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PALIATIVOS
Coordenação
Profa. Ana Lúcia Giaponesi
100% DE ESFORÇO
ONDE HOUVER 1% DE CHANCE
4
Por meio do Onco Ensino, unidades e centros de assistência
podem complementar sua estratégia de educação permanente,
disponibilizando cursos de aperfeiçoamento profissional aos seus
colaboradores.
São cursos de curta duração para profissionais de saúde sobre
temas relacionados às modalidades de atendimento, como pro-
moção de saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação
e cuidados paliativos.
Através da capacitação e atualização de médicos e profissionais
envolvidos no atendimento oncológico no país, a ABRALE preten-
de estimular a prevenção, o diagnóstico precoce e o atendimento
multidisciplinar aos pacientes, além de difundir práticas de suces-
so no tratamento, na reabilitação e nos cuidados paliativos.
Ao promover o projeto Onco Ensino, a ABRALE avança em sua
missão de oferecer ajuda e mobilizar parceiros, para que todas as
pessoas com câncer do sangue no Brasil tenham acesso ao me-
lhor tratamento.
OBJETIVOS
DO CURSO
• Dar ferramentas para o profissional identificar pacientes elegíveis
para os cuidados paliativos;
• Entender o conceito e a filosofia dessa área de atuação, assim
como compreender o seu papel na assistência à saúde;
• Mostrar os sintomas mais frequentes em oncologia na termina-
lidade; e
• Compreender cuidados paliativos em Pediatria.
ÍNDICE
Aula 1 CONCEITOS DE CUIDADOS PALIATIVOS
SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SÁUDE (OMS)
Elegibilidade ................................................................................................................................................... 83
Conceitos gerais de elegibilidade .................................................................................................... 84
Quando indicar CP ..................................................................................................................................... 85
Implicações ..................................................................................................................................................... 87
Aula 7 MODALIDADES INTEGRAIS
CONCEITOS DE
CUIDADOS
PALIATIVOS SEGUNDO A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
Profa. Dalva Y. Matsumoto
• Médica oncologista
• Coordenadora da Hospedaria
do HSPM (São Paulo)
• Diretora do Instituto Paliar
OBJETIVOS
DA AULA
Na aula de hoje, a professora traz o conceito e explica o
surgimento dos cuidados paliativos, desde as primeiras ini-
ciativas que deram origem aos Hospices, o embrião desse
atendimento, até a adoção das Normas estabelecidas pela
Organização Mundial da Saúde para realizar o trabalho. Tam-
bém aborda a importância da equipe multiprofissional.
14
CONTEÚDO
Para dimensionar a importância do atendimento paliativo te-
mos que olhar para o contexto em que vivemos: a população do
país envelhece progressivamente e, com isso, surgem as doenças
crônico degenerativas, entre elas o câncer. Essas doenças trazem
a diminuição da funcionalidade e uma maior dependência das
pessoas. Quando adquirimos uma doença ameaçadora em nos-
sas vidas o nosso sofrimento não é só físico, mas também mental,
espiritual, social e familiar, ou seja, sofremos em todas as nossas
dimensões. O cuidado paliativo vem para trazer alívio a todo esse
sofrimento e esse cuidado é extensivo à família do paciente.
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HISTÓRICO: OS HOSPICES
Historicamente, cuidado
paliativo se confunde com
o termo Hospice.
Nos primórdios da era
cristã, essas instituições fize-
ram parte da disseminação
do cristianismo pela Europa.
e of Dying
’s Hospic
Our Lady ublin, 1879
D
Mary Aik
St. Jose enheads
phs’ Ho
Londre
spice
s, 1905
18
“Eu serei uma janela na sua casa”
O Movimento Hospice Moderno foi introduzido por uma ingle-
sa de formação humanística que se tornou médica: Dame Cicely
Saunders. Em 1947, ela conheceu David Tasma, um judeu pro-
veniente do Gueto de Varsóvia. O pa-
ciente recebeu uma colostomia pa-
liativa devido a um carcinoma retal
inoperável. Cicely o acompanhou até
a sua morte, tendo com ele longas
conversas. David deixou-lhe uma pe-
quena quantia como herança, dizen-
do: “Eu serei uma janela na sua casa”.
Segundo Cicely Saunders, esse
foi o ponto de partida para o com-
promisso com uma nova forma de
cuidar. Em 1967, ela fundou o “St.
Christopher’s Hospice” que não só
permitiu a assistência aos doentes
mas o desenvolvimento de ensino e pesquisa, recebendo bolsis-
tas de vários países.
