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 cópia pessoal do autor
Opinião
Atenção tendenciosa afetiva como regulação
emocional
Rebecca M.Todd1, William A. Cunningham1,2, Adam K. Anderson1e Evan
Thompson3
1Departamento de Psicologia, Universidade de Toronto, 100 St George Street, Toronto, ON M5S 3GM, Canadá
2Departamento de Psicologia, Ohio State University, 1827 Neil Avenue, Columbus, OH 43210, EUA
3Departamento de Filosofia, Universidade de Toronto, 170 St George Street, Toronto, ON M5R 2M8, Canadá
O viés afetivo da atenção não é normalmente considerado
uma forma de regulação emocional. Neste artigo,
argumentamos que a 'atenção tendenciosa afetiva' – a
predisposição para atender a certas categorias de estímulos
afetivamente salientes em detrimento de outras – fornece
um componente importante da regulação emocional. A
atenção tendenciosa afetiva regula as respostas emocionais
subsequentes ajustando os filtros da pessoa para atenção
inicial e processamento subsequente. Ao revisar pesquisas
paralelas nos campos de regulação emocional e atenção com
viés de afeto, bem como pesquisas clínicas e de
desenvolvimento sobre diferenças individuais em vieses
atencionais, fornecemos evidências convergentes de que os
processos habituais de filtragem afetiva, sintonizados e
reajustados ao longo do desenvolvimento e da situação,
modular as respostas emocionais ao mundo. Além disso,
A atenção tendenciosa afetiva é uma forma de regulação emocional
Regulação emocional, definida como 'todas as estratégias conscientes e
não conscientes que usamos para aumentar, manter ou diminuir um ou
mais componentes de uma resposta emocional'[1], abrange uma ampla
gama de estratégias, variando do implícito ao explícito e reativo ao esforço
(consulteGlossário), que pode ser aplicado em antecipação ou em resposta
a um estressor emocional[2,3]. No entanto, apesar da gama de processos
estudados sob a rubrica de regulação emocional, incluindo vários
processos atencionais, o viés afetivo da atenção não é normalmente
considerado como uma forma de regulação emocional. 'Atenção
tendenciosa afetiva' refere-se a processos de atenção seletiva[4]pelo qual
os sistemas sensoriais são sintonizados para favorecer certas categorias
de estímulos afetivamente salientes antes de serem encontrados. Neste
artigo de opinião, utilizamos evidências da neurociência cognitiva e da
psicologia clínica e do desenvolvimento para argumentar que a atenção
tendenciosa ao afeto é uma forma de regulação emocional.
Argumentamos que a atenção tendenciosa afetiva, em vez de ser
meramente sintomática de uma resposta emocional reativa a um
estímulo, é proativa na formação da experiência perceptiva. Além disso,
argumentamos que o desdobramento habitual da atenção tendenciosa ao
afeto tem o potencial de influenciar as respostas emocionais a eventos
estressantes.
Embora a literatura teórica sobre regulação emocional
inclua vários modelos sofisticados[2,3], as abordagens da
neurociência cognitiva para a regulação da emoção têm
Autores correspondentes:Todd, RM (r.todd@acl.psych.toronto.edu);
Thompson, E. (evan.thompson@utoronto.ca).
1364-6613/$ – ver matéria inicial - 2012 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.http://dx.doi.org/10.1016/jt
foi operacionalizado em grande parte por meio do estudo de
duas estratégias: 'reavaliação', que envolve reavaliar
cognitivamente um evento para reduzir seu impacto emocional,
e 'supressão', que envolve inibir a expressão externa da emoção
[5]. Embora esta pesquisa tenha sido produtiva, modelos influentes
de regulação emocional enfatizaram uma gama mais ampla de
processos com os quais as respostas emocionais são continuamente
reguladas, tanto antes quanto depois da ocorrência de um evento
emocional, bem como abaixo e acima de vários limiares de
consciência.[2,5]. Por exemplo, no calor do momento, quando
respostas rápidas são necessárias, pode-se usar estratégias
regulatórias mais implícitas e menos desgastantes cognitivamente,
como sugerem pesquisas recentes em processos regulatórios
implícitos[6–8]. Os modelos atuais de regulação emocional também
incluem várias estratégias regulatórias adicionais, como distração
voluntária da atenção, seleção de situação e ruminação (para uma
revisão, consulte[2,8]). Além disso, a pesquisa desenvolvimental
enfatizou estratégias de mudança de atenção e foco, bem como a
supressão de comportamento
Glossário
Atenção tendenciosa afetiva:vieses atencionais que dão origem a p preferencial
percepção de uma categoria particular de estímulo com base em sua relação afetiva
s relativa.
A configuração de controle efetivo:um 'conjunto mental' habitual, baseado em nossa história de
eexperiência com o que é motivacionalmente relevante em um determinado contexto, que chama
ba atenção antes de um evento.
A saliência efetiva:a tendência de um item se destacar em relação aos seus vizinhos devido
da uma associação entre seu significado semântico e a excitação emocional. viés
A intencional:uma tendência de ter a atenção inicialmente atraída e mantida por uma
scategoria de estímulo saliente em detrimento de outra.
A configurações de controle de atenção:modelos mentais que direcionam a atenção de cima para baixo para
scaracterísticas de objetos específicos a serviço de objetivos específicos de curto prazo.
Bfatores otom-up versus fatores top-down:fatores que refletem a estimulação
ssensorial por características do ambiente, como cor, contraste ou início súbito,
oversus fatores cognitivos que influenciam a alocação seletiva de atenção, como
sconhecimento, expectativas e objetivos atuais.
