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INTRODUÇÃO
Como mostra a abertura deste capítulo, o treinamento e o desenvolvimento da Camp
bell Soup Company apoiam a estratégia de negócio. Reconhecendo-se que o aprendi
zado é de responsabilidade de todos os funcionários, tanto os gerentes como seus
pares, juntamente dos profissionais de treinamento, precisam estar ativamente envol
vidos em ajudar os outros funcionários a conquistarem novas habilidades e perspecti
vas. Isso reforça o valor do aprendizado e a sua importância para o negócio. A Cam
pbell reconhece que o aprendizado através de treinamento e desenvolvimento é vital
para vencer no mercado.
Fontes: F. Gino and G. Pisano, “Why Leaders Don’t Learn From Success,” Harvard Business Review (April 2011): 68-74. Based on D. Garvin,
A. Edmondson, and F. Gino, “Is Yours a Learning Organization?” Harvard Business Review (March 2008): 109-116; M. Gephart, V. Marsick,
M. Van Buren, and M Spiro, “Learning Organizations Come Alive,” Training and Development 50 (1996): 34-45.
Porém o ocorrido levou a Apple a reexaminar as suas teorias sobre o que faz um produ
to de sucesso. Como resultado, a empresa reconheceu que um telefone de toque seria
mais facilmente aceito pelos consumidores, visto que já existia um mercado de smart
phones. Posteriormente, o uso do que foi aprendido com o iPhone ajudou no desenvol
vimento de um tablet mais bem-sucedido: o iPad. A Pixar, que já criou diversos filmes
de animação aclamados e bem-sucedidos, ainda realiza análises do processo utilizado
para fazer cada um dos seus filmes. A empresa pergunta aos funcionários quais são as
cinco coisas que eles fariam e as que não fariam novamente. Isso é importante para
adquirir um melhor entendimento das razões por trás do bom desempenho, para que
este conhecimento possa ser compartilhado. Para aprender a partir do fracasso e do
sucesso é preciso dar aos funcionários a oportunidade de fazer experiências com produ
tos e serviços, semelhante ao que se faz em engenharia e pesquisa científica. Algumas
das condições necessárias para experiências bem-sucedidas são a existência de incerte
za genuína, o custo pequeno e contido do fracasso, os riscos claros e eliminados se
possível, o entendimento de que o fracasso também provê informações importantes, a
definição do sucesso e o nível de significância da oportunidade.
O treinamento na Walt Disney Company evoluiu nos últimos dez anos para ter ofer
ta flexível de aprendizado, experiências de aprendizado personalizadas e desenvolvi
mento colaborativo com clientes de treinamento internos.7 A Disney passou de uma
abordagem de treinamento dado por um instrutor para uma que utiliza o ensino presen
cial (seja em sala de aula ou no trabalho) combinada ao ensino on-line (jogos de simu
lação, e-learning). Isso combina com a estratégia de negócio da Disney, que sempre
enfatizou encontrar a tecnologia e os métodos apropriados para o público, independen
temente do público em questão ser um visitante ou um funcionário (membro do elenco).
É provável que um evento ou programa de treinamento isolado não traga vantagem
competitiva para a empresa porque o conhecimento explícito é bem disseminado e os
programas projetados para ensiná-lo podem ser desenvolvidos e copiados com facilida
de. O conhecimento tácito desenvolvido pela experiência e compartilhado através de
interações entre funcionários, entretanto, é impossível de copiar e pode dar à empresa
avançadas. Mas o maior valor para o negócio pode ser criado ao fazer os funcionários
entenderem o processo de manufatura ou serviço e as inter-relações entre os departa
mentos e as divisões (compreensão do sistema), bem como motivá-los a oferecer produ
tos e serviços de alta qualidade (importar-se por quê). Para criar e compartilhar conhe
cimento, as empresas devem oferecer o espaço físico e a tecnologia (e-mail, sites, redes
sociais) para incentivar a colaboração dos funcionários e o compartilhamento do co
nhecimento. A Ford Motor Company possui comunidades de prática organizadas por
funções.10 Todos os pintores de todas as montadoras da Ford no mundo pertencem à
mesma comunidade, por exemplo. Em cada fábrica um dos pintores serve de “ponto
focal”. Se um pintor local descobre uma maneira de melhorar um dos 60 passos envol
vidos no processo de pintura, a pessoa que atua como ponto focal preenche um modelo
descrevendo a melhoria e os seus benefícios. Depois, o modelo é enviado em formato
eletrônico para um especialista no assunto que se encontra na sede da Ford. Ele então
analisa a prática e decide se é válido que ela seja compartilhada com outras montado
ras. Se for o caso, a prática é aprovada e enviada para as outras montadoras. A partir de
suas comunidades de prática, a Ford acumulou $ 1,3 bilhão em valor estimado para a
empresa e já converteu mais de $ 800 milhões em valor real.