20
Na década de 70, Elisabeth Klüber Ross se encontra com Cicely
Saunders e leva para o seu país, os EUA, o conhecimento dos
cuidados paliativos.
22
DEFINIÇÃO
Cuidado paliativo: cuidado ativo e total para pacientes cuja do-
ença não é responsiva a tratamento de cura. O controle da dor, de
outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais é pri-
mordial. O objetivo do cuidado paliativo é proporcionar a melhor
qualidade de vida possível para pacientes e familiares.
Essa definição ainda era muito voltada para pacientes com cân-
cer avançado. Em 2002 a OMS reedita esta versão com algumas
modificações.
24
A morte é parte integrante da vida e a Medicina lida com os ex-
tremos: vida e morte. A área de cuidados paliativos abre uma ampla
discussão envolvendo toda a sociedade sobre conceito de morte e
os cuidados que a Medicina deve oferecer aos pacientes terminais.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou, no dia 1o de
agosto de 2011, a regulamentação da medicina paliativa como
área de atuação. Essa área é ligada a oito especialidades médicas,
incluindo a onco-hematologia.
Em 2011, foi firmado um convênio entre o Conselho Federal de
Medicina, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão
Nacional de Residência Médica (CNRM) de reconhecimento de
especialidades médicas para o cuidado paliativo.
26
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. DALVA Y. MATSUMOTO
PRINCÍPIOS
DE CUIDADOS PALIATIVOS
30
CONTEÚDO
Os cuidados paliativos baseiam-se em conhecimentos inerentes
às diversas especialidades, possibilidade de intervenção clínica e
terapêutica nas áreas da Ciência Médica e de estudo específico. Em
1986, a OMS publicou os princípios que regem a atuação da equipe
multiprofissional de cuidados paliativos. Esses princípios foram re-
afirmados na revisão de 2002 e de 2017.
32
PRINCÍPIO: NÃO ADIAR ACELERAR A MORTE
É dessa maneira que enfatizamos que cuidado paliativo não
pode ser entendido ou confundido como eutanásia, como muitos
ainda querem entender. Essa relação causa decisões equivocadas
e até mesmo intervenções desnecessárias em pacientes que têm
uma doença progressiva e incurável.
34
Noventa e cinco por cento (95%) dos americanos creem numa
força superior e 93% gostariam que seus médicos abordassem as
questões religiosas se ficassem gravemente enfermos.
36
PRINCÍPIO: OFERECER SISTEMA DE SUPORTE
PARA AUXILIAR OS FAMILIARES DURANTE A DOENÇA
DO PACIENTE E A ENFRENTAR O LUTO
Nunca estamos completamente sós, seja uma família biológi-
ca, uma família escolhida, nós sempre temos alguém do nosso
lado durante o processo da doença. E por muitas vezes a família
pode adoecer junto com o paciente. A família também é uma
unidade de cuidado.
A importância da família
38
Pela própria definição da OMS, o cuidado paliativo deve ser in-
dicado no início do diagnóstico. O que acontece erroneamente,
por muitas vezes, quando o cuidado paliativo é ativado na termi-
nalidade da vida. Mas, se a equipe for chamada logo no início, po-
derá realizar ações paliativas e criar um vínculo com a família,
tratando o paciente durante o percurso e em todas as etapas da
doença. Uma abordagem precoce também permite uma pre-
venção de sintomas e complicações inerentes à doença de base.
Todos esses princípios que você acabou de aprender norteiam
a prática diária com nosso paciente e sua família.
BIOÉTICA
E LEGISLAÇÃO EM
CUIDADOS PALIATIVOS
Profa. Dalva Y. Matsumoto
• Médica oncologista
• Coordenadora da Hospedaria
do HSPM (São Paulo)
• Diretora do Instituto Paliar
OBJETIVOS
DA AULA
Nesta aula, a professora aborda a grande discussão sobre os li-
mites do pensamento tecnicista na assistência em saúde e sobre
a validação da voz dos pacientes a familiares. Você vai conhecer
as leis e resoluções que norteiam a conduta médica. Aprender
sobre Bioética Principialista, Bioética do Cotidiano e a Bioética
da Responsabilidade. Entender melhor distanásia e o processo
de deliberação moral.
42
CONTEÚDO
Entre as transformações que a humanidade sofreu no decor-
rer de sua história, duas concepções permanecem estanques: o
ser humano nasce e morre.
Simples à primeira vista, e ainda objetivo e aceitável, reflete
complexidade, subjetividade e negação. A certeza da morte ain-
da é soberana à tecnologia.
E é justamente o desconforto das pessoas diante da morte
que levou a assistência em saúde a um caminho tão pouco hu-
mano e artificial.
