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O Treinador de Futebol

Licenciatura – Treino Desportivo

Abril 2023

Sérgio Ribeiro
• Haverá um Treinador Ideal?
“Não há treinadores ideais,
mas sim treinadores eficazes.”
O TREINADOR é um agente de extremíssima importância na
definição do rumo que se pretende para um clube.
É O TREINADOR, através da sua capacidade de liderança do grupo,
que induz a equipa a treinar de determinada forma, a jogar naquele
tipo de jogo, a criar determinados hábitos (padrões) …, e a
implementar as directrizes traçadas pelo clube …
Para que um clube consiga evoluir num projeto desportivo para a
excelência e, possa ser posto em prática, urge reunir um conjunto
de pessoas (TREINADORES) que pensem e vivam o clube.
A ESCOLHA dos treinadores assume uma importância preponderante
para que o modelo de clube (futebol) implementado tenha sucesso.
Devido a esta preponderância, A SELECÇÃO E RECRUTAMENTO DE
TREINADORES não é uma tarefa fácil, é necessário tomar algumas OPÇÕES
como:

- identificar os técnicos de valor que existem actualmente ao serviço do


clube;

- identificar técnicos que por razões várias não se adequam ao projecto;

- procurar técnicos disponíveis no mercado e com perfil adequado para se


inserirem nos quadros técnicos do clube.
Estas OPÇÕES não podem ser levadas com leviandade, com pressas
exageradas ou com critérios duvidosos, porque a ESTABILIDADE DA
ESTRUTURA TÉCNICA são o alicerce forte, robusto e consistente,
de tal modo, permite caminhar de uma FORMA MAIS FÁCIL no
longo processo de formação de jovens futebolistas.
Então, é necessário dotar todos os técnicos de uma FILOSOFIA DE
TRABALHO e de INSTRUMENTOS ESPECÍFICOS, de modo que todos
trabalhem com qualidade.
É preciso quebrar alguns mitos …
“Para ser um bom treinador, basta dominar a técnica e a
táctica da modalidade”.
“Ser bom treinador é uma característica inata e hereditária”.
“Um bom treinador tem de ter sempre respostas e soluções
para tudo”.
“Um bom treinador é aquele que é admirado e adorado por
todos os atletas”.
“Para ser bom treinador basta manter a equipa em respeito e
disciplina”.
“Um bom treinador nunca tem conflitos, nem entra em
confrontos com os seus atletas”.
Elementos a ter em conta pelo treinador

A quem se dirige o treino

A idade dos jogadores

O nível técnico da equipa

O seu passado e experiência

O nível de competência em que se insere a intervenção do treinador


Profissional
Amadores
Jovens
Jovens em formação profissional
Recreação
Elementos essenciais do processo de direcção do
TREINO/JOGO

PLANEAMENTO
LIDERANÇA
COMUNICAÇÃO
Definição de objectivos
Programação de treinos Feedback de avaliação
Construir um bom espírito de grupo Feedback
Os horários Melhoria da capacidade de ouvir
As viagens Desenvolvimento inter-grupo
Preparação do Jogo Modificação de comportamento

ORGANIZAÇÃO
GESTOR DE CONFLITOS RELAÇÕES SOCIAIS
Divisão de tarefas
Hierarquia de autoridade bem definida Os Dirigentes do clube
Regras formais de comportamento Resolução dos problemas
Subordinação de objectivos Os Jogadores do clube
Natureza impessoal das decisões Os Sócios e simpatizantes
Ignorar os conflitos
Atenuar os conflitos A Comunicação Social
Estabelecer compromissos Os Treinadores adversários
AVALIAÇÃO E CONTROLO Os Árbitros
Controlo
A gestão dos jogadores: Outras instituições do
Análise de jogo Titulares Futebol
Scouting Suplentes
Testes
Lesionados
O perfil do Treinador
O perfil do Treinador

…o primeiro requisito é a COMPETÊNCIA

Planear, orientar e avaliar os treinos previstos no plano semanal de acordo


com a metodologia de treino adoptada e tendo como finalidade o
desenvolvimento da capacidade de jogo dos jogadores conforme o MJA;

Orientar os jogos da sua equipa de acordo com MJA, mantendo uma atitude
pedagógica e de rigor disciplinar para com os jogadores;
O perfil do Treinador

… o segundo requisito é a VISÃO DO FUTEBOL


(de preferência próxima da filosofia de clube)
O perfil do Treinador

… à sua capacidade de LIDERANÇA


(diferente de “mandar”)
O perfil do Treinador

… a sua AMBIÇÃO
(compatível com a filosofia do clube)
O perfil do Treinador

… personalidade documentada e identificada com as


BASES HISTÓRICAS do clube
O perfil do Treinador

Sob o ponto de vista DA GESTÃO DESPORTIVA, manter actualizada o DOSSIER


DA EQUIPA e a BASE DE DADOS respeitante aos jogadores da sua equipa;
O perfil do Treinador

Contribuir para o RECRUTAMENTO DE POTENCIAIS TALENTOS, através da


observação jogadores de outras equipas e de outros quadros competitivos
que apresentem potencial para integrar este clube, elaborando o respectivo

relatório;
O perfil do Treinador

Capacidade em PARTILHAR , INTERAGIR com os treinadores do


departamento, sobre propostas de trabalho e a sua DISPONIBILIDADE em

aceitar algumas sugestões/críticas ..


