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PL 490/2007

Autor: HOMERO ALVES PEREIRA (PSD-MT)

A 1ª proposta foi apresentada em 20 de março de 2007 e argumentava a falta de

equilíbrio entre os três poderes, pois as demarcações dependiam de um aparato

administrativo (FUNAI) atrelado ao Poder Executivo, cuja(o) representante

máxima(o) (Presidência da República) é responsável por homologar as demarcações

propostas. Explicitado esse desequilíbrio era proposta a inclusão de debates que

tramitariam no Poder Legislativo de acordo com a seguinte argumentação e

proposta:

“Para cumprir a ordem maior, necessário se faz

transpor do Poder Executivo para o Congresso Nacional o

debate das questões amplas que envolvem as demarcações

das terras indígenas, pois somente os legítimos

representantes do povo brasileiro podem decidir sobre o

destino de significativa parcela do território nacional, e

examinar, dentro do espírito democrático do debate e do

contraditório, os mais diversos conflitos de interesses

gerados pelas demarcações das terras indígenas” (PL

490/2007 - texto original)

O PL foi encaminhado à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e

Desenvolvimento Rural do Poder Legislativo em novembro de 2007 e aprovado em

julho de 2008 com algumas alterações (texto em inteiro teor). No texto torna-se

explícito o início da discussão acerca da tese do marco temporal.


Argumenta-se que o Artigo 231 da Constituição Federal não define o que é

considerado terra indígena, que deveria incluir a exigência de que a ocupação fosse

atual (na data em que a Constituição fora promulgada, 5 de outubro de 1988), e que

essa falta de clareza permite que a FUNAI faça o que bem quiser.

“Se assim não for, todas as terras brasileiras

voltarão para os índios (sic), bastando para isso que a

FUNAI assim o queira. É o que vem acontecendo. Como

não existe nenhuma norma que regulamente o art. 231, a

FUNAI se sente à vontade para demarcar todas as terras

que quiser, sob o argumento de que as aquisições justas,

legais, constituídas na forma das leis vigentes, não

passam de “esbulho” das terras indígenas, como o próprio

autor alega, em sua Justificação.”

A PL foi encaminhada em julho de 2008 para a Comissão de Direitos

Humanos, Minorias e Igualdade Racial do Poder Legislativo, pela qual foi rejeitada

em agosto de 2009.

O texto com o parecer aprovado de ambas comissões e com as devidas

alterações foi encaminhado então para discussão e votação (na íntegra) na Comissão

de Constituição e Justiça e de Cidadania do Poder Legislativo, que ocorreu no dia 23

de junho de 2021.O texto foi aprovado por 40 votos favoráveis e 21 contrários

(votação nominal e simbólica).


Foi então encaminhado o texto para o Plenário da Câmara dos Deputados,

onde tramitou em regime de urgência e foi aprovado com alterações no dia 30 de

maio de 2023. Para ver a sessão do plenário na íntegra clique aqui.

Com todas as alterações feitas, foi encaminhado um texto final ao Senado

Federal, que entrará em tramitação no dia 07 de junho de 2023. Esse texto final

apresenta alguns pontos importantes que trazem preocupação para ativistas

ambientais envolvidos com as pautas indigenistas pois, de acordo com o proposto:

● As terras indígenas ocupadas ou em disputa na data de 5 de outubro de

1988 seriam as únicas que poderiam ter direito à demarcação, que seria

feita através do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado) e

não mais da FUNAI.

● E, de acordo com reportagem da própria TV Senado:

“O texto, como foi aprovado pela câmara, pode

colocar em risco processos de demarcação que já estão

em andamento e também em áreas já demarcadas que

poderão ser futuramente questionadas na justiça”

E, como agravante, temos o fato de que

“O Projeto de Lei 490/07 transfere do Poder Executivo

para o Legislativo a competência para realizar

demarcações de terras indígenas. Segundo o texto, que

tramita na Câmara dos Deputados, a demarcação será

feita mediante aprovação de lei na Câmara dos Deputados

e no Senado.” (Agência Câmara de Notícias)


Como sabemos, a maioria eleita para a Câmara de Deputados nas eleições de

2022 está em desalinhamento com os interesses de cientistas e ativistas que estudam

e trabalham com questões indígenas e ambientais, intrínsecas umas às outras. Essa

proposta seria, portanto, extremamente prejudicial à população brasileira e,

principalmente, aos povos originários que habitam no território nacional.

A proposta encaminhada também anda em desalinho com a Declaração das

Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, que foi adotada pela

Assembleia Geral das Nações Unidas em 2007, da qual o Brasil é signatário. Tal

Declaração reconhece, em seu artigo 26, o direito dos povos indígenas à posse, uso,

desenvolvimento e controle de suas terras, territórios e recursos naturais, e exige que

os Estados adotem medidas eficazes para proteger esses direitos.

Pensando em todos esses aspectos e em apoio aos povos originários,

especialmente àqueles que serão prejudicados no caso da aprovação do PL 490, o

Greenpeace está juntando assinaturas em sua petição pela rejeição pelo marco

temporal. Já são mais de 300 mil assinaturas e a meta é que sejam atingidas 500 mil.

Link para assinar a petição

Seu posicionamento e ajuda são de extrema importância!

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