À medida que as empresas reconhecem o valor do treinamento e do desenvolvimen
to e os enxergam como parte de uma estratégia de aprendizado mais ampla, são neces
sários sete itens, de acordo com uma pesquisa realizada pela Accenture Learning:11
1. Alinhamento de metas de aprendizado e metas de negócio.
2. Medição do impacto geral do aprendizado no negócio.
3. Movimento de aprendizado fora da empresa para incluir consumidores, vendedores
e fornecedores.
4. Foco no desenvolvimento de competências para os cargos mais críticos.
5. Integração do aprendizado com outras funções de recursos humanos, como gestão
do conhecimento, apoio ao desempenho e gestão de talentos.
6. Abordagens para a oferta que incluam treinamento em sala de aula e e-learning.
7. Elaboração e oferta de cursos de desenvolvimento de liderança.
Estes itens são parte do processo estratégico de treinamento e desenvolvimento, que
será discutido a seguir.
Iniciativas estratégicas
Atividades de treinamento Indicadores que mostram
Estratégia de negócio de treinamento
e desenvolvimento o valor do treinamento
e desenvolvimento
▪ Diversificar o portfólio ▪ Utilizar treinamento web ▪ Aprendizado
de aprendizagem ▪ Tornar compulsório ▪ Melhoria do desempenho
▪ Melhorar o serviço o planejamento de ▪ Redução das reclamações
ao consumidor desenvolvimento dos clientes
▪ Acelerar o ritmo de ▪ Desenvolver sites para ▪ Redução da rotatividade
aprendizado dos o compartilhamento ▪ Engajamento dos funcionários
funcionários de conhecimento
▪ Apreender e compartilhar ▪ Aumentar a quantidade
conhecimento de treinamento em
serviço ao consumidor
Análise externa
Oportunidades
Ameaças
Escolha
Missão Metas
estratégica
Análise interna
Forças
Fraquezas
Fontes: Baseado em R. Rivera, “How to Demonstrate Value: Key Measures Every Learning Professional Should Know.” In WLP Scorecard:
Why Learning Matters (pp. 17-24). Alexandria: VA: ASTD Press.
TABELA 2.3 Decisões que precisam ser tomadas sobre como competir para alcançar as metas da empresa
1. Onde competir?
Em quais mercados (indústrias, produtos etc.) competiremos?
2. Como competir?
Em qual resultado ou característica diferencial competiremos? Custo? Qualidade? Confiabilidade? Oferta? Inovação?
3. Com o que competiremos?
Que recursos possibilitarão superar a concorrência? Como os recursos para competir serão adquiridos, desenvolvidos e
implantados?
Fonte: “Strategy–Decisions About Competition.” In R. Noe, J. Hollenbeck, B. Gerhart, and P. Wright, Human Resource Management:
Gaining a Competitive Advantage, 8th ed. (Burr Ridge, IL: Irwin/McGraw-Hill, 2011): 77.
Entender quais as habilidades necessárias aos funcionários para que tenham êxito é uma
parte importante da estratégia de longo prazo da CarMax. A empresa reflete sobre ha
bilidades de que eles precisam, tanto para apoiar o seu princípio de negócio fundamen
tal, que é a integridade, quanto para o desempenho da empresa. Ela enfatiza a importân
cia de competências que guiam o comportamento e influenciam no desempenho do
funcionário. Os programas de treinamento da CarMax têm como base avaliações inter
nas e externas. As avaliações internas compreendem as contribuições dos gerentes sobre
necessidades e lacunas nas competências, bem como pesquisas com os funcionários que
questionam o que eles precisam para melhorar o desempenho. A análise externa inclui
o monitoramento de tendências e de novas práticas em gestão de talentos, recursos hu
manos e sociedade em geral. O surgimento do uso de tecnologias de rede social, por
exemplo, convenceu a CarMax a incorporá-las em seus programas de treinamento.
A missão geral de aprendizagem da DPR Construction é “Nós criamos e oferece
mos oportunidades de aprendizado para aprimorar o potencial de nossos funcionários
em apoio aos nossos objetivos de negócio”. Nas sessões de planejamento para o ano
seguinte, que acontecem no outono, o grupo de aprendizagem global da DPR reúne-se.
