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AS ORIGENS DO COMPORTAMENTO
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Cada uma destas categorias representa propensões a desequilíbrios orgânicos, ainda hoje utilizados como ferramentas
importantes no diagnóstico para as terapias orientais.
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Os tipos psicológicos de Jung foram originalmente publicados em 1921, a citação de 1991 é uma reedição de sua obra.
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lhe causa do que nele propriamente. Já as funções fundamentais são resumidamente
apresentadas como:
Pensamento – caracteriza funções lógicas, raciocínio, inteligência analítica e ordenada;
Com o objetivo de colocar esta teoria em prática, Isabel Briggs Myers e sua mãe
Katherine Cook Briggs, propuseram também um instrumento para identificar os tipos
psicológicos de Jung chamado MBTI: Myers-Briggs Type Indicator (Indicador de Tipos de
Myers-Briggs). O MBTI é um inventário de personalidade que começou a ser desenvolvido
em 1942 e após inúmeras pesquisas é, ainda hoje, um dos instrumentos de mapeamento de
personalidade mais utilizado no mundo devido sua credibilidade em instituições acadêmicas e
empresariais (MELLO, 2003). É constituído por um questionário de múltipla escolha,
aplicado no desenvolvimento organizacional, exploração de carreiras, treinamento gerencial,
formação de equipes e desenvolvimento educacional – principalmente no que diz respeito à
classificação dos estilos de aprendizagem.
O teórico cognitivista David Kolb, por sua vez, criticou algumas teorias que
descrevem tipos de personalidade afirmando que algumas categorizações minimizavam a
complexidade humana a conotações estáticas. Algumas delas, também compartilhadas por
Jung, chamavam a atenção para o fato de que não há um tipo puro e ideal de personalidade.
Neste sentido Kolb (1984) propôs o que chamou de ciclo de aprendizagem.
Para ele o processo de aprendizagem pode ser classificado por duas dimensões
características: a percepção da informação e o processamento da informação (PEREIRA,
2005). A Figura 56, adaptada de Pereira (2005), representa a dimensão da percepção por uma
linha cujas extremidades representam o sentir e o pensar, assim, a forma com que um novo
conteúdo é adquirido pelo estudante se encontra em algum ponto intermediário desta linha. O
processamento da informação é, de igual forma, representado por uma linha cujas
extremidades indicam o fazer e o observar.
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Em Kuri (2004) e Mello (2003) podem ser observadas características e definições mais detalhadas de cada tipo
definido por Jung e Myers-Briggs.
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Figura 56 – Ciclo de Kolb.
O aluno deve tender a um dos polos de cada uma das dimensões, estando cada
indivíduo em algum ponto entre experiência concreta e conceituação abstrata; e entre
experimentação ativa e observação reflexiva. A partir de então, Kolb (1984) classificou
quatro estilos de aprendizagem básicos que melhor se relacionam com os estágios do
processo de aprendizagem: divergentes, assimiladores, convergentes e acomodadores.
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Para ele, ao utilizar um único estilo de aprendizagem, alguns indivíduos são postos
em desvantagem durante o processo educacional e ao percorrer todo o ciclo o professor pode
satisfazer variados estilos de alunos. Como este processo é contínuo, depois do último estágio o
ciclo pode ser reiniciado já que a aprendizagem e a (re)construção do conhecimento acontecem
constantemente nos indivíduos. Tem-se então as ideias de comportamento dinâmico defendidas
por Kolb no modelo por ele proposto.
Embora não fosse ideal, algumas conjecturas a respeito de correlações entre estas
dimensões são feitas por Lawrence (1994). Ele sugere que estudantes sequenciais podem ser
tanto sensoriais quanto intuitivos, enquanto estudantes globais tendem a ser mais intuitivos do
que sensoriais. Baseada em evidencias de pesquisas sobre hemisférios cerebrais e em
observações clinicas, Silverman (2002) apresenta a possibilidade de outra associação ao sugerir
que estudantes globais tendem a ser mais intuitivos e estudantes sequenciais tendem a ser mais
verbais5.
Em alguns trabalhos, como em Felder e Spurlin (2005), são apresentadas as influências
que geraram este modelo. A dimensão ativo/reflexivo é análoga à existente no modelo de
Kolb e também está relacionada ao extrovertido/introvertido existente no MBTI. A dimensão
sensitivo/intuitivo foi extraída diretamente do MBTI (por sua vez, baseado na teoria de Jung)
possuindo também alguma relação com a dimensão concreto/abstrato de Kolb. A dimensão
visual/verbal, juntamente com a ativo/reflexivo, possui também algumas analogias com a
formulação visual-auditivo-cinestésico da programação neurolinguística, enquanto a distinção
visual/verbal é encontrada também em teorias cognitivas do processamento da informação.
Já a dimensão sequencial/global possui inúmeras analogias indo desde definições de lado
cerebral dominante ao processamento de informações definido pelas ciências cognitivas
(FELDER; SPURLIN, 2005).
Lopes (2002) apresenta em sua dissertação comentários do próprio Felder sobre as
influências teóricas por ele sofridas:
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Na sua primeira versão o modelo Felder e Silverman possuía cinco dimensões. Após alguns anos Richard Felder optou
por excluir a dimensão indutivo/dedutivo e alterar a dimensão visual/auditivo para visual/verbal. As razões para estas
mudanças podem ser encontradas em Felder e Henriques (1995) e em um prefácio acrescido em 2002 à versão original
de 1988.
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É importante destacar que Silverman (2002) atribui diferentes significados a alguns termos adotados em Felder e
Silverman (1988). Para ela o elemento mais próximo do “intuitivo” passa ser chamado de “visual”, que mais se
relaciona aos processos internos de visualização do que a entrada sensorial propriamente (FELDER; SPURLIN, 2005).
Esta alteração não foi utilizada no texto para se evitar confusões.
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Referências
FELDER, R. M.; SPURLIN, J.E. Applications, reliability, and validity of the index of learning
styles. International Journal of Engineering Education, Whashington, v. 21, n. 1, p. 103-
112, 2005.
FELDER, R. M.; SPURLIN, J.E. Applications, reliability, and validity of the index of learning
styles. International Journal of Engineering Education, Whashington, v. 21, n. 1, p. 103-
112, 2005.
LAWRENCE, G. People types and tiger stripes. Gainesville: Center for Applications of
Psychological Type, 1994.