Você está na página 1de 48

 

FARMACOLOGIA VETERINÁRIA 
Valfredo Schlemper 
 
   
 

SUMÁRIO 

LITERATURA  

AVALIAÇÕES  

E­MAIL DA TURMA  

INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA  

Definição  

Histórico da Farmacologia  

Farmacologia  

Conceitos Básicos  

Efeito do Medicamento  

Droga (fármaco, princípio ativo)  

Medicamento  

Remédio  

Substância endógena  

CLASSIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS  

Agonistas  

Antagonistas  

Agonistas Parciais  

AÇÃO E EFEITO FARMACOLÓGICO  

Ação  

Efeito  

Interação de efeito entre drogas  

Sinergismo  

Aditivo ou somação  

Antagonismo  
 

ÍNDICES DE AÇÃO E EFEITO FARMACOLÓGICOS  

Potência  

Eficácia  

Curva Dose­Resposta  

Aplicação  

JANELA TERAPÊUTICA  

FARMACOCINÉTICA  

Principais vias de administração de medicamentos  

Via oral  

Via retal  

Parenterais  

Via intravenosa  

Via subcutânea  

Via intramuscular  

Via intradermal  

Via intraarticular  

Via intracardiaca  

Via intraarterial  

Via raquidiana  

Parenterais transmucosa  

Via sublingual  

Via traquiobronquica  

Via genitourinária  

Via ocular  

Vias tópicas  

Via intramamária  
 

Via de administração e pico plasmático  

ABSORÇÃO  

FATORES QUE INTERFEREM NA ABSORÇÃO  

Influência de alimentos na absorção de fármacos  

DISTRIBUIÇÃO  

Fatores que modificam a distribuição  

Ligação protéica  

METABOLISMO E BIOTRANSFORMAÇÃO  

Metabolismo das drogas  

Fase I  

Fase II  

Fatores que afetam a biotransformação  

INDUÇÃO E INIBIÇÃO ENZIMÁTICA  

Indução enzimática  

Inibição enzimática  

BIODISPONIBILIDADE  

ELIMINAÇÃO OU EXCREÇÃO DE FÁRMACOS  

Excreção  

FARMACODINÂMICA  

RECEPTORES  

TIPOS DE RECEPTORES  

Sítios de ligação do ligante ou pseurorreceptores  

Grandes famílias de receptores ou receptores propriamente ditos  

Famílias de receptores  

Receptores para Neurotransmissores Rápidos (Ionotrópicos)  

Receptores Acoplados a Proteína G (GPCRs)  
 

Mecanismos de Transdução de Sinal  

Via da Adenilato Ciclase/AMPc  

Via da Guanilato ciclase/GMPc  

Via da fosfolipase C/IP​/DAG
3​  

Via do Fator Nuclear κB (NF ­ κB)  

Receptores ligados à tirosina quinase  

Receptores ligados à transcrição genética  

Aula Prática Interativa  

DROGAS QUE ATUAM SOBRE O SISTEMA NERVOSO AUTONOMO  

Sistema Nervoso Autônomo  

Etapas Da Neurotransmissão Colinérgica E A Influencia De Fármacos  

Captação, biossíntese e armazenamento  

Liberação  

Ocupação de receptores  

Metabolização da ACh  

Agonistas colinérgicos (parassimpaticomiméticos)  

Agonistas colinérgicos diretos  

Agonistas colinérgicos indiretos  

DROGAS PARASSIMPATOLÍTICAS  

Efeitos farmacológicos  

Uso clínico  

FÁRMACOS QUE AFETAM OS GÂNGLIOS AUTÔNOMOS  

Estimulantes ganglionares  

Bloqueadores ganglionares = antagonistas nicotínicos  

Fármacos bloqueadores musculares  

Bloqueadores musculares não­despolarizantes  
 

Mecanismo de ação  

Uso  

Interações de drogas com agentes bloqueadores neuromusculares  

   
 

LITERATURA 

RANG. DALE. FLOWER. ​
Farmacologia​
.  

Spinosa. Gorniag. ​
Farmacologia Aplicada À Medicina Veterinária​

Barros. ​
Farmacologia Veterinária​

GOODMAN. GILMAN. ​
The Pharmacological Basis of Therapeutics​

   
 

INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA 

A  farmacologia  possui  origem  etimológica  do  grego,  ​


Phármakon  que  significa 
Lógos​
droga e ​  estudo. 

Definição 
A  farmacologia  é  a  ciência  que  estuda  a  ação  de  substâncias  químicas  em  um 
organismo vivo. 

Histórico da Farmacologia 
Há  relatos  de  1500  a.C.  nos papiros  de Ébers no Egito. Utilizando­se terapêutica 
de várias substancias químicas. 
Dioscórides no século I e II a.C., foi nomeado o pai da Farmácia, onde descreveu 
uma obra com 600 plantas medicinais. Hoje existe a fitoterapia. 
Galeno,  o  pai  da  Fisiologia  Experimenta  escreveu  cerca  de  400  tratados  sobre 
Medicina,  indicando   o   uso  de  extratos  de  plantas  e  outros  produtos  naturais.  Pode  se 
considerar como a homeopatia. 
Avicena  foi  filósofo  e  médico  árabe  que  introduziu  o  uso  da  cânfora  e  da 
noz­vômica. 
Paracelso  introduziu  novos  medicamentos  e  defendendo  o  uso  de  poucos 
ingredientes em suas formulações. 
Hahnemann,  foi  um  médico  Alemão  foi  o  criador  da  homeopatia  terapia  que 
considera que os semelhantes curam­se com semelhantes. 
Magendie introduziu o conceito de investigação sistemática da ação das drogas. 
 

Farmacologia 
A  farmacologia  inclui  o  conhecimento  da  história,  origem,  propriedades 
físico­quimicas, composição, absorção, distribuição, mecanismo de ação. 
A farmacologia é dividida  em ​ farmacodinâmica (grego ​ dýnamis = força) estudo 
o  mecanismo  dos  medicamentos;  a  ​ farmacocinética  (grego  ​ kinetós  =  móvel)  é 
responsável  pelo  estudo  do  caminho  percorrido  pelo  fármaco  no  organismo  animal.  A 
farmacotécnica  esta  relacionada  ao  preparo,  purificação  e  conservação   dos 
medicamentos  com  a  finalidade  de  promover um melhor aproveitamento no organismo. 
A ​ farmacognosia  (grego  ​ gnôsis​),  que  busca   o   conhecimento  da  obtenção  identificação 
e  isolamento  dos  princípios  ativos  passiveis de uso terapêutico. A ​ farmacologia clinica 
esta  relacionada  com  a  analise  clinica  do  medicamento.   A  ​ farmacoterapêutica  diz 
respeito ao uso do medicamento de enfermidades. 
 

Conceitos Básicos 
Dose  é  quantidade  do  medicamento  necessária  para  promover  a  resposta 
terapêutica. Qualquer uso acima do recomendado poderá causar efeitos indesejáveis. 
Dosagem​  inclui a dose, frequência de administração e duração do tratamento. 
Posologia  ​ (grego  ​pósos  =  quanto,  mais)  é  o  estudo  das  dosagens  do 
medicamento com fins terapêuticos. 

Efeito do Medicamento 
A  farmacologia  depende  da  ​ variação  biológica​ ,  onde  cada  indivíduo  é 
individual demonstrando diferentes efeitos.  
A  idade,  fatores  genéticos,  estados  fisiológicos,  patologias  e  interações 
medicamentosas também influenciam o comportamento dos princípios ativos. 
As  ​
reações  idiossincrásicas  (​
idiosicrasia​
)  são  reações  inesperadas,  que  muitas 
vezes  possuem  forte  intensidade  que  podem  levar  o  organismo  ao  óbito.  Não  há  uma 
explicação  plausível  para  o  fenômeno.  É  caracterizada  por  manifestações  de  reações 
alérgicas  (anafilactóides),  depressão  respiratória,  parada  cardíaca,  broncoespasmo, 
estado  de  choque,  dentre  outras  manifestações,  que  ocorrem  em  indivíduos  sem 
histórico clinico deste fenômeno. Em humanos é em uma proporção de 1 para 500.000. 
Na  farmacologia  humana,  deve  se  considerar  os  componentes   psíquicos  e 
culturais do paciente (influencia dos medicamentos e placebo). 

Droga (fármaco, princípio ativo) 
É  qualquer  substancia  química  de  origem  natural  ou  sintética.  Poderão  ser  de 
1
natureza  molecular  simples  ou  complexa,  com  estrutura  química  definida  ou não e que 
pode  ou  não  ter  efeitos  terapêuticos.  As  drogas  se  apresentam  na natureza como um sal 
puro em forma sólida, variando suas cores, com um Peso Molecular (MW) determinado.  
Quanto mais concentrada a solução, maior a sua durabilidade. 
É  capaz  de  produzir  efeito  farmacológico,  ou  seja,  alterações  das  células  e 
modificar a função dos organismos vivos. 
Observação  1:  Os fármacos não criam eventos celulares novos, o que eles  fazem 
é  modular  as  células  positivamente (​ up regulation​ ) ou negativamente (​down regulation​

que  correspondem  os  parâmetros  fisiológicos  de  feed­back  positivo  ou  negativo, 
respectivamente. ​ Up regulation​  → extimulatorio; ​ Down regulation​  → inibitório. 

Medicamento 
É  um  produto  manufaturado  pela  indústria  farmacêutica.  É  um  Principio  Ativo, 
com  um  veículo  e  o  excipiente.  O  veículo  é  a  forma  em que o principio ativo é  a forma 
de entrada no organismo.  
A  estrutura  química  é  bem  definida.  O  medicamento  possui  um  registro  e nome 
fantasia,  que leva  a patente. Podem ser genéricos ou similares. As finalidades podem  ser 
profiláticas, curativas, paliativas, diagnóstico ou evitar gravidez. 

1
 São as que os farmacêuticos conhecem sua estrutura. 
 

Remédio 
É um conceito da medicina e terapêutica popular. São poções. 
São  pletoras  de  substâncias  animais,  vegetais  ou  minerais.  Não  possuem 
comprovação cientifica. Pertencem a rituais religiosos. 
Um  exemplo  é  o  consumo  de  crista  de  galo  para  não urinar na cama. A creolina 
para curar a úlcera. Cerveja preta para cólica. Creme dental para queimadura. 

Substância endógena 
São substâncias que o próprio corpo produz. 
● Os  ​
hormônios  são  substâncias  excretadas  por  glândulas  e  caem  na  corrente 
sanguínea e é levado até o órgão ou tecido alvo. 
● Os  ​
neurotransmissores  transmitem  os  impulsos  nervosos  para  um  nervo, 
neurônio,  tecido  muscular.  São  secretados  pelos  nervos  e  chegam  às  sinapses. 
Antigamente  eram  erroneamente  denominados  como  neurohormônios.  Essa  definição 
não  é  valida,  pois  atua  em  todo o organismo e não somente em um órgão ou tecido alvo 
como os hormônios. 
● Moduladores  químicos  são  produzidos  nas  células  e  participam  de  diversas 
respostas  no  organismo.  Co­transmissores  e  neuromoduladores.  São  responsáveis  por 
melhorar a neurotransmissão. 
 

CLASSIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS 

Agonistas 
São  drogas  endógenas  ou  exógenas,  capazes  de  ativar  um  determinado  de 
receptor.  Isso  decorre  da  sua  atividade  intrínseca,  que   é  um  índice  de  atividade 
farmacológica molecular. 
Exemplo:​  adrenalina, acetil­colina. 