E respostas de movimento:alterações fisiológicas (cardiovasculares, neuroendócrinas),
aações, estados de sentimentos subjetivos e alterações no foco atencional associados à
c excitação emocional.
E atenção espacial xógena:eventos externos salientes servem como pistas que mudam ou
oorientam a atenção espacial de maneira reflexiva.
Rcontrole ativo versus controle com esforço:formas de controle que são relativamente
em voluntárias e reflexivas, incluindo comportamentos de aproximação e evitação, versus
vcontrole voluntário, explícito e flexível sobre sentimentos e comportamento, incluindo a
º capacidade de inibir uma resposta dominante e ativar uma resposta não dominante.
r
RAvaliação:reavaliação cognitiva de um evento potencialmente emocionalmente excitante
empara alterar o impacto emocional.
S alienação:a qualidade pela qual um aspecto do ambiente se destaca em relação
paraseus arredores.
S repressão:inibição do comportamento que expressa resposta emocional.
ics.2012.06.003Tendências em Ciências Cognitivas, julho de 2012, vol. 16, nº 7 365
 cópia pessoal do autor
Opinião
respostas e atraso de gratificação (por exemplo,[9,10]). No entanto,
mesmo modelos sofisticados não incluem a atenção com viés de
afeto na taxonomia dos processos regulatórios. Em vez disso, essa
atenção é tipicamente descrita como um sintoma de resposta
emocional reativa 'de baixo para cima' (por exemplo,[11,12]).
Neste artigo de opinião, sintetizamos pesquisas básicas sobre
atenção seletiva visual, pesquisas clínicas sobre vieses atencionais em
ansiedade e depressão e pesquisas em ciência afetiva para apoiar
nossa proposta de que a atenção viesada afetiva é uma forma de
regulação emocional. Esta proposta está enquadrada no contexto do
'Modelo Estendido de Regulação Emocional', um modelo abrangente
que se baseia na pesquisa de desenvolvimento e integra modelos e
descobertas da neurociência cognitiva e afetiva dentro de uma visão
dinâmica dos processos de cognição/emoção (Caixa 1e figura 1).
'Atenção tendenciosa afetiva' refere-se a um pré-ajuste dos sistemas
sensoriais de modo que certas categorias de estímulos afetivamente
salientes sejam percebidas em detrimento de outras. Aqui,
enfatizamos o papel regulador que a atenção tendenciosa ao afeto
desempenha antes da ocorrência de um evento emocionalmente
excitante. Por exemplo, ao direcionar a percepção para certos tipos
de estímulos positivos ou negativos, a atenção habitual tendenciosa
ao afeto pode modular as respostas emocionais a eventos
estressantes (ver também[13]). Assim, se os filtros visuais de alguém
forem pré-ajustados para ver mais rostos felizes em relação a rostos
zangados em uma multidão, pode ser menos provável que alguém
experimente sentimentos de afeto negativo e maior excitação
fisiológica em uma situação estressante do que se a atenção de
alguém for habitualmente inclinada para expressões negativas. Além
disso, seguindo o trabalho clássico de Bruner[14], argumentamos
que tal antecedente habitual
Quadro 1. Modelo estendido de regulação emocional
O modelo estendido de regulação emocional (EMER) é um
modelo, baseado na psicologia do desenvolvimento e na neurociência
roscience, que é contextualizado dentro de uma visão dinâmica dos processos
de cognição/emoção no cérebro[15]. Baseando-se no influente modelo de
processo de Gross[2], dividimos as estratégias de regulação emocional
naquelas que modulam as respostas emocionais antes ou depois de um
evento emocionalmente saliente (figura 1, eixo x). No entanto, diferente dos
modelos de processo duplo que traçam uma linha entre processos
conscientes e inconscientes, ou propõem vias neurais distintas para cada um
[8,32], utilizamos a pesquisa de desenvolvimento para incorporar a noção de
múltiplos níveis de processos de controle[47]. Baseando-se na noção de níveis
de controle reativo e esforço de Eisenberg, sugerimos que eles variam de
estratégias reflexivas a estratégias mais cognitivamente 'esforçadas' (figura 1,
eixo y). Estes são baseados em níveis graduais de consciência/disponibilidade
para reflexão, acompanhados por níveis cada vez mais elaborados de
processamento[3,70].
Estratégias mais esforçadas tornam-se disponíveis com o desenvolvimento
cognitivo, à medida que os níveis de estratégia reguladora se tornam cada vez mais
sofisticados, passando de respostas limitadas a estímulos e temporalmente
imediatas para estratégias mais deliberadas e flexíveis voltadas para objetivos
distantes temporalmente.[31]. Até certo ponto, cada nível de habilidade regulatória é
considerado dependente do desenvolvimento do nível anterior. Estratégias
regulatórias específicas variam desde desviar a atenção de um objeto ou evento
angustiante (por exemplo,[10]) e tendências de ação para se aproximar ou se
afastar, que surgem na infância, à supressão de comportamentos associados à
abordagem, evitação ou demonstração emocional, que podem ser observados na
primeira infância[9]. Habilidades adicionais, como adiar a gratificação imediata para
um objetivo mais distante, surgem com marcos cognitivos alcançados na primeira
infância. Outros, como reinterpretação ou reavaliação de eventos para modificar a
resposta emocional de alguém[1], ruminação[8]e estratégias de enfrentamento,
como resolução de problemas[71]dependem de capacidades cognitivas que
continuam a amadurecer na adolescência. A atenção com viés afetivo
366
Tendências em Ciências CognitivasJulho de 2012, vol. 16, nº 7
o ajuste da atenção para características específicas do contexto e
emocionalmente salientes do ambiente é fortemente moldado pelo
desenvolvimento. Em suma, a atenção com viés afetivo consiste nos
processos de filtragem implícitos, sintonizados com a experiência
passada, que modulam as respostas emocionais ao mundo.
