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Prática Técnico Profissional Fundição e Forja

Classificação dos Processos de Forjamento Quanto à Geometria das Matrizes

Para realizar as operações de forjamento e obter peças com a forma final desejada,
utilizam-se matrizes (ferramentas ou moldes) feitas, usualmente, de aço ferramenta. As
matrizes entram em contacto com a peça durante o processo de forjamento, moldando-a.
Quanto à geometria das matrizes, o forjamento pode ser dividido em dois grandes grupos
de operações:
 Forjamento em Matriz Aberta ou Forjamento livre.
 Forjamento em Matriz Fechada.

Forjamento em Matriz aberta ou Forjamento Livre

No forjamento em matrizes abertas, a restrição ao movimento lateral do metal sendo


comprimido é pequena, e as matrizes têm geometria bastante simples (CETLIN E
HELMAN, 2005) conforme ilustrado através das figuras abaixo:

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Figura 10 – Exemplos de matrizes para forjamento em matriz aberta (CETLIN, HELMANB e RAGA,(2005).

O forjamento em matriz aberta é utilizado para fabricar peças grandes com forma
relativamente simples (ex.: discos, blocos, cilindros, cubos, eixos redondos e planos, barras
hexagonais, alavancas, ferramentas agrícolas, eixos e turbinas de navios, ganchos,
correntes, âncoras, excêntricos, etc.) e em pequeno número; e, também, para pré formar
peças que serão submetidas posteriormente a operações de forjamento mais complexas
(BRAGA, 2005).

Uma das figuras acima ilustra o forjamento de anéis: a peça é colocada em um mandril,
como mostrado; em seguida, a matriz superior comprime uma parte do anel,
ocorrendo diminuição da espessura e, consequentemente, aumento no comprimento desta
parte, o que causa um acréscimo no diâmetro do anel. Após esta compressão, a matriz
superior é levantada e a peça girada um pouco, forjando-se uma região adjacente à já
processada. Esta operação é repetida até que todo o anel tenha sido forjado (CETLIN E
HELMAN, 2005).

A figura abaixo ilustra o estiramento de uma parte de uma barra, que é uma operação
geralmente realizada com matrizes abertas. A primeira etapa do processo fornece a peça
mostrada numa das figuras acima. A operação é realizada com matrizes de largura não muito
grande e através de sucessivas compressões e avanços da barra. As ondulações na superfície
da peça ocorrem devido à pequena largura da matriz. O aspecto da peça quando se repetem
as operações após um giro de 90º da barra. Finalmente, alisam-se as faces forjadas,
trocando-se as matrizes por outras de maior largura. A peça obtida está mostrada na (g)
(CETLIN E HELMAN, 2005).

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Figura 11: Estiramento da ponta de uma barra por forjamento em matriz aberta (CETLIN E HELMAN, 2005)

Forjamento em Matriz Fechada

No forjamento em matriz fechada, o metal é conformado entre duas metades de matriz com
impressões (cavidades) cuidadosamente usinadas no formato que se deseja fornecer à
peça. E assim é possível produzir peças com tolerâncias dimensionais menores que no
forjamento livre. O processo evolui em várias etapas, a peça vai sendo sucessivamente
forjada até atingir forma e dimensões finais. Segundo CETLIN E HELMAN (2005), as
impressões utilizadas nas etapas iniciais do forjamento são as impressões preparadoras e as
que fornecem a forma final da peça são acabadoras. Estas operações são difíceis e caras, e
por isso, só se justificam na fabricação de grande número de peças.

Para não provocar o subenchimento das matrizes (e, consequentemente, falhas no volume
da peça) devido à quantidade insuficiente de metal, a quantidade precisa de metal deve ser
previamente estimada. Devido à dificuldade de dimensionar a quantidade exacta de metal,
geralmente utiliza-se quantidade ligeiramente acima do necessário, levando a formação de
rebarba. Para evitar que estas sejam muito extensas, as matrizes podem ser projectadas
com “calhas” como na Figura 13. A etapa final do processo de forjamento é a rebarbação
(remoção da rebarba).

