Você está na página 1de 17

Eixo: Trabalho, Questão Social e Serviço Social.

Sub-eixo: Trabalho, direitos e lutas de classes.

O IMPERIALISMO NO CENTRO DO DEBATE: NOTAS SOBRE AS TEORIAS


DE KAUTSKY E LÊNIN

RAFAEL ARLEY GOMES DA SILVA ALMEIDA1


ANA MARIA MOURA ARAUJO2
FRANQUELINE TERTO DOS SANTOS3

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar o debate acerca das teorias do
Imperialismo, formuladas por Karl Kautsky e Vladimir Lênin. Expõe as características do
imperialismo a partir da concepção leniniana – enquanto um estágio específico do capitalismo
– e a constituição do conceito de ultraimperialismo elaborada por Karl Kautsky. Posteriormente,
elenca os elementos da crítica de Lênin ao reformismo de Kautsky, a partir da interpretação do
Imperialismo enquanto fase superior do capitalismo e a necessidade da superação deste modo
de produção via revolução socialista.
Palavras-chave: Imperialismo; Ultraimperialismo; Revolução.

Abstract: This article has as objective to present the debate about theories of imperialism
formulated by Karl Kautsky and Vladimir Lenin. Intends to expose the features of imperialism
while specific policy of capitalism and the establishment of the concept of do ultraimperialismo
by Karl Kautsky. Subsequently, plans to list the elements of criticism of Lenin to the reformism of
Kautsky, from the interpretation of imperialism while superior phase of capitalism and the
necessity of overcoming of this mode of production via socialist revolution.
Keywords: Imperialism; Ultraimperialism; Revolution.

1. INTRODUÇÃO

A discussão acerca da construção social, econômica e política do


Imperialismo no mundo moderno é fruto de intensos debates desde o final do
século XIX e, principalmente, nas primeiras décadas do século XX, com
estudos efetivos sobre o tema. Partindo das novas transformações estruturais
do capitalismo, com vistas à sua face monopolista, buscou-se compreender o
fenômeno que originou o recrudescimento do colonialismo e,

1
Estudante de Pós-Graduação. Universidade Federal de Alagoas.
2
Estudante de Graduação. Universidade Federal de Alagoas. E-mail:
<ana.moura.araujo@gmail.com>
3
Professor com formação em Serviço Social. Universidade Federal de Alagoas.
1

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


consequentemente, o surgimento de novos impérios coloniais no globo. Neste
artigo, apresentaremos a tese leniniana do imperialismo e os principais
aspectos do polêmico debate de Lênin com Karl Kautsky. Os resultados dessa
polêmica entre Lênin e Kautsky são discutidos até os dias atuais, dada a
relevância de suas elaborações.
Iniciaremos com o estudo de Karl Kautsky que, em 1913, escreveu o
artigo O imperialismo. Neste estudo concebia as bases do imperialismo, como
resultado da separação da indústria e agricultura e enquanto uma política
específica do capitalismo. Percebia, porém, que esta política, mediante ao seu
ímpeto permanente da conquista de novos territórios, traria consequências
drásticas à humanidade através da tendência ao conflito bélico. Kautsky
propunha a construção de um consenso entre as potências mundiais, união
que denominou ultraimperialismo. O ultraimperialismo, em substituição ao
imperialismo, teria como tarefa a construção de um bloco de poder entre as
grandes nações que mediaria as disputas territoriais e promoveria a paz entre
as potências no mundo.
Em 1916, Lênin publica o livro Imperialismo, fase superior do
capitalismo. Na referida obra, com base no surgimento do capital financeiro
decorrente da fusão do capital industrial com o capital bancário, o autor
constrói sua tese de que o imperialismo seria a fase superior do capitalismo, ou
seja, a fase de maior aprofundamento de suas determinações e contradições.
Isto é, concebe que a partir do capitalismo dos monopólios, chegaria ao fim a
fase progressista do modo de produção do capitalismo enquanto agente do
desenvolvimento das forças produtivas a serviço da humanidade. Em
desacordo com Kautsky, Lênin rejeitava a análise do imperialismo enquanto
política e repudiava a proposta reformista do ultraimperialismo. Para Lênin, a
partir do imperialismo as contradições do desenvolvimento do capital postariam
as condições para sua própria superação. Esta superação só poderia ser
efetivada através da revolução socialista mundial.