Antagonistas 
São  fármacos  que  impedem  o acesso do agonista ao receptor ou que inibem suas 
ações intracelulares, ou ainda, neutralizam a molécula antes de se ligar ao receptor. 
Exemplo:  ​ propranolol  (antagonista  da  adrenalina  no  receptor),  atropina  
(antagonista da acetil­colina). 

Agonistas Parciais 
Possuem  uma  atividade  intrínseca  que  não  alcança  à  máxima,  assim  a  resposta 
farmacológica também é parcial. São também conhecidos como agonistas­antagonistas. 
Exemplo:  nalorfina  (agonista  parcial  opióide  (receptor  da  morfina),   servindo 
para o tratamento da adicção da morfina). 
 

 
O  agonista  total  ativa  totalmente  os  receptores.  O  agonista  parcial  ativa 
parcialmente  os  receptores.  Já  o  antagonista  não  ativa  os  receptores,  somente  os 
ocupando. Quanto à atividade, o antagonista é mais eficaz do que o agonista parcial.  
O  fármaco  que  estiver  mais  concentrado  irá  eliminar  quem  tiver  menor 
concentração, sendo dependente da dose. 

AÇÃO E EFEITO FARMACOLÓGICO 

Ação 
São  alterações  bioquímicas  e  fisiológicas  que  a  droga  provoca.  As  ações   são  a 
ativação  de  receptores,  ativação  canais  iônicos,  ativação  ou inibição enzimática, síntese 
proteica, ativação de transportadores. 

Efeito 
É  a  consequência  macroscópica  da  ação.  Será  exteriorizado  pelo  animal,  sendo 
também  somatizando.  Como  um  exemplo,  é  a  aplicação  de  um  fármaco  que aumente o 
ptialismo  [sialogoga  (pilocarpina)],  irá  aumentar  a  produção  de  saliva  no  animal.  No 
caso  de  bovinos, aumenta o transporte de bicarbonato para fora da glândula,  carreando a 
água  juntamente.  Sendo  o  transporte  de  bicarbonato  não  visualizado,  enquanto   que  a 
água é visualizada. 

Interação de efeito entre drogas 

Sinergismo 
O  resultado  final  do  efeito  é  superior  ao  somatório  dos  efeitos  individuais.  É 
representado por um resultado exponencial. 

Aditivo ou somação 
O resultado final é soma dos efeitos de cada medicamento. 
 

Antagonismo 
O resultado final é a inibição de um dos fármacos. 
Aula prática:​ Tipos de antagonismo será tratado na aula prática. 

ÍNDICES DE AÇÃO E EFEITO FARMACOLÓGICOS 

Potência 
É  dependente  da  quantidade  de  droga  administrada.  Quanto  mais  droga,  menos 
potente,  enquanto  que  quanto  menos  droga,  mais  potente.  É  uma  relação  inversamente 
proporcional. 

Eficácia 
É  a  capacidade  de  produzir  uma  resposta  máxima.  É  o  índice  que  diz  respeito à 
capacidade de atingir o efeito terapêutico.  
Observação  2:  uma  droga  que é potente, não significa que seja eficaz. O inverso 
também é valido. 

Curva Dose­Resposta 
O  principal  objetivo  é  descrever  a  relação  entre   a  quantidade  do  medicamento 
administrado e a intensidade dos efeitos observados. 
No  eixo  das  ordenadas  (​ x​
)  é  assinalado  a  dose  ou  a  concentração  dos  fármacos, 
dose  é  para  experimentos  ​ in  vivo  (mg),  e  a  concentração  (mg/ml)  para  experimentos  ​ in  
in  vitro​
vitro  (tecidos  isolados,  tecidos  ​ ). Já no eixo  das abcissas (​y​
), é indicado o tipo de 
resposta  ou  efeito  obtido  (analgesia,  sedação  do  SNC,  contração  de  músculo  liso).  A 
curva possui aspecto sigmoidal. 
Quanto  mais  à  esquerda,  mais   potente  é  a  droga,  e  quanto  mais  para  a  direita, 
menos potente a droga é. A curva dose­resposta é um conjunto de experimentos. 
A  curva dose­resposta serve para atingir o DI­50 ou CI­50. O DI­50 ou CI­50 é a 
potência  de  um  fármaco,  calculada  pela  média  dos   experimentos  e  que  significa  que 
todos os animais obtiveram 50% dos efeitos máximos da droga. 
animais  em  estudo  obtiveram  uma  resposta  farmacológica  estimulatória  ou 
inibitória. 
Em  uma  curva  dose­resposta  é  possível avaliar, eficácia (efeito máximo possível 
–  Emax),  quantidade  necessária  para  produzir  50%  do  efeito máximo  (DE­50), calcular 
o índice terapêutico, a potência, avaliar o sinergismo e o antagonismo. 

Aplicação 
É utilizado para avaliar a droga mais indicada. 
 

JANELA TERAPÊUTICA 

● É  o  intervalo  entre  a  dose  eficaz  mínima  e  a  dose  máxima  permitida.  Ou seja, a 


dose  em  que  inicia   a  efeito  terapêutico  até  onde  iniciam  os  efeitos  adversos  para  o 
organismo. 
● Corresponde  a  uma  faixa  plasmática  aceitável  na  qual os  resultados terapêuticos 
são positivos. 
● Intervalo  de  doses  que   vai  desde  o  inicio  dos  efeitos  benéficos  até  o  inicio  dos 
efeitos tóxicos.  
Dentro  da  janela  terapêutica  uma  parcela  da  população  estudada  apresentará 
efeitos  colaterais,  que  são  a  forma  atenuada  dos  efeitos  adversos.  Os  efeitos  colaterais 
são  mais  brandos,  compatíveis   com  a  vida,  ocorrendo  dentro  da  janela  terapêutica.  Os 
efeitos adversos são incompatíveis com a vida. 
Quanto  mais  estreita   a  janela  terapêutica,  mais  perigoso  é  o  medicamento, 
devendo  ser  seguida  a  risca  a  sua  posologia. Os barbitúricos (10mg/kg à 30mg/kg) para 
o  tratamento  da   epilepsia, digitálicos cardíacos para as ICs possuem janelas terapêuticas 
estreitas.  Quanto  maior  a  janela  terapêutica,  mais  seguro  é  o  farmacêutico,  como  as 
aspirinas. 
● Reações iatrogênicas. 
São reações observadas nos pacientes, decorrentes do mal uso dos medicamentos 
por  profissionais  veterinários.  Como  o  exemplo,  a  aplicação  de  veículo  oleoso  por  via 
intravenosa. 
   
 

FARMACOCINÉTICA 

A  farmacocinética  é  o  ramo  da  farmacologia  que  trata  da  introdução  de  um 
fármaco  no  organismo  através  de  uma  via  de  administração,  investiga  os  mecanismos 
absortivos  através  das  células,  trata  da  distribuição  das  moléculas  do  fármaco  nos 
compartimentos  líquidos  orgânicos,  estuda  os  processos  de  metabolização  e  depuração 
sanguínea  dos  compostos  químicos  administrados.  É  uma  verdadeira  viagem  do 
fármaco  em  diferentes  estações  farmacocinéticas  no  organismo.  ​ “Significa  o  que  o 
corpo faz com a droga no organismo”​ . 
O  efeito  de  primeira  passagem  ocorre  no  fígado,  passando  a  depuração  e 
metabolização.  Após  passar  pelo fígado, a droga ou os metabólitos atingem a circulação 
sistêmica. Após atingir a corrente sanguínea, provocará os efeitos fisiofarmacológicos. 

Principais vias de administração de medicamentos 
Não  existe  uma  via  de  administração  ideal  que  seja  uma  via  que  permitisse  um 
efeito  rápido,  com  alta  concentração  no  sítio  alvo,  de  efeito  local  que  permitisse  uma 
alta  eficácia  e  produzisse  os  menores  efeitos  colaterais  possíveis.  Existem  vários  tipos, 
todas  com  limitações.  As  mais  utilizadas  na  medicina  veterinária,  são  as abaixo citadas 
na tabela. 
VIA  PADRÃO  DE  VALOR ESPECIAL  LIMITAÇÕES  E 
ABSORÇÃO  PRECAUÇÕES 
Via oral  Variável;  depende  de  Mais  conveniente  e   
muitos fatores.  econômica  geralmente 
mais segura. 
       

Via oral 
Junto com a via retal, pertence à categoria das vias ditas  digestivas,  onde existem 
grandes  perdas   de  moléculas  de  fármacos,  seja  através  dos  sucos  gástricos,  microbiota 
(principalmente  a  gran  negativa)  e  a  motilidade  gastrointestinal.  Cerca  de  10%  de  um 
fármaco  é   que  escapa  aos  mecanismos  metabolizadores   de  fármaco  pela  via  oral. 
Adicionalmente  tem­se  que  ter  em  conta  que  pela  via  oral  tudo  é  captado  pelo  sistema 
porta,  e  obrigatoriamente  haverá  uma  passagem  pelo  fígado  (​
Primeira  Passagem​
)  o 
que causa uma perda ainda maior. 

Via retal 
É  de  grande  importância  em  substituição  à  via  oral,  as  drogas  serão  captadas 
pelo  plexo  pudendo  e  hemorroidales.  Em  equinos  e  humanos  somente  50%  do  sangue 
 

passa  pela  ​
Primeira  Passagem​
,  os  outros  50%  desemboca na veia ázigos.  Porem terá a 
limitação de que a ampola retal repleta terá grandes perdas. 

Parenterais 
Parenteral  é  um  nome  que  esta  relacionada  com  a  utilização  de  um  fômite. 
Obrigatoriamente  tem  que  haver  a  produção  de  um  punção,  e  a  produção  formar  uma 
solução  de  continuidade  na  pele.  De  qualquer maneira, todas passarão obrigatoriamente 
pela ​
Primeira Passagem​ . A quantidade que chega ao sangue é maior. 

Via intravenosa 
Não  há  absorção  na  intravenosa,  pois  é  depositado  diretamente  na  corrente 
sanguínea.  Não  há  perdas  por  parte  da  absorção.  Os  efeitos  serão  potencialmente 
imediatos.  É  uma  boa  forma  para  uso  em  emergências,  como  na  ressuscitação 
cardiovasculatória.  Geralmente  necessária  para  fármacos  com  altos  pesos  moleculares, 
por  possuírem  dificuldade  de  absorção.  É  adequada  para  grandes   quantidades  de 
medicamentos  administrados. As limitações dessa via é o aumento das concentrações na 
corrente  sanguínea,  podendo  levar  a  intoxicação  do  organismo,  poderá  provocar 
êmbolos ou introduzir microrganismos. Não é apropriada para soluções oleosas. 

Via subcutânea 
A  absorção  é   imediata  com  soluções  aquosas,  ou  lenta  quando  a  solução  é 
oleosa,  que  são  as  apresentações  de  liberação  lenta  (solução  de  depósito).  Essa  via  é 
adequada  para  suspenções  insolúveis.  Existem  ainda  os  pellets,  que  são  utilizados  para 
deposição  de  hormônios  para  realizar  a  sincronização  de  cio  nas  vacas.  Não  é 
apropriado  para  grandes  volumes,  é  uma  possibilidade  de  dor  ou  necrose  por  
substâncias irritantes. 

Via intramuscular 
O  padrão  de  absorção  é  imediato  com  soluções  aquosas.  É  interessante 
administrar  em  massas  musculares  maiores  que  se  movimentam  mais.  Músculos  que 
não  se  movimentam,  terão  uma  absorção  muito  lenta.  É ideal para volumes moderados, 
em  grandes  animais  no  máximo   25   mL,  para  veículos  oleosos  ou  irritantes.  A  sua 
limitação  é  que  deve  ser  evitada  durante  terapias   anticoagulantes,  pode  interferir  no 
resultado de certos exames de diagnóstico. 

