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3.

As Leis brasileiras e as convenções internacionais que o Brasil é signatário

A Constituição Federal, na LDB (Leis de Diretrizes Básicas da Educação Nacional),


bem como A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
(Convenção de Nova York), da qual o Brasil tornou-se signatário em março de 2007, ou
a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) no
qual o Governo brasileiro depositou a Carta de adesão a essa convenção em 25 de
setembro de 1992; são dispositivos legais que conferem, ao menos no papel, os direitos
humanos, os direitos das pessoas com deficiências e o papel da sociedade no processo
de inclusão. A Constituição Federal em sua origem já enfoca o tema.

Artigo 208 da Constituição Federal O dever do Estado com a educação será


efetivado mediante garantia de. {...} III- Atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino" V - acesso
aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;1

Cabe destacar o papel das instituições de ensino regidos pela lei do conselho
nacional de Educação, CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001 no qual vale a
pena elencar os principais artigos.. 

Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um


processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e
serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar,
complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais
comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais,em
todas as etapas e modalidades da educação.

Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um


setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e
financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção da educação
inclusiva.

1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1998. Artigo 208. Disponível em: <


https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650040/artigo-208-da-constituicao-federal-de-1988>. Acesso
em: 15 de abril de 2023.
Art. 6o Para a identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos e
a tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, a escola deve realizar, com
assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e aprendizagem,
contando, para tal, com :I - a experiência de seu corpo docente, seus diretores,
coordenadores, orientadores e supervisores educacionais ;II - o setor responsável pela
educação especial do respectivo sistema ;III – a colaboração da família e a cooperação
dos serviços de Saúde, Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do
Ministério Público, quando necessário.

Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na


organização de suas classes comuns:I - professores das classes comuns e da educação
especial capacitados e especializados ,respectivamente, para o atendimento às
necessidades educacionais dos alunos;

III – flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado


prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos
didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos
alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com o
projeto pedagógico da escola, respeitada a freqüência obrigatória;

Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um


setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e
financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção da educação
inclusiva.

Art. 18. Cabe aos sistemas de ensino estabelecer normas para o funcionamento
de suas escolas, afim de que essas tenham as suficientes condições para elaborar seu
projeto pedagógico e possam contar com professores capacitados e especializados,
conforme previsto no Artigo 59 da LDBEN e com base nas Diretrizes Curriculares
Nacionais.

§ 1º São considerados professores capacitados para atuar em classes comuns


com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais aqueles que
comprovem que, em sua formação, de nível médio ou superior, foram incluídos
conteúdos sobre educação especial adequados ao desenvolvimento de competências e
valores para:
I – perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos e valorizar a educação
inclusiva;II - flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento de
modo adequado às necessidades especiais de aprendizagem;III - avaliar continuamente a
eficácia do processo educativo para o atendimento de necessidades educacionais
especiais; IV - atuar em equipe, inclusive com professores especializados em educação
especial.§ 2º São considerados professores especializados em educação especial aqueles
que desenvolveram competências para identificar as necessidades educacionais
especiais para definir, implementar, liderar e apoiar a implementação de estratégias de
flexibilização, adaptação curricular, procedimentos didáticos pedagógicos e práticas
alternativas, adequados ao atendimentos das mesmas, bem como trabalhar em equipe,
assistindo o professor de classe comum nas práticas que são necessárias para promover
a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais.2

3.1 Convenções Internacionais

Uma mudança significativa foi no entendimento da pessoa com deficiência foi realizada
pela Convenção de Nova Iorque. Com o objetivo de adequar a ordem jurídica nacional
às previsões da Convenção, em 06 de julho de 2015 foi editada a Lei n. 13.146, que
instituiu o Estado da Pessoa com Deficiência, também conhecido como Lei Brasileira
de Inclusão, que tratou de reproduzir as principais propostas do tratado. A principal
mudança ou conscientização proposta destaca o modelo social modelo social de
abordagem da deficiência, que necessariamente leva em consideração o meio e a
comunidade.

No caso dos autistas, se torna mais grave os reflexos do comportamento social


que podem levá-los a desenvolver quadros de Alexitimia3, depressão levando-os a crises

2 RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001. Disponível em:<


http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf>.
3 Alexitimia é um termo empregado no diagnóstico clínico de pessoas com acentuada dificuldade ou
incapacidade para expressar emoções e significa " sem palavras para as emoções" . Mas em casos mais
severos podem levar ao a quebra da percepção de sensações do próprio corpo e por fim ao
desenvolvimento de dores crônicas.
graves e até a morte. Fruto da interação social com desenvolvimento de prosopagnosia 4
ou síndromes de dores crônicas.