2. A ANÁLISE KAUTSKYANA DO IMPERIALISMO

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


Os primeiros intérpretes do imperialismo concebiam este fenômeno a
partir da investigação da expansão colonial no final do século XIX. Karl Kautsky
inicia sua obra O Imperialismo (1913) revelando certo desconforto com estas
definições anteriores ao caracterizá-las como insuficientes. Para Kautsky, se as
expansões coloniais fossem o elemento determinante do imperialismo, ele não
poderia ser caracterizado como um fenômeno recente, mas seria “velho como
o mundo”. Se a expansão colonial e a anexação de novos territórios, por si só,
não definem o imperialismo, o que seria, então, o elemento crucial na definição
do fenômeno? Kautsky responde: “o imperialismo é um produto do capitalismo
industrial altamente desenvolvido. Consiste no impulso de todas as nações
capitalistas industriais a submeter e anexar regiões agrárias cada vez mais
vastas, independente da nacionalidade dos povos que habitam” (2002a, p.444).
A relação entre a agricultura e a indústria consiste em o elemento que
evidencia a especificidade histórica do capitalismo, a partir do final do século
XIX. Mas, para compreender este processo de interação entre indústria e
agricultura, Kautsky indica a necessidade de discutir a separação originária
entre estes setores. Em sua análise, o autor relata as atividades mercantis
simples, ou seja, as atividades comerciais em que o trabalhador possui tanto os
meios de produção quanto os meios para a comercialização das mercadorias.
Trata-se das atividades em que o trabalhador tem a posse tanto dos meios de
produção, quanto dos produtos finais, dirigindo todo o processo produtivo.
Sobre este processo de separação entre os setores agrícola e industrial, o
autor explana que

(...) a atividade industrial constituía um momento da atividade


agrícola. Era exercida no interior do estabelecimento agrícola, ou
melhor, existia um único organismo econômico, de natureza tanto
industrial, quanto agrícola, que produzia meios de subsistência e
matéria prima, por sua vez transformada em meios de produção e de
consumo. Já era possível, no entanto, uma divisão do trabalho entre
os membros individuais do estabelecimento. Alguns podiam se
dedicar preferencialmente à pecuária, outros à agricultura, outros à
fiação e tecelagem, outros ainda a trabalhar madeira e metais para
fabricação de utensílios de trabalho etc. Essa divisão do trabalho,
entretanto, permanece dentro de limites restritos e intransponíveis, a
menos que o estabelecimento amplie a sua dimensão e número de
seus agregados. Nesse caso, a divisão do trabalho pode estender-se
rapidamente e propiciar vantagens econômicas, se produtores
3

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


individuais, como trabalhadores em matérias-primas, saem do
estabelecimento, dos quais obtém em troca matérias-primas e meios
de subsistência (KAUTSKY, 2002a, p. 447).

Como se observa, a divisão do trabalho gesta a separação entre


indústria e agricultura. Porém, essa separação implica, necessariamente, que
os laços de interação entre os dois setores sejam mantidos. No entanto,
Kautsky observa determinada dependência do setor industrial ao setor agrícola,
pois para que o setor industrial possa produzir é imprescindível que o setor
agrícola tenha condições para que possa fornecer seus produtos. Este
movimento revela a competência vital da agricultura sobre o processo produtivo
mercantil. Esta relação de dependência, à medida que se complexifica,
ocasiona um descompasso, como revela Kautsky. O desenvolvimento desta
relação só poderia obter equilíbrio, em tese, se durante todo o tempo
conseguisse obter proporções estreitas entre produtos agrícolas e produtos
industriais, já que esses dois setores apresentam mútuas relações seja no
fornecimento, seja no consumo de matérias-primas e meios de subsistência.
Vale destacar que tratamos aqui de relações mercantis simples, portanto, para
que os produtores industriais (artesãos) tenham condições de adquirirem
matéria-prima e meios de subsistência, é necessário que os produtores
agrícolas (camponeses) sejam consumidores de seus produtos industriais.
Para que haja proporcionalidade nessa relação, que se efetiva com base na lei
do valor, os camponeses precisam adquirir uma quantidade de produtos
industriais num valor semelhante à quantidade de produtos agrícolas que é
fornecida e consumida pelos artesãos. Este processo só pode ser concretizado
se estiver assegurada a condição de igualdade e de liberdade entre ambos os
setores. Por outro lado, Kautsky pondera que o fato da agricultura se tornar
crucial na relação comercial com a industrial aumenta o grau responsabilidade
deste setor na tendência ao descompasso na relação indústria/agricultura. Os
problemas específicos do setor agrícola, como: falta de mão de obra por conta
da urbanização, disponibilidade de terras etc. permite que haja a tendência a
expansão industrial. Sobre estas dificuldades específicas do setor agrícola e
sobre como isto gera, consequentemente, um descompasso na relação com a
indústria, Marisa Amaral comenta que