Via intradermal 
Visa  obter­se uma pápula em regiões mais superficiais da pele. Muito usado para  
testes diagnóstico. 
 

Via intraarticular 

Via intracardiaca 

Via intraarterial 

Via raquidiana 

Parenterais transmucosa 
A  aplicação  do  fármaco  é  diretamente  sobre  uma  mucosa,  para  que  haja 
absorção ou não para o sangue utilizando­se diferentes formas. 

Via sublingual 

 Via traquiobronquica 

Via genitourinária 

Via ocular 

Vias tópicas 
Quando  o  medicamente  é  aplicado  através  da  pele,  ou  localmente  sobre  uma 
mucosa.  Neste  caso  tem­se  as  apresentações  sobre  a  forma   de  pomadas,  géis,  loções, 
spray,  adesivos  transdérmicos.   Para  as  apresentações  spot­on  ou  pour­on  utiliza  se 
medicamentos  altamente  lipossolúveis  na  gordura  subcutânea  que  tem  a  capacidade  de 
se  espalhar  por  toda   a  capa  de  gordura  corporal.  É  muito  utilizado  em  anti­parasitários 
para ectoparasitas. 

Via intramamária 
Utilizada  usualmente   para  o  tratamento  de  mastites,  sendo  depositada 
diretamente   na  cisterna  galactófara.  É  necessário  para  haver  uma  boa  penetração  do 
fármaco,  massagens  no sentido da glândula de no mínimo de 10 minutos, em associação 
com detergentes, ou aplicação de ar em algumas situações. 

Via de administração e pico plasmático 
A  via  intravenosa  ocorre  imediatamente  o  pico  plasmático,  decaindo   de  forma 
aguda.  Já  na  via  intramuscular,  a  ocorre  em  pouco  tempo  o  pico  plasmático,  decaindo 
mais  lentamente.  A  via   subcutânea  o  pico  ocorre  em  aproximadamente  no  dobro  do 
tempo da via intramuscular mas mantendo um decréscimo lento. 
   
 

ABSORÇÃO 

Refere­se  ao  movimento  da  droga  de  seu  local  de  administração  à  circulação 
através de barreiras celulares (MC).  
1 camada → membrana celular de 1 célula (endotélio vascular). 
2 camadas → 2 camadas celulares (Epitélio Gastro­Intestinal; Epitélio Renal). 
7 camadas → pele. 
A absorção poderá ser por: 
Difusão  simples  através  da  bicamada  lipídica:  a  droga  deve  ser  altamente 
lipossolúvel,  estando  na  forma   apolar  com  a  molécula  inteira  (não­ionizada).  A 
molécula  pode  ser  dividida  em  várias  frações,  como  ativa,  lipossolúvel,  estrutural, 
dentre  outras.  A  fração  ativa  é  denominada  como  ​ Ponto  Quiral  da  molécula.  Quanto 
mais  inteira  a  molécula,  mais  facilmente  irá  passar  pela  barreira  celular.  Estes 
pré­requisitos  associados  a   uma  força  motriz  que  é  o resultado da soma do gradiente de 
concentração  mais  o  gradiente  de  difusibilidade  (grau  de  agitação  molecular)  da 
molécula.  Quanto  maior  o  gradiente  de  concentração,  maior  é  a  probabilidade  do 
choque  entre  as   moléculas,  gerando  energia  cinética  que  impulsiona  as  moléculas 
através da bicamada lipídica. 
Difusão  através  dos  poros  da  membrana:  canais  de  aquaporina,  são  espaços 
intercelulares,  principalmente  em  mucosas,  facilitam  o  transporte  de  CO​ .  Geralmente 
2​
existe uma cinética da água juntamente. 
Difusão  facilitada:  é  um  tipo  de  transporte  especializado  por  transportador 
geralmente  unidirecional,  respeitando  diferentes  gradientes a cada lado da membrana. É 
sem  gasto  de  energia.  Serve  para  transporte  de  aminoácidos,  açucares, 
neurotransmissores  e  íons  metálicos.  Para  drogas  exógenas,  não  é  muito  útil.  É  um 
transporte não saturável, quanto mais ativo, mais eficiente ele se torna. 
Transporte­ativo​  – este pode se dar por dois processos: 
Carreadores:  ​ um  clássico  é  do  sódio  e potássio, que pode transportar digitálicos 
cardíacos.  Ocorre  um  alto  gasto  de  energia  (ATP),  sendo  controlado  por  hormônios, 
como anabolizantes (testosterona), sendo saturável. 
Endocitose  /  Exocitose  (pinocitose):  epitélio  pulmonar  ocorre  o  fenômeno  de 
endocitose.  Ocorre  o  englobamento  da  molécula,  formando  um  corpúsculo  de  inclusão 
entre  a  membrana  celular  e  a  molécula  da  droga.   O  corpúsculo  de  inclusão  migra  pela 
célula  através   da  ação  de  neurotransmissores,  como  o  VEGF  e  o  EGF.  O  VEGF  é  um 
neurotransmissor  que  é o Fator de Crescimento do Endotélio e Epiderme, como também 
o  EGF  é  o  Fator  de  Crescimento  Epidermal.  Através  da  ação  do VEGF e EGF ocorre a 
extrusão da molécula da droga da célula. 

FATORES QUE INTERFEREM NA ABSORÇÃO 
➢ Concentração ou dose:​
 quanto maior a dose, maior e mais rápida a absorção. 
 

➢ Solubilidade:  quanto  mais  apolar  e  lipossolúvel,  mais  rápida  a  absorção.  Um 


exemplo  são  os  barbitúricos  injetáveis  e  anestésicos  inalatórios  são  altamente  
lipossolúveis  e  chega  a  interferir  na  distribuição  na  corrente  sanguínea,  ou  seja, em um 
indivíduo  obeso  esses  fármacos  serão  sequestrados  da  corrente  sanguínea  rapidamente 
pelo  tecido  adiposo,  até  haver  a  distribuição  homogênea.  Enquanto  que  no  individuo 
magro, os efeitos centrais serão muito mais rápidos. 
➢ Difusibilidade: 
➢ Área  absortiva: quanto maior a área em metros cúbicos (m³) maior é a absorção 
no  local.  Como  um  exemplo,  a  maior  área  absortiva  nos  organismos,  é  o  tecido 
intestinal, o segundo maior são os pulmões. 
➢ Circulação  no  local:  quanto  mais  vascularizado  e  vasodilatado um tecido, mais 
rápida  e  intensa  é   a  absorção.  A vasodilatação pode ser controlada por processos físicos 
ou  químicos.  Como  exemplo,  pode  citar­se  as  massagens  da  pele  para  aumentar  a 
absorção  de  pomadas;  ou  os   anestésicos  locais,  que  geralmente  são  associados  a 
vasoconstritores para serem liberados lentamente para a circulação, por serem tóxicos. 
➢ Relação pH/pKa:​  ***** 
opKa:  corresponde  ao  pH  da  droga.  Comercialmente  asa  drogas  podem estar sob 
duas  formas,  sendo  bases  fracas  ou  ácidos  fracos,  que  se dissociam diante de  um pH  
contrário,  ou  seja,  as  drogas  ácidas  se  ionizam  em pH alcalino e as drogas básicas  se 
ionizarão  em  pH  ácido.  A  faixa  de  pKa  varia  em  uma  escala  de  0  a  12,  tanto  para 
ácido  fraco   como  para  base  fraca.  Quanto  menor  o  pKa  de  um  ácido,  mais  ele  se 
ioniza  num  pH  alcalino,  quanto  maior  pKa  de  um  ácido,  mais  resistente  ele  é  em 
meio  alcalino.  Já  quanto   maior  o  pKa  de  uma  base  fraca,  mais  sensível  a  ionização 
em  pH  ácido,  e  quanto  menor  o  pKa  de  uma  base  fraca,  mais  resistente ela é em pH 
ácido.  Assim  drogas  ácidas  são   melhor  absorvidas  em  pH  ácido,  e  drogas  básicas 
melhor  absorvidas  em  pH  alcalino.  O  inverso  causara  a  ionização   das  drogas  e 
diminuindo a absorção. 
Obs  1:  A  ionização  não  é  sinônimo  de  perda  de  efeito  de  uma  molécula  no 
plasma,  pois  essa  molécula  terá  condições  via  corrente  sanguínea  de  chegar  até  seu 
receptor alvo, ou então encontrar carreadores especializados de transporte ativo. 

Influência de alimentos na absorção de fármacos 
Os  alimentos  interferem  no  processo  absortivo  de  várias  maneiras:  ou  são 
mesclados  a  grande  quantidades  de  bolo  alimentar,  que  podem  acelerar  a  motilidade 
gastrointestinal  e  ficar  pouco  tempo  nas  regiões  absortivas,  pode  alterar  o  pH  da  luz 
gastrointestinal,  facilitar   a  produção  e  liberação  de  sucos   digestivos  metabolizantes  de 
fármacos.  É  recente  a  exigência  em  bulas  pelas  agencias  regulamentadoras da indústria 
farmacêutica  (FDA,  MAPA)   da  indicação  da  interação  com  alimentos  do  fármaco  em 
questão.  
 

Obs  1:  Alguns  fármacos  tem  uma  indicação  de  administração  durante  o 
arraçoamento  ou  fora  dos  momentos  de  alimentação,  que  poderão  ter  sua  absorção 
aumentada ou diminuída dependendo do caso.  
Como  exemplos,  o  álcool  associado  com  proteínas,  glicídios  e  gorduras  possui 
diminuição  na  sua  intensidade  de  absorção,  com  o  mecanismo  de  retardo  no 
esvaziamento  gástrico.  Os   agentes  microbianos  associado  com  sais  de  cálcio,  ferro  e 
magnésio  possui  diminuição  da  absorção,  com  o  mecanismo  do  complexo  químico 
precipitável.   A  griseoflulvina  associada  a  gorduras  aumenta  sua  absorção,  através  da 
liposolubilidade.  Ácidos  fracos   como  o  ácido  acetilsalicílico  e  barbitúricos,  associado 
com  dietas  proteicas  possuem  diminuição  na  absorção,  através  do  mecanismo  do 
aumento do pH. 