44
O segundo documento é a resolução número 1.805 de 2006,
do Conselho Federal de Medicina, que atesta que, na fase termi-
nal de enfermidades graves e incuráveis, é permitido ao médico
limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolon-
guem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários
para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva
de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou
de seu representante legal.
46
O quarto documento são as resolutivas antecipadas de von-
tade, cuja resolução 1.995 de 2012 foi publicada pelo Conselho
Federal de Medicina. A resolutiva de vontade determina que o
paciente tem o direito de estabelecer o seu desejo diante de
uma doença terminal.
48
Atualmente, a Bioética Principialista evoluiu para a Bioética do
Cotidiano e a Bioética da Responsabilidade.
Diego Gracia, importante psiquiatra espanhol, defende a ideia
de que leis e teorias não são absolutas e sim adequáveis às dife-
rentes realidades.
A FUNÇÃO ÉTICA
“Na deliberação, a função ética é evitar que as deci-
sões sejam imprudentes e não buscar uma unanimida-
de. Segundo Diego Gracia isso implica conhecimentos,
habilidade e atitudes, como respeito mútuo, humilda-
de intelectual, desejo de enriquecer a própria compre-
ensão dos fatos pela ótica do outro.”
50
Nesse processo de deliberação, devemos observar:
• Deliberação sobre os fatos: ou seja, expor o caso, descrever a
situação, descrever o caso clínico do paciente.
• Deliberação sobre os valores: os valores que estão envolvidos
na tomada de decisão. Não somente aqueles do conhecimen-
to técnico, mas inclusive os valores do paciente.
• Deliberação sobre os deveres: são os deveres do profissional.
É o momento do profissional observar as seguintes questões:
_ Se eu tivesse mais tempo, tomaria a mesma decisão?
_ Essa decisão é legal?
_ Tomada essa decisão, posso tornar público o que decidi?
• Provas de Consistência: com prudência e responsabilidade
para a tomada de decisão definitiva.
52
ONCO ENSINO CUIDADOS PALIATIVOS 53
Aula 4
AVALIAÇÃO
INTEGRAL
DOS PACIENTES
Profa. Ana Lúcia Giaponesi
• Enfermeira
• Formada em Cuidados Paliativos
pelo Instituto Paliar
• Coordenadora do Comitê de CP da ABRALE
OBJETIVOS
DA AULA
Nesta aula, a professora aborda a necessidade da avaliação inte-
gral do paciente para poder controlar os sintomas. Você vai conhe-
cer os instrumentos de avaliação, como a PPS e a ESAS. Vai entender
como a participação de toda a equipe multiprofissional no plano
de cuidados para o paciente e a família é essencial. A professora
explica ainda o que é o sintoma total e as decisões terapêuticas.
56
CONTEÚDO
Um adequado controle de sintomas é fundamental em cuidados
paliativos. No próprio conceito da Organização Mundial da Saúde
(OMS), justifica essa importância quando profere:
• Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis;
• Integrar aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao doente.
AVALIAÇÃO INTEGRAL
A avaliação integral só pode ser realizada por uma equipe mul-
tiprofissional: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, farma-
cêuticos e qualquer outro profissional da área da saúde.
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DADOS BIOGRÁFICOS
A avaliação integral começa nas informações dos dados biográfi-
cos. Qual o objetivo de ter os dados biográficos? É conhecer quem
está em sofrimento. Nós só podemos cuidar e realizar um plano de
cuidados quando conhecemos a pessoa.
Veja como é a ficha de Dados Biográficos:
Uma dica: todos esses dados podem ser coletados em uma con-
versa informal, desde que haja um estímulo para que o paciente
fale sobre si mesmo. Nem sempre conseguimos todos esses dados
na primeira entrevista ou no primeiro encontro com o paciente.
60
Dois instrumentos são essenciais na avaliação clínica e diária do
paciente em cuidados paliativos:
62
PLANO DE CUIDADOS
Após essa avaliação integrada, nós realizamos o plano de cuida-
dos. Ele deve ser feito por toda a equipe multiprofissional de ma-
neira clara e objetiva. O ideal é que contemple não só o paciente
mas também a família. Salientamos que, no plano de cuidados do
sintoma total, avaliado pela equipe multiprofissional, deve conter
o tratamento não farmacológico também, mas é importante que
o sintoma físico esteja controlado. Nós não conseguimos acessar
as outras dimensões do paciente se ele estiver apresentando al-
gum sintoma físico, principalmente a dor. Mas o plano de cuida-
dos em tratamento não farmacológico também ajuda e comple-
menta o tratamento da dor física e de outros sintomas físicos.