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


a indústria adquire condições mais amplas de aumentar seu nível de
produtividade e isto tem efeito com a ampliação da exigência de
produtos agrícolas necessário para por em andamento a produção
industrial, resulta daí – isto é, do fato de a produção agrícola não se
apresentar como uma cauda, ou como um rastro da produção
industrial, mas, ao contrário, por ser independentemente desta, e por
fazê-lo em uma velocidade e/ou em uma intensidade mais reduzida-
uma tendência entre o permanente desequilíbrio entre o produto de
ambos os setores, de modo que a agricultura passa a oferecer
mercadorias sempre em quantidade inferior àquela exigida pela
indústria, o que produz a crise como resultado imediato. (AMARAL,
2012, p. 34)

Em suma, a indústria consegue se desenvolver mais facilmente por


exigir mais do setor agrícola. Apesar da relativa dependência, o setor agrícola
sempre apresenta descompasso em relação ao setor industrial, já que os
problemas mencionados fazem com que haja produção em velocidades
distintas, causando desequilíbrio entre os setores e resultando em crise. Em
contraste à relação entre a indústria e a agricultura no contexto da produção
mercantil, na produção capitalista, em virtude do advento do sistema de
trabalho assalariado, a produção industrial se expande e se intensifica. Neste
sistema, diferentemente da manufatura, o capitalista não participa diretamente
da produção e não necessita que haja equivalência entre sua produção e a de
outrem. Pelo contrário, ele necessita e defende que outras pessoas trabalhem
para ele em troca de salário, e sabe que quanto maior o tempo de trabalho
excedente, maior será seu lucro; quanto maior a quantidade de trabalhadores
em suas fábricas, maior será o lucro. Por outro lado, para que o capitalista
comporte o aumento da quantidade de trabalhadores em seu estabelecimento
deverá aplicar parte de seus lucros em investimentos de ordem material e
técnicas, ou seja, este capitalista deverá desenvolver as condições objetivas
dos meios de produção para que seu lucro seja ampliado. De modo oposto, a
amplitude da possibilidade da acumulação no contexto da produção agrícola
não acompanha o ritmo industrial.
A concorrência industrial pressiona o capitalista a avançar na ampliação
da acumulação de capital. Embora o setor industrial, à medida que avança o
capitalismo, se diferencie do setor agrícola, fica evidente que o sucesso de sua
produção depende necessariamente dos resultados obtido na agricultura. De
5

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


modo que a “acumulação capitalista na indústria só pode avançar e
desenvolver-se livremente se ampliar constantemente a área agrícola, que lhe
abastece e para qual destina seus produtos” (KAUTSKY, 2002a, 455). Desta
forma, os abalos decorrentes da interação entre agricultura e indústria e sua
crescente diferenciação no processo de acumulação de capital, no capitalismo
moderno, engendrou a necessidade de obter cada vez mais territórios agrários.
Logo, é a interação entre setores agrícolas e industriais, a partir da relação de
trocas mútuas, e a tendência ao descompasso entre eles, que para Kautsky
definira a urgência do imperialismo.

2.1. O ultraimperialismo de Kautsky

Kautsky partia do pressuposto de que a tendência ao desenvolvimento


mais acentuado da indústria, se comparado ao setor agrícola, atinge maior
intensidade com o advento do capitalismo moderno. E o resultado deste
descompasso nas proporções de crescimento econômico destes setores
impulsiona a ampliação do território agrícola em busca de matéria-prima e
meios de subsistência para serem fornecidos à indústria, e de mercados para
suas mercadorias. Estas seriam, então, as bases para a constituição do
imperialismo. No entanto, para Kautsky, ainda que a ampliação de territórios
agrícolas e a busca por mercados para consumo de mercadorias excedente se
configurassem como tendências do capitalismo moderno e fenômenos
referentes ao imperialismo, não seria possível afirmar que este último se
tratava de um elemento indispensável para o capitalismo. Desse modo,
Kautsky começaria a construir sua tese de que o imperialismo, na verdade,
trata-se de uma política do capitalismo e que, portanto, enquanto tal, tinha
caráter restritamente opcional. O autor defende que, assim como o liberalismo
tratou-se de um momento específico do capitalismo, o imperialismo também
teria caráter passageiro.

Não basta na verdade ter demonstrado que essa tendência


representa uma condição vital do capitalismo para provar que
6

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


qualquer uma de suas formas representa uma necessidade inelutável
para o modo de produção capitalista. [...] uma forma particular dessa
tendência é o imperialismo, que foi precedido por outra forma, o
liberalismo, considerado, meio século atrás, como a última palavra do
capitalismo, assim como se faz hoje com o capitalismo. (KAUTSKY,
2002a, p. 456).

Na comparação do imperialismo com o liberalismo inglês, Kautsky tece


considerações sobre o papel do Estado na evolução e posteriormente na
rejeição do livre comércio e, decorrente do confronto entre estados nacionais
industriais e agrícolas, analisa a tendência à industrialização das economias
agrícolas.