Este grupo é formado por indivíduos de diferentes escritórios e funções que focam em
iniciativas de treinamento, além de líderes da empresa. Nele, é falado sobre melhores
práticas, dados de diagnóstico de necessidades e estratégia de negócio. Um resumo da
reunião é apresentado ao Comitê Administrativo, responsável pelas operações em toda
a DPR. Solicita-se a ajuda de especialistas no assunto para colaborarem com a elabo
ração e a oferta de novas iniciativas de treinamento para atender às necessidades diag
nosticadas. O feedback dos funcionários também é levado em consideração ao se pen
sar em novas iniciativas de treinamento. Quando a DPR se interessou sobre como as
novas tecnologias (e-learning) podiam ser usadas em programas de treinamento, de
senvolveu e aplicou uma pesquisa com os funcionários, na forma de uma lista de cur
sos, pedindo que escolhessem quais prefeririam receber em sala de aula e quais através
do e-learning.
Ainda que essas decisões sejam igualmente importantes, é comum que as empresas
deem menos atenção à questão “Com o que competiremos?”, resultando em insucesso
no atingimento das metas. Faz parte dessa decisão descobrir como os capitais humano,
físico e financeiro podem ser utilizados. A utilização do capital humano para obter uma
vantagem competitiva exige uma ligação entre as práticas de recursos humanos (como
treinamento e desenvolvimento) e a estratégia de negócio da empresa.
Fonte: Baseado em S. Tannenbaum, “A Strategic View of Organizational Training and Learning.” In Creating, Implementing, and
Managing Effective Training and Development, ed. K. Kraiger (San Francisco: Jossey-Bass, 2002): 10-52.
Além disso, para dar um melhor atendimento ao cliente, para fornecedores, vende
dores e consumidores, as empresas precisam distribuir informações sobre como usar os
produtos e serviços oferecidos. Por esse motivo, elas estão começando a treinar os for
necedores para garantir que os componentes que eles fornecem atendem aos padrões de
qualidade dos seus consumidores. Para serem bem-sucedidas, é preciso que as empresas
consigam lidar com mudanças em tecnologia, necessidades do cliente e mercados glo
bais. As necessidades de treinamento precisam ser identificadas com rapidez e seguidas
por um treinamento eficaz. Ou seja, é preciso que as empresas acelerem o ritmo do
aprendizado do funcionário. Elas também estão dependendo de sistemas eletrônicos de
suporte ao desempenho (electronic performance support systems, EPSSs) para oferecer
acesso imediato a informações, aconselhamento e orientação (os EPSSs serão trabalha
dos no Capítulo 5). O EPSS pode ser acessado através de computadores pessoais, tablets
ou telefones celulares sempre que for necessário. Os funcionários precisam estar prepa
rados para melhorar o serviço ao consumidor. Eles devem estar bem informados quan
to ao produto ou serviço, ter habilidade no serviço ao consumidor e entender os tipos de
decisão que podem tomar (p. ex., se estão autorizados a abrir uma exceção à política de
não fazer reembolso em dinheiro).
É importante proporcionar oportunidades de desenvolvimento e informar isso aos
funcionários, para que eles acreditem que há possibilidade de crescimento e aprendiza
do de novas habilidades. Essas oportunidades são essenciais para atrair e reter funcio
nários talentosos. Apreender e compartilhar conhecimento é uma forma de assegurar
que conhecimentos relevantes sobre clientes, produtos ou processos não se percam caso
funcionários deixem a empresa. Além disso, dar aos funcionários acesso ao conheci
mento de seus pares pode diminuir o tempo de resposta ao cliente e melhorar a qualida
de do produto e do serviço. Em vez de “reinventar a roda”, o pessoal de serviço acessa
um banco de dados que permite que se encontre problemas e soluções que outros repre
sentantes de serviços já desenvolveram.
A AT&T utiliza as redes sociais de três formas. O “Você faz a diferença” (You Matter)
permite que funcionários compartilhem ideias e blogs sobre diversos assuntos, como
gestão de finanças e bem-estar.19 Através da “tSpace”, uma plataforma interna para blogs
e wikis, pode-se criar um perfil pessoal e entrar em comunidades de prática organizadas
por tópicos específicos, o que oportuniza compartilhar ideias e fazer perguntas. Com a
“Otimização de talentos” (Talent Optimization, TOP), os gerentes procuram em toda
a empresa por funcionários que tenham as habilidades que eles estão precisando, cor
respondendo os talentos dos funcionários às vagas abertas.