Uma definição recente de regulação emocional estipula que um
processo é regulatório “se e somente se for instanciado em busca de um
objetivo para influenciar uma emoção em andamento ou futura”.
[2]. Dado que a atenção tendenciosa afetiva é empregada
habitualmente com o objetivo contínuo de modular uma
emoção habitualmente antecipada (por exemplo, ansiedade),
ela é regulatória precisamente dessa maneira. No entanto, a
partir de uma perspectiva dinâmica que enfatiza o
desdobramento contínuo dos processos cognitivos/
emocionais[15–17], 'regulação emocional' não é um processo
em si, mas uma heurística útil, que ajuda a delinear uma
taxonomia de subcomponentes cognição-emoção[2]. A
atenção tendenciosa afetiva é um desses subcomponentes
que modulam as respostas emocionais em múltiplas escalas
temporais. Quando toda a gama de processos e seus
subcomponentes é levado em consideração, no entanto,
pode ser difícil definir a fronteira entre emoção e regulação.
Por esta razão, como vários pesquisadores de emoções
proeminentes afirmaram recentemente[18,19], tentar
distinguir entre emoção e sua regulação pode ser impossível.
Atenção tendenciosa a eventos afetivamente salientes
Assim como a regulação emocional, a seleção atencional é uma
categoria ampla que inclui vários processos componentes. Por
exemplo, a atenção pode ser implantada antes ou depois de uma
nos concentramos aqui é uma das várias implantações de atenção
estratégias, embora seja uma que normalmente não é discutida em termos de
seu papel regulador. A atenção tendenciosa afetiva pode ser esculpida
gradualmente desde a infância, embora também possa ser retreinada pela mudança
de contextos de desenvolvimento ou situacionais.
Uma vez disponíveis, estratégias mais esforçadas e explícitas podem ser
empregadas em um nível habitual quando preparadas em laboratório ou por um
contexto situacional, seja antes ou depois de um evento emocional. Por exemplo,
Mauss e colegas[6]descobriram que os participantes que foram preparados com
palavras que evocavam o controle, em vez da supressão da emoção, eram menos
propensos a experimentar sentimentos de raiva após a indução da raiva. Williams e
seus colegas descobriram ainda que preparar os participantes com metas de
reavaliação reduziu as respostas da frequência cardíaca a um desafio emocional
indutor de ansiedade[7], sugerindo que estratégias de ordem superior podem ser
preparadas sem conhecimento relatado. No entanto, sugerimos que estratégias de
alto nível, como a reavaliação, podem ser possíveis apenas quando a capacidade de
reavaliação explícita estiver disponível no desenvolvimento.
De acordo com o modelo estendido, as interpretações emocionais
envolvem o desdobramento contínuo de interações dinâmicas cognição-
emoção implicadas na avaliação de eventos e na regulação de respostas a eles
nos níveis psicológico e neuronal.[15]. Em tempo real, de milissegundos a
minutos, e em tempo de desenvolvimento, ao longo dos anos, estratégias
cada vez mais trabalhosas se baseiam em ciclos de reprocessamento de
informações avaliativas em redes hierárquicas mais complexas[72]. As
informações obtidas a partir de avaliações iniciais rápidas e respostas
habituais podem ser posteriormente reprocessadas em níveis mais reflexivos
e esforçados[72]. Um processamento mais reflexivo então retroalimenta para
sintonizar filtros perceptivos mais reflexivos e avaliações afetivas. Assim, de
acordo com esse modelo, a atenção tendenciosa ao afeto, como um processo
antecedente rápido e reflexivo de filtragem baseada na avaliação, molda e é
moldada continuamente por estratégias mais reflexivas dentro de uma
interpretação emocional.
 cópia pessoal do autor
Opinião
enfrentamento antecipatório
estratégias
Reavaliação
(antecedente
cognitivo
avaliação)
Tempo Evitação
antes do evento
Evitação
Atenção com viés de afeto
Ffigura 1.Modelo estendido de regulação emocional. O eixo x representa o tempo antes e depois de um evento emocionalmente excitante (tempo 0) e o eixo y representa a variação dos processos
rregulatórios de habitual a esforço. Exemplos de processos regulatórios são indicados com círculos preenchidos. A atenção com viés afetivo, em amarelo, é um antecedente
e forma reflexiva de regulação emocional envolvendo atenção visual seletiva que sintoniza o conteúdo do que 'vemos' em primeiro lugar, antes de encontrá-lo.
evento e pode envolver processos rápidos ou mais extensos,
variando desde o viés antecedente da atenção por meio de
configurações de controle, até o envolvimento subsequente da
atenção pela saliência do estímulo, até a facilidade ou dificuldade
posterior de desengajamento quando uma mudança de atenção é
exigida[20]. Aqui, discutimos a atenção com viés afetivo como uma
forma específica de atenção seletiva que, ao contrário de outros
processos atencionais, tem sido tipicamente discutida como um
sintoma reativo da emoção em vez de uma estratégia reguladora[11].
