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O argumento de Judith

Butler em Problemas
de Gênero
Quem é a autora?

• Judith Butler é professora de Literatura


Comparada e Retórica na Universidade da
Califórnia, Berkeley.
• É conhecida como teórica do poder, do
gênero, da sexualidade e da identidade.
RESUMO DO
ARGUMENTO
• Em seu mais conhecido livro, editado em várias
línguas e no Brasil publicado como “Problemas de
Gênero” (1990, no Brasil 2006), Judith Butler
argumenta que o feminismo se equivocou ao eleger a
“Mulher” é capaz de produzir unidade para um grupo
com características e interesses comuns. Essa
abordagem, diz Butler, performa uma regulação
intencional e uma reificação das relações de gênero -
reforçando uma visão binária das relações de gênero
na qual os seres humanos são claramente divididos
em dois grupos: mulheres e homens. Ao invés de
abrir novas possibilidades para a pessoa formar e
escolher sua própria identidade individual, ao invés
disso, o feminismo restringiu as opções e
possibilidades.
• Butler sugere que as feministas rejeitaram a
idéia que a biologia é destino (oriunda de
Beauvoir), e a nossa cultura, que se
constitui no pressuposto da inevitabilidade
de sua construção através dos gêneros
feminino e masculino, através de corpos
“masculinos” e “femininos”, faz com que o
destino “cultural” seja tão inescapável
quanto o biológico. Esse argumento
feminista não permite escolha, diferença ou
resistência.
• Butler prefere, ao invés de fixar um atributo a uma
pessoa, que o gênero deveria ser visto como uma
variável fluida que se desloca e se transforma em
diferentes contextos e períodos históricos. Ela
argumenta que o sexo (macho, fêmea) é visto como
causa do gênero (masculino, feminino) o qual é visto
como causa do desejo (direcionado ao outro gênero).
Esse processo é entendido como uma espécie de
continuum. A abordagem de Butler é basicamente a
quebra das supostas ligações entre essas variáveis.
Nesse sentido o gênero e o desejo são flexíveis, livres
e não são “causados” por outros fatores estáveis.
• Butler sugere que certas configurações
culturais e expectativas sociais passaram a
serem vistas como naturais em nossas
culturas da forma como essas culturas se
apresentam atualmente. Mas a filósofa
afirma que não é necessário que seja assim.
• Butler argumenta que todos e todas nós
colocamos em ação uma “performance de
gênero”, seja tradicional ou não, de
qualquer forma. A questão não é como se
faz a performance, mas a forma que a
performance terá. Ao escolhermos ser
diferentes no campo do gênero, devemos
trabalhar para transformar as normas de
gênero e a compreensão binária da
masculinidade e da feminilidade.
• A idéia da identidade como “flutuante”, não
conectada a uma “essência”, mas, ao invés
disso como uma performance, é uma das
idéias centrais da Teoria Queer.Vistas dessa
forma nossas identidades, geneirificadas ou
outras, não expressam um “núcleo interior”
autêntico mas são um efeito dramático (ao
invés de serem causa) de nossas
performances.
• Não é (necessariamente) apenas uma visão
sobre a sexualidade ou o gênero. Essa
abordagem também sugere que o
confinamento em qualquer identidade pode
potencialmente ser reinventado pelo
sujeito.
CHAVES
INTERPRETATIVAS
DO PENSAMENTO
DE JUDITH BUTLER
• Gênero = constituição sócio-cultural da identidade
através da REPETIÇÃO de ATOS ESTILIZADOS ao
longo do tempo.
• O que é um ato?
• ATO = gestos corporais, estilos, movimentos
(incluindo a linguagem).
• ATOS ESTILIZADOS devem constantemente serem
REPETIDOS
• A repetição ela mesma produz uma série de comportamentos e formas
reificadas que APARECEM como A CONFIGURAÇÃO NATURAL DOS
CORPOS (“núcleo” ontológico/matriz original do gênero)
• Por causa da performatividade dos atos, o GÊNERO
se produz e aparece como uma substância natural
do self.
• MAS, não há essência, não há identidades pré-
existentes, não há identidades naturais.
• O gênero apenas EXPRESSA ou EXTERNALIZA
• Normas de Gênero constróem sujeitos sócio-
culturais como homens ou mulheres.
• Nossas idéias de que “as mulheres e os homens são”
não são reflexo de algo que existe na natureza:
nossas idéias derivam de costumes arraigados nas
relações sociais de poder.
• moldadas por forças que são sociais e não biológicas
ou naturais.
• A realidade de ser uma mulher (ou um homem) não
é um fato empírico, mas um efeito performativo da
linguagem e a constituição de atos que a definem ou
o definem.
• O sexo só é feito como ontologicamente preliminar
como justificativa, a base para a construção de uma
identidade de gênero.
CONCLUSÃO
• Contra a genealogia do gênero binário e
heterossexual como natural, Butler propõe a
compreensão do gênero como não definido
passivamente no corpo, tampouco determinado pela
natureza, linguagem ou simbólico, nem mesmo pela
avassaladora história do patriarcado.
• O gênero precisa ser constantemente performando
para ser mantido.
• O fato da identidade de gênero ser uma repetição
de atos ao longo do tempo, as possibilidades da
transformação do gênero estão na relação entre
esses atos, na possibilidade de uma série diferente
de repetições, na quebra ou subversão da repetição
de um determinado estilo.
• O gênero é, ele mesmo, um espaço de ação para a
desestabilização da normatividade de gênero.
• Através de sujeitos transgressores, atos alternativos
e quebra de códigos na cadeia de categorias estáveis
(ressignificação simbólica).

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