DECISÕES TERAPÊUTICAS
A avaliação da família é essencial no plano de cuidados. Ela deve
participar e compartilhar das tomadas de decisão. Uma família
bem cuidada e bem orientada participa e auxilia muito nos cuida-
dos com o paciente.
64
Vivência da equipe
Profa. Débora G. Costa, psicóloga hospitalar
CONCEITOS
E PECULIARIDADES DE CUIDADOS
PALIATIVOS PEDIÁTRICOS
68
CONTEÚDO
Uma boa notícia: o índice de sobrevivência do câncer infanto-ju-
venil chega a 70% dos pacientes. Além de curar, o tratamento visa
manter a qualidade de vida do paciente e integrá-lo à sociedade.
Apesar de todo arsenal terapêutico oferecido, há casos em que
a doença progride, sendo considerada fora das possibilidades te-
rapêuticas de cura. Ocorre, então, a mudança no enfoque de tra-
tamento: passa de curativo para paliativo. Nessa fase, o objetivo
principal é o controle de sintomas físicos e psicológicos para levar
qualidade de vida para as crianças com câncer avançado. Os Cui-
dados Paliativos Pediátricos (CPP) dão suporte à criança e seus
familiares visando aliviar expectativas e necessidades físicas, psi-
cológicas, sociais e espirituais. Qualquer que seja a fase da doença
a ser enfrentada, é sempre possível oferecer medidas de suporte
à criança, cuidador principal e família. Os CPP consideram o pa-
ciente e a família como uma unidade de cuidados, e eles devem
ser apoiados antes e após a morte da criança. Esse trabalho re-
quer uma abordagem multidisciplinar efetiva e ampla que inclua
a unidade de cuidados (criança e família) e o uso de recursos dis-
poníveis na comunidade.
70
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os CPP des-
tinam-se à crianças com doenças ameaçadoras da vida, repre-
sentando um campo especial, embora próximo dos cuidados
paliativos de adultos.
As necessidades do paciente
72
ESPECIFICIDADE DO CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO
A Academia Americana de Pediatria descreve que a criança tem
inúmeras diferenças em relação ao adulto. Ela apresenta doenças
diferentes, peculiares de cada faixa etária e, consequentemente,
com necessidades específicas. A criança tem grande dependên-
cia afetiva aliada a uma personalidade ainda imatura para enfren-
tar as consequências de uma doença grave, limitante e fatal. Os
mecanismos fisiológicos de compensação da criança ainda estão
em fase de desenvolvimento. E ela reage à dor e à ansiedade de
forma diversa do adulto. Outra diferença a ser considerada são as
necessidades metabólicas e a farmacocinética específica de cada
estágio de desenvolvimento da criança. Sendo assim, as crianças
têm necessidades complexas de cuidados paliativos, que são de-
terminadas pela idade, a fase da doença, a unidade familiar, o
meio cultural e requerem respostas coordenadas dos serviços de
saúde, além dos apoios comunitários.
74
Fiquei calada. Aí o Vitor ouviu e explicou: “Eu nunca fiz essa
pergunta porque eu não acho que o câncer vai me matar.” Ele
nunca associou o câncer à morte.
O atendimento contou com toda a equipe de Onco-hema-
tologia e toda a equipe de enfermagem, que realizou todo o
acolhimento. Vitor escolhia a enfermeira e a hemato que o
atenderiam em tal dia, além dos médicos que o visitavam. Era
liberada a visita dos familiares a qualquer hora, era tudo muito
acolhedor. Esse atendimento fez toda a diferença, e acho que é
por isso que eu consigo caminhar hoje”.
76
É importante reconhecer a criança
e sua família como parceiros
dos cuidados e criar entre eles uma
verdadeira aliança terapêutica.
E mais:
78
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. RITA TIZIANA
CRITÉRIOS DE
INCLUSÃO
E EXCLUSÃO
Profa. Ana Lúcia Giaponesi
• Enfermeira
• Formada em Cuidados Paliativos
pelo Instituto Paliar
• Coordenadora do Comitê de CP da ABRALE
OBJETIVOS
DA AULA
Esta aula é sobre elegibilidade. A professora mostra quem são
os pacientes elegíveis aos cuidados paliativos, quais são as doenças
que podem ser indicadas aos cuidados paliativos e quais as dúvidas
mais frequentes dos profissionais da área da saúde quando pen-
sam em indicar um paciente aos CP.
82
CONTEÚDO
ELEGIBILIDADE
Os pacientes elegíveis a cuidados paliativos são aqueles que têm
uma doença grave, incurável e que ameaça a continuidade da vida.