A atenção visual seletiva a alguns aspectos do ambiente em
detrimento de outros é geralmente definida em termos de processos
'de baixo para cima' versus 'de cima para baixo'. Os processos
bottom-up envolvem seleção atencional rápida e relativamente
reflexiva baseada em recursos visuais de baixo nível, intrínsecos ao
estímulo, como cor, contraste e movimento. Tais aspectos de
'saliência objetiva' chamam a atenção porque são inesperados ou se
destacam do ambiente circundante[21,22]. Em contraste, a atenção
esforçada e de cima para baixo[4,23]envolve o estabelecimento de
'configurações de controle de atenção'[24]– modelos mentais que
aprimoram a atenção para características específicas do objeto a
serviço de objetivos imediatos, como encontrar as chaves ou realizar
com sucesso uma tarefa experimental. De acordo com os modelos de
competição tendenciosa, os processos de cima para baixo desviam a
atenção para características relevantes do ambiente antes que os
estímulos sejam apresentados e esse pré-ajuste de filtros aprimora o
processamento visual subsequente dessas características. No nível
neural, as redes de atenção frontoparietal modulam a ativação do
córtex visual de modo que a atividade seja aumentada em neurônios
ou regiões que são preferencialmente sintonizadas com estímulos
relevantes para a tarefa, enquanto a atividade é suprimida em
neurônios/regiões sensíveis a estímulos competitivos[4,23].
Tendências em Ciências Cognitivas Julho de 2012, vol. 16, nº 7
Esforçado
Reavaliação
Conscientização/Esforço
(retrospectivo
cognitivo
D avaliação)
e
v Desdobramento da atenção: distração Supressão/
e sobreposição de tendências de ação
eu
o Após o evento
p
Reavaliação preparada
m Objetivos de ER preparados
e
n
t
Tendências de ação para se aproximar/retirar
Reflexivo
TENDÊNCIAS em Ciências Cognitivas
A saliência objetiva de baixo para cima não é o único tipo de
saliência que pode capturar a atenção e, assim, influenciar o
processamento visual de uma maneira relativamente reflexiva.
'Saliência afetiva' envolve recursos baseados no significado
emocional do estímulo. Um corpo robusto de pesquisa sobre
emoções estabeleceu que estímulos afetivamente salientes, como
rostos raivosos ou sorridentes, ou rostos de entes queridos, são
preferencialmente percebidos e lembrados quando os recursos
atencionais são limitados.[25–28]e são mais propensos a atrair
atenção aberta ao visualizar cenas complexas[29]. Embora as
respostas comportamentais rápidas e a ativação preferencial da
amígdala tenham levado muitos pesquisadores da ciência afetiva a
categorizá-las como reativas ou de baixo para cima (por exemplo,[11]
), nós e outros propusemos que a saliência afetiva mobiliza um
sistema alternativo de cima para baixo mediado por redes centradas
na amígdala[30,31,32]. Nós nos referimos a ele como um sistema de
cima para baixo, porque em processos de cima para baixo as
características do ambiente externo que evocam a atenção são
moduladas por planos e metas. Tais planos e metas podem incluir
metas afetivas e motivacionais[33], embora estes não sejam
necessariamente modulados por redes de atenção frontoparietais.
De acordo com nosso modelo de saliência afetiva (seguindo
[14]), as redes de saliência afetiva sintonizam o sistema visual para que ele
privilegie as informações recebidas com base na história de experiência de
alguém sobre o que é motivacionalmente relevante em um determinado
contexto, gerando, assim, uma predisposição para atender a certas
categorias de estímulos em detrimento de outras. Essa predisposição
funciona como uma 'configuração de controle afetivo'. O resultado de uma
configuração de controle afetivo é o ajuste atencional que favorece
estímulos afetivamente salientes, que descrevemos como atenção com
viés afetivo. Como a atenção com viés afetivo pode ser moldada de forma
habitual e reflexiva,
367
 cópia pessoal do autor
Opinião
tempo pode parecer reativo ou de baixo para cima. Essa visão é
consistente com os modelos de avaliação da emoção que enfatizam
que o que é saliente em um determinado momento pode ser
modulado por avaliações que são reflexivas, habituais e fora da
atenção focal.[19]. Essas avaliações modulam as respostas
emocionais na forma de inclinações para a ação.[19]. De acordo com
nosso modelo de atenção com viés de afeto, os objetivos que
moldam a atenção com viés de afeto são precisamente essas
avaliações habituais das quais normalmente não temos consciência.
O resultado desse tipo de avaliação regulatória é o ajuste atencional
com viés de afeto. Assim, argumentamos que os vieses para
informações afetivas refletem a aplicação proativa de modelos de
cima para baixo afetivamente ajustados que são aplicados
reflexivamente. É importante notar, no entanto, que não estamos
sugerindo que a atenção com viés afetivo a estímulos laboratoriais
salientes resulta necessariamente em uma resposta emocional
experiencial ou fisiológica completa aos próprios estímulos; em vez
disso, sugerimos que hábitos de atenção seletiva revelados por
tarefas de laboratório podem influenciar respostas fisiológicas e
experienciais a estressores de vida mais intensos quando eles
ocorrem.
