A Lei 9.065, em seu artigo 65, diz que “Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano” pode incorrer em pena de detenção de três meses a um ano de multa, porém antigamente a lei proibia também o ato de grafitar, essa mudança ocorreu para associar o graffiti com artes de rua enquanto a pixação continua como crime ambiental, essa opressão ao pixo causou algumas prisões que fizeram a comunidade refletir sobre as grandes prisões de pixadores comparadas as pequenas penalidades de outros crimes ambientais, como o caso de Mariana, onde 600 pessoas ficaram desabrigadas e 19 morreram, e ninguém foi preso. O entendimento da cidade de São Paulo pode se destacar em dois aspectos, o número de mortos no trânsito e as enchentes que despontam nos noticiários como grandes problemas. Esses dois aspectos são produtos da grande urbanização de São Paulo, que é o verdadeiro vandalismo que a cidade sofreu e sofre até hoje. A cidade era formada por vários rios de planície sinuosos, com dois principais rios, o Tietê e o Pinheiros, entretanto, por conta da valorização do capital, a necessidade de velocidade e energia fez com que esses dois rios fossem retificados e os outros canalizados, desprezando não só as raízes e origens da cidade mas também a vida e natureza, tendo em vista que nas construções das grandes avenidas nomeadas “marginais” não foi levado em consideração os problemas ambientais que poderiam ser causados, esse processos que envolve os rios de São Paulo foi um grande vandalismo. A desvalorização da vida e a adoração do capital fica evidente em 2017 quando o candidato que ganha a vaga de prefeito na cidade, com um projeto de aumentar o limite de velocidade das vias que causavam um alto números de baixas, começa um projeto para ir contra não só as pixações, mas também o graffiti. O crescimento desenfreado e o fraco planejamento urbano fez com que as camadas mais pobres da cidade ficassem isoladas do centro da cidade, acumulando a classe baixa na chamada periferia, onde o transporte é precário e os trabalho ficam longes, nesses espaços os trabalhadores têm que, em seus pequenos tempos livres, construir suas próprias casas. Com uma periferia completamente segregada da sociedade surge jovens que tentam deixar sua marca na cidade, assim começam as pixações na cidade de São Paulo, diferentes das assinaturas americanas nos muros de nova iorque, que são curvas, a pixação paulistana é retilínea e angulosa, inspirada nas estéticas das letras de bandas de rock, fazendo um paralelo com a retificação de rios, assim como tentaram controlar os rios e eles responderam com enchentes, a tentativa de invisibilizar os jovens periféricos fez com que eles começassem a pixar para mostrar sua existência no mundo. Houve diversas tentativas de acabar com as pixações de São Paulo, vindas de diversos governos, mas nenhum conseguiu impedir a realidade de jovens pobres e negros da periferia da cidade. O processo de usar a questão biológica para o controle da população recebe o nome de “biopoder”, por Foucault, no sentido de que agora é possível “causar a vida e devolver a morte” é possível usar esse conceito para pensar em conceito de necropolítica onde se determina quem pode viver e quem deve morrer. Isso se associa a cidade de São Paulo uma vez que as pessoas que mais são assassinadas são os jovems negros periféricos, portanto, os pixadores entram em contato com esse mundo perigoso logo cedo e a morte dos pixadores nem se derivam das grandes alturas em que se arriscam a pintar, mas sim de policiais e agentes de segurança, então ao se arriscarem tanto para deixar sua marca, mostra que esses jovens optam por se arriscar mas ser resistencia, do que viver ameaçado de morte por conta de uma bionecropolítica que comanda a cidade, por isso a pixação também funciona como uma denúncia a toda violencia existente nos bairros mais pobres da cidade. A cidade de São Paulo, por meio da violenta urbanização, passou por vários processos de vandalismo contra sua natureza e a resposta de um povo revoltado que tenta desmoralizar esse vandalismo previamente feito é completamente perseguido e mal visto, sendo até mesmo considerado vandalismo pela população e pelo governo.
A Belle Époque Caipira - Problematizações e Oportunidades Interpretativas Da Modernidade e Urbanização No Mundo Do Café, 1852-1930 - A Proposta Do Cemumc