Para conservar ou conquistar a independência e a autonomia


nacionais, todos os países da área de circulação capitalistas estão
forçados necessariamente a constituir uma grande indústria nacional,
relativamente capitalista, que é a segunda condição. A ampliação
progressiva da colocação dos produtos industriais estrangeiros no
Estado agrário cria, por si só, uma série de precondições para isso,
uma vez que destrói a indústria pré-capitalista local e torna disponível
para o capital, como operários assalariados, a força de trabalho.
Esses trabalhadores, se não encontram emprego em sua pátria,
emigram para outros países mais industrializados, embora, em geral,
prefiram permanecer no próprio país, permitindo assim construir as
bases de uma indústria capitalista. O próprio capital estrangeiro aflui
para o país agrário, primeiro para abrir mercado com a construção de
ferrovias, depois para desenvolver a produção de matéria-prima, não
somente na agricultura, mas também no setor extrativista em geral.
Desse modo, abre-se o caminho para a proliferação da indústria
capitalista. Até que ponto é possível desenvolver uma indústria
capitalista autônoma depende principalmente da força política do
estado. (KAUTSKY, 2002a, p. 457).

Dito isso, Kautsky (2002ª, p.459) indaga: “representa o imperialismo a


última forma fenomênica possível da política mundial capitalista, ou ainda é
possível outra? ”. Para elucidar a esta questão, o autor revela que além destes
elementos, há outro a ser elencado. Trata-se do fato que a tendência à
anexação de territórios agrários gerou competição desenfreada entre as
nações industriais. Esta competição se transformava em corrida armamentista,
com vistas à possibilidade iminente de guerras. A partir disto, Kautsky (2002a,
p.460) indagava-se novamente: “será que também aqui [na iminência da

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


guerra] o imperialismo é uma necessidade para sobrevivência do capitalismo,
só podendo ser superado com a superação do próprio capitalismo”?
A resposta de Kautsky para essa questão era negativa. Para ele, a
possibilidade da guerra seria uma ameaça para o próprio sistema capitalista.
Além disto, do ponto de vista econômico, não seria nem um pouco viável que a
produção bélica prosseguisse. Assim, o imperialismo teria um caráter transitório
e a proposta de Kautsky para resolução do imperialismo e seu ímpeto ao
conflito bélico seria o ultraimperialismo, a união entre as potências capitalistas,
necessária para salvar o capitalismo dos próprios capitalistas.
Do ponto de vista puramente econômico, portanto, não se pode excluir a
possibilidade de que o capitalismo viva uma nova fase. Nesta nova fase a
política dos cartéis se transfere para a política externa, uma fase
ultraimperialista que, naturalmente, devemos combater com a mesma energia
com que combatemos o imperialismo, mas cujos perigos estarão em outra
parte. Não na corrida armamentista nem na ameaça à paz mundial. “(...) quanto
mais durar a guerra e quanto mais exaurir todos os competidores, fazendo-os
encarar de frente a perspectiva de uma imediata repetição do drama bélico,
tanto mais nos aproximaremos dessa última solução, por mais improvável que
hoje nos possa parecer”. (KAUTSKY, 2002, p.462 e 463).
Dessa forma, a teoria de Kautsky concebe o imperialismo enquanto “um
tipo particular de política” (KAUTSKY, 2002b, p. 471). E além de se caracterizar
enquanto uma política específica do capitalismo, dado o seu elemento
destrutivo, o imperialismo seria um dispositivo do capitalismo que deveria e que
poderia ser superado, caso houvesse a “conscientização” e a união do conjunto
das grandes potências capitalistas que detém o poder mundial. O
ultraimperialismo proposto por Kautsky configurar-se-ia, então, como uma nova
qualidade de monopólio, dessa vez entre estados nacionais, através da
unificação do capital financeiro, eliminando, assim a necessidade do uso da
corrida armamentista e, consequentemente, dos grandes conflitos bélicos.

