Você está na página 1de 20

Ácidos e bases

Arrhenius investigou a dissolução de substâncias em água e definiu:


― um ácido é uma substância que origina iões H+ quando é dissolvida em água.
H2O
HCℓ (g) → H+ (aq) + Cℓ− (aq)
― uma base é uma substância que origina iões OH− quando é dissolvida em água.
H2O
NaOH (s) → Na+ (aq) + OH− (aq)

Segundo a teria de Brønsted e Lowry:

― um ácido é um dador de protões, H+;


― uma base é um recetor de protões, H+.

Segundo a teoria protónica, uma reação ácido-base é uma reação química que se dá por
transferência de protões entre um ácido (espécie dadora de iões H+) e uma base (espécie
aceitadora de iões H+).
As espécies químicas que, numa reação ácido-base de Brönsted e Lowry, diferem entre si em
apenas um ião H+ (um protão) constituem um par conjugado ácido-base.
Reações ácidos-base de Bronsted e Lowry
➔ Há transferência de um protão H+, de um ácido pra uma base

Ionização- processo de formação de iões a partir de substâncias moleculares

Par conjugado ácido-base- um ácido e uma base que diferem apenas num protão, H+.
Escreve-se primeiro o ácido e depois a base (ácido/base)

ácido HA/base conjugada A-


ácido conjugado BH+/base B

Numa reação ácido-base de Bronsted e Lowry existem sempre dois pares conjugados
ácido-base.

ATENÇÃO- se diferir em 2 protões e não apenas um, não representa um par conjugado de
ácido-base.

Ácido conjugado- partícula formada pela adição de H+ a uma base de Bronsted e Lowry

Base conjugada- partícula formada pela perda de H+ por um ácido de Bronsted e Lowry

Ionização por dissolução de ácidos e bases em água- formação de iões a partir de


substâncias moleculares.

ácido HA- ao libertar H+ transforma-se na base conjugada A- com a formação de H3O+

HA + H2O → A− + H3O+

base B- ao aceitar H+ transforma-se no ácido conjugado BH+ com a formação de OH-

B + H2O → BH+ + OH−


Comportamento anfotérico- quando uma mesma partícula pode atuar como ácidoou como
base, dependendo do outro reagente (como por exemplo H2O)

dissolução- processo de separação dos iões constituintes de uma substância iónica.


exemplo H2O
NaOH (s) → Na+ (aq) + OH− (aq)

Não há transferência de protões, H+ H, pelo que não se trata de uma reação ácido-base de
Bronsted e Lowry.

Autoionização e produto iónico da água


A autoionização da água é descrita pela equação química

H2O (ℓ) + H2O (ℓ) ⇌ H3O+ (aq) + OH− (aq)

A constante de equilíbrio para a autoionização da água é definida como o produto de


|H3O+|e por |OH−|e, também chamado produto iónico da água, Kw:
 

Sabe-se, pelo Princípio de Le Châtelier, que o aumento de temperatura favorece as reações


endotérmicas.

Se a autoionização da água é favorecida pelo aumento de temperatura, então a reação


direta é endotérmica, ou seja, apresenta variação de entalpia positiva, ΔH > 0.

Assim, a diminuição de temperatura desfavorece a autoionização da água.


Se a temperatura for 25 °C, Kw = 1,00 × 10−14, tem-se:
 

Conhecida a temperatura de qualquer solução aquosa, a


partir da concentração de H3O+ é possível calcular a
concentração de OH−, ou a concentração de OH− a partir da
concentração de H3O+, recorrendo a Kw.
O pH é uma medida da concentração hidrogeniónica, ou seja, da [H3O+], expressa em mol
dm−3, de qualquer meio aquoso.
A relação entre o pH e a [H3O+] é representada pela expressão matemática
pH = −log |H3O+|
Conhecido o pH, pode saber-se a [H3O+] em mol dm−3 através da expressão
|H3O+| = 10−pH

A variação de pH reflete variações na [H3O+]. Por exemplo, uma:

• variação positiva de uma unidade no valor de pH, ΔpH = 1, significa:


― um aumento de uma unidade no valor de pH;

― uma diminuição de 10 vezes na [H3O+] ([H3O+] passa a ser 10 vezes menor);

― uma diminuição de acidez de uma solução ácida;

― um aumento de basicidade de uma solução básica.