DISTRIBUIÇÃO 
A  distribuição  é  uma  diluição  multi­compartimental  da  droga  em  diferentes 
compartimentos  líquidos  orgânicos.  De   uma  maneira  mais  grosseira,  a  agua  total  do 
organismo  está  assim  dividida:  a)  água  plasmática  (5%);  b)  água  intersticial  (16%);  c) 
água  transcelular  (2%),  geralmente  estão  em  sistemas  circunscritos,  como  o  sistema 
linfático,  liquido  peritoneal,  liquido  cefalorraquidiano,  liquido  sinovial,  humor  aquoso; 
d) água intracelular (35%); e) gordura (20%). 
Obs  1:  os  fármacos  em  maior  ou  menor  intensidade  transitam  entre  esses 
compartimentos.  Dentro  deles  eles  se   apresentarão  em  duas  formas,  as  moléculas  dos  
fármacos  estarão  ligadas  (sequestradas  pelos  chamados  “Scavenger”  e  neutralizadas 
na sua ação), ou ainda as moléculas do fármaco estarão sob a forma livre.  
Os  fatores  dependentes  são  a  lipossolubilidade  e  do  grau  de  ionização da droga, 
o  tamanho  da  molécula  ou  complexo  droga­proteína,  o  pH  local,  a  vascularização  do 
tecido,  grau  de  hidratação.  Quanto  mais  hidratado  um  organismo,  mais  o  fármaco  se 
dilui  dentro  dos  compartimentos,  isso  atrapalha  a  chegada  das  moléculas  ao  órgão alvo 
em  concentração  ideal.  Em  casos  de  hiper­hidratação,  são  raros,  mas  um  caso  mais 
clássico  é  a  intoxicação  hídrica  que  acontece  nos  ruminantes  nas  pradarias  americanas, 
durante  a  migração  dos  grandes  rebanhos  dos  bovinos  e  bisões  com  privação de água e 
o  primeiro  contato  do  animal  é  muito  ávido  e  eles  perdem  a  regulação  da  saciedade, 
ingerindo  grandes  quantidades   além  do  fisiológico  que  provoca  uma  expansão  do 
 

compartimento  plasmático,  as   hemácias  incham  e  sobrevém a hemólise. Outro exemplo 


clássico de hiper­hidratação é um erro teratogenito na fluidoterapia.  
Em  casos  de  desidratação as moléculas dos fármacos concentram­se em demasia 
nos  compartimentos  sobrevindo  efeitos  adversos  ou  tóxicos  dos  fármacos. 
Principalmente com os de janela terapêutica estreita.  
Os  órgãos  a  primeiro  receberem  o  fármaco  é  o  coração,  fígado,  trato  digestivo, 
rins,  cérebro  e  órgãos  com  maior  perfusão,  com  mais  de  0,5  L/Kg/min. já os músculos, 
algumas  vísceras  e  tegumentos  com  média  perfusão  com  menos  de  0,5  L/Kg/min.  O 
tecido adiposo possui perfusão baixa  com 0,02 L/Kg/min. No SNC pode ficar inflamado 
ou não. 

Fatores que modificam a distribuição 
Os  fatores  que  modificam  a  distribuição  são  relacionados  com  o  organismo  do 
paciente  são  a  estrutura  da  célula,  via  de  administração,  mecanismo  absortivo,  pH  do 
meio,  local  de  absorção,  tipo  de  transporte,  ligação  à  proteínas  plasmáticas,  barreiras 
celulares,  propriedades  e  funções  das membranas em torno das células  e suas organelas, 
grau  de  hidratação,  metabolização,  genética,  idade,  estados  fisiológicos  especiais, 
estados patológicos, estresse, hormônios. 
Os  fatores  relacionados  ao  medicamento  são  a  estrutura  química,  propriedades 
físico­química,  estado  físico  (As  formulações  líquidas  são  mais  rapidamente 
distribuídas,  por serem mais rapidamente  absorvidas. Já as formulações sólidas são mais 
tardiamente   distribuídas,  por  possuírem uma absorção mais lenta. As moléculas tem que 
ser  primeiro  dissolvidas  para  depois  serem  diluídas  para  se  distribuírem),  estabilidade, 
solubilidade,  difusibilidade  (diz  respeito  ao  choque  entre  as  moléculas),  grau  de 
ionização,  interação  com  outros  fármacos  (no  interior  dor  organismo  animal,  ocorrem 
grandes  interações  medicamentosas  dos  mais  variados  tipos  que  vão  desde  interações 
farmacocinéticas,  interações  de  neutralização  química,  interações  de  depuração  no 
organismo  onde  uma molécula pode aumentar ou diminuir o efeito final de um fármaco, 
como  exemplo,  o  motivo  pelo  qual  a  aspirina  intensifica  os  efeitos  de  anticoagulantes 
orais  ou  sistêmicos),  veículos  adicionados  ao  medicamento  (podem  retardar  ou 
aumentar a distribuição). 
 

Ligação protéica 
Somente  a  droga  livre  é  capaz  de  cruzar  as  membranas  celulares  ou ligar­se aos 
sítios  receptores  e,  consequentemente,  elicitar  efeitos  farmacológicos.  As  albuminas  e 
globulinas são as principais proteínas plasmáticas. 
Lembrar:  a  redução  da  ligação  proteica  de  uma  droga  em  consequência  de 
doenças  (hipoalbuminemia,  uremia)  ou  de   deslocamento  por outra droga, aumenta sua 
fração livre (quantidade da droga acessível aos locais de ação). 
Com  a  caquexia  ocorre  um  aumento  da  fração  livre  das  proteínas  plasmáticas. 
Um  exemplo  é  se  a  ligação proteica de uma droga é 98% e sofre uma  redução então sua 
fração  livre  duplicará  de  2%  para  4%.  Podem  ocorrer  problemas  de  ataxia,  pressão 
ocular, pressão arterial. 

METABOLISMO E BIOTRANSFORMAÇÃO 
Diz  respeito  ao  processo  de  metabolização  de  substâncias  consideradas 
xenobióticas ou não.  
É  a transformação do fármaco em outra (s) substância (s), por meio de alterações 
químicas,  geralmente  sob  ação  de  enzimas  inespecíficas.   A  biotransformação  ocorre 
principalmente  no  fígado,  nos pulmões, plasma, trato gastrointestinal, no tecido nervoso 
(menos).  O  fígado  é  responsável  pela  metabolização  de  até  95%  dos  fármacos  do 
organismo.  O  trato gastrointestinal é responsável pela metabolização através de enzimas 
microbianas  e  também  possui  circulação  enterro­hepática.  O  tecido  nervoso  é  o  tecido 
que menos sistema enzimático possui. 
Esse  metabolismo  é  relevante  a  todas  as  substancias  exógenas.  É  uma  grande 
área  de  investigação/desenvolvimento.  Frequente  causa  de  falha  do  tratamento,  como 
falhas  de  complementação,  falha  sem  alcançar  um  nível  efetivo,  produzir  efeitos 
tóxicos,  interações  de  medicamentos.  Entende­se  as  diferentes  formas   de  dosificação 
disponíveis. 
As  moléculas  dos  fármacos   são  processadas  por  enzimas  desenvolvidas  para 
enfrentar  os  compostos  naturais.  As  ações  dos  fármacos  podem  aumentar  ou  diminuir 
ou  não  sofrer  alterações.  A  variação  individual  é  determinada  geneticamente.  Pode não 
terminar  a  ação  dos  fármacos/toxicante.  Não  é  constante  –  pode  ser  trocado  por  outros 
fármacos: é básico para muitas interações medicamento­medicamento. 
 

As  oxidases  de  função   mista  são   dependentes  do  citocromo P450. O fígado é do 


sistema  de  primeira  passagem.  As  oxidades formam um microssomas, que seu conjunto 
é  chamado  de  Sistema  Microssomal  Hepático.  O  principal  sistema é da superfamília  do  
citocromo P450 é a CYP, onde a CYP3A metaboliza até 50% das drogas. 
As  CYPs  estão  infiltradas  na bicamada fosfolipidica do reticulo endoplasmático. 
Uma  segunda  enzima  (NADPH­Citocromo  P450  óxido­redutaze)  trabalha  em  conjunto 
com  as  CYPs,  transfere  elétrons  para  a  CYP,  onde  ele  pode,  na  presença   de  oxigênio 
oxida  substratos  xenobióticos,  muitos  dos  quais  são  hidrofóbicos  e  dissolvidos  no 
reticulo  endoplasmático.  Esta  última  enzima  transfere  elétrons   para  todas  as  isoformas 
CYP,  cada  CYP  contém  uma  molécula  de  Fe­proto­porfirina  que  tem  a  função  de 
ligar­se  e  ativar   o   oxigênio  que  promovera  o  processo  de  oxidação­redução  das 
moléculas do fármaco, neutralizando­as. 

Metabolismo das drogas 
De  um  modo  geral,  o  metabolismo  é  dividido  em  duas  fases. Uma droga poderá 
passar  diretamente   para  a  Fase  2,  estando  pronta  para  ser  eliminada.  Quando  passando 
pela  Fase  1,  poderá   formar  um  metabólito  da  droga  com  atividade  modificada,  ou 
metabólico  inativo  da  droga,  sendo  que  estas  duas  formas  podem  ser  conjugados  na 
Fase  2,  para  então   ser  eliminados.  Um  terceiro  metabolismo,  a  droga  não   passa pelas 2 
fases  e  sendo  eliminada   intacta.  A  tendência  é  transformar  algo  lipofílico  em 
lipossolúvel. 

Fase I 
Na  Fase  I  ocorre  a  oxidação,  redução  e  hidrólise,  formando  um  derivado  (ativo 
ou não). Na maioria das vezes ele passará pela Fase II. 
Resultam  em  produtos,  em  geral,   mais  reativos  quimicamente  e,  portanto, 
algumas  vezes  mais  tóxicos  ou  carcinogênicos  do  que  a  droga  original.  Preparam  a 
droga para sofrer a reação de Fase II. 
As  reações  de  Fase  I   criam  um  sítio  para  a  oxidação  de  Fase  (adicionando 
oxigênio).  Geralmente  1  hidroxila  leva  à  funcionalização.  Pró­droga  ou  pré­droga. 
Algumas vezes já ocorre inativação da molécula nessa fase. 
 

Fase II 
Nesta  fase,  compreende  a  reações  de  conjugação.  Resultam  normalmente  em 
compostos  inativos,  mais  polares,  maiores  e  mais  excretáveis. Ocorre o acoplamento de 
um  grupo  da  um  sitio  de  conjugação  existente  (ou  formado  na  Fase  I).  As conjugações 
com  ácido  glicurônico,  sulfato,  acetil,  glutamil,  metil,  dentre  outros.  Altera a  atividade, 
se faz menos lipossolúvel e se excreta. 
A  aspirina  sofre  a  Fase  I  no  fígado,  onde  ocorre  a  adição  de  uma  hidroxila, 
ocorrendo  a  sua  funcionalização.  A  aspirina  é  uma  pré­droga,  não  exercendo  sua 
função.  Após a funcionalização, a aspirina torna­se Ácido Salicílico.  Na Fase  II ocorre a 
conjugação  do  Ácido  Salicílico  com  o  ​
glicuronil​
,  com  uma  molécula  pesada,  que  a 
partir dai será eliminado pela urina. 
Alguns  fármacos  pré­drogas  que  produzem  metabólitos  ativos  ou  tóxicos  são  a 
prednisona  e  o  enalopril.  Dos  pré­ativos,  o  diazepam,  morfina,  paracetamol,  alotano 
geram metabólicos tóxicos.  

Fatores que afetam a biotransformação 
A  idade  reduz a biotransformação em idosos e jovens. Outro fator é o sexo, onde 
as mulheres são mais sensíveis ao etanol.  A espécie altera a biotransformação, como nos 
cães  a  fenilbutazona  possui  vida  média  de  3  h,  enquanto  que  no  coelho 6 h, cavalo  8  h, 
macaco  18  h,  rato  36  h.  A  rota  de  biotransformação  também  pode  modificar.  A  raça 
influencia  também,   como  nos  humanos  acetiladores  rápidos  e  lentos  da  isoniazida, 
rápido  =  95%,  esquimó  50%,  britânicos  13%  e  finlandeses  13%.  A  condição  clinica 
e/ou fisiológica também interfere. 
ANIMAIS DOMÉSTICOS COM DEFEITO EM DETERMINADAS REAÇÕES DE 
CONJUNÇÃO 
Espécie  Reações de conjugação  Estado de reação de síntese 
Gato  Síntese de glicuronídeo  Presente, porém taxa baixa 
Cão  Acetilação  Ausente 
Suíno  Conjugação com sulfato  Presente, porém, de pouca extensão 

INDUÇÃO E INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 
Existem  categorias  de  fármacos  que  tem  a  capacidade  de  estimular  acima  do 
basal  os  processos  metabolizantes  e  outras  categorias  capazes  de  inibir  esses  processos 
enzimáticos.  No  caso  da   indução  teremos um aumento na geração de metabólitos ativos 
 

ou  não. Já na teremos uma diminuição de metabólitos ativos ou não. Em ambos os casos 
haverá  consequências  sobre  a  intensidade  do  efeito  final.  Solventes,  anestésicos 
voláteis,  radiações  atômicas  influenciam  na  inibição  enzimática.  Os  solventes 
industriais, lança­perfumes aumentam a indução enzimática. 
“A  indução enzimática é como um despertar dos sistemas enzimáticos a partir da 
síntese  proteica.”  A  estimulação  da  atividade  das  enzimas  microssomais  por 
medicamenteos   e  outras  substancias  representa  importante  problema  clinico,  como  no 
caso  dos  tratamentos  antimicrobianso.  Drogas  tais  como  analgésicos, 
anticonvulsivantes,  hipoglicemiantes  orais,  sedativos  e  tranquilizantes  estimulam  a  sua 
própria biotransformação e a de outras drogas. 