O perfil do Treinador

Vontade permanente em ENRIQUECER o currículo através da


frequência de cursos de Treinadores e acções de formação.
Filosofia do Treinador de Jovens
Ganhar não é tudo, nem é o mais importante…

Deve-se ensinar aos jovens que o êxito consiste em lutar ao


máximo para conseguir a vitória…

Formular objetivos de rendimento por oposição aos objectivos de


resultado…

Estabelecer objetivos difíceis e desafiadores mas realistas…

Procurar sempre a formulação de objetivos positivos…


O valor pessoal de um atleta não é determinado pelos resultados do
que fez, mas por aquilo que é…

A avaliação contínua é fundamental…

Deixar lugar ao espaço ou tempo para o “divertimento” nos


treinos…

Nem sempre o fracasso é sinónimo de derrota como o êxito é sinónimo de


vitória…

Evitar as instruções de forma hostil ou primitiva mas sempre


encorajadora…
O COORDENADOR TÉCNICO

“O Coordenador Técnico é um agente facilitador no dia-a-dia …


… uma visão abrangente do futebol
… um entendimento a longo prazo
… grande capacidade de diálogo
… bom ouvinte e comunicador hábil …capacidade de unir,
conjugar e motivar
… identificar erros e limitações
… criticar modelos de treino e de jogo
… apresentar sugestões
… dar conselhos
… assumir a vanguarda do treino
… prática reflexa
é ESSENCIAL QUE “PERCEBA” DE FUTEBOL".
O COORDENADOR TÉCNICO

O coordenador é o “TREINADOR DOS TREINADORES” – coordenar e regular


todo o processo de formação, incluindo o do treino e do jogo.

A actividade do COORDENADOR terá que ser EXCLUSIVA. Não deve treinar


nenhum escalão do clube.

Não deverá COMPROMETER o tempo necessário para a COORDENAÇÃO com


a realização de outras tarefas. Deve estar disponível para ACOMPANHAR OS
TREINOS E JOGOS dos diferentes escalões.

Não deverá ficar susceptível a certos RESULTADOS DESPORTIVOS, mas


porque a sua actividade de coordenador é muito EXTENSA e é DIFÍCIL de
compatibilizar com outro género de requisitos ( há que encontrar e dar resposta
a um elevado número de questões metodológicas e este é um paradigma fundamental
da acção do coordenador).

Deve também estar IMUNE A CRÍTICAS de um par (outro treinador), devendo


pautar o seu trabalho pela ANÁLISE E JUÍZO DE VALOR sobre os
pressupostos formativos de cada treinador, o que pressupõe SERENIDADE e
um ESTATUTO DIFERENCIADO.
Assim, de uma forma sucinta podemos definir as FUNÇÕES
PRINCIPAIS que um Coordenador Técnico-Pedagógico deve
desempenhar num Departamento de Formação de um clube:

a) Exercer funções de COORDENAÇÃO TÉCNICA E DIDÁCTICO-PEDAGÓGICA


junto do quadro de treinadores, do psicólogo e do departamento clínico no
sentido de assegurar a implementação do presente projecto;

b) Programar e PLANEAR a época desportiva;

c) Reunir MENSALMENTE com o quadro técnico do departamento (no início


da época desportiva deve reunir com maior assiduidade);

d) Sugerir à Direcção, em colaboração com os treinadores, A SUBIDA DE


ESCALÃO por parte de jogadores anteriormente referenciados, garantindo
sempre a adequação e o propósito pedagógico dessa decisão;

e) Cooperar com as equipas técnicas no ACOMPANHAMENTO e CONTROLO


DO RENDIMENTO ESCOLAR dos jogadores;

f) Afixar semanalmente a PROGRAMAÇÃO SEMANAL do departamento;


O COORDENADOR TÉCNICO
g) Elaborar as FICHAS DE TRABALHO do departamento;

h) Colaborar na actualização da BASE DE DADOS clínico-desportiva dos


jogadores;

i) Planear e organizar EVENTOS PROMOCIONAIS do Departamento de


Formação;

j) Planear e organizar eventos para SELECÇÃO DE TALENTOS;

k) Sugerir alterações ao REGULAMENTO INTERNO do Departamento de


Formação;

l) Zelar pela aplicação rigorosa do REGULAMENTO INTERNO em


colaboração com os treinadores e directores;

m) OBSERVAR JOGADORES de outras equipas e de outros quadros


competitivos que apresentem potencial para integrar este
departamento, elaborando o respectivo relatório;

n) Supervisionar os TREINOS e os JOGOS das equipas do


departamento.
Quem pode ser treinador? (*)

Qualquer pessoa suficientemente interessada no jogo; que nele


encontra motivação para estudar, trabalhar, desenvolver a sua
personalidade e a sua capacidade para ensinar; que acredita nos valores
éticos e culturais do desporto; que deseja frequentar cursos de treinadores,
ir a colóquios e a torneios; que lê livros, revistas e jornais; que se sente
serem curtas as vinte e quatro horas do dia; que pensa em futebol ao
acordar de manhã, enquanto está no duche, se barbeia, come o pequeno-
almoço, se desloca para o trabalho, ao almoço, nas viagens, ao jantar, no
cinema e no clube social; que, num jogo de campeonato, escreve jogadas e
esquemas com um lápis emprestado; que no restaurante usa a toalha, os
guardanapos ou qualquer coisa onde possa escrever uma jogada; que se
deita com papel e lápis à mesa-de-cabeceira para não perder as
«descobertas» feitas durante os sonhos ou crises de sonambulismo e poder
utilizá-las no treino do dia seguinte; qualquer pessoa que faz tudo isto, que
no dia seguinte está disposta a fazer o mesmo e que gosta de o fazer –
essa pessoa pode ser TREINADOR !

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