Dentro dessas doenças nós temos:
• Câncer
• Doenças cardiovasculares
• Doenças pulmonares
• Doenças hepáticas
• Doenças renais
• Demências
• Síndromes neurovegetativas
84
RECONHECER O MOMENTO DE INDICAR
CUIDADOS PALIATIVOS
Essa é uma grande dúvida entre os profissionais dentro da área
da saúde, porque muitos acreditam que indicar cuidados paliati-
vos deve ocorrer na doença terminal. A gente sabe que a Organi-
zação Mundial da Saúde (OMS) preconiza que cuidados paliativos
têm que ser indicados precocemente, a partir do diagnóstico da
doença. Desse jeito, o cuidado paliativo permite que você crie um
vínculo com a família, com o paciente, e você pode atuar apenas
com ações pontuais até os cuidados paliativos em sua totalidade.
A Organização Mundial da Saúde definiu as diversas etapas de
atuação dos cuidados paliativos de acordo com a progressão da
doença. Veja:
86
IMPLICAÇÕES
Algumas implicações são importantes nesse contexto.
• Avaliação e controle dos sintomas: precisamos manter nosso
paciente com sintomas bem controlados;
• Discussão e expectativa de vida: quando possível, o paciente
deve participar com sua família dessas discussões;
• Discussão de objetivos de tratamento: onde vamos chegar,
como podemos chegar para dar uma qualidade melhor de
vida a esse paciente e sua família;
88
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. ANA LÚCIA GIAPONESI
MODALIDADES
INTEGRAIS
Profa. Ana Lúcia Giaponesi
• Enfermeira
• Formada em Cuidados Paliativos
pelo Instituto Paliar
• Coordenadora do Comitê de CP da ABRALE
OBJETIVOS
DA AULA
Nesta aula, a professora fala mais um pouco sobre elegibilida-
de. Ensina que cuidados paliativos podem ser realizados dentro do
âmbito hospitalar com uma equipe de interconsulta ou em uma
unidade específica de cuidados paliativos. Também pode ser am-
bulatorial, no domicílio, em Hospice ou em uma hospedaria.
92
CONTEÚDO
QUANDO SURGIU
Em 1993, a Revista Brasileira de Cancerologia publicou uma ma-
téria em que citava, pela primeira vez, a implantação de um serviço
de cuidados paliativos no Brasil. A oncologista Magda Rezende, do
Instituto Nacional de Câncer (INCA) e alguns colegas falaram sobre
o centro de suporte terapêutico oncológico. A partir daí, ocorreu
um maior interesse e houve um crescimento de profissionais na
área da saúde em torno de cuidados paliativos no Brasil.
MODELOS DE ASSISTÊNCIA
EM CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL
As pesquisas nos mostram que, culturalmente, quando o pacien-
te chega na fase final da vida, a sua preferência é morrer dentro
de um hospital. Constata-se que, nesse momento, começam os
cuidados paliativos dentro do ambiente hospitalar. Por conta dessa
demanda, as equipes hospitalares vão se formando para realizar
cuidados paliativos, mas ocorre que nem sempre é tão vantajoso
que sejam realizados dentro do hospital. É bom lembrar que, às
vezes, os pacientes ficam sujeitos a procedimentos invasivos como
drenos, sondas, e são levados para as unidades de terapias intensi-
vas sem ter realmente uma indicação para isso. O que os pacientes
com doenças graves, incuráveis, necessitam, é de controle de sinto-
mas especializados, de comunicação e ações coordenadas.
Hospitais:
No ambiente hospitalar, os cuidados paliativos são realizados de
três maneiras:
• Unidade de Cuidados Paliativos: que tem uma equipe treina-
da e capacitada. O paciente é transferido para os leitos dessa
unidade.
• Equipe de interconsulta: é uma equipe mínima formada por
um médico, uma enfermeira, um psicólogo e uma assistente
social. Quando acionados, vão até o leito do paciente, avaliam,
traçam um plano de cuidados e, periodicamente, passam para
avaliar e prescrever esse paciente. Geralmente, o médico as-
sistente acompanha essa equipe no tratamento e no controle
dos sintomas.
94
• Equipe itinerante: é acionada conforme a necessidade do
médico e passa a assumir esse paciente em sua totalidade.
Nem sempre o médico assistente continua nos seus cuidados.
Domicílio:
Outra opção para se realizar cuidados paliativos é no domicílio.
Com uma equipe especializada e capacitada, podemos periodica-
mente avaliar o paciente em casa, controlando seus sintomas. A
vantagem é que as necessidades vão ser atendidas conveniente-
mente, o paciente está em seu ambiente, o acesso será mais fácil
aos cuidadores e o controle dos sintomas é mais adequado.
96
Ambulatório:
No atendimento ambulatorial, a equipe interdisciplinar cuida do
paciente e da família. É nesse atendimento que o paciente vai trazer
sua emoções, sua dúvidas e vai discutir com toda a equipe sobre ter-
minalidade, morte, escolhas e, principalmente, sobre a progressão
da doença. Quando uma equipe de cuidados paliativos planeja o
atendimento ambulatorial, é muito importante que eles consigam
fazer a dispensação do medicamento, principalmente analgésicos,
resultando em um controle melhor dos sintomas. Como exemplo,
os opióides, que são muito usados em cuidados paliativos. Porém,
esse é um grande desafio no Brasil, desde a prescrição ou o arma-
zenamento até a dispensação, devido à legislação fortemente con-
trolada, de acordo com a portaria no 344 da ANVISA, que normatiza
e regula o tema. O paciente precisa receber esses medicamentos
mesmo estando em seu domicílio, através da consulta ambulatorial.
98
Hospedaria:
Assim como Hospice, a Hospedaria é uma unidade de cuidados
paliativos diferente de um hospital geral que recebe os pacientes e
familiares para o controle de sintomas. A diferença é que muitas ve-
zes o paciente poderia receber esse atendimento em seu domicílio,
mas algum empecilho faz com que isso não ocorra. Em relação ao
tempo de internação, pode variar entre média e longa permanên-
cia. A visita médica é realizada duas ou três vezes por semana ou
quando o paciente tem alguma intercorrência.
100
ONCO ENSINO CUIDADOS PALIATIVOS 101
Aula 8
INTRODUÇÃO À
COMUNICAÇÃO
Débora G. Costa
• Psicóloga Hospitalar
• Mestre em Gerontologia
• Membro do Instituto Paliar
OBJETIVOS
DA AULA
Nesta aula, a professora aborda a comunicação de notícias
difíceis. Define o que é comunicação não verbal, comunicação
individualizada e a Conspiração do Silêncio. Explica a prática
de uma técnica do psicodrama chamada Role Play, com cenas
do cotidiano assistencial de pacientes e familiares onde as no-
tícias difíceis estão envolvidas.
104
CONTEÚDO
Desde o momento do diagnóstico de uma doença, seguido por
sua evolução, agravo e mudança de perspectiva de tratamento
para Cuidados Paliativos Exclusivos, a comunicação de notícias di-
fíceis faz-se presente. Cabe ao profissional entender a comunica-
ção como aliada para o sucesso da condução dos cuidados.
• O objetivo é conhecer a importância e o papel da comunica-
ção interpessoal aplicada aos cuidados.
• Reconhecer as nuances da comunicação verbal e não verbal
na relação com o paciente, família e equipe na prática assis-
tencial.
106
COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL
As pessoas não se comunicam apenas por palavras:
• Movimentos corporais
• Expressões faciais
• Olhares
• Gestos
• Entonação
• Cultura
• Crenças
• Experiências
• Interesses
• Ansiedades
• Expectativas
108
O paciente em cuidados paliativos com doença avançada viven-
cia inúmeros sentimentos e sofrimentos. É comum apresentar des-
conforto físico, conflitos existenciais, necessidades que fármacos
ou tecnologia não suprem. Sente ameaça da morte e dificuldade
de deixar o que ama. A equipe deve procurar sempre aprimorar
sua comunicação pois quem trabalha com o núcleo paciente e
família em sofrimento, necessita saber não apenas o que, mas
quando e como falar. Em Cuidados Paliativos existe uma máxima
de que a verdade deve ser lenta e progressivamente suportável
para quem dá e para quem recebe a má notícia. Uma comuni-
cação de qualidade não envolve só a fala: é preciso saber ouvir e
silenciar. Este é um grande desafio para o profissional. Em meio ao
sofrimento muitas vezes palavras não chegam.
110
CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO
É um processo que, com o intuito de proteger um ao outro, deixa
de compartilhar as más notícias, e se manifesta como um discurso
vago, otimista e superficial. É contraditório com a comunicação
não verbal que expressa claramente a gravidade da situação. To-
dos evitam falar sobre terminalidade e morte, para poupar o pa-
ciente, acreditando que vão evitar seu sofrimento ou depressão.