Indução enzimática 
Aumenta  a  velocidade  de  biotransformação  hepática  da   droga,  aumentando 
também  a  velocidade  e  produção  dos  metabólitos,  como  também  a  depuração 
plasmática  da   droga.  A   indução  enzimática  diminuía  a  meia­vida  sérica  da  droga.  Ao 
diminuir  a  meia  vida  plasmática,  as  concentrações séricas da droga livre e total também 
será  diminuída.  Os  efeitos  farmacológicos  são  também  serão  diminuídos  caso  os 
metabólitos  forem  inativos.  Um  indutor  pode  estimular  ativamente  a  síntese  de  uma 
enzima ou mais enzimas. O citrocromo P450 é rapidamente induzido por muitas drogas. 

Inibição enzimática 
A  inibição  das  enzimas  microssomais,  diminui  a  velocidade  de  produção  de 
metabólitos,  depuração  total,  aumentando  a  meia  vida  da  droga  no  soro,  as 
concentrações  séricas  da  droga  livre  e  total,  aumentando  assim  também  os  efeitos 
farmacológicos. 

BIODISPONIBILIDADE 
É  a  proporção  de  uma  dose  administrada  que  atinge  ao  órgão  alvo,  sendo  a 
quantidade  real que escapa aos mecanismos Metabolizados/Sequestradores de fármacos. 
mg​
Para cada 10 ​ mg​
 de aspirina, somente 1 ​  chega a fazer o efeito. 
Os  fatores  que  interferem  são  a  velocidade  e  magnitude  de   absorção  do  droga; 
scavengers​
ligação  as  proteínas  plasmáticas  (​ );  e  a  fração  de  droga  que  sobrea  após  a 
metabolização.  Como   um  exemplo,  numa  administração  I.V.  5  ​
mg  de  Propranolol  é 
 

mg​
eficaz,  já  na  via Oral são necessários de 40 a 80 ​ . Usualmente para administração por 
via oral, se usa 10 vezes o que seria utilizado na via I.V. 
Observação  1:  a  biodisponibilidade  é  calculada  a  partir  de  curvas  de 
biodisponibilidade em função do tempo nos diferentes líquidos orgânicos. 
Observação  2:  a  curva  de  biodisponibilidade  determina  a  meia­vida   de  uma 
droga no sangue ou de outros compartimentos líquidos. 
A  curva  de  biodisponibilidade  permitem  o  calculo  de  posologia  de um fármaco, 
onde  é  possível  visualizar  a  meia­vida,  a  dose  administrada,  o  intervalo  entre  doses  e 
consequentemente a duração do tratamento. 
Quando  aplicamos  um  medicamente,  e  são  aplicados  os  cálculos  de 
biodisponibilidade,  aplicando  a  posologia,  a  curva  de  biodisponibilidade, 
apresentar­se­á  com  aspecto  sigmoidal oscilatório, dentro desta faixa de oscilação está a 
concentração  plasmática  média  que  deverá  manter  os  níveis  ideias  de  fármaco  na 
circulação apesar dos metabolismos metabolizadores e sequestradores. 
A curva de biodisponibilidade é influenciada pela resposta clínica, a definição da 
posologia,  junto  com  os  testes  farmacodinâmicos,  via  de  administração,  estado  geral 
(nutricional e doenças) do paciente. 

ELIMINAÇÃO OU EXCREÇÃO DE FÁRMACOS 
A  eliminação  das  drogas  pode  ser  por  modificação  metabólica  ou  por  excreção 
(predominantemente renal). 
A  remoção  de  uma  droga  do  organismo  é  quantificada  como  seu  ​
clearance  ou 
depuração,  expresso pelo volume do plasma do qual a droga é completamente  eliminada 
por  unida  de  tempo  (ex:  mL/min).  Deve  se  ter  cuidados  com  interações 
medicamentosas,  como  a  bromadecida  diminuía  a excreção e eliminação de penicilinas. 
Deve  se  ter  cuidados  com  a  cimetidina,  propranolol  e  lidocaína,  afetam  o  ​
clearance 
renal.  

Excreção 
Os  órgãos  emunctórios  são  os  renais  (rins),  biliar  (através  da  circulação 
enterro­hepática,  as  drogas  submetidas  a  esta  circulação  possuem  longos  intervalos 
entre  as  administrações),  pulmonar  (além  de  possuir  os  sistemas  enzimáticos,  é  um 
 

órgão  excretor)  e  glândula mamária (excreta pelo leite, e proporciona o fornecimento de 


subdoses, assim aumentado o aumento da resistência). 
Excreção Renal (pela urina) 
O  ​
clearance  dependerá  diretamente  do  volume  plasmático  circulante  que 
determina  a  pressão  de  filtração  glomerular  e  também  da  atividade  dos  carreadores 
peri­tubulares responsável pela secreção ativa dos fármacos para o filtrado. 
Obs 1: na urina alcalina os ácidos fracos são mais facilmente excretados.  
Obs  2:  Já  na  urina  ácida  os   fármacos  classificados  como  base  fraca  serão  melhor 
excretados. 
Obs  3:  Essas  duas  abordagens  anteriores,  são  importantes  condutas  terapêuticas 
utilizadas  em  emergências,  acidificação  aplicação  de  citrato  de  sódio,  alcalinização 
aplicação de bicarbonato de sódio. 
As  moléculas  dos  fármacos   apolares,  de  alto  peso  molecular  chegam  ao 
interstício  renal.  As  moléculas  do fármaco chegam ao interstício renal pela vasa­recta, e 
seguindo  o  mecanismo  “de  contra  corrente”  (vide  fisiologia),  a  medida  que  penetra  na 
medular  os  sangue  é  o  plasma   é  atraído para o interstício juntamente com as  moléculas. 
Dai  estes  compostos  terão  que  sofrer  transporte  ativo  para  serem  secretados  pela  luz 
tubular  e  incorporados  à  urina.  A  maior  parte  das  substancias  é  secretada  nos  túbulos 
proximais.  Numerosas  substâncias também podem ser reabsorvidas pelo epitélio tubular 
e liberadas no liquido intersticial. 
   
 

FARMACODINÂMICA 

A  farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológico das drogas e 
seus mecanismos de ação. 
Os objetivos da farmacodinâmica são diversos, como: 
a. Identificar efeito primário. 
Envolve  os  estudos  pré­clínicos  com  animais,  levando  de  5  a  10  anos.  Os testes 
in  vivo​
básicos,  ​ in  vitro​
,  ​ ,  testes  de   dor  e  inflamação,  testes  de  órgãos  /solados, controle 
de células. 
Descobre a categoria (analgésica) 
b. Delinear interações químicas e físicas entre droga e célula. 
Nesta  etapa  são   analisados  vários  testes,  com  o  Wstern­blot,  PCR,  Transfecção 
de Receptores, Biologia Molecular, dentre outros. 
Qual é o sitio de ligação da droga (sítios dos receptores na medula espinhal) 
c. Caracterizar a sequência proteica, campo de ação e efeitos completos. 
Técnicas  de  DNA  recombinante,  microarray,  proteosomal,  metabólica,  analise 
computacional. 
Descobre  que   a  droga  se  liga  na  subunidade  S4  (arg­met­tau­fe)  do  receptor 
opióide. 
Ocorre  a   descoberta  de  um  fármaco  de  0  a  2  anos,  do  ano   2   ao  6  são realizados 
os  testes  pré­clinicos,  do  ano  6  ao   8   ocorre  os  testes  Fase  I  Clínica,  do  ano  8  ao  10  é a 
Fase  II  Clínica,  do  ano  10  ao  14  é   a  Fase  III Clínica, do ano 14 ao 15 ocorre o Registro 
FDA,  e  do  ano  15  ao  16  ocorre  o  Pós­Marketing.  Dos  inicios  dos  estudos  até  a 
prateleira, leva 16 anos para a elaboração dos medicamentos. 

RECEPTORES 
São  componentes  macromoleculares  de  origem  proteica,  de  localização 
membranal,  citoplasmática,  organelar  ou  nuclear,  responsáveis  pela  ligação  da  droga  à 
célula. 
Os  receptores   compreendem  uma  classe  de  proteínas  especializadas  no 
reconhecimento de moléculas e na transdução de sinais celulares. 
 

TIPOS DE RECEPTORES 

Sítios de ligação do ligante ou pseurorreceptores 
Estão  localizados   em  qualquer  local  da  célula.  Não  possuem  neurotransmissor 
endógeno, são descobertos ao acaso. 
Alvo  Exemplo  Droga 
2 2+​ +​ +​ ­ +
Canais  iônicos  ROC   e  Ca​ , Na​ , K​, Cl​
  Xilocaína – Na​ 
3 2+
VOC   Verapamil – Ca​  
Enzimas  Acetilcolinesterase  Oganofosforados 
Enzima  conversora  de  Captopril 
angiotensina 
+​ +​
Carreadores  Na​/K​  ­ ATPase  Ouabaína 
Receptador tipo I  Cocaína 

Grandes famílias de receptores ou receptores propriamente ditos 
Possuem  neurotransmissores  que  se  ligam,  cada  subtipo  origina­se  de  genes 
ancestrais  comuns.  O  desenvolvimento de fármacos é baseado na analise computacional 
in  silico​
do  neurotransmissor  (​ ).  O  maior  número  de  medicamentos  do  arsenal 
terapêutico se destina para esse grupo de receptores. 

Famílias de receptores 

Receptores para Neurotransmissores Rápidos (Ionotrópicos) 
São grandes proteínas que  ultrapassam os limites da membrana, tanto extra como 
intracelularmente.  São  compostos  geralmente  por  cinco  subunidades:  duas subunidades 
α,  as  mais  altas,  de  ligação  do  ligante;  três  subunidades β γ Δ, que são conformacionais 
4
ou  alostérias ​
.  Na  realidade,  estes  receptores  são  canais  iônicos  modificados  que  uma 
vez  ativados  promovem  um  influxo   iônico   dezenas  de  vezes  superior  ao  basal, 
resultando  numa  resposta  excitatória  (despolarização)  ou  uma  resposta  inibitória 
(hiperpolarização) na membrana pós­sinaptica. 
As respostas fisio­farmacológicas geralmente são rápidas, questão de segundos. 
Alguns exemplos são: 
Receptor  nicotínico  da  acetil­colina:  ​
descoberto  pelo  Mr  Henry  Dale.   Promove 
um  influxo  de  íons  de  sódio,  despolarizando  a  pós­sinapse  da  junção  muscular 
esquelética. 

2
  
3
  
4
 São movimentações moleculares proteitas.  
 

Receptor GABA​
A  do  GABA:  o  GABA promove um  influxo  de  cloreto para  dentro 

das células de vigília, resultando no inicio do sono. 
Receptor  NMDA  do  Glutamato:  é um dos poucos casos de canais iônicos biíons, 
causando  o  influxo  de sódio e cálcio, atuando no sistema mesolímbico de aprendizagem 
e memória a longo prazo. 