Alinhar o treinamento e o desenvolvimento à direção estratégica da empresa é im
portante para garantir que o treinamento contribua para as necessidades do negócio. As
empresas precisam identificar quais as aptidões (p. ex., conhecimento, habilidades) ne
cessárias e julgar se os programas de treinamento e serviços estão contribuindo para
aprimorá-las. Por último, é preciso um ambiente de trabalho que dê apoio para que os
funcionários sintam-se motivados a participar das atividades, aplicar no trabalho o que
foi aprendido e compartilhar o conhecimento com os outros. A parte tangível do apoio
inclui tempo e verba para treinamento e desenvolvimento, além de áreas de trabalho que
incentivem os funcionários a se encontrarem e trocarem ideias. Receber o apoio psico
lógico da parte dos gerentes e pares também é importante. Os tipos de apoio tangível e
psicológico serão discutidos no Capítulo 5.
Como uma empresa pode se certificar de que as iniciativas de treinamento e desen
volvimento estão vinculadas à estratégia de negócio? A Tabela 2.5 mostra as questões
TABELA 2.5 Perguntas a serem feitas para desenvolver iniciativas estratégicas de treinamento e desenvolvimento
1. Qual é a visão e a missão da empresa? Identificar os guias estratégicos do negócio.
2. Quais as capacidades que a empresa precisa obter como resultado da estratégia de negócio e dos desafios do
ambiente do negócio?
3. Que tipos de treinamento e desenvolvimento atrairão, reterão e desenvolverão melhor o talento necessário para o sucesso?
4. Quais as competências vitais para o sucesso da empresa e estratégia de negócio?
5. A empresa tem um plano para a ligação entre o treinamento e a estratégia de negócio ser compreendida por
executivos, gerentes e funcionários ou clientes?
6. A equipe de gestão sênior apoiará e patrocinará publicamente o treinamento e o desenvolvimento?
7. A empresa oferece oportunidades de treinamento para equipes e não apenas para indivíduos?
Fonte: Baseado em R. Hughes and K. Beatty, “Five Steps to Leading Strategically,” T+D (December 2005): 46-48.
que precisam ser respondidas pela empresa para identificar e desenvolver as iniciativas
estratégicas. Para ajudar com estas perguntas, é preciso que os instrutores leiam os re
latórios anuais, planejamentos estratégicos, demonstrativos de resultado e relatórios de
analistas. Para entender a estratégia de negócio e as suas implicações para o treinamen
to, pode ser útil convidar os gerentes para participarem das reuniões da equipe. Em
empresas com várias divisões, é imprescindível entender como cada negócio mede a
eficácia, monitora e relata o desempenho e quais os desafios que enfrenta, como gestão
da cadeia de suprimentos, desenvolvimento de novos produtos, pressões da concorrên
cia ou questões de garantia de serviço.
Valores
Paixão, confiança, curiosidade intelectual, integridade e coragem.
FIGURA 2.3 Como a Mike’s Carwash vincula treinamento e desenvolvimento à estratégia de negócio
A estratégia de negócio da Mike’s tem como base a reputação pela qual a empresa é
conhecida: serviço consistente e rápido, clientes recorrentes e crescimento do negócio
com quatro ou cinco novas localidades a cada ano. As lavagens da Mike’s Carwashes são
automatizadas e contam com equipamentos, sistemas e tecnologias desenvolvidas por
funcionários da Mike’s. A empresa atribui uma parcela do seu sucesso à perspicácia para
negócios da família Dahm, mas acredita que a maior parte do sucesso vem dos seus fun
cionários e das práticas de seleção e treinamento. Os fundadores da empresa, Joe e Ed
Dahm, eram conhecidos por falar para seus funcionários que a empresa era na verdade
um negócio que lidava com o público, só que por acaso lavava carros. A sua missão é
oferecer um serviço rápido e amigável à chefia (ou seja, aos clientes) com um bom preço.
A satisfação do cliente é muito importante, sendo que o foco é replicar o negócio,
servindo os clientes para que eles desejem voltar novamente. O maior desafio enfrenta
do pela Mike’s é oferecer uma experiência consistentemente agradável para o cliente. A
empresa está sempre buscando melhorar a experiência do cliente através de novas ideias.
Se uma ideia nova funcionar, ela será implantada em todas as localidades. A Mike’s
acredita que não basta encontrar ótimos funcionários, é preciso treiná-los e desenvolvê-
-los. O site da empresa explica que ela tem “fama de seletiva” quando o assunto é con
tratação: para cada 50 pessoas em processo de seleção, apenas uma é de fato contratada.
A Mike’s utiliza treinamento e desenvolvimento para reter e engajar os seus funcioná
rios. Cada um possui um plano de desenvolvimento e recebe avaliações de desempenho
duas vezes ao ano.