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Figura 12: Vista de uma matriz fechada de forja (DIETER, 1981).

A rebarba tem duas funções: actua como válvula de segurança para o excesso de metal e
regula o escape do metal forçando a acomodação deste em toda a cavidade da matriz em
função do aumento da resistência ao escoamento do sistema.

Figura 13: matriz projectada com “calhas”

Figura 14: Curva típica de carga de forja com o curso da matriz no forjamento em matriz fechada
(DIETER, 1981).

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C omponentes forjados em matriz fechada

Figura 15: Componentes forjados em matriz fechada

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Para peças não muito complexas, são aplicadas as seguintes etapas no forjamento em
matriz fechada:
 Corte do blank, ou seja, do pedaço de metal em barra no tamanho necessário.;
 Aquecimento, realizado em fornos;
 Forjamento intermediário, realizado somente quando é difícil a conformação em
uma única etapa;
 Forjamento final, feito em matriz, já com as dimensões finais da peça
 Tratamento térmico, para a remoção das tensões, homogeneização da
estrutura, melhoria da usinabilidade e das propriedades mecânicas.

Equipamentos de forja

As duas classes de equipamento universalmente utilizados no forjamento são o martelo e a


prensa.

Martelo de Forja
O martelo de forjar deforma o metal através de golpes de impacto rápidos e sucessivos
sobre a superfície do mesmo. A energia necessária para executar uma operação é fornecida
por uma massa que, segundo DIETER (1981) pode variar entre 300 e 22.000kg e podem
atingir entre 60 e 160 pancadas por minuto dependendo da capacidade e tamanho. A massa
cai de alturas que variam de 1 a 3,5m (CETLIN e HELMAN, 2005). As peças produzidas
variam em peso de alguns quilos até muitas toneladas.

Conforme descrito por DIETER (1981), os dois tipos básicos de martelo são martelo de
queda livre com prancha e martelo mecânico. No martelo de queda com prancha a matriz
superior e a massa cadente são elevadas por rolos de atrito engrenados à prancha. Quando
esta é libertada, a massa cai sob influência da gravidade para produzir a energia da pancada
que é igual à energia potencial devido ao peso da massa cadente e da altura da queda. Uma
capacidade maior de forja é atingida com um martelo mecânico no qual, em adição à
gravidade, o martelo é acelerado no seu curso descendente por pressão de vapor ou ar
comprimido que também podem ser usados para elevar o martelo no seu curso ascendente.
Uma característica importante do martelo mecânico é que a energia da pancada pode ser
controlada, considerando-se que no martelo de queda livre a massa e altura de queda são
fixas.

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Figura 16: Desenho esquemático de martelos de forja (DIETER, 1981).

Outro equipamento utilizado é o martelo de contragolpe. Neste equipamento, dois martelos


opostos atingem o material ao mesmo tempo e de forma que praticamente toda a energia é
absorvida no trabalho e pouca energia é perdida como vibração nas fundações e arredores.
Desta forma, os problemas de impacto do solo, barulho e vibração decorrentes do impacto
durante a operação do martelo (de queda livre ou mecânico) podem ser minimizados.

Prensa

As prensas submetem o metal a uma força de compressão contínua a baixa velocidade.


Podem ter accionamento mecânico ou hidráulico.

As prensas mecânicas são accionadas por manivela excêntrica para transformar um


movimento de rotação em linear. Seu curso é usualmente limitado e possui capacidade de
aplicação de carga de 100 a 8000t (CETLIN e HELMAN, 2005). As prensas hidráulicas
são accionadas por um pistão num cilindro. Como é uma máquina de velocidade baixa, fica
longos tempos em contato com a peça podendo levar à perda de calor da peça forjada e
deterioração da matriz. Por outro lado, a prensagem lenta resulta em forjamento com
pequenas tolerâncias dimensionais. Segundo CETLIN e HELMAN (2005), sua capacidade
de aplicação de carga varia entre 300 e 50.000t e apresentam custo maior que uma prensa
mecânica.

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Figura 17: As prensas mecânicas e hidráulico

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