Receptores Acoplados a Proteína G (GPCRs) 
Esses  receptores  possuem  a  transdução  de  sinal  que  envolva  a  síntese  de  
segundos mensageiros intracelulares. Um dos segundos mensageiros são o AMPc. 
Os componentes do sistema são divididos em quatro etapas. 
Proteína  G:  ​
são  moléculas  triméricas  (GαGβGγ)  que  se  ligam  ao  GTP  e  GDP. 
São  inativas  na  membrana,  quando  ligadas  ao  GDP  e  sendo  ativadas quando ligadas ao 
GTP.  Possuem  atividade  GTPásica.  Realiza  a  transmissão  do  sinal  para  o  interior  da 
célula.  
Obs  1:  é  um trímero inativo acentado na membrana celular. É composta de uma 
subunidade  catalítica  Gα,  que  quando  ativada,  recebe  moléculas  de  GTP  energético 
substituindo  o  GDP  do  estado inativo. Ainda possui duas subunidades conformocionais 
(alostéricas) Gβ e Gγ. 
Existem 4 famílias da proteína G, sendo elas: 
Proteína  efetora/efetuadora:  são  enzimas  de  membranas  que  são  ativadas  ou 
Proteina  G​
inibidas  pela  ​ ,  sendo  um  exemplo  de  enzima  o  ​
Adenilato  Ciclase​
.  São 
responsáveis pela síntese do segundo mensageiro celular. 
Segundo mensageiro:​
 ​ Proteína G​
responsável pela transmissão da mensagem da ​ . 
Proteínas  quinases:  são  ativadas  pelo  segundo  mensageiro,  provocando  a 
fosforilação de substratos proteicos. 
Esses  receptores  são  compostos  por  um  rosário de aminoácidos que serpenteiam 
a  membrana  formando  sete  domínios  intramembranais  e  sete  lupins/alças,  geralmente 
quatro  extra  celulares  e  três  intracelulares,  que  codificam  o  “sinal”  droga.  Existe  uma 
porção  extracelular aminoterminal (NH​) responsável pela captação e ligação da droga à 
2​

célula.  Há  uma  porção  carboxiterminal  (COOH)  na  extremidade  intracelular  que  é 
responsável  pela  ativação  das  proteínas  (enzimas)  efetuadoras  da  resposta.  São 
denominadas também como receptor 7­α­hélice transmembrana. 
 
 

Ciclo da Proteína G 
1. A  Proteína  G  esta  inativa,  pois   o   receptor  não  está  acoplado a nenhuma droga. 
A subunidade Gα está sob a forma defosforilada, ligada ao GDP. 
2. A  droga  está  ligada  ao  receptor  que  sofre  alteração  alostérica  e  entra  em 
contato  com  a  subunidade  Gα,  que  por  sua  vez   recebe  moléculas  de  GTP.  A 
subunidade Gα passa então para o seu estado ativado. 
3. A  subunidade  Gα  catalítica  se  dissocia  (ribosilação   da  Proteína  G)  e  a 
subunidade sofre nova alosteria membranal e ativa assim as enzimas de membrana. 
Após  a  ativação  da  cascata  de  segundo mensageiro, a Proteína G volta ao estado 
inativo (defosforilado), pronta para receber novo estímulo pela droga.  
Obs2:  como  a  população  de  Proteínas  na  membrana  citoplasmática,  ela  é 
susceptível  de  saturação  e  esgotamento,  reduzindo  a  resposta   de  agonistas.  A  este 
fenômeno é chamado de taquifilaxa dos receptores. 
Existem  algumas toxinas que são ativadoras do ciclo da Proteína G, promovendo 
a  ribosilação  persistente  do  ciclo.  Alguns  exemplos  são  a  toxina  colérica,  é   conhecida 
como  doença  negligenciada  pela  indústria  farmacêutica,  ativando  a  Proteína  G  do 
intestino.  Outra  toxina é a Pertussis, responsável pela coqueluche, ativando a Proteína G 
das vias superiores. 

Mecanismos de Transdução de Sinal 
São  processos  pelos  quais  um  sinal  extracelular altera eventos intracelulares  que 
participam  em  respostas  bioquímicas  e  fisiofarmacológicas.  É  uma  amplificação  do 
sinal. 
A  amplificação  de  sinal  serve  para  aumentar  a  resposta  do  animal,  amenizando 
os sinais clínicos ou levando a resolução da causa. 

Via da Adenilato Ciclase/AMPc 
Quando uma droga ativa um GPCR, este ativa a Proteína G que por sua vez ativa 
Adenilato  Ciclase  que  vai  converter  um  pool  não  energético  em  moléculas  do  segundo 
mensageiro  Adenosina  Monofosfato  Ciclico  (AMPc).  Este  segundo  mensageiro  se 
difundo  pelo  citoplasma  onde  irá  encontrar  moléculas  inativas  de  Proteína  Quinase   A 
(PKA).  A  PKA  começa  a  fosforilar  nas  regiões  adjacentes  do  reticulo  endoplasmático 
rugoso  (RER)  grandes  substratos  proteicos  inativos,  que   serão  processados  e 
 

transformados  em  proteínas  de  resposta.  As  proteínas  de  resposta  podem  ser:  enzimas 
fosforilizantes  (fosfatases),  carreadores,  canais  iônicos,  proteínas  estruturais, 
oncogenese,  enzimas  inflamatórias,  dentre  outras.  A  via  se  enserra  através  da 
Fosfodiesterase  do AMPc​
metabolização  do  AMPc  pela  enzima  ​ . Essa fosfodiesterase é 
um  importante  alvo  farmacológico  de  drogas.  Como  o  exemplo  dos  inibidores  da 
fosfodiesterase, como os antiarrítmicos cardíacos. 
O AMPc é responsável por várias funções, como: 
Regulação  de  enzimas  que  participam  do  metabolismo  energético​
,  como  da 
glicose  e  lipídeos.  É  responsável  por  aumentar  a  expressão  da enzima lipase no caso de 
lipídeos,  que  é  ativada  pelo  receptor  β3,  ou  no  caso  da  glicose  o  receptor  “”  que  é 
responsável por retirá­la da corrente sanguínea. 
Interfere  na  divisão  e  diferenciação  celular​
.  Como  na  expansão  clonal  da 
resposta imune.  
Controle  de  transporte  de  íons​
,  modulando  carreadores  iônicos.  Como  o  caso 
+​ +​
das  células  parietais  no  controle  do  HCl,  na  troca  de  K​H​ ,  para  o  controle  do  ácido 
clorídrico do estomago.  
Modula  canais  iônicos​ 2+
,  como  os  canais   de  Ca​   tipo  L,  onde  o  aumento  de 
AMPc interfere no PKA, aumentando a força de contração cardíaca. 
Altera  proteínas  contráteis​
,  realizando  o  relaxamento  da  maioria  dos  músculos 
lisos. Um exemplo é o relaxamento muscular de artérias, insuflação pulmonar. 

Via da Guanilato ciclase/GMPc 
Semelhante  à  via  do  AMPc,  realiza  a  transdução  de  sinal  através  de  receptores 
catalíticos  (não  é  necessário  que  passe  por  receptores  7­α­hélice)  do  tipo  guanilato 
ciclase.  O  peptidio   natrulético  atrial  ativa  os  receptores  7­α­hélice,  enquanto  que  o 
oxido nítrico (NO) não necessita da ativação dos receptores 7­α­hélice. 
Essa  via  foi  descoberta  a  partir  dos  estudos  feitos  por  Alfred  Nobel  durante  os 
seus estudos da nitroglicerina na primeira guerra mundial. 
A  TNT  era  capaz  de gerar NO dentro do organismo, que ativava a  via da GMPc. 
A  GMPc  converte  GTP  em  GMPc  que  se  espalha  pelo  citoplasma  e  ativa  moléculas 
PKG,  que  passa  a  fosforilar  substratos  proteicos.  O  enceramento  desta  via se dá devido 
Fosfodiesterases  de  GMPc​
o  metabolismo  do  GMPc  por  ​ ,  que  por  sua  vez  o 
 

transformam  no  metabólito  inativo  5’­GMP.  As  drogas  usadas  para  tratamento  da 
disfunção  erétil  se  dá   pelo  uso  de  drogas  inibidoras  da  ​
Fosfodiesterase  de GMPc ​
como 
a Sildenafil. 
Observação:  o  ANP  (Peptídeo  Natriurético  Atrial)  é  um  neurotransmissor  que 
ativa  esta  via  porém  usando  um  GPCR  e  Guanilato  Ciclase  é  acoplada  a  membrana 
(Guanilato Ciclase Particulada). 
As funções fisiológicas do GMPc são: 
  Relaxa  todo  musculo  liso  e  esquelético,  como  em  vasos,  enchimento  vesical, 
motilidade gastrointestinal. 
Previne a agregação plaquetária. 
Faz a mediação das ações tumoricidas e bactericidas dos macrófagos. 
Modula fibroblastos (reparo). Não há produção de cicatrizes. 
Formação da memória de longo prazo. 
Nos rins e intestino leva a alterações no transporte de íons e à retenção de agua. 
Mensageiro da excitação da visão, etc. 
Nos  dias  atuais,  usa  se  Viagra  para  realizar  a  coleta  de  sêmen  de  garanhões  e 
touros de alto valor genético/zootécnico. O Viagra realiza o relaxamento da musculatura 
lisa  do  corpo  cavernoso   aumentando  o  influxo  sanguíneo  para  o  pênis,  provocando  a 
ereção peniana. 
Obs:  esse  também  é  o  mecanismo   das  drogas  coronário  dilatadoras  utilizadas 
no infarto agudo do miocárdio, que são derivados direta e indiretamente da TNT. 

Via da fosfolipase C/IP​/DAG 
3​
Os segundos mensageiros são gerados a partir dos fosfolipídios da membrana. 
Na  membrana  celular  existe  um  processo  de  reciclagem  dos  fosfolipídios,  que 
são  constantemente  transformados  num  lipídio  tronco  comum,  chamado 
Fosfatidulinositol  (PIP2).  Durante  a  ativação  de  receptores  e  da  Proteína  G,  a  enzima 
Fosfolipase  C  (FLC)  converte  esse  lipídeo  tronco  em  dois  tipos  de  mensageiros 
lipídicos  gerando  duas  rotas  alternativas:  a)  a rota do Diacilglicerol (DAG); b) a rota do 
Inosito  Trifosfato  (IP3).  O  PIP2  possui  um  turn­over,  que  reaproveita  metabólitos  do 
PIP2. 
 

A  cascata  do  ácido  araquidônico  pode  ser  fisiológica  ou  patológica,  por  que  as 
enzimas  COX  e  a  LOX  são  alvos de  inibição dos modernos e antigos anti­inflamatórios 
não  esteroidais  (AINES),  pois  essa  cascata  patologicamente  é  responsável  pelos 
processos  de  dor,  febre   e  inflamação.  AAs  inibindo  a  via  da  COX;  e  a  Zafirlukast  e 
Azelatine inibindo a LOX. 