O treinamento dos novos funcionários engloba a familiarização com as boas práti
cas e como ajudar clientes nas diferentes situações que encontrarão na lavagem. Antes
de atender o seu primeiro cliente, o novato recebe dois dias de orientação e participa de
workshops que focam em serviço ao consumidor, qual o tratamento que deve ser dado
aos clientes, como recuperar-se de erros e falhas no serviço e como lidar com clientes
difíceis. Também é oferecido treinamento para ajudar os funcionários a crescerem den
tro da empresa. O percurso da carreira é bem definido, partindo de trabalhador por
hora, passando por supervisor e gerente de turno até chegar a gerente adjunto. É possível
alterar o plano de carreira através de bom desempenho e realização de certificações
internas que incluem até 12 semanas de treinamento e três exames que exigem aprova
ção com aproveitamento superior a 80%. O engajamento e a satisfação dos funcionários
preciso que sejam treinados no uso de dados para a tomada de decisões, o que envolve
treinamento em técnicas de controle estatístico de processos. Como foi visto no Capítulo
1, os membros da equipe também podem receber treinamento nas habilidades necessá
rias para outras funções existentes na equipe (treinamento cruzado) e não apenas para o
cargo específico que estão ocupando. Para incentivar o treinamento cruzado, as empre
sas adotam sistemas de pagamento com base em habilidades, nos quais os honorários dos
funcionários incluem competência e não apenas habilidades em seus trabalhos atuais.
As pesquisas sugerem que é esperado que os gerentes dos dias de hoje sejam capazes de:28
■■ Gerenciar o desempenho individual e da equipe. Motivar funcionários a mudar o
desempenho, oferecer feedback de desempenho e monitorar atividades de treina
mento; esclarecer as metas individuais e coletivas e garantir o alinhamento com as
metas da empresa.
■■ Desenvolver os funcionários e incentivar o aprendizado contínuo. Explicar atribui
ções e oferecer a especialidade técnica necessária; criar um ambiente que estimule
o aprendizado.
■■ Planejar e alocar recursos. Traduzir planejamentos estratégicos em atribuições e
estabelecer prazos para os projetos.
■■ Coordenar atividades e equipes interdependentes. Convencer outras unidades a ofe
recer ao grupo de trabalho os produtos ou recursos de que precisam, e entender as
metas e planos das outras unidades; certificar-se de que a equipe está atendendo às
necessidades de clientes internos e externos.
■■ Gerenciar o desempenho do grupo. Delimitar áreas de responsabilidade; reunir-se
com outros gerentes para discutir os efeitos de mudanças na unidade de trabalho em
seus grupos; facilitar mudanças; implantar a estratégia de negócio.
■■ Facilitar o processo de tomada de decisões. Facilitar a tomada de decisões indivi
duais e coletivas; estimular o uso de processos eficazes de tomada de decisões (ge
renciar conflitos, controle estatístico de processos).
■■ Criar e preservar a confiança. Garantir que cada membro da equipe seja responsá
vel pela sua carga de trabalho e clientes; tratar todos os membros da equipe com
respeito; escutar e responder as ideias da equipe honestamente.
■■ Representar a unidade de trabalho. Desenvolver relações com os outros gerentes,
comunicar as necessidades do grupo de trabalho para as outras unidades e oferecer
informações sobre a situação do grupo de trabalho para outros grupos.
Seja qual for o seu nível dentro da empresa (p. ex., gerência sênior), é esperado que
todos os gerentes atuem como porta-vozes para outras unidades de trabalho, gerentes e
vendedores (ou seja, representem a unidade de trabalho). É claro que o tempo que os
gerentes dedicam a algumas destas funções depende do nível em que estão. Os gerentes
de linha gastam mais tempo com a gestão de desempenho individual e desenvolvimento
de funcionários do que os gerentes de nível intermediário ou os executivos. As funções
mais importantes para gerentes de nível intermediário e executivos são: planejamento e
alocação de recursos, coordenação de grupos interdependentes e gestão do desempenho
do grupo (especialmente a gestão de mudanças). Os executivos também gastam algum
tempo com o monitoramento do ambiente de negócio, analisando tendências de merca
do, desenvolvendo relacionamentos com os clientes e supervisionando as atividades de
vendas e marketing.
Presença global
Como observamos no Capítulo 1, o desenvolvimento de mercados globais de produtos e
serviços é um grande desafio para empresas norte-americanas. Como os funcionários
estão geograficamente fora dos Estados Unidos, as empresas precisam decidir se o trei
namento será conduzido e coordenado a partir de uma central norte-americana ou de
instalações-satélite próximas.