No nível neural, a alegação de que a saliência afetiva envolve
uma forma de processo de cima para baixo é apoiada por
descobertas de que a ativação da amígdala modula a ativação do
córtex visual de maneira semelhante à modulação do córtex
visual pelas redes frontoparietais[28,34]. Assim, a amígdala é um
nó importante nas redes que suportam uma forma de atenção
tendenciosa que opera de forma semelhante, mas às vezes
parcialmente independente, da polarização da atenção associada
às redes de atenção frontoparietais.[35]. Como os padrões de
ativação da amígdala servem como marcadores neurais bem
documentados de respostas preferenciais à saliência do
estímulo, nossa revisão da literatura empírica se concentra na
amígdala; no entanto, é importante notar que outras regiões,
incluindo o córtex orbitofrontal (OFC) e os núcleos pulvinar e
reticular inibitório do tálamo, também são centros importantes
[35–37]. Em conjunto com regiões reciprocamente conectadas da
amígdala, essas regiões também desempenham papéis
importantes na integração de informações de várias regiões
corticais e subcorticais para marcar a saliência do estímulo e
direcionar a atenção para características preferenciais do
ambiente[35,37].
A atenção tendenciosa afetiva pode ser atendida pela "competição
tendenciosa por excitação", um mecanismo semelhante à competição
tendenciosa por redes de cima para baixo, nas quais regiões do
córtex visual mostram ativação aprimorada para itens afetivamente
salientes em detrimento de itens relativamente neutros
[38]. Pesquisas neuroanatômicas recentes deram origem a
modelos neurais que implicam a conectividade amígdala-
talâmica na orientação rápida da atenção para locais salientes de
uma cena, representando assim a ativação aprimorada de
regiões sintonizadas a estímulos salientes e inibição de
distratores[35,39]. Sugerimos que os vieses nesse sistema em
direção a categorias específicas de estímulos estão por trás da
competição afetivamente tendenciosa. Em contraste, interações
de rede mais estendidas, incluindo o OFC, são sugeridas como
subjacentes a outros processos atencionais, como troca ou
desengajamento atencional com esforço.[35]. No entanto,
também há evidências de que a saliência afetiva pode influenciar
a atenção sem supressão de estímulos competitivos de maneira
distinta da competição tendenciosa.[40].
368
Tendências em Ciências CognitivasJulho de 2012, vol. 16, nº 7
A sintonia afetiva pode mudar com a idade e o contexto O modelo de
saliência afetiva enfatiza que o ajuste da amígdala, como um índice
tratável de saliência motivacional, é sensível tanto ao contexto
momento a momento quanto ao contexto de desenvolvimento.
Noções anteriores sobre o papel da amígdala no processamento
afetivo enfatizavam a ideia de que o aumento da atenção à ameaça,
marcado pela ativação aprimorada da amígdala, era "programado" a
serviço de objetivos evolutivos (por exemplo,[41]). Uma concepção
mais recente é que, em vez de ser um 'detector automático de
ameaças', a amígdala funciona como um 'detector de relevância
motivacional'[33,42,43]. Nossa própria pesquisa recente sugere que a
ativação da amígdala indexando a atenção tendenciosa ao afeto pode
mudar ao longo de minutos com o contexto experimental e ao longo
dos anos com a fase de desenvolvimento.
Em um estudo examinando a influência de objetivos
avaliativos na ativação preferencial da amígdala para
estímulos positivos versus negativos, Cunningham e colegas
[33]pediu aos participantes que avaliassem os nomes de
pessoas famosas. Os resultados mostraram que a amígdala
respondeu preferencialmente a nomes de celebridades sobre
os quais os participantes se sentiram positivos quando foram
solicitados a avaliar a positividade e a nomes de celebridades
sobre os quais se sentiram negativos quando solicitados a
avaliar a negatividade (Figura 2cd). Assim, o padrão de
resposta da amígdala mudava à medida que a saliência
afetiva dos estímulos mudava de acordo com os objetivos
momentâneos do observador. Argumentamos que a
saliência afetiva relativa foi pré-ajustada pelo contexto da
tarefa, permitindo o estabelecimento de atenção tendenciosa
ao afeto para os estímulos que dependiam da tarefa em
questão. Essa sintonia contextual da saliência afetiva é
equivalente à modulação contextual da atenção por
configurações de controle, consistente com nossa afirmação
de que a atenção tendenciosa afetiva funciona como uma
configuração de controle ajustada pela saliência afetiva.
Devido às ligações da amígdala com as regiões do tronco
cerebral e do hipotálamo que modulam as respostas
fisiológicas subsequentes associadas à excitação emocional,
Em outra série de estudos investigando o papel da fase de
desenvolvimento na resposta da amígdala à saliência afetiva,
mostramos a grupos de crianças pequenas (4-6 anos e 6-9 anos) e
adultos jovens (18-35 anos) imagens de suas mães e um estranho
com aparência semelhante mostrando expressões felizes e zangadas/
descontentes[44]. Ao visualizar livremente os rostos, as crianças, mas
não os adultos jovens, mostraram maior ativação da amígdala em
resposta a rostos felizes versus rostos raivosos (Figura 2a e b). Esta
descoberta sugere que, em contraste com os adultos, as crianças
pequenas podem encontrar expressões sorridentes – consideradas
gratificantes por si mesmas
– para ser mais saliente do que os raivosos. Essa interpretação é
consistente com um viés de positividade bem documentado em
adultos mais velhos[45], acompanhado por ativação preferencial da
amígdala para estímulos positivos versus negativos[46]. Assim, a
relevância relativa de expressões faciais positivas e negativas pode
ser diferente em diferentes estágios de desenvolvimento, sugerindo
mudanças normativas de desenvolvimento na atenção com viés
afetivo, ou o que os indivíduos estão predispostos a atender, com
crianças pequenas e adultos mais velhos mostrando evidências de
uma positividade preconceito em relação aos adultos jovens. Esse

Opinião
(a)
(b)
feliz-irritado
0,09
% mudança de sinal
0,04
- 0,01
- 0,06
Jovem Mais velho
crianças crianças
Ffigura 2.A ativação preferencial da amígdala para estímulos positivos versus negativos muda com o contexto de desenvolvimento e experimental. (a)Mapa de ativação mostrando maior ativação
apara rostos felizes do que com raiva em crianças pequenas. Reproduzido, com permissão, de[44]da Oxford University Press. (b)Diferença entre amígdala bilateral
amotivação para felicidade – raiva em crianças de 3 a 6 anos, crianças de 6 a 9 anos e adultos jovens. Dados de[44]. (c)Regiões da amígdala mostrando uma valência por comportamento
efeito de condição mostrando maior amígdala para estímulos positivos durante avaliações positivas e para estímulos negativos para avaliações negativas. Reproduzido, com
permissão, de[33]da Sage Publicações. (d)Pesos beta associados à ativação bilateral da amígdala por avaliações de positividade e negatividade dos participantes. Reproduzido, com
permissão, de[33].