Rota da ciclooxigenaxe (COX) 
É  a  via  de  produção  dos  neurotransmissores  chamados  prostanóides,  que  são 
compostos  pelas  prostoglandinas  e  o  Tromboxan.  A  COX,  converte  o  ácido 
araquidônico  num  metabólito  lipídico  instável,  chamado  Prostaglandina  G​
2  (PGG​) que 
2​

sofre  ação  de  peroxidases  transformando­se  em  outro  metabólico,  a  Prostaglandina  H​


(PGH​),  ainda  inativa.  Esta  prostaglandina é  substrato para diversas enzimas especificas 


2​

responsáveis pela produção dos prostanóides ativos. 
PGE​­sintetase: gera a PGE​
2​ ; 
2​

PGI​­sintetease: gera prostaciclina (PGI​
2​ ); 
2​

PGF​ ­sintetase: gera a PGF​
2α​ ; 
2α​

PGD​­sintetase:gera a PGD​
2​ ; 
2​

PGJ​­sintetase:  é  a  única  que  não  utiliza  receptores   GPCR, 


2​

sendo pró­inflamatória; 
Tromboxano­sintetase: gera o tromboxano (TXA​ e TXB​
2​ ). 
2​

Os  prostanóides de um modo geral possuem receptores específicos em diferentes 
tecidos,  e  são  responsáveis   pelo  controle  de  diversos  eventos  fisiológicos,  como  o 
controle  da  pressão   arterial,  relaxamento  de  músculos  lisos,  controle  do  tônus 
bronco­motor,  agregação  plaquetária,  migração  de   células  da  série  branca,  contração 
uterina,  hemodinâmica  renal,  aprendizagem  e  memória,  produção  de  muco  no 
estômago. Possuem ação dual. 
Observação  1:  os  prostanóides  apesar  de  controlarem  a  homeostase  dos 
processos  fisiológicos,  elas  exercem  também  ações  pró­inflamatórias  deletérias, 
cursando  com  inflamação,  dor  e  febre.  E  são  estas  ações  que   devem  ser  inibidas  pelos 
anti­inflamatórios, sem interferir com os processos fisiológicos.  

Rota da lipooxigenase (LOX) 
Nessa  rota  a  LOX  converte o ácido araquidônico numa sequencia de mediadores 
altamente  instáveis  chamados  de  leucotrienos (família de leucotrienos). Leucotrieno A​, 
4​
 

Leucotrieno  B​,  Leuctrieno  C​


4​ ,  Leucotrieno  D​
4​ ,  Leucotrieno  E​
4​ .  Os  LTD​
4​ 4  e  LTE​
4  são 

chamados  de  peptidossulfideleucotrienos,  sendo  os  mais  estáveis.  Sendo  responsáveis 


por  respostas  alérgicas  crônicas.  No  passado  eram  chamados  de  ​
substâncias  de  reação 
lenta da anafilaxia​
.  
­15​
Atuam  em  baixíssimas  concentrações,  (picomolares  (10​ )),  sendo  poderosos 
quimiotáticos  com  estas  baixas  concentrações.  Realizam  o  controle  vazo 
motor­periférico (estando envolvidos no choque hipovolêmico). 

Via do Fator Nuclear κB (NF ­ κB) 
Esta  é  uma  rota  transcricional,  onde  vários  mediadores  ativam  receptores 
(bradicinina,  prostaglandinas,  leucotrienos,  substância  P,  dentre outros). Ao ativarem as 
enzimas  IKK  dos  receptores  GPCRs,  que  irá  fosforilar  um  sistema  proteozomal 
inibitório  do  Iκ​,  segundo  mensageiro  que  está  inativo  quando  associado a proteínas do 
B​

citoplasma.  Quando  o  complexo  Iκ​­proteínas  é  metabolizados,  o  Iκ​


B​ passa  para  o 
B  ​

estado  ativo.  O  Iκ​


B  assim
​   no  seu  estado ativo transloca para dentro do núcleo e estimula 
a  transcrição  genética  de  genes  que  serão  responsáveis  pelo  aumento  da  produção  de 
neurotransmissores,  carreadores  ou  enzimas  que  serão  responsáveis  pela  intensificação 
da  resposta  inflamatória.  Alguns exemplos de neutrotransmissores são o TNFα e IL­1, e 
????​
de carreadores são as moléculas de ​ . 
Observação  1:  Esta  via também é ativada por receptores não GPCR, tais como o 
Small  G​
TNFα,  IL­1  e  o  receptor  do  LPS,  chamado  coincidentemente  como  ​ .  Neste 
casso  essas  substâncias  podem  fazer  o  papel  de  perpetuadoras do processo inflamatório 
crônico com uma retroalimentação positiva nos próprios tecidos. 

Receptores ligados à tirosina quinase 
São  grandes  proteínas  lineares  que  atravessam  transversalemente  a  membrana. 
Na  extremidade  extra­celular  existe  um  sitio  de  ligação  do  ligante  conectado  por  uma 
longa  cadeia  retilínea  de  aminoácidos  a  uma  fração  catalítica  intracelular,  rica  em 
ligações  fosfatidicas  que  são  responsáveis  pela  fosforilação  de   resíduos  tirosina  nos 
substratos proteicos.  
Obs  1:  não  há  envolvimento  de  segundo  mensageiro,  as  fosforilações  se 
processam  diretamente  sobre  os  substratos  proteicos  ribossomais,  gerando  assim  uma 
proteína de resposta, como proteínas estruturais canais iônicos dentre outros.  
 

Estes  receptores   em  alguns  casos  (EGF),  podem  ser  auto­fosforilantes,  ou  seja, 
muito  tempo  após  a  metabolização  do  neurotransmissor,  o  receptor  permanece  ativo 
fosforilando  substratos  proteicos.  Como  exemplo  no  embrião,  o  EGF  em  humanos 
aparece  no  14º  a  20º  dia  de   gestação,  sendo  que  de  repente  ele  desaparece,  sendo  um 
paradigma  até  então,  porém  se  descobriu,  que  o  receptor  continua  fosforilando  as 
proteínas até o 9º mês de gestação. 

Receptores ligados à transcrição genética 
São  receptores  intracelulares,  sendo  que  os  radicais  dos  receptores  são 
esteroides,  dentre  eles  são  a  testosterona,  progesterona,  estrógeno,   cortisol  
(glicocorticoides),  vit.  D,  aldosterona,  dentre  outros.  O  resultado  final  é  a  síntese  de 
proteínas.  Os  esteroides  são  altamente  lipossolúveis  e  atravessam  facilmente  a 
membrana,  sendo  carreado  até  a  célula  por  albuminas  carreadoras,  difundindo  se  via 
citoplasma  até  o  núcleo.  Na  superfície  da  carioteca existe  um sitio  de ligação do ligante 
que  uma  vez  ativado,  estimula  um  domínio  catalítico  intranuclear  (dedos  de  zinco) que 
é  responsável  pela  produção  de  fatores  inibidores  de  genes.  O  resultado  é  uma 
exposição  ou  uma  inibição  dos  genes  que  resultam na transcrição do DNA, gerando um 
RNAm  que  sofre  translação  para  o  citoplasma,  chegando  até  o  RER,  onde  sofre 
tradução, estimulando assim a síntese de proteínas especificas.  
Observação:  fisiologicamente  esteroides  atuam  em  baixíssimas  dosagens,  e 
quando  em  excesso,  eles  perdem  a  seletividade  e  passam  a  ocupar  promiscuamente  os 
receptores  de  outros  esteroides,  surgindo  assim  muitos  efeitos  colaterais  como  a 
masculinisação  da  fêmea  e  feminilisação  do  macho,  imunossupressão,  dificuldade  de 
cicatrização, aumento da pressão arterial, dentre outros. 

Aula Prática Interativa 
Aula  prática  interativa  de  caracterização  de  receptores  no  íleo  isolado  de cobaia  
in vitro​
(​ ) 
Os  objetivos  da  aula  são a observação das interações moleculares droga/receptor 
(excitação/acoplamento), estudar antagonismo farmacológico, caracterizar receptores. 
Como  materiais  e  métodos  serão usados uma cobaia de aproximadamente 500 g, 
material  cirúrgico,  liquido   nutritivo  de  Krebs­Henselart,  banho  de  órgão  isolado 
 

composto por cubas de vidro de dupla  parede, e um polígrafo. O íleo está acoplado  a um 


transdutor. 
EFEITO DA ACETILCOLINA FRENTE A SUES ANTAGONISTAS 
O  receptor M​
3 da acetilcolina (ACh)  causam  contração do íleo isolado de cobaia. 
2+​ 2+
O  mecanismo  é  a  fosfolipase C,  IP​
3  e  Ca​ , sendo que o Ca​  ativa a QCLM que é cálcio 
dependente,  que  é  a  enzima  de  contração  de  contração  muscular  lisa  devido  a 
fosforilação da miosina.  
Materiais e métodos 
Foram  utilizadas  cobaias  albinas,  de  ambos  os  sexos  (300  a  400  g),  mantidas 
pelo  biotério  centra  da  UFFS,  ambiente  com  clico  claro­escuro  de  12  horas  e 
temperatura  controlada  com  23ºC  com  variação  de  uma  para  menos  e  um  para  menos, 
ad  libitum​
mantidos  com  ração  e  água  “​ ”.  Os  animais  serão  sacrificados,  realizando  a 
dissecação  dos  intestinos,  obtendo­se  15  cm  da  junção  íleo­cecal.  Será  realizada  a 
lavagem  do  órgão  isolado  com  solução Kreb’s Henseleit (37ºC)  em um  pH de 7,2 à 7,4. 
Ocorre a fragmentação de íleo (15­20 mm) para a incubação. 
Os intestinos serão fixados em cubas de vidro contendo 5 ml solução de Kreb’s a 
37ºC,  aeradas  constantemente  com  ar  ambiente.  As   preparações  montadas  para  o 
registro  de  concentrações  isotômicas  em  polígrafo.  Após o período de 45 minutos serão 
construídas  curvas  contráteis  de  concentração­resposta  a:  ACh  –  (0,1  –  100  μM, 
­7 ­4​
equivalente  a  10​   –  10​ ).  As  curvas  serão  obtidas  na  ausência  ou  na  presença  de 
antagonistas  como  atropina  e  pirezepina  (100  μM),  onde  a  atropina  é  um  agonista  não 
seletivo  dos  receptores  muscarínicos,  enquanto  que  a  pirenzepina  é  um  antagonista 
seletivo do receptor M​. Os intestinos ficarão incubadas as preparações 5 minutos antes. 
1​

 
Concentraçõe ACh  ACh +  ACh + 
s  (controle)   Pirenzepina   Atropina  
­7​ ­7​ ­7​
(10​ )  (10​ )  (10​ ) 
­7
10​   0,0  0,0  0,0 
­7
3x10​   1,4  0,7  0,0 
­6
10​  15,2  9,3  0,0 
­6
3x10​   100,9  59,6  0,0 
­5
10​   126,7  69,8  1,2 
­5
3x10​   129,5  71,9  56,6 
­4
10​  129,5  71,9  93,4 
­4
3x10​   ­  ­  129,5 
 

Qual  o  inconveniente  de  se  consumir  carne  de  animais 


tratados com anabolizantes? 
   
 

DROGAS QUE ATUAM SOBRE O SISTEMA NERVOSO 
AUTONOMO 

O sistema nervoso é dividido em dois, sendo o Sistema Nervoso Central (SNC) e 
Sistema  Nervoso  Periférico  (SNP).  O   SNP  é  subdividido  em  aferente  somático  e 
visceral,  eferente  somático  (sistema  motor)  e  autônomo. Este último por sua vez poderá 
ser  simpático  e  parassimpático,  bem  como  também  o  plexo  nervoso  trato 
gastrointestinal.  Ainda  foi  descoberto  o  sistema  eferente  NANC,  que  é  um  sistema  não  
adrenérgico e não adrenérgico. 