A variação de pH reflete variações na [H3O+]. Por exemplo, uma:

• variação negativa de uma unidade no valor de pH, ΔpH = −1, significa:


― uma diminuição de uma unidade no valor de pH;

― um aumento de 10 vezes na [H3O+] ([H3O+] passa a ser 10 vezes maior);

― uma aumento de acidez de uma solução ácida;

― uma diminuição de basicidade de uma solução básica.

Constantes de acidez e de basicidade


A dissolução de ácidos ou de bases em água provoca alteração das concentrações de H3O+ e
OH− e, portanto, alteração do pH.

Nessas soluções aquosas, além da água:


― são fonte de iões H3O+ as substâncias designadas por ácidos.
Por exemplo, HNO3, HCℓ, H2SO4, CH3COOH, HNO2 e HF.
― são fonte de iões OH− as substâncias designadas por bases.
Por exemplo, NaOH, KOH, Ba(OH)2, NH3, NH2OH e CH3NH2.
Ionização do ácido HA e constante de acidez
Um ácido HA ioniza-se em água de acordo com a equação

HA (aq) + H2O (ℓ) ⇌ A− (aq) + H3O+ (aq)

Na solução obtida, [H3O+] > [OH−] e pH < pH da água.

Ionização da base B e constante de basicidade


Uma base B ioniza-se em água de acordo com a equação

B (aq) + H2O (ℓ) ⇌ BH+ (aq) + OH- (aq)

Na solução obtida, [H3O+] < [OH−] e pH > pH da água.

Comparando constantes de acidez e de basicidade para a mesma temperatura podemos


falar da força relativa de ácidos e bases.
De dois ácidos ou bases dizemos que o mais forte é o de maior constante e que o mais fraco
é o de menor constante.

Conhecida a estequiometria da reação de ionização, podem relacionar-se com o pH e com as


constantes de acidez ou de basicidade as concentrações de equilíbrio do ácido ou da base e
as concentrações de cada um dos iões que se formam.

Ácidos fracos

Quando o ácido acético, CH3COOH, se dissolve em água apenas algumas moléculas são
ionizadas.

A reação é incompleta e o equilíbrio que se estabelece é descrito por


CH3COOH (aq) + H2O (ℓ) ⇌ CH3COO− (aq) + H3O+ (aq)

A constante de acidez do ácido acético é

 
A constante de acidez do ácido acético é muito pequena, ou seja, a ionização do ácido é
pouco extensa. Diz-se que o ácido acético é um ácido fraco.

Bases fracas

Quando se dissolve amoníaco, NH3, em água apenas algumas moléculas se ionizam.

O equilíbrio estabelecido é representado por


NH3 (aq) + H2O (ℓ) ⇌ NH4+ (aq) + OH− (aq)

A constante de basicidade do amoníaco expressa-se por

A constante de basicidade do amoníaco é muito pequena, o que significa que a ionização da


base é pouco extensa. Diz-se que o amoníaco é uma base fraca.
Ácidos fracos e bases fracas

Quando os ácidos ou as bases são fracos:

• a ionização em água é incompleta;

• o pH da solução depende da:

― concentração da solução;
― estequiometria da reação;
― constante de acidez, Ka, ou de basicidade, Kb.

Ácidos fortes

Quando se dissolve ácido nítrico, HNO3, em água ocorre uma reação de ionização muito
extensa.

Diz-se que o ácido nítrico é um ácido forte.

Na equação química que representa a ionização pode usar-se apenas uma seta por se tratar
de uma ionização completa:
HNO3 (aq) + H2O (ℓ) → NO3− (aq) + H3O+ (aq)

A acidez da solução obtida deve-se à formação de H3O+, proveniente da ionização de HNO3,


responsável pelo aumento da concentração desse ião relativamente à concentração do
mesmo ião em água pura.