O padrão não ilustra necessariamente diferenças relacionadas à idade no
grau de viés afetivo ou na capacidade de supressão de vieses, mas
simplesmente uma mudança no que é mais importante do ponto de vista
motivacional em um determinado estágio da vida. No entanto, é
importante observar que, além das tendências normativas de
desenvolvimento, as diferenças individuais em vieses específicos podem
se tornar mais arraigadas com a idade[47].
A atenção tendenciosa afetiva também pode influenciar os processos
regulatórios a jusante – que, por sua vez, podem mostrar mudanças
paralelas relacionadas à idade. Acredita-se que algumas expressões faciais
emocionais eliciam tendências de ação superaprendidas, seja para agir ou
abster-se de agir, seja para se aproximar ou se afastar. [48,49]– formas de
controle reflexivo pós-estímulo. Em adultos jovens, descobriu-se que uma
região do COF lateral está ativa quando uma resposta necessária (por
exemplo, retirar-se) é incongruente com a tendência de ação sinalizada
por uma face apresentada anteriormente (por exemplo, sorrir). A
desativação dessa região prejudica o desempenho durante as tentativas
incongruentes[50], sugerindo que o OFC lateral desempenha um papel
fundamental ao vincular a saliência do estímulo à necessidade de
substituir ações habituais usando processos de controle explícitos. Em um
segundo estudo, examinamos a ativação do fMRI em crianças e adultos
jovens quando a apresentação de um rosto feliz ou zangado (mães e
estranhos) precedeu uma sugestão para pressionar um botão ou reter
uma ação[51]. Neste estudo, a ativação no OFC lateral diminuiu com a
faixa etária para a diferença entre rostos zangados e felizes, mostrando
um padrão paralelo ao mostrado pela amígdala na tarefa de visualização
livre – mas apenas durante
cópia pessoal do autor
Tendências em Ciências CognitivasJulho de 2012, vol. 16, nº 7
(c) -3 0 3
(d)
0,2
0,1
Estimativas de parâmetros
0
- 0,1
- 0,2
positividade Negatividade
avaliação avaliação
adultos
Chave: condição negativa condição positiva
TENDÊNCIAS em Ciências Cognitivas
julgamentos incongruentes quando uma ação teve que ser
retida. Essas descobertas indicam que não apenas a ativação
da amígdala ligada à saliência afetiva de um estímulo difere
entre as faixas etárias, mas também difere a maneira como a
saliência afetiva interage com a ativação ligada aos processos
regulatórios pós-evento. Nesse caso, a atenção com viés
afetivo que favorece uma determinada categoria de estímulo
pode influenciar as respostas habituais aprendidas após um
evento, que por sua vez influencia o controle explícito
necessário para substituir a resposta habitual. Assim, não
apenas a sintonia dos vieses afetivos pode mudar ao longo
da vida, mas essa sintonia pode servir como uma forma de
regulação atencional que pode influenciar o comportamento
por meio de uma cascata de processos regulatórios ao longo
dos eixos habitual versus esforço e pré versus pós-evento. No
entanto,
Diferenças individuais na atenção com viés de afeto
Sugerimos que diferenças individuais bem documentadas na atenção
tendenciosa a estímulos positivos ou negativos refletem diferenças
individuais no emprego habitual de configurações de controle
motivadas afetivamente, que desempenham um papel regulador ao
influenciar os processos regulatórios subsequentes. Um estudo
recente[52]descobriram que os participantes que eram elevados em
uma forma de neuroticismo ligada à volatilidade, que envolve
predisposição à raiva ou irritação, bem como atenção tendenciosa
afetiva para imagens negativas, mostraram maior ativação da
amígdala para imagens negativas, independentemente de
369
 cópia pessoal do autor
Opinião
se eles tinham que abordá-los ou evitá-los. Em contraste, os
participantes com alto nível de evitação do neuroticismo, que é
caracterizado por um padrão geral de evitação que não está ligado a
vieses atencionais em relação a uma valência ou categoria específica,
mostraram maior ativação da amígdala quando tiveram que abordar
um estímulo independentemente da valência. Essas descobertas
sugerem que as diferenças individuais habituais na atenção
tendenciosa ao afeto influenciam a saliência das ações
intencionalmente realizadas, que por sua vez desempenham um
papel nos processos regulatórios explícitos pós-evento. Também
neste caso, processos regulatórios temporalmente subseqüentes e
mais explícitos são construídos sobre processos mais reflexivos.
Os vieses atencionais influenciam a resposta emocional e são
treináveis
Está bem estabelecido que algumas pessoas estão predispostas a se
concentrar nos aspectos ameaçadores de uma cena, enquanto outras
se concentram nos aspectos positivos.[53,54]. Por exemplo, imagine
olhar para um mar de rostos antes de dar uma palestra. Algumas
pessoas costumam dar zoom em rostos carrancudos ou entediados.
Outros estão predispostos a encontrar sorrisos de aprovação. Um
corpo robusto de pesquisa ligou vieses de atenção para imagens
ameaçadoras versus neutras ou positivas com ansiedade normativa e
clínica[53], e vieses atencionais para estímulos recompensadores
demonstraram estar associados a traços de personalidade como
extroversão[54].
Os estudos que investigam os vieses atencionais para a categoria de
estímulo normalmente usam tarefas de sinalização espacial exógena para medir
o viés e, na maioria das vezes, empregam variações de uma tarefa de sondagem
de pontos. Em uma tarefa típica de dot probe, os tempos de resposta a uma
sonda em um local espacial previamente ocupado por um estímulo de uma
valência (por exemplo, uma cara de raiva) são comparados com os de uma
sonda em um local previamente ocupado por um estímulo de outra valência
( por exemplo, um rosto sorridente ou neutro)
[55]. Diferenças no tempo de resposta são usadas como uma
medida de vieses envolvendo tanto a captura de atenção inicial
quanto a subsequente dificuldade de desviar a atenção do local
anterior de determinada valência ou categoria de estímulo
[55]. Sugerimos que essa captura atencional por categorias de
estímulos específicos pode refletir configurações de controle
afetivamente tendenciosas. Além disso, pesquisas usando tarefas de
dot probe sugerem que os vieses atencionais habituais preveem a
resposta emocional aos estressores, sugerindo que eles modulam a
resposta emocional[56,57]. Por exemplo, vieses para estímulos
negativos apresentados implicitamente foram associados
positivamente com os níveis de cortisol, tanto em resposta a um
estressor em laboratório (ter que dar uma palestra de cinco minutos)
quatro meses depois, quanto a um exame final importante oito
meses depois[58]. Embora isso não forneça evidências diretas de que
os vieses atencionais modulam as respostas emocionais, um
importante corpo de pesquisa sobre a modificação do viés cognitivo
forneceu evidências promissoras de que a manipulação experimental
dos vieses atencionais pode influenciar os sintomas de ansiedade
subsequentes e as respostas aos estressores.
A modificação do viés de atenção (ABM) é uma forma de modificação
do comportamento cognitivo que usa uma tarefa de sinalização exógena
para manipular vieses que favorecem a valência ou a categoria específica
de um estímulo[59]. No ABM, os participantes executam repetidamente
uma tarefa de dot probe que manipula a frequência de apresentação de
sondas no lugar de ameaça em relação a estímulos neutros. Apresentando
sondas no lugar do neutro
370
Tendências em Ciências CognitivasJulho de 2012, vol. 16, nº 7
estímulos mais frequentes do que ameaçadores reduzem os
vieses à ameaça de uma maneira implícita e baseada na prática
repetida. Uma metanálise encontrando um efeito consistente do
ABM na mudança de vieses atencionais e na redução dos escores
de ansiedade em populações clínicas e não clínicas
[54]sugere que vieses atencionais negativos tornam os adultos
mais vulneráveis a sintomas de ansiedade e respostas ao
estresse, e que a manipulação de vieses efetivamente reduz a
ansiedade. No entanto, deve-se notar que os tamanhos de efeito
para a influência do ABM na ansiedade são pequenos e nem
sempre se replicam de forma confiável[60].
Os vieses atencionais surgem cedo, influenciam os resultados
comportamentais e são treináveis em crianças
Vieses atencionais, que estão associados a variações genéticas
comuns[61], pode ser medido tão cedo no desenvolvimento quanto
cinco anos[62]. Eles também estão associados a resultados
comportamentais no início do desenvolvimento. Por exemplo, um
estudo recente demonstrou que os vieses de atenção à ameaça
previam se crianças com temperamento inibido demonstrariam
comportamentos de retraimento social aos cinco anos de idade.[63].
Além disso, pesquisas recentes também estenderam o treinamento
ABM para redução da ansiedade em crianças. Em um recente estudo
de controle randomizado, crianças clinicamente ansiosas que
demonstraram vieses de atenção para ameaça foram designadas
para uma condição ABM ou uma das duas condições de controle[64].
Após quatro sessões de treinamento ao longo de quatro semanas,
apenas as crianças na condição ABM mostraram vieses atencionais e
sintomas de ansiedade reduzidos, conforme medido em ambas as
entrevistas clínicas e em uma escala de gravidade de ansiedade DSM-
IV medida em uma sessão pós-tratamento. Esses achados
demonstram que o ajuste da implantação habitual de conjuntos de
controle afetivo por um longo período de tempo pode modular
padrões de resposta emocional em crianças, consistente com um
papel importante para a atenção tendenciosa afetiva na regulação de
respostas emocionais a eventos estressantes subsequentes. Os
efeitos a longo prazo de tais intervenções em crianças –
particularmente em comparação com adultos – serão uma área
importante para pesquisas futuras.