Sistema Nervoso Autônomo 
É  um  processo independente  de controle voluntário. É responsável pelo processo 
como  contração  e  relaxamento  de  músculos  lisos,  o  batimento  cardíaco,  secreção  de 
hormônios  e  processos  metabólicos.  O  sistema  nervoso  autônomo  simpático  (SNAS)  é 
responsável  pela  luta  e  fuga.  O  sistema  nervoso  autônomo  parassimpático  (SNAP)  é 
responsável pelo repouso e digestão, realizando a assimilação. 
O  SNAP  possui  emergência  na  medula  cranial  e  sacral,  enquanto  que  o  SNAS 
possui  emergência  na  medula  toraco­lombar.  O  SNAS  é  responsável  pelos  sinais 
descritos na tabela a seguir. 
Órgão  Sinais 
SNAS  SNAP 
Midríase (dilatação de pupilas)  Miose (constrição pupilas) 
Olho 
Relaxamento músculo ciliar  Contração musculo ciliar 
Diminuição da frequência 
Aumenta frequência cardíaca 
Coração  cardíaca 
Aumenta contratilidade 
Diminuição da contratilidade 
Dilatação – musculatura 
esquelética 
Vasos  Broncoconstrição 
Constrição – pele, mucosa, 
vísceras 
Pulmão  Broncodilatação   
Glicogenólise 
Fígado  Gliconeogênese   
Glicólise 
Aparelho  Aumento da motilidade 
 
digestivo  Dilatação de esfíncteres 
 

Aumento da secreção de 
glândulas 
Aumento da secreção de HCl 
Os  dois  sistemas  possuem  ainda  ações  semelhantes  ou  sinérgicas,  como  na 
glândula  salivar,  onde  o  SNAS  aumenta  a  secreção,  bem  como  também  o  SNAP.  Já 
quanto  aos  órgãos  sexuais,  o  SNAS  realiza  a  ejaculação  e o SNAP a ereção. O SNAS é 
responsável  por controlar a pressão arterial, enquanto que o SNAP não possui influencia 
direta na pressão arterial. Já no pulmão, a broncodilatação é realizada pelo SNAP. 

Etapas Da Neurotransmissão Colinérgica E A Influencia De Fármacos 
As  etapas  são  a  captação  do  precursor,  biossíntese,  armazenamento,  secreção, 
ação e término da ação. 

Captação, biossíntese e armazenamento 
A  acetilcolina  (ACh)  é  sintetizada  a  partir  da  junção  da Acetil CoA junto  com o 
peptido  aminoácido  colina,  mais  a  ação  enzimática  gera  a  ACh.   A  colina  é  obtida  a 
partir  da  alimentação  e  a  reciclagem  da   própria  acetilcolina.  As  moléculas  de  Acetil 
CoA  geradas  não  podem  ficar  libres  no  citoplasma,  então  elas  são  captadas  por  um 
transportador  especifico  para  dentro  de  vesículas  sinápticas  vazias  que  estão  dispersas 
no citoplasma. Assim a ACh estar pronta para ser liberada. 

Liberação 
Diante  de  um  estimulo  colinérgico,  potencial  de  ação,  é  um  conjunto  de 
comandos  centrais,  as  vesículas  contendo  ACh  migram  para  a  extremidade  do  botão 
2+
axonal  terminal.  Após  um  influxo  de  cálcio através de canais de Ca​  do tipo N sensível 
a  tetrodotoxina  (oriundo   do   Baiacu),  ocorre  a  fusão  da  membrana   da  vesícula  com  a 
5
membrana axonal, e assim são liberados vários quanta  de ACh, sendo liberado na fenda 
sináptica. 
As  drogas  que  interferem  com  a  liberação,  como  na  fusão  de  membranas  são:  a 
toxina  botulínica,  alguns  antibióticos  como  os  aminoglicosidios   (estreptomicina, 
2+​
micamicina,  neomicina),  íons  de  magnésio  em  excesso  (impedem  o  influxo  de  Ca​ ), 
toxina tetânica. 

5
). 
­55​
 Unidade infinitesimal de concentração vesicular (1 x 10​
 

Ocupação de receptores 
O sistema colinérgico  funciona  através de dois grandes grupos de receptores, que 
foram  classificados  pelo   uso  de  dois   alcaloides  naturais.  Primeiro  os  receptores 
muscarinicos  que  foram  descobertos  através  da  muscarina,  oriunda  do  cogumelo 
Ammamita  uscariae​
.  O  segundo  grupo são os receptores nicotínicos, através da nicotina 
que é extraída das folhas de tabaco. Os mecanismos de ação dos receptores são: 
●Nicotínicos  (canais  ligantes):  N​
1  (NN)  –  gânglios,  N​
2  (NM)  –  músculos 

esqueléticos. Estes dois receptores são responsáveis por despolarizar algum tecido. 
●Muscarínicos  (receptores  acoplados  a  proteína  G):  M​
1  (neuronal,
​   células 
parietais  gástricas),   M​
2   (cardíaco),  M​
3  (musculo
​   liso  e  glandular),  M​
4  (neuronal),
​   M​

(neuronal).  
Observação:  a  ativação  desses  receptores  gera  uma  grande  pletora  de  ações 
fisio­farmacológicas   e  muitos  agonistas  e  antagonistas  colinérgicos  são  utilizados  na 
terapêutica constituindo assim diferentes grupos farmacológicos (vide adiante). 

Metabolização da ACh 
Após  ativar  seus  receptores,  a  ACh  é  quebrada  por  hidrólise  à  ácido  acético  e 
colina.  ​
O  ácido  acético  é  armazenado  sob  a  forma   de  acetato  no  fígado  e  a  colina 
encaminha  para  gerar  novas  moléculas  de  ACh.  Deste  modo  encerra­se  a  ação  do 
neurotransmissor em seus receptores nicotínicos e muscarinicos. 
As  drogas  que  interferem,  é  o  grupo  de  inibidores  da  acetilcolinesterase, 
existindo  2  grupos  de  inibidores  da  acetilcolinesterase  que  se  complexam  com os sítios 
aniônicos  e  esterásicos  da  enzima.  São  dois  tipos  de  inibidores,  sendo  os  reversíveis, 
Fisiotignum  ​
descobertos  da  planta  ​ sp,  que  possui  a  fisiostiguinina,  possui  um  efeito 
fugas,  sendo  desenvolvidos  após  a  neostiguinina  e  a  pirodostinina.  Essas  drogas 
ligam­se  de  forma  fugas  a  enzima  por  um  breve  intervalo  de  tempo  e  após  a  sua 
metabolização a enzima retoma a sua atividade.  
O  segundo  grupo  são  os  inibidores  da  acetilcolinesterase  irreversíveis,  onde 
essas  drogas  ligam­se  ao  sitio  aniônico  e  esterásico  através  de  ligações  covalentes  de 
difícil  reversão.  A  enzima  passa  por  um  processo  de  acetilação  e  entra  no  estado  de 
envelhecimento.  Serão  necessárias  à  longo  prazo  a  síntese  de   novas  moléculas  de 
 

acetilcolinesterase.  Neste  tipo  de  inibidores,  se  encontram  os  organofosforados 


praguicidas (inseticidas, fungicidas e herbicidas), gases de guerra (tabum, sarin). 
Observação: ​
ao inibirem a acetilcolinesterase, aumentam a concentração da ACh 
na fenda sináptica, causando uma verdadeira síndrome colinérgica. 

Agonistas colinérgicos (parassimpaticomiméticos) 
Existem  agonistas  muscarínicos  e   nicotínicos.  Pertecem  em  dois  grupos 
distintos.  Os  de  ação  direta,  que  ocupam  e  ativam  os  receptores,  e  os  de  ação  indireta, 
que  inibem  a  acetilcolinesterase,  aumentando  os  níveis  de  ACh  endógena  e 
potencializam seus efeitos. 

Agonistas colinérgicos diretos 
Muscarinicos 
A  maioria  das  drogas  deste  grupo  tem  origem  na  molécula de ACh, que é muito 
instável  e  sofre  ação  da  acetilcolinesterase  rapidamente.  Assim  foram  desenvolvidos 
drogas  mais  estáveis  a  partir  dela,  como  betanecol,  metacolina  e  carbacol,  possuindo 
uma  maior  seletividade  para  receptores  muscarínicos.  Outros  são  os  alcaloides 
parassimpaticomiméticos  como  a  muscarina  e  pilocarpina,  que  é  obtida  da  casca  do 
Pilocarpus  jaborandi​
.  A  pilocarpina  é  usada  na  terapêutica  veterinária  e  oftalmologia 
como sialagogo e diaforético, visando diminuir a pressão ocular, como o glaucoma.  
Essas  drogas  em  um  modo  geral  são  usadas  ainda  para  ílio  paralítico  (paresia 
intestinal  em  quadros  de  intoxicação  alimentar),  atonias  vesicais,  sobre  carga  digestiva 
para  aumentar  as  secreções,  nas  paralisias  de  rúmen,  glaucoma.  A  pilocarpina  é  usada 
para  a  sangria  branca,  ou  seja,  a  sudorese  para  diminuir  a  pressão  arterial.  A  arecolina 
pode ser usada como tenicida. 
Nocitinicos 
A  nicotina  é  usada  sob  a  forma  de  adesivos  para  o  combate  de  vícios  de  
tabagismo.  
Propriedades farmacológicas  
Ocorre  a   vasodilatação  de  todos  os  leitos  vasculares  mediado  pelo  NO.  A 
acetilcolina  ativa  receptores  M​
3   do   musculo  liso  vascular,  e  após   a  ativação  do  sistema 
2+
transducional,  IP3/Ca​   é  ativada  no  endotélio  a  enzima  geradora  do  NO,  a 
 

NO­cintetase,  que   por  sua  vez  gerará  NO,  sendo  que ele  atua de forma retrograda sobre 
as células da musculatura lisa, relaxando­as.  
O  receptor  M​
2  do  marca­passo  cardíaco é inibitório sobre  a  geração do potencial 

de  ação  cardíaco.  Ainda  promove  a  redução  da  condução  cardíaca  (dronotrópico)  e 
redução da força de contração (inotrópico). 

Agonistas colinérgicos indiretos 
São  fármacos  responsáveis  pela  inibição  das  colinesterases,  sendo  fármacos que 
inibem  o  metabolismo  da  acetilcolina,  exercendo  seu  efeito  primário   no   sitio  ativo  da 
enzima. 
Os  tipos  de  colinesterases  são  a  butirilcolinesterase  é  a  plasmática,  também 
denominada  de  falsa   colinesterase,  sendo  também  inibida  pelos  inibidores  da 
colinesterase.  O  outro  grupo  é  a  acetilcolinesterase,  se  ligando  nos  receptores  da  fenda 
sináptica,  tendo  seu  papel  de  ligar­se  a  membrana  basal na fenda sináptica, é especifico 
para ACh.  
A  classificação  química  dos  anticolinesterásicos  são  as  aminas,  como  o  mono  e 
biquaternários,  como  o  edrofônio usado para a fenda sináptica. Ainda há os carbamatos, 
como  os  neostigmina,  fisostigmina.  Há  os  compostos  organofosforados,  tendo  uso 
variado,  tanto  como   defensivo  agrícola  e  veterinário.  O  organofosforado  usado  na 
terapêutica é o ecotiofato, mas sendo toxicantes na maioria dos casos. 
A  intoxicação  de  organofosforados  é  de  difícil  restabelecimento,  pela  sua 
demora  de  restabelecimento  das  enzimas  dos  receptores.  As  drogas 
parassimpatomiméticas  de  ação  indireta  são  anticolinesterásicos  reversíveis,  que 
possuem  complexo  inibidor­enzima  que  decompõe  a  enzima  é  reativada  e  causa 
inativação  da  ACh.  O  outro  grupo  são  os  anticolinesterásicos  irreversíveis,  sendo  os 
compostos organofosforados e carbamatos, como o fluorofosfato de diisopropila DFP. 
Os  anticolