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Linguagem Psicologia20Cognitiva20II Desenvolvimen
Linguagem Psicologia20Cognitiva20II Desenvolvimen
1º ano / 2º semestre
2022/2023
2º semestre
O Desenvolvimento da
Linguagem
“L’Enfant Sauvage”.
François Truffaut, 1970
Que competências adquire Victor e quais não adquire apesar dos esforços
SIM NÃO
■ Marcha bípede ■ Não imita fonemas
■ Imita comportamentos motores ■ Não adquire símbolos arbitrários
(quando adquire é o alfabeto e
■ Coordenação motora fina (põe a algumas sequências)
mesa, abre fechaduras)
■ Uso meramente utilitário das
■ Aprende a reconhecer o seu nome palavras escritas adquiridas
■ Vinculo afetivo ■ Não adquire gramática
■ Desenvolve gestos icónicos para ■ Não tem uso intencional e
comunicar espontâneo de quase nenhum dos
signos linguísticos
■ Compreende a linguagem
■ Não parece adquirir noção da
■ Sentido de justiça
palavra
■ Criatividade (inventa artefactos)
• Victor de Aveyron (cerca de 1788 — 1828) foi
uma criança selvagem que foi encontrado na
França em 1798, sendo acolhido pelo jovem
médico francês Jean Marc Gaspard Itard.
• As crianças Amala e Kamala, também
conhecidas como as meninas lobo, foram
encontradas na Índia no ano de 1920. A
primeira delas tinha um ano e meio e faleceu
um ano mais tarde. Kamala, na altura com oito
anos de idade, e viveu até 1929.
• Kaspar Hauser tornou-se conhecido na
Alemanha por supostamente ter passado a sua
vida numa masmorra, sem contato com
humanos, sendo alimentado apenas com pão e
água. O jovem, teria quinze anos de idade,
quando apareceu numa praça pública de
Nuremberg (26 de maio de 1828), apenas com
uma carta endereçada ao capitão do 4º
esquadrão do 6º regimento de cavalaria,
explicando parte de sua história.
■ Se definirmos a linguagem,
simplesmente como um
sistema de comunicação,
então muitos animais têm
linguagem, incluindo os
pássaros e as abelhas.
https://www.youtube.com/watch?v=12Q8FfyLLso
O que é a
linguagem?
■ Se considerarmos o uso de
símbolos para representar
objetos e ações, então os
chimpanzés têm linguagem.
Projeto Washoe:
https://www.youtube.com/watch?v=OUwOvF7TqgA&t=28s
■ Linguagem é a comunicação
de pensamentos e
sentimentos por meio de
símbolos que são organizados
de acordo com as regras da
gramática.
O que é a linguagem?
■ A linguagem humana inclui sistemas de símbolos falados, escritos
ou sinalizados, que as pessoas usam para comunicar umas com as
outras.
■ A linguagem permite saber o que os outros sabem e sentem,
descrever eventos passados, referir-se ao futuro e transmitir
informações de geração em geração, criando uma herança cultural
comum.
■ A linguagem não é apenas central para a comunicação, mas
também está intimamente ligada à maneira como pensamos e
entendemos o mundo.
■ Sem a linguagem, a nossa capacidade de transmitir informações,
adquirir conhecimento e cooperar com os outros estaria
tremendamente limitada.
Propriedades da linguagem
Lateralização:
■ Significa que um hemisfério cerebral é mais eficiente que o outro na
execução de certas funções.
■ Para a maioria das pessoas, o hemisfério esquerdo é mais eficiente
no processamento de palavras, em comparação com o
processamento de imagens.
■ O hemisfério direito é mais eficiente no reconhecimento de imagens,
rostos e as emoções de outras pessoas (Heller, Nitschke, Etienne, &
Miller, 1997).
O cérebro
Lateralização:
■ Em média, o sexo feminino e os indivíduos canhotos aparentam
menos grau de especialização hemisférica.
■ Danos na área de Broca, produzem um discurso curto, mal
articulado, e sem qualidade gramatical, mas de conteúdo adequado
(Anderson, 1995).
■ Danos na área de Wernicke, produzem um discurso gramaticamente
correto, mas sem significado, de conteúdo inadequado à conversa.
Cuidado com as lateralizações.
■ Atenção, algumas pessoas na área da educação tem interpretado a
especialização hemisférica como um indicador do “perfil” de
aprendizagem do aluno. Assim poderíamos identificar e distinguir
indivíduos com dominância do hemisfério esquerdo, mais aptos
para atividades lógicas, e indivíduos com dominância do hemisfério
direito, mais aptos para atividades criativas (Sousa, 1995).
■ As pessoas usam ambos os hemisférios no decurso das suas
atividades diárias, sejam tarefas triviais, como deitar o lixo fora,
sejam tarefas nobres como pintar uma tela de inspiração cubista.
■ “Ensinar para um lado específico do cérebro” não tem qualquer
fundamentação nos dados da investigação e deve ser evitado
(Byrnes & Fox, 1998; Hugdahl & Davison, 2007; Stanovich, 1998)
O desenvolvimento da
linguagem na criança.
O reconhecimento dos fonemas.
■ Com apenas um mês de idade, os bebés já demonstram a
capacidade de reconhecer diferentes fonemas (Aslin, Jusczyk &
Pisoni, 1998).
■ Notas:
– A compreensão da linguagem precede a produção.
O reconhecimento dos fonemas.
■ Fonemas, os elementos
básicos da linguagem.
■ A relação entre fonemas e
os símbolos do alfabeto
não é de um para um. Por
vezes o mesmo símbolo
representa diferentes sons
(e.g., sapo, casa), outras
vezes diferentes símbolos
têm o mesmo som (e.g.,
xadrez, chuva).
O reconhecimento dos fonemas.
■ Os bebés apresentam a capacidade de reconhecer fonemas para
além dos que estão presentes na sua língua materna.
(E.g., Kuhl e colaboradores, 2006):
■ Na língua Japonese os sons das consoantes “r” e “l” não são
distintos.
■ No entanto, tanto os bebés Japoneses como os Americanos, aos 6 -
8 meses são capazes de distinguir estes dois fonemas com o
mesmo grau de competência.
■ Quando atingem os 10 – 12 meses, os bebés americanos
apresentam uma melhoria no seu desempenho, enquanto nas
crianças Japonese verifica-se uma redução do desempenho.
O reconhecimento dos fonemas.
■ Nota:
– O padrão de som da fala
O reconhecimento de palavras.
■ As línguas diferem entre elas ao nível sonoro. Existem diferenças no
ritmo em que ocorrem as sílabas sucessivas, e diferenças no uso e
padronização da ênfase (ou acentuação) e do tom.
■ A fala pode ser entendida até cerca de 250 palavras por minuto. A
taxa normal é de aproximadamente 180 palavras por minuto, o que
significa cerca de 15 fonemas por segundo.
■ Os fonemas geralmente são “disparados” num fluxo contínuo, sem
silêncios entre fonemas dentro de uma única palavra, ou entre
palavras dentro de uma frase.
O reconhecimento de palavras.
■ Estratégias usadas pelos bebés para a Identificação de palavras:
– Acentuação, para identificar o início das palavras. Os bebés
prestam mais atenção às silabas acentuadas (e.g., Thiessen &
Saffran, 2003).
– Os bebés aprendem mais rapidamente as palavras que
surgem no início e no fim das frases (Seidl & Johnson, 2006).
– Método estatístico. Os bebés notam as silabas que surgem
frequentemente juntas (Jusczyk, 2002).
■ Atenção. Nesta etapa, embora os bebés consigam identificar
palavras, não sabem o seu significado. A competência de
reconhecimento de palavras vai ser muito útil para o
desenvolvimento do vocabulário (Tsao, Liu, & Kuhl, 2004; Newman
et al., 206).
O reconhecimento de palavras.
■ Fala infantil dirigida (infant directed speech) - “falar bebésês”:
– O adulto fala devagar, exagerando as mudanças de tom e
volume.
– Este tipo de discurso atrai a atenção dos bebés (Lewkowicz,
2000; Smith & Trainor, 2008).
– Estes têm um melhor desempenho na segmentação de
palavras, quando estas são apresentadas em FID (Thiessen,
Hill, & Saffran, 2005).
– Esta forma de discurso é particularmente eficaz na
apresentação de vogais (Kuhl et al., 1997).
– Embora não seja um fator necessário para o desenvolvimento
da linguagem, parece ter um efeito facilitador (Pine, 1994)
A produção de palavras.
■ Por volta das 6 semanas os bebés começam a arrulhar (cooing).
■ Às 16 semanas começam a rir.
■ Entre as 16 semanas e os 6 meses, começam a surgir brincadeiras
vocais, o bebé produz sons semelhantes à fala. As vogais surgem antes
das consoantes.
■ Entre os 6 e 9 meses, os bebés começam a balbuciar. O balbuciar
distingue-se das brincadeiras vocais pela presença de sílabas
verdadeiras (consoantes mais vogais).
■ Por volta dos 10 a 13 meses pronunciam as primeiras palavras e usam
palavras isoladas (preferencialmente nomes de animais, partes do
corpo e brinquedos; Bornstein et al., 2004);
■ Começam a desenvolver a noção de que os sons formam palavras, que
se referem a objetos, ações ou propriedades (o carácter simbólico da
linguagem).
A produção de palavras.
■ Por volta dos 18 meses, dá-se uma explosão do número de vocábulos
que os bebés são capazes de produzir.
■ Aos 18 a 24 meses combina substantivos e verbos para produzir frases
de duas palavras.
– A utilização de frases de duas palavras está correlacionado com a
explosão de vocabulário que acontece neste período (Bates,
Bretherton e Snyder, 1988).
– Nesta altura uma criança poderá estar a aprender tanto como 40
novas palavras por semana.
■ A esta capacidade de rapidamente ligar uma palavra nova ao seu
significado chama-se “Fast mapping”. Entre os fatores que contribuem
para esta capacidade encontram-se:
– A atenção conjunta (e.g., os bebés aprendem mais facilmente o
nome do objeto para o qual o adulto está a olhar).
– Desenvolvimento de regras da linguagem (e.g., um nome refere-
se ao objeto na totalidade; um nome refere-se a todos os objetos
daquela categoria.
A produção de palavras.
■ “Fast mapping” (cont.):
– A estrutura da frase ajuda na identificação do significado da
palavra nova (sentence cues).
– Desenvolvimento cognitivo. A linguagem torna-se o meio de
expressar metas e intenções.
– Melhorias ao nível da atenção e perceção (e.g., shape bias,
objetos com a mesma forma tem o mesmo nome).
■ Por volta dos 18 meses, dá-se uma explosão do número de vocábulos
que os bebés são capazes de produzir.
■ A aprendizagem da semântica é caracterizada por dois erros tipicos:
– A subgeneralização, restringir o significado de uma palavra,
incluindo menos conceitos (e.g., animal como referência apenas
aos mamíferos).
– A sobregeneralização, estender o significado de uma palavra para
lá do seu sentido (e.g., carro para referir os meios de transporte
com rodas).
■
A produção de palavras.
■ Aos 18 a 24 meses combina substantivos e verbos para produzir frases
de duas palavras.
– A utilização de frases de duas palavras está correlacionado com a
explosão de vocabulário que acontece neste período (Bates,
Bretherton e Snyder, 1988).
– Nesta altura uma criança poderá estar a aprender tanto como 40
novas palavras por semana.
– O tamanho do vocabulário da criança é determinado por fatores
genéticos, memoria fonética e, principalmente, riqueza do meio
linguístico.
■ Antes de produzirem expressões gramaticalmente corretas, elas
produzem o que é chamado de discurso telegráfico. O discurso
telegráfico contém várias palavras, mas com muitos elementos
gramaticais ausentes (Brown & Bellugi, 1964).
A produção de palavras.
A produção de palavras.
■ Entre os 2 e 3 anos as crianças aprendem a produzir frases completas
(Bloom, 1998).
■ Aos 2 anos, uma criança terá um vocabulário de mais de 50 palavras.
Apenas seis meses depois, esse vocabulário cresceu para várias
centenas de palavras.
■ Aos 3 anos, as crianças já são capazes de fazer plurais adicionando “s”
aos substantivos.
■ Entre os 3 e os 6 anos, aprendem a usar a negação (e.g., “Isto não é
uma bola”) e frases compostas (e.g., “O Miguel viu a Joana brincar no
parque”).
■ Aos 5 anos, as crianças já adquiriram as regras básicas da sua língua
materna.
■ As competências linguísticas continuarão a desenvolver-se ao longo da
infância e adolescência, abrangem competências semânticas,
sintáticas, de compreensão e de comunicação oral.
O desenvolvimento da
linguagem
O desenvolvimento da linguagem
Surdez:
■ Bebés surdos, filhos de pais surdos.