A mudança da compreensão que, parte da piora ou desenvolvimento de


cormobidades é oriunda do tratamento social em relação ao autista, coloca-se em
evidência a necessidade da mudança de comportamento atitudinal da sociedade e,
principalmente, do ambiente acadêmico no qual ele está inserido. É descrito em ampla
literatura o ambiente educacional como fator importante e que pode ser nada inclusivo
para indivíduos sóciodivergentes.

“Ao abandonar a compreensão da deficiência como algo intrínseco ao


indivíduo, conforme preconizado pelo modelo médico, a CDPD afilia-se ao modelo
social de abordagem da deficiência. Este se caracteriza pelo reconhecimento da
mesma como questão eminentemente social, que atribui responsabilidade pelas
desvantagens dos indivíduos com deficiência não a suas limitações corporais, mas
sim à incapacidade do corpo social em ajustar-se à diversidade. A deficiência é,
assim, uma experiência resultante da interação entre limitações impostas pelo corpo
e as condições da sociedade em que vive.5

3.2 Leis Estaduais Neurodivergências e Autismo

Leis estaduais no Rio de Janeiro concede inclusão a neurodivergentes e pessoas


incluídas no TEA (transtorno do Espectro Autista). A Lei 8192/18 | Lei nº 8192 de 04
de dezembro de 2018. do Rio de janeiro. No seu primeiro artigo obriga as escolas a
disponibilizar, em suas salas de aula, assentos na primeira fila aos alunos com
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH assegurando seu
posicionamento afastado de janelas, cartazes e outros elementos, possíveis potenciais de
distração

“Parágrafo único. É direito do aluno diagnosticado a realizar as atividades de


avaliação e provas durante o ano letivo, em local diferenciado, com o auxílio

4 Propopagnosia é a cegueira facial e pode ter diferentes níveis. Do grupo das agnosias (em que ocorrem
distúrbios na forma como o nosso cérebro processa informação obtida através dos diferentes sentidos), a
cegueira facial é frequentemente um problema detectado ao nascer, mas também pode ser adquirida ao
longo da vida (por exemplo, em casos de lesões cerebrais). Mas pode também ser adquiridas por
neurodivergentes e neurotípicos de acordo com o tratamento social inadequado, assédio moral, ou pelo
ambiente em que se desenvolve, tendo origem social. Portanto pode ser desenvolvida e não inata no caso
dos autistas e neurodivergentes.
5 MEDEIROS, Marcelo; DINIZ, Débora. Envelhecimento e Deficiência. Os Novos Idosos Brasileiros:
Muito além dos 60? Rio de Janeiro: IPEA, 1ª ed., 2004, p. 107-120. Disponível em: . Acesso em 15 jul.
2017.
preferencialmente do Professor Especializado e com maior tempo para a sua
realização”.6 

No artigo terceiro ressalta a importância da formação continuada dos professores


sobre os temas relacionados à escolarização de pessoas com Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade. Além da flexibilização no modelo de ensino conforme
descrito no artigo terceiro.

Art. 3º As escolas das redes pública e privada deverão prever e prover, na


organização de suas classes, flexibilizações e adaptações curriculares que
considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos básicos,
metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação
adequados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades
educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da escola,
respeitada a frequência obrigatória.7 

Outra lei estadual, LEI Nº 14.254, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2021 dispõe


sobre o acompanhamento integral para educandos com dislexia ou Transtorno do
Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem,
incluindo neste rol os autistas. No qual descreve no artigo inicial que é dever do poder
público “desenvolver e manter programa de acompanhamento integral para educandos
com dislexia, Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro
transtorno de aprendizagem”.

No ART 5º escreve que as “Necessidades específicas no desenvolvimento do


educando serão atendidas pelos profissionais da rede de ensino em parceria com
profissionais da rede de saúde”.

3.3 LEI ESPECÍFICA Lei 12.764/12, Lei Berenice Piana

Esta lei é específica para Autistas e institui a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua
consecução.

No artigo terceiro destaca que são direitos das pessoas autistas a vida digna, a
integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o
lazer; o acesso à educação e ensino profissionalizante.

6 Lei 8192/18 | Lei nº 8192 de 04 de dezembro de 2018. do Rio de janeiro. Disponível em https://gov-
rj.jusbrasil.com.br/legislacao/655398170/lei-8192-18-rio-de-janeiro-rj. Acesso em 15 de abril de 2023.

7 Ibid;
Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro
autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art.
2º , terá direito a acompanhante especializado.

No artigo quarto afirma que “A pessoa com transtorno do espectro autista não será
submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou
do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência”.

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