112
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. ANA LÚCIA GIAPONESI
COMUNICAÇÃO COM
O PACIENTE
Débora G. Costa
• Psicóloga Hospitalar
• Mestre em Gerontologia
• Membro do Instituto Paliar
OBJETIVOS
DA AULA
A professora apresenta dicas e técnicas para a comunicação de
notícias difíceis. Fala dos laços importantes para a condução de um
bom trabalho. E ensina a utilizar a comunicação como aliada para
o sucesso da condução dos cuidados: aprender a identificar sinais
de ansiedade extrema ou sofrimento exacerbado, saber ouvir e dar
autonomia ao paciente.
116
CONTEÚDO
IDENTIFICAR E ACOLHER
Aprendemos que comunicação é um dos pilares de CP. E que
toda equipe deve estar preparada e disposta a realizar as ações
junto ao paciente e à família. No contexto da doença, há um so-
frimento imenso do paciente e familiares devido à doença ame-
açar sua vida. E a equipe deve estar preparada para identificar e
acolher qualquer tipo de sofrimento, seja ele físico, social, espiri-
tual ou emocional.
É importante pontuar que as dicas e técnicas na comunica-
ção de notícias difíceis não tratam de protocolos. Tratam de dar
um norte, um passo a passo para auxiliar na comunicação des-
sas notícias. Tudo começa com uma preparação. Acompanhe as
etapas nas próximas páginas.
118
ETAPA: DESCUBRA O QUANTO O PACIENTE SABE,
O QUANTO QUER OU AGUENTA SABER
Estratégia:
• Utilize perguntas abertas:
_ O que você sabe sobre sua doença?
_ O que você teme sobre sua condição?
120
ETAPA: ACOLHA OS SENTIMENTOS
Estratégia:
• Permaneça junto ao paciente;
• Permita e estimule a expressão de sentimentos (de modo ver-
bal ou não verbal);
• Verbalize disponibilidade para ouvir.
122
TRAÇAR METAS
Justamente por ser um momento difícil é essencial que sejam
traçadas metas para a comunicação ao final da vida. É preciso
conhecer os problemas, anseios e temores e expectativas do pa-
ciente. Temos que facilitar o alívio de sintomas de modo a refor-
çar a autoestima e a melhorar a qualidade de vida do paciente. É
importante que o profissional ofereça informações verdadeiras,
de forma lenta, suportável e delicada. Desse modo, todas as ne-
cessidades do doente podem ser contempladas em um plano
assistencial de qualidade.
124
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. DÉBORA G. COSTA
COMUNICAÇÃO COM
A FAMÍLIA
Débora G. Costa
• Psicóloga Hospitalar
• Mestre em Gerontologia
• Membro do Instituto Paliar
OBJETIVOS
DA AULA
Nesta aula, a professora aborda a importância da inclusão da fa-
mília no processo de comunicação. Explica algumas particularida-
des da família e da equipe em relação à comunicação no processo
de final de vida. Também descreve quais são as características fun-
damentais para uma equipe de cuidados paliativos.
128
CONTEÚDO
Não é novidade que a família é parte da unidade de cuidados. A
família está envolvida no processo desde o momento do diagnós-
tico até o seu luto. A equipe deve considerar essa assistência, pois
a família passa por um processo penoso de reorganização de vida.
Um idoso, por exemplo, com a cognição afetada, pode ser incapaz
de responder por si, de tomar decisões, de fazer valer sua autono-
mia. Cabe à família, através do seu conhecimento sobre o paciente,
fazer valer esses desejos de autonomia.
130
Familiar Júlia pergunta:
–Mas por que não põe
na UTI para ele melhorar?
Cuidador Paliativo 1:
– Tem algumas questões.
Primeiro, ele conversou
com a sua irmã, não é Maitê?, pedindo a participação dela.
Familiar Maitê, chorando:
– Ele não queria ir para a UTI, falou para mim enquanto
você estava viajando.
Familiar Júlia:
– Mas ele está pior...
Familiar Maitê:
– Ele viu o sofrimento da mamãe e
não quer que isso aconteça com ele. Ele não aguenta mais.
Cuidador Paliativo 1:
– Isso é um ponto, a vontade dele, que deve ser
respeitada, mas não é só isso. Somos profissionais e
temos competências técnicas para avaliar essa indicação.
Cuidador Paliativo 2:
– É um cuidado adequado para o que ele precisa neste
momento, é o cuidado proporcional a doença e à condição
clínica dele. Nada está sendo deixado de lado, estamos
fazendo tudo que traz benefício ao seu pai.
132
Cuidador Paliativo 1 dá um tempo para os familiares
entenderem a questão.
– Tudo bem, Julia? Ficou alguma dúvida?
Familiar Júlia:
– Tudo... Não ficou, tudo bem.