Medidas diretas de atenção com viés de afeto
É importante observar que tarefas de sinalização espacial exógena,
como a sonda de pontos, não medem/manipulam diretamente o
ajuste antecedente de filtros perceptivos para categorias específicas
de estímulos. Assim, eles não são medidas diretas de atenção
tendenciosa afetiva como uma forma de configuração de controle
habitual que precede a apresentação do estímulo. Em vez disso, eles
medem a captura rápida e/ou a retenção sustentada da atenção
espacial exógena após a apresentação de estímulos salientes
[55]. Assim, eles medem a propensão a ser orientado por estímulos
afetivamente salientes para a localização espacial em que ocorrem, em vez
de uma pré-sintonização de um indivíduo para categorias específicas de
estímulo; no entanto, eles podem refletir esse pré-ajuste. Embora menos
comumente usadas para ABM, as tarefas de busca visual que exigem que
os participantes localizem uma expressão facial específica entre uma série
de distratores são medidas melhores do tipo de filtragem pré-estímulo
que descrevemos como atenção tendenciosa afetiva. Aqui, os vieses
baseados em saliência são medidos como diferenças nos tempos de
resposta ao localizar alvos de pesquisa de diferentes categorias de
estímulos. Até o momento, pelo menos uma série de estudos treinou viés
atencional por
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Opinião
usando rostos sorridentes como alvos entre uma variedade de rostos com
expressões negativas e comparando-os com uma condição de controle
com alvos de flores[65]. O treinamento repetido reduziu o estresse
relatado em resposta a um exame final em estudantes e reduziu as
respostas de estresse e cortisol em operadores de telemarketing. Embora
a replicação seja necessária, este estudo oferece evidências mais diretas
de que o treinamento de hábitos de atenção com viés afetivo ao longo do
tempo regula aspectos da resposta emocional a estressores
subsequentes.
Direções futuras
Apesar do fato de que existem dados sugestivos que apoiam nossa
proposta de que a atenção tendenciosa afetiva é uma forma de
regulação emocional, mais pesquisas são necessárias para testar
diretamente a influência da atenção viesada afetiva em medidas
comportamentais e fisiológicas associadas à resposta emocional a
desafios emocionais, bem como em medidas de processos
regulatórios downstream específicos (Caixa 2). Pesquisas futuras
também podem se basear em modelos animais e na neurogenética
humana para elucidar o papel da serotonina, bem como de outros
neuromoduladores, como a dopamina e a norepinefrina, na atenção
tendenciosa ao afeto. Além disso, enquanto vários modelos
computacionais de saliência visual de baixo para cima preveem o
desdobramento da atenção com base em recursos visuais de baixo
nível (por exemplo,[21]) e ainda incorporam aspectos de significado
semântico[66], modelos futuros podem incorporar parâmetros de
saliência afetiva para prever o desdobramento da atenção.
Sugerimos que a atenção tendenciosa ao afeto é sintonizada
através da experiência sobre o desenvolvimento, uma afirmação
apoiada por pesquisas que investigam o papel da experiência inicial
na sensibilidade a expressões específicas[67]. A aprendizagem
associativa foi proposta como um mecanismo subjacente a essa
sintonia de desenvolvimento.[67], mas pesquisas futuras são
necessárias para testar essa hipótese diretamente. Finalmente, dado
o recente interesse em técnicas de meditação para treinar processos
atencionais associados à regulação emocional[68,69], outra área
importante para pesquisas futuras é a investigação dessas técnicas
para treinar conjuntos de controle afetivo e sua influência na
resposta emocional subsequente.
Quadro 2. Questões para pesquisas futuras
- A pré-sintonia afetiva em relação às categorias de estímulos, como pode ser
medidos por tarefas de pesquisa visual, por exemplo, influenciam diretamente
respostas emocionais a jusante (por exemplo, fisiológicas,
autorrelatadas)? Se sim, por quais mecanismos?
- Os vieses atencionais podem ser previstos pela geração de modelos
computacionais abrangentes de saliência de estímulo que respondem
pela saliência afetiva?
- Que processos de aprendizagem fundamentam o ajuste de vieses afetivos sobre
o desenvolvimento?
- Dadas as ligações entre as variações do gene do transportador de serotonina e
os vieses de atenção, qual é especificamente o papel da serotonina no ajuste da
atenção com viés de afeto e que influência o treinamento tem nos processos
mediados pela serotonina? Outros neuromoduladores, como noradrenalina e
dopamina, também desempenham um papel? Dados convergentes de modelos
animais e pesquisas neurogenéticas em humanos podem ajudar a responder a
essas perguntas.
- Quais técnicas de regulação da atenção meditativa são eficazes na
modulação das configurações de controle afetivo e como elas influenciam
os padrões de resposta emocional?
Tendências em Ciências CognitivasJulho de 2012, vol. 16, nº 7
Observações finais
Se a atenção com viés afetivo é uma forma de regulação
emocional, como argumentamos aqui, pode-se perguntar se
alguma forma de emoção é desregulada – e, portanto, se o
termo 'regulação emocional' é, em última análise, significativo.
No final, quando se delineia toda a gama de subcomponentes
que modulam as interações cognição/emoção em várias escalas
de tempo, pode-se concluir que não existe em nenhum estágio
uma resposta emocional "pura" que nem sempre esteja regulada
de alguma forma. Não só pode ser impossível distinguir os
processos "emocionais" dos "cognitivos" no cérebro[15,16], pode
ser extremamente raro encontrar reatividade emocional pura
não regulada por alguma forma de processo de atenção. No
entanto, sugerimos que uma visão inclusiva da regulação
emocional continua a servir como uma heurística útil para
entender os processos comportamentais e atencionais que
modulam a emoção.
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