– Aprendem a dominar a linguagem gestual ao mesmo ritmo
que as outras crianças dominam a linguagem oral. Produzem
inclusive um equivalente ao “balbuciar” (babling).
■ Bebés surdos, filhos de pais com audição.
– Através de métodos que enfatizam a leitura dos lábios e a
terapia da fala, tenta-se que eles aprendam a linguagem oral.
Também é utilizada a linguagem gestual. Os resultados obtidos
no domínio da linguagem, ficam aquém dos obtidos pelas
outras crianças da mesma idade (Hoff, 2005).
■ Svirsky ecolaboradores (2000), estudaram 70 crianças que
receberam implantes cocleares
O desenvolvimento da linguagem
■ Svirsky e colaboradores (2000), estudaram 70 crianças que ficaram
surdas antes dos 3 anos e receberam implantes cocleares aos 4 ½.
– Os seus resultados mostraram um aumento das competências
linguísticas, comparativamente com as crianças que não
haviam recebido o implante.
– No entanto os ganhos obtidos foram pouco homogéneos,
algumas crianças evidenciaram grandes progressos, outras
apenas modestos ganhos.
Bilinguismo
■ Ao contrário do que se pensou durante algum tempo, a
aprendizagem de duas línguas em simultâneo não perturba o
desenvolvimento da linguagem.
■ Embora inicialmente possa existir alguma confusão e troca de
palavras, as crianças bilingues atingem os marcos de
desenvolvimento da linguagem na mesma idade que as outras
crianças.
■ Não é claro que também o exista um período sensível para a
aquisição de uma segunda língua (Hakuta, 2001; Hakuta, Bialystok,
& Wiley, 2003; Merzenich, 2001). Alguns estudos que sugerem que
quanto mais cedo uma pessoa é exposta a uma segunda língua,
mais provável é que ela domine a pronúncia e as construções
gramaticais complexas da mesma ( Neville & Bavelier, 2001).
■ Crianças com maior proficiência na língua materna, apresentam um
mais rápido desenvolvimento de uma segunda língua (Cummins,
1994).
Bilinguismo
■ As crianças fluentes em duas línguas, tendem a ter um melhor
desempenho em testes de inteligência e criatividade (Bialystok,
2001; Diaz & Kingler, 1991; Garcia, 1994; Moran & Hakuta, 1995).
■ Demonstram maior consciência metalinguística (e.g., percebem a
relação arbitrária entre a palavra escrita e o significado; objetos
grandes não são representados por palavras grandes).
■ Evidenciam uma maior capacidade de inibição de resposta (Carlson
& Meltzoff, 2008)
Referências:
■ Leitura obrigatória:
– Cp. 9 – Language and communication. Kail, R. V., & Barnfield, A. (2007).
Children and their development. Pearson Prentice Hall.
– Pg. 327-332 - Eysenck, M. W., & Keane, M. T. (2010). Cognitive psychology: A
student's handbook. Psychology press.
– Gaspar, A., & Avelar, T. (2002). Linguagem em humanos e chimpanzés: Um
problema de semântica. Psicologia, 16(1), 209-235.
■ Leituras recomendadas:
– Cavalli-Sforza, L. L. (1997). Genes, peoples, and languages. Proceedings of the
National Academy of Sciences, 94(15), 7719-7724.
– Hockett, C. F. (1960). The origin of speech. Scientific American, 203(3), 88-97.
– Kuhl, P. K. (2004). Early language acquisition: Cracking the speech code.
Nature reviews neuroscience, 5(11), 831-843.
– Pinker, S. (2004). Clarifying the logical problem of language acquisition. Journal
of Child Language, 31(4), 949-953.
– Rosselli, M., Ardila, A., Matute, E., & Vélez-Uribe, I. (2014). Language
development across the life span: A neuropsychological/ neuroimaging
perspective. Neuroscience journal, 2014.
– Tomasello, M. (1995). Language Is Not an Instinct. Cognitive Development,
10(1), 131-56.
– Harley, T. A. (2013). The psychology of language: From data to theory.
Psychology press.
Recomendações:
■ O Primeiro Encontro
■ Original title: Arrival (2016)
■ A linguist works with the military to
communicate with alien lifeforms after twelve
mysterious spacecraft appear around the
world.
■ https://www.imdb.com/title/tt2543164/