorrer do tempo as crianças tendem a rabiscar estas
garatujas de maneira mais ordenada, passando a fechar as formas e também a
atribuir significados a elas, demonstrando estar em processo de transição para a fase
do Pré-esquematismo, atribuída ao pensamento imaginativo, onde os rabiscos agora
fechados em círculos, passam a carregar significados pessoais cada vez mais
persistentes, que acompanharão os processos criativos das crianças em suas obras
sequenciais. Nesta competência a criança passa a expressar através destes novos
símbolos e formas, a si própria e as experiencias vivenciadas cotidianamente em suas
realidades, assim, evidenciando uma correspondência entre os desenhos e a
realidade, permitindo uma maior leitura pessoal a quem vê e a ela própria, que é quem
cria. Na etapa do Pré-esquematismo quase tudo se refere a criança, o que é
desenhado e a cor atribuída a estes desenhos, desta forma, passam a usar a cor
preferida em suas obras, independente de representar a cor genérica dos elementos
ou não, outra característica pertinente a ser destacada é que em alguns momentos
os elementos grafados transmitem a sensação de estarem flutuando, o que é
nomeado como espaço do astronauta.
Garatuja desordenada
O desenho abaixo tem bastante em comum com o da figura 4 do livro, porém
as idades se diferem, na figura 4 a criança tem 1 anos e 9 meses (imagem 2), já a
outra criança possui 3 anos e meio (imagem 1).
Garatuja nomeada
A diferença de idade nesta análise é pouca, apenas 3 meses, mas
observasse a mesma tentativa de representar algo, nota-se que a figura do livro
(imagem 1) fez a representação de 1 figura humana mais nítida e círculos
estrelados que refletem outros ensaios de figuras. A criança autora da imagem 2
representou com clareza até mesmo o corpo, desenhando a cabeça e os pés.
Ambas demonstram já conseguir fechar círculos, completando as formas, dando
indicativos de que estão no início do processo transitório para a fase de pré-
esquema.
Uma característica da garatuja nomeada é dar significados que mudam a
todo instante. Alice, autora da imagem 2, diz ter registrado ela e sua família.
Carolina, agora com 4 anos, foi citada anteriormente na primeira etapa desta
análise sobre a fase do pré-esquematismo (imagem 1). Após um ano, seu desenho
de número 2 demonstra a grande evolução desde o início da transição, Carolina agora
destaca a configuração de tronco–membros de forma clara em seu desenho, assim
como, a maior riqueza de detalhes nos traços e elementos que compõem um rosto.
A mesma registrou sua família, e para isso utilizou a folha de forma horizontal,
aproveitando melhor o espaço ali ofertado, a menina ainda evidencia o exercício
cinestésico do grafismo em suas figuras tronco–membros.
Lara (4 anos) também optou por representar sua família em sua obra (imagem
3), assim como também optou por utilizar a folha de forma horizontal, visando o
melhor aproveitamento do espaço e melhor acomodamento das figuras de forma
sequencial. Ambas utilizaram traços longos e/ou curtos que dão origem aos cabelos,
a fim de distinguir os gêneros de forma visual, o que facilita no momento de nomear
cada figura representada. Lara optou por representar o tronco e os membros com
traços mais finos e longitudinais, enquanto Carolina buscou representá-los com
formas mais estruturadas e preenchidas.
Pensamento simbólico – Etapa do esquematismo
A autora caracteriza o momento do pré-esquematismo como pensamento
imaginário; onde inicia a fase de semelhanças com o real. A partir disso, ocorre a
passagem do pensamento imaginativo para o simbólico, momento em que a
alfabetização começa a ser desenvolvida.
A figura 18 do livro (imagem 1), reflete uma forma humana apenas com os
membros inferiores grafados, a mesma também evidencia fortemente as formas
geométricas em sua construção. Diferente da figura 18, Miguel (6 anos) traça linhas
horizontais e verticais delimitando outro plano, mas ainda em escala emocional;
referente às cores, risca evidenciando a roupa de seu pai (escolha de forma casual),
utilizando predominantemente grafite preto, fazendo detalhes e correções. Ainda,
exaltando as formas rígidas e geométricas conforme a figura 18.
Em ambos os desenhos há a presença de cores genéricas e novamente a
predominância das formas geométricas, no desenho de Rodrigo (9 anos) o
personagem (papai noel) está no espaço do astronauta, aspecto de flutuação visto
na etapa de pré-esquematismo. Já no desenho de Johana da página 81 do livro,
todos os elementos se encontram aterrissados na margem da folha.