2.2. O imperialismo como fase superior do capitalismo em Lênin

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


Em 1916, às vésperas de liderar o Partido Bolchevique na Revolução
Russa, Vladimir Ilitch Lênin, escreve sua obra “Imperialismo: fase superior do
capitalismo”. No texto em questão, Lênin não pretendia ingressar na tarefa de
elaborar uma obra profunda e inovadora sobre o tema, pelo contrário, ele parte
da legitimação dos aspectos fundamentais da teoria econômica do
imperialismo, já elaborados por Hobson, Hilferding e Bukharin, por exemplo, e
exerce sua crítica em alguns elementos específicos nas teses destes autores.
Sendo assim, poderíamos dizer que o livro conta com dois objetivos claros: em
primeiro lugar, utiliza os dados econômicos e políticos do período, sobretudo na
análise da I Grande Guerra, para confirmar a tese marxista do imperialismo.
Em segundo lugar, estabelece um debate com Karl Kautsky e uma crítica
profunda à tese do ultraimperialismo que, como vimos, concebia o imperialismo
enquanto uma política do capitalismo em que, dado o perigo bélico, deveria ser
combatida através da constituição de um supra-estado, formado pela união das
potências capitalistas.
Porém, se a teoria do imperialismo de Lênin não abriga inovações
teóricas profundas, qual seria o aspecto que elevaria sua excepcionalidade?
Por que, passado 100 anos de sua obra, ainda a utilizamos como um
importante aporte à compreensão do capitalismo na contemporaneidade? A
resposta dessa indagação foi proferida por Gyorgy Lukács, na sua obra “Lênin,
um Estudo Sobre a Unidade de seu Pensamento” (2012), onde pronuncia que

De um modo aparentemente paradoxal, a concepção leniniana de


imperialismo é, por um lado, uma importante realização teórica e
contém, por outro, muito pouco de verdadeiramente novo, se
observada como pura teoria econômica. Em muitos sentidos, ela se
baseia em Hilferding e não demonstra, vista em termos puramente
econômicos, a profundidade e a grandeza da continuidade da teoria
marxiana da reprodução, realizada por Rosa Luxemburgo. A
superioridade de Lênin consiste, e esta é uma proeza teórica em
igual, em sua articulação concreta da teoria econômica do
imperialismo com todas as questões políticas do presente,
transformando a economia da nova fase num fio condutor para todas
as ações concretas na conjuntura que se configurava então. (2012, p.
61)

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


A proeza teórica de Lênin, como frisou Lukács, refere-se à capacidade de
iluminar, a partir da teoria econômica do imperialismo, a elaboração de uma
caracterização acerca dos problemas sociais e políticos da época, que não
podiam ser reduzidos à restrição da esfera econômica. Ao dar início a sua obra,
Lênin resgata o elemento da concentração da produção e do capital e o
surgimento dos monopólios no capitalismo O desenvolvimento da indústria que
possibilitou a concentração e acumulação de capital e a constituição de
empresas cada vez maiores levariam ao nascimento de grandes grupos
capitalistas que tenderiam ao domínio do mercado. Estes monopólios, na
medida em que se desenvolvessem e se intensificassem cessariam com a livre
concorrência. Portanto, seriam o surgimento e domínio dos monopólios, e o
papel que estes desempenham na sociedade capitalista, um dos principais
elementos do imperialismo.
No entanto, outro fenômeno que explica e caracteriza a fase do
capitalismo que resulta no imperialismo é a fusão do capital industrial com o
capital bancário gerando o capital financeiro. Lênin entende que as instituições
bancárias foram imprescindíveis na constituição dos monopólios. A partir da
função na intermediação dos processos financeiros, os bancos se encontravam
numa condição confortável durante o processo produtivo, condição que, logo
após, possibilitou a subordinação do capital industrial ao capital bancário,
gerando o capital financeiro. Lênin analisa esse processo da seguinte forma:

A função fundamental e inicial dos bancos é a de intermediários nos


pagamentos. Realizando-a eles convertem o capital-dinheiro inativo
em capital ativo, isto é, em capital criador de lucro, e reunindo toda as
diversas espécies de rendimentos em dinheiro, coloca-os à
disposição da classe capitalista. À medida que vão aumentando as
operações bancárias e se concentram num número reduzido de
estabelecimentos, estes convertem-se, de modestos intermediários
que eram antes, em monopolistas onipotentes, que dispõem de
quase todo o capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e pequenos
empresários, bem como da maior parte dos meios de produção e das
fontes de matérias-primas de um ou de muitos países. Esta
transformação de uma massa de modestos intermediários num
punhado de monopolistas constitui um dos processos fundamentais
da transformação do capitalismo em imperialismo [...] (Lênin, 2011,
p.138).

