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Centro Universitário Armando Alvares Penteado

Rafael Maeda

Resumo: Marcas de na paisagem de São Paulo


Escrito por Alexandre Barbosa

São Paulo, 2022


A Lei 9.065, em seu artigo 65, diz que “Pichar ou por outro meio conspurcar
edificação ou monumento urbano” pode incorrer em pena de detenção de três
meses a um ano de multa, porém antigamente a lei proibia também o ato de grafitar,
essa mudança ocorreu para associar o graffiti com artes de rua enquanto a pixação
continua como crime ambiental, essa opressão ao pixo causou algumas prisões que
fizeram a comunidade refletir sobre as grandes prisões de pixadores comparadas as
pequenas penalidades de outros crimes ambientais, como o caso de Mariana, onde
600 pessoas ficaram desabrigadas e 19 morreram, e ninguém foi preso.
O entendimento da cidade de São Paulo pode se destacar em dois aspectos,
o número de mortos no trânsito e as enchentes que despontam nos noticiários como
grandes problemas. Esses dois aspectos são produtos da grande urbanização de
São Paulo, que é o verdadeiro vandalismo que a cidade sofreu e sofre até hoje. A
cidade era formada por vários rios de planície sinuosos, com dois principais rios, o
Tietê e o Pinheiros, entretanto, por conta da valorização do capital, a necessidade
de velocidade e energia fez com que esses dois rios fossem retificados e os outros
canalizados, desprezando não só as raízes e origens da cidade mas também a vida
e natureza, tendo em vista que nas construções das grandes avenidas nomeadas
“marginais” não foi levado em consideração os problemas ambientais que poderiam
ser causados, esse processos que envolve os rios de São Paulo foi um grande
vandalismo. A desvalorização da vida e a adoração do capital fica evidente em 2017
quando o candidato que ganha a vaga de prefeito na cidade, com um projeto de
aumentar o limite de velocidade das vias que causavam um alto números de baixas,
começa um projeto para ir contra não só as pixações, mas também o graffiti.
O crescimento desenfreado e o fraco planejamento urbano fez com que as
camadas mais pobres da cidade ficassem isoladas do centro da cidade,
acumulando a classe baixa na chamada periferia, onde o transporte é precário e os
trabalho ficam longes, nesses espaços os trabalhadores têm que, em seus
pequenos tempos livres, construir suas próprias casas. Com uma periferia
completamente segregada da sociedade surge jovens que tentam deixar sua marca
na cidade, assim começam as pixações na cidade de São Paulo, diferentes das
assinaturas americanas nos muros de nova iorque, que são curvas, a pixação
paulistana é retilínea e angulosa, inspirada nas estéticas das letras de bandas de
rock, fazendo um paralelo com a retificação de rios, assim como tentaram controlar
os rios e eles responderam com enchentes, a tentativa de invisibilizar os jovens
periféricos fez com que eles começassem a pixar para mostrar sua existência no
mundo. Houve diversas tentativas de acabar com as pixações de São Paulo, vindas
de diversos governos, mas nenhum conseguiu impedir a realidade de jovens pobres
e negros da periferia da cidade.
O processo de usar a questão biológica para o controle da população recebe
o nome de “biopoder”, por Foucault, no sentido de que agora é possível “causar a
vida e devolver a morte” é possível usar esse conceito para pensar em conceito de
necropolítica onde se determina quem pode viver e quem deve morrer. Isso se
associa a cidade de São Paulo uma vez que as pessoas que mais são
assassinadas são os jovems negros periféricos, portanto, os pixadores entram em
contato com esse mundo perigoso logo cedo e a morte dos pixadores nem se
derivam das grandes alturas em que se arriscam a pintar, mas sim de policiais e
agentes de segurança, então ao se arriscarem tanto para deixar sua marca, mostra
que esses jovens optam por se arriscar mas ser resistencia, do que viver ameaçado
de morte por conta de uma bionecropolítica que comanda a cidade, por isso a
pixação também funciona como uma denúncia a toda violencia existente nos bairros
mais pobres da cidade.
A cidade de São Paulo, por meio da violenta urbanização, passou por vários
processos de vandalismo contra sua natureza e a resposta de um povo revoltado
que tenta desmoralizar esse vandalismo previamente feito é completamente
perseguido e mal visto, sendo até mesmo considerado vandalismo pela população e
pelo governo.

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