Cuidador Paliativo 1 confirma a disposição para a
conversa, sempre, mas reforça o plano de cuidados:
– Fique à vontade, se a gente precisar conversar de novo
não tem problema. Mas quero que confie na equipe, que
saiba que o que estamos fazendo é o que é para ser feito
realmente, o que é indicado para ele neste momento.
134
PALAVRAS FINAIS DA PROFA. DÉBORA G. COSTA
138
CONTEÚDO
FASE FINAL DE VIDA
O paciente nessa etapa poderá ter horas, dias ou semanas de
vida. Seu PPS, que é uma escala de performance de avaliação, já
apresentada em outra aula, estará em torno de 30% e cursando
em declínio.
Vivência da equipe
Profa. Ana Lúcia Giaponesi
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SINTOMAS FÍSICOS MAIS COMUNS NESSA FASE
• Dor;
• Dispneia (dificuldade intensa ao respirar);
• Anorexia/caquexia (quando o paciente não ganha mais peso
pelo contrário, fica extremamente emagrecido);
• Fadiga (cansaço intenso, falta de energia para realizar qualquer
atividade, mesmo a que exija o mínimo esforço);
• Disfagia (dificuldade de deglutir qualquer consistência de ali-
mento, líquido, pastoso ou sólido);
• Rebaixamento de nível de consciência (o paciente já não conse-
gue ficar muito tempo acordado com a cognição funcionante);
• Alteração no padrão do sono e apetite, ou a pessoa dorme de-
mais ou tem insônia severa. A insônia, nessa fase, tem muita re-
lação com o medo do que possa vir ou medo da morte. E a bai-
xa de apetite está relacionada com os sintomas no final da vida.
142
SOFRIMENTOS ESPIRITUAIS MAIS COMUNS DESSA FASE
• Vivência ou ausência da religiosidade;
• Questionamentos sobre o sentido da vida;
• Preocupações com o legado, ou seja, o que eu vou deixar para
as pessoas que eu amo após a minha partida;
• Reflexões sobre a existência ou não de algo após a morte.
O cuidado da dor
Raquel Vaz da Cunha, mãe de paciente
atendido por cuidados paliativos
144
Para saber mais
148
CONTEÚDO
COMO LIDAR COM O SOFRIMENTO TOTAL
Vamos falar de uma etapa da assistência a pacientes e familiares,
quando a Medicina chega ao seu limite e a realidade da morte tem
que ser encarada.
O princípio do controle de sintomas e da boa assistência na fase
final de vida é conhecer o doente, conhecer a sua história e a partir
daí avaliar o impacto do sintoma na vida do paciente. O paciente,
na fase final de vida, tem muitos sintomas, por isso precisamos es-
tabelecer prioridades: é importante conhecer a causa do sintoma e
a partir daí avaliar e conhecer a causa do sofrimento.
Sempre iniciar pelo controle de sintomas físicos, pois, com dor,
por exemplo, fica inviável acessar as esferas psicossocial e espiritual.
No entanto, muitas vezes, a queixa física, no caso a dor, perdurará
mesmo após a medicação; aí sim é importante avaliar se a poten-
cialização da dor não tem uma causa psicossocial ou espiritual.
DOR TOTAL
Vemos DOR como algo TOTAL, ou seja, DOR TOTAL.
Mais do que isso, hoje se fala em sofrimento total. Como
exemplo, o sintoma de dispneia pode ter uma relação
grande com o medo, ansiedade e não necessariamen-
te com uma questão física respiratória do paciente.
150
Nessa etapa, as condutas indicadas devem ser bem pondera-
das, evitando assim a Futilidade Terapêutica. É a hora de enxugar
a prescrição de medicamentos, deixando os que de fato tiverem
relevância para o controle dos sintomas. E é nessa etapa que a
equipe precisa estar bem alinhada, pois a família pode questio-
nar a suspensão de alguns medicamentos que o paciente toma-
va em todo o curso do tratamento. A equipe deve explicar que o
tratamento no final de vida deve ser proporcional à necessidade
do doente. No Brasil, apesar do crescimento notável dos cuida-
dos paliativos, ainda existe muita resistência, e os pacientes são
encaminhados muito tardiamente para as equipes de cuidados
paliativos. E, no momento inicial, é importante assegurar para to-
dos da família que nenhum procedimento que traga benefícios
ao doente será suspenso. É o momento em que o princípio da
proporcionalidade deve ser aplicado.
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É imprescindível a atenção:
• na espiritualidade;
• no sofrimento existencial;
• no luto da família.
ESPIRITUALIDADE
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LUTO
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PALAVRAS FINAIS DA PROFA. DÉBORA G. COSTA