10

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


A grande quantidade de capital/dinheiro em posse dos bancos, transforma
a relação do capital bancário. Os bancos passam de meros auxiliares nos
processos financeiros, para agente determinante do destino do mercado. A
posse do capital-dinheiro era possível, pois a função originária dos bancos
consistia em organizar e as transações monetárias e garantir os pagamentos.
Transformava o capital inativo e capital ativo gerador de lucro, através dos
financiamentos através de empréstimos aos empresários. Dessa forma,

a concentração do capital e o aumento do movimento dos bancos


modificam radicalmente o papel e a importância desempenhado pelos
bancos. Os capitalistas dispersos acabam por constituir um capitalista
coletivo. Ao movimentar contas-correntes de vários capitalistas, o
banco realiza, aparentemente, uma operação puramente técnica,
unicamente auxiliar. Mas quando esta operação cresce até atingir
proporções gigantescas, resulta que um punhado de monopolistas
subordina as operações comerciais e industriais de toda a sociedade
capitalista, colocando-se em condições - por meio das suas relações
bancárias, das contas-correntes e de outras operações financeiras -,
primeiro de conhecer com exatidão a situação dos diferentes
capitalistas, depois de controlá-los, exercer influência sobre eles
mediante a ampliação ou a restrição do crédito, facilitando-o ou
dificultando-o, e, finalmente, de decidir inteiramente sobre o seu
destino, determinar a sua rentabilidade, privá-los de capital ou
permitir-lhes aumentá-lo rapidamente e em proporções enormes,
etc.(LENIN, 2011, p.144.)

Como observado, os grandes conglomerados bancários, resultantes da


concentração de capital, limitam o número de bancos e aumentam a influência
do capital financeiro, já que com vasto poderio conseguiam capturar um
conjunto de informações acerca de todo o mercado. Essa condição permitia
que definissem onde e como seria aplicado o capital, intervindo diretamente no
processo econômico da sociedade. Dessa forma, como afirma Lênin, “o século
XX marca, pois, o ponto de viragem do velho capitalismo para o novo, da
dominação do capital em geral para a dominação do capital financeiro (2011,
p.159). Além da emergência dos monopólios e do domínio do capital financeiro,
Lênin destaca mais dois elementos característicos da fase superior do
capitalismo. São eles: a exportação de capitais e a partilha do território global
entre as potências capitalistas. Lenin explica que:

11

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


[...] o capital financeiro manifesta a tendência geral para se apoderar
das maiores extensões possíveis de território, seja ele qual for,
encontre-se onde se encontrar, por qualquer meio, pensando nas
fontes possíveis de matérias-primas e temendo ficar para trás na luta
furiosa para alcançar as últimas parcelas do mundo ainda não
repartidas ou por conseguir uma nova partilha das já repartidas.
(LENIN, 2011, p.211).

Da mesma forma que no capitalismo concorrencial havia a luta pelos


novos mercados, no capitalismo monopolista a disputa se dá por territórios
para investimento de capital excedente. Este movimento retroalimenta a
competição entre as nações que pleiteiam a conquista de cada vez mais
regiões. Assim, nações detentoras da maior quantidade de capital excedente
tendem a anexar a maior quantidade de regiões. Criam-se, dessa forma, as
grandes potências imperialistas que disputam e repartem o território mundial.
Por fim, a concepção leniniana de imperialismo é sintetizada a partir de cinco
elementos característicos fundamentais. São eles:

1) a concentração da produção e do capital levada a um grau tão


elevado de desenvolvimento que criou os monopólios, os quais
desempenham um papel decisivo na vida econômica; 2) a fusão do
capital bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse
"capital financeiro" da oligarquia financeira; 3) a exportação de
capitais, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma
importância particularmente grande; 4) a formação de associações
internacionais monopolistas de capitalistas, que partilham o mundo
entre si, e 5) o termo da partilha territorial do mundo entre as
potências capitalistas mais importantes.”(LENIN, 2011, p. 218)

A partir do desenvolvimento dos monopólios e do capital financeiro, vê-se


o início do fenômeno da exportação de capitais que, por sua vez, concorreu
para as disputas de partilha do mundo pelas grandes potências imperialistas.
Com estes traços fundamentais do imperialismo, diferentemente de Kautsky,
Vladimir Ilitch Lênin conceitua o imperialismo como sendo uma nova e superior
fase do capitalismo.

2.3. A crítica leninista ao ultraimperialismo de Kautsky

12

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


Lênin se opunha diametralmente à tese do ultraimperialismo de Kautsky.
Defendia que o imperialismo não poderia ser uma política, pois, era condição
vital e inerente ao desenvolvimento do capitalismo moderno. Além disso,
defendia que o imperialismo era, na verdade, a fase superior do capitalismo.
Sobre a caracterização do imperialismo para Lênin, Arruda comenta que:

O Imperialismo evolui associando: o desenvolvimento do capitalismo


à gênese do capitalismo monopolista; a gênese do capitalismo
monopolista à dominação de uma oligarquia financeira e ao
aparecimento de uma aristocracia operária; as leis de movimento do
capitalismo monopolista ao aparecimento do imperialismo como
padrão de relacionamento que preside a economia mundial; a
caracterização do imperialismo como regime de transição à formação
das bases objetivas para a construção do socialismo; o zênite do
mundo burguês ao avanço da barbárie; a impossibilidade de reformar
o imperialismo à revolução socialista como única alternativa que pode
barrar o avanço da barbárie capitalista. É esta linha de raciocínio [...]
que levou Lênin à conclusão de que o acirramento das contradições e
dos antagonismos do capitalismo tendia a polarizar a luta de classes
entre revolução e contrarrevolução (2011, p.38).

Vale destacar que, quando Lênin denominou o imperialismo enquanto


“fase superior”, ele não queria assim dizer que o imperialismo seria a última
fase do capital. Na verdade, significa dizer que o imperialismo seria a última
etapa progressista em que as forças produtivas poderiam ser desenvolvidas no
capitalismo, portanto, o modo de produção chegaria ao seu estágio de maior
contradição, onde seu desenvolvimento significava necessariamente o
amadurecimento para sua superação. Ou seja, os elementos que fundam o
capitalismo moderno, sob o domínio hostil do capital financeiro, são os mesmos
que engendram a contradição do modo de produção capitalista e que fornece
as condições objetivas para superá-lo.

Ao contrário dos teóricos marxistas que identificavam o fim do


capitalismo com o seu desmoronamento econômico, provocado pela
tendência decrescente da taxa de lucro, na teoria do imperialismo de
Lênin a agonia do capitalismo não decorre de sua inviabilidade
econômica, mas, paradoxalmente, exatamente de seu oposto: a
impossibilidade de impor limites à reprodução ampliada do capital e
atenuar seus efeitos perversos sobre a sociedade. A degeneração do
capitalismo é o resultado de seu desenvolvimento. A necessidade de
13

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


sua superação é determinada por sua inviabilidade política. Os
métodos violentos e predatórios do capital financeiro levam os
antagonismos sociais a tal ponto que as tensões e os conflitos que
daí decorrem tendem a comprometer as bases sociais e políticas de
sustentação da sociedade burguesa. Nos países capitalistas
desenvolvidos, a supremacia do capital financeiro vem acompanhada
da deterioração das condições de vida da grande maioria da
população. (Arruda, 2011, p.47)

Como exposto anteriormente, o ultraimperialismo de Kautsky seria uma


necessidade do capital, dada a possibilidade destrutiva do imperialismo e se
configuraria como a política de unidade das grandes potências imperialistas, a
partir da unificação do capital financeiro. Esta grande aliança teria o objetivo de
descartar os conflitos bélicos e promover o pacifismo entre as nações. A crítica
de Lênin à proposta de Kautsky é contundente, posto que, para Lênin (2011), a
definição de Kautsky, além de ser equivocada e de não ter base de
fundamentação na teoria marxiana, serve de base a todo um sistema de
concepções que rompem em toda a linha com a teoria e a prática marxistas, de
caráter críticos ao sistema capitalista em sua fase imperialista.

A crítica teórica do imperialismo que Kautsky faz não tem nada de


comum com o marxismo; apenas serve como ponto de partida para
preconizar a paz e a unidade com os oportunistas e os sociais-
chauvinistas, porque deixa de lado e oculta precisamente as
contradições mais profundas e fundamentais do imperialismo: as
contradições entre os monopólios e a livre concorrência que existe
paralelamente a eles, entre as „operações‟ gigantescas (e os lucros
gigantescos) do capital financeiro e o comércio – honesto - no
mercado livre, entre os cartéis e trustes, por um lado, e a indústria
não cartelizada por outro, etc. Tem absolutamente o mesmo caráter
reacionário a famosa teoria do „ultraimperialismo‟ inventada por
Kautsky. (...) verdadeiro sentido social da sua „teoria‟ é um e só um: a
consolação arquireacionária das massas com a esperança na
possibilidade de uma paz permanente sob o capitalismo, desviando a
atenção das agudas contradições e dos agudos problemas da
atualidade, passa a dirigir para as falsas perspectivas de um pretenso
novo – o ultraimperialismo - futuro. Para além do engano das massas,
a teoria „marxista‟ de Kautsky nada mais contém. (LENIN, 2011, p.
255, 256)

Torna-se importante o esclarecedor comentário que Fontes (2008) faz


acerca das diferenças cruciais entre o pensamento de Karl Kautsky e Vladimir

14

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


Lênin, observando as dimensões de suas teorias e o método pelo qual
investigaram o imperialismo.

A diferença mais expressiva entre Lenin e Kautsky reside no fato de


que este último analisa a expansão capitalista de um ponto de vista
estritamente econômico, considerando existir uma permanente
escassez de terras e de bens agrários para o capital industrial. O
imperialismo, para ele, seria sobretudo o impulso industrial a ocupar
terras. Por esta razão, aborda o imperialismo como uma forma
política, recoberta eventualmente de cunho militar, que poderia ser
transitório. [...] A concepção de Lênin é distinta. Para ele, o
imperialismo não poderia ser reduzido a um único aspecto,
econômico ou político, mas remetia ao conjunto da vida social, uma
vez que expressava uma nova dimensão na própria dinâmica
capitalista. (FONTES, 2008, p.81.)

Como fora exposto, as teorias do imperialismo defendidas por Karl


Kautsky e Vladimir Lênin se opõem por diversos motivos. Enquanto Kautsky
concebia o imperialismo enquanto uma política do capital financeiro, Lênin o
entendia enquanto uma fase intrínseca ao desenvolvimento do capitalismo dos
monopólios em todas as dimensões da sociabilidade capitalista. Para Lênin, o
imperialismo não poderia ser solucionado a não ser pela própria superação do
modo de produção capitalista. Por outro lado, seguindo a concepção
kaustkyana de ultraimperialismo, seria necessário superar o imperialismo
através da união entre as grandes potências que dominam o território global, a
fim de garantir a paz.

3. CONCLUSÃO

Observamos que, para Kautsky, o imperialismo teria um ímpeto aos


conflitos bélicos e isto se configuraria como um perigo a humanidade, dessa
forma necessitava, então, ser superado. Como alternativa ao imperialismo,
Kautsky propunha sua teoria do ultraimperialismo. A proposta de Kautsky
consistia em construir um consenso entre as potências mundiais, a fim de
alcançar a convivência pacífica entre as nações.

15

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


A teoria de Kautsky foi fortemente contestada por Vladimir Ilitch Lênin.
Para este teórico e revolucionário russo, a saída proposta por Kautsky
caracterizava-se como reformista, pois concebia a possibilidade de ajustar o
capitalismo, eliminando somente a política imperialista. A tese leniniana
afirmava que esta reforma não seria possível, visto que, o imperialismo já
representa fase superior do capitalismo moderno, a qual não há possibilidade
de sua superação e saída humanamente progressiva. Para Lênin, a única
alternativa progressiva ao imperialismo seria a superação do próprio modo de
produção capitalista, via revolução e a construção do socialismo.
Nos dias atuais, tanto a proposição de Lênin quanto a de Kautsky,
seguem sendo objetos de calorosos debates. Diferentes teóricos em diversas
partes do mundo discutem a validade destas teorias a fim de obter a melhor
caracterização do imperialismo e, por conseguinte, conferir uma melhor
apreensão sobre a dinâmica do capitalismo global na contemporaneidade,
tendo como referência a ação das principais potências capitalistas mundiais e o
impacto dessas ações nos países periféricos e em todo o mundo. Entendemos,
enfim, que ambas as teorias seguem vivas e merecem atenção necessária,
tanto em seus acertos quanto em seus equívocos e/ou limites. No entanto,
acreditamos que seja preciso ir além posto que, após um século desde a
publicação das obras discutidas aqui, muitas transformações ocorreram e
continuam a ocorrer na sociedade capitalista. A intensificação da mundialização
do capital, a sua crise estrutural e o agravamento das expressões da questão
social evidenciam as profundas contradições do modo de produção capitalista
e os desafios para a classe trabalhadora no contexto de internacionalização da
luta de classes. É dever da ciência contemporânea estar atenta a elas para
buscar a síntese do presente tempo histórico.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Marisa Silva. Teorias do Imperialismo e da Dependência: a


atualização necessária ante a financeirização do capitalismo. Tese (Doutorado
Economia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://goo.gl/oBWD4Q>. Acesso em: 06 jun. 2018.

16

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social


ARRUDA, Plínio. Por que Voltar a Lênin? Imperialismo, Barbárie e revolução.
Apresentação. In: LENIN, Vladimir Ilitch. Imperialismo, Fase Superior do
Capitalismo. Campinas: Unicamp, 2011.

FONTES, Virginia. Comentário: Kautsky e o Imperialismo. Revista História e


Luta de Classes, n. 6, nov. 2008.

KAUTSKY, Karl. O imperialismo”. In: TEIXEIRA, Aloísio (Org.). Utópicos,


Heréticos e Malditos. Rio de Janeiro: Record, 2002a.

KAUTSKY, Karl. Dois Artigos para uma Revisão”. In: TEIXEIRA, Aloísio (org).
Utópicos, Heréticos e Malditos. Rio de Janeiro: Record, 2002b.

LENIN, V. I. Imperialismo, estágio superior do capitalismo: ensaio popular.


São Paulo: Expressão Popular, 2011.

LUKÁCS, Gyorgy. Lenin, Um Estudo Sobre a Unidade de seu Pensamento.


São Paulo. Boitempo, 2012.

17

Anais do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social

Você também pode gostar