Relativamente a um ácido fraco monoprótico de igual concentração, em HNO3 (aq):


― [H3O+] é maior

― [OH−] é menor

― pH é menor
um ácido diprótico, pois a ionização de 1 mol de ácido origina 2 mol de H3O+.

H2SO4 (aq) + 2 H2O (ℓ) → SO42− (aq) + 2 H3O+ (aq)

Neste caso, numa solução de [H2SO4] = 0,10 mol dm−3, temos

[H3O+] = 2 × [H2SO4]

ou seja, [H3O+] = 0,20 mol dm−3 e pH = 0,70.

Bases fortes

Quando se dissolve hidróxido de potássio, KOH, em água, esta substância sólida


iónica considera-se totalmente dissociada e, por isso, diz-se que o hidróxido de
potássio é uma base forte.

A dissociação completa significa que todos os iões constituintes do KOH se


encontram separados em solução.

A equação química que representa a dissociação completa é

A sua basicidade deve-se à formação de OH−

Em relação a uma solução de uma base fraca monoprótica de igual


concentração, em KOH (aq):
― [H3O+] é menor
― [OH−] é maior
― pH é maior
Se a base for Ba(OH)2 dizemos que é uma base diprótica, pois a dissociação de
1 mol de base origina 2 mol de OH−:

Neste caso, n(OH−) = 2 nbase.

Ácidos fortes e bases fortes

Acidez e basicidade de soluções aquosas de sais


Um sal é uma substância iónica formada por catiões e por aniões.

O caráter ácido, básico ou neutro de soluções aquosas de sais pode ser previsto e
interpretado com base nas constantes de acidez ou basicidade dos iões dos sais em solução

As constantes relacionam-se com as constantes das bases e dos ácidos conjugados


correspondentes.
No caso de sais formados por iões que não sofrem hidrólise, as soluções aquosas
resultantes são neutras.
Quando ambos os iões do sal reagem com a água em igual extensão, a solução também é
neutra.

Titulação ácido-base
As soluções ácidas podem ser neutralizadas por adição de soluções básicas e as soluções
básicas podem ser neutralizadas por adição de soluções ácidas.

A neutralização acontece devido à formação de água e sal.


Uma reação de neutralização é uma reação completa.

Quando se misturam as duas soluções, de HCℓ e NaOH, os iões H3O+ e OH− reagem para
formar água.
Se a quantidade de H3O+ na mistura for igual à de OH−, a solução final será neutra e 25 °C, o
pH da solução é 7.

Ponto de equivalência

Numa titulação adiciona-se uma solução ácida (ou básica) de concentração conhecida, o
titulante, a uma solução básica (ou ácida) de concentração desconhecida, o titulado, até se
atingir o ponto de equivalência.

No caso particular de o ácido e a base serem monopróticos, verifica-se que a = b = 1, pelo


que nácido = nbase.

cácido × Vácido = cbase × Vbase


Deteção do ponto de equivalência

Pode detetar-se a proximidade do ponto de equivalência adicionando ao titulado um


indicador ácido-base

Na proximidade do ponto de equivalência, uma mudança brusca de pH desencadeia uma


mudança súbita de cor.

Acidez da água da chuva normal


Durante a precipitação, a água da chuva dissolve gases presentes na atmosfera entre eles o
dióxido de carbono, CO2, que é responsável pela ligeira acidez da água da chuva.

Em locais afastados da civilização, a água da chuva tem um pH de cerca de 5,6.

A chuva normal é ligeiramente ácida, com pH ≈ 5,6, a 25 °C, devido à dissolução de CO2.

Sabe-se que a chuva, em zonas onde a atividade vulcânica seja intensa, tem um pH inferior a
5,6, o mesmo se verificando em zonas de grande atividade industrial e tráfego rodoviário.

É esta chuva, com pH inferior a 5,6 à temperatura de 25 °C, que se considera chuva ácida.

A transformação de combustíveis fósseis, associados à atividade humana, e as erupções


vulcânicas são responsáveis pela formação de óxidos de nitrogénio, NOx, e de enxofre, SOx.
A degradação de monumentos como os mosteiros da Batalha e dos Jerónimos, bem como as
fendas e cavidades em campos de lapiáz, são uma consequência do efeito da acidez da água
da chuva sobre o CaCO3
Oxidação e redução
A transferência de eletrões é o que caracteriza as reações químicas designadas por reações
de oxidação-redução.

Redutor e oxidante

Se um reagente é reduzido (recebe eletrões), então há outro reagente que é dador de


eletrões e provoca essa redução.
O reagente dador de eletrões chama-se redutor.
Se um reagente é oxidado (cede eletrões), há outro reagente que é recetor e provoca essa
oxidação.
O reagente recetor de eletrões chama-se oxidante.

A transferência de eletrões ocorre sempre do redutor para o oxidante.

Número de oxidação

A alteração da carga de um elemento químico numa reação permite a identificação de


oxidações e reduções:
― oxidação – aumenta a carga de um elemento químico;
― redução – diminui a carga de um elemento químico.
A soma dos números de oxidação de todos os átomos de cada elemento é igual à carga
dessa partícula.
― Em substâncias elementares formadas por átomos (por exemplo, He, Na e Au) ou por
moléculas (por exemplo, H2, O3 e P4), o número de oxidação do elemento é sempre
zero: n.o.(He) = n.o.(H) = n.o.(O) = 0.

― Em substâncias compostas formadas por moléculas, por exemplo CH4, CO2, HCℓO3 e
H2SO4, convenciona-se que, em geral, o número de oxidação do hidrogénio é +1 e o do
oxigénio é −2. Os números de oxidação dos outros elementos calculam-se a partir
destes, sabendo que a carga da molécula é zero.

― Num ião monoatómico, por exemplo Na+, Ca2+, Zn2+, H−, O2− e S2−, o número de oxidação
do elemento coincide com a carga do ião: +1, +2, +2, −1, −2 e −2, respetivamente.

― Num ião poliatómico, por exemplo HCO3− e PO43−, convenciona-se que, em geral, o
número de oxidação do hidrogénio é +1 e o do oxigénio é −2. Os restantes números de
oxidação calculam-se a partir destes e da carga do ião.

De um elemento químico que pode ter vários números de oxidação diz-se que pode existir
em diferentes estados de oxidação.
Nas equações das semirreações tem de se verificar:
― o acerto da massa, de acordo com a Lei de Lavoisier;

― o acerto da carga, que, tal como a massa, também se conserva nas reações químicas;

― igualdade entre o número de eletrões na oxidação e o número de eletrões na


redução, pois o número de eletrões recebidos pelo oxidante, Cu2+, tem de ser igual ao
número de eletrões cedidos pelo redutor, Aℓ.

Poder redutor de metais


Corrosão de metais- está associada à oxidação de metais, ou seja, resulta de reações de
oxidação-redução.
― H+ é reduzido por Mg, Aℓ, Zn e Fe;

― H+ não é reduzido por Cu, Ag nem Au.

Diz-se que Mg, Aℓ, Zn e Fe têm maior poder redutor do que Cu, Ag e Au.
Para comparar o poder redutor de diferentes metais também se podem usar soluções com
catiões de outros metais.

Dos metais ordenados, o potássio, K, é o melhor redutor, e o ouro, Au, é o pior redutor.
Verifica-se também que quanto maior é o poder redutor de um metal M, menor é o poder
oxidante (de receber eletrões) do respetivo catião Mn+.

Um metal oxida-se reduzindo catiões de um metal com menor poder redutor, ou seja, que
fique abaixo dele na série eletroquímica.

Por exemplo, o alumínio, Aℓ, oxida-se numa solução de cobre(2+), Cu2+ (aq), pois o alumínio,
Aℓ, é melhor redutor do que o cobre, Cu.

O alumínio metálico, Aℓ, é oxidado a Aℓ3+ e o Cu2+ é reduzido a cobre metálico, Cu:
2 Aℓ (s) + 3 Cu2+ (aq) → 2 Aℓ3+ (aq) + 3 Cu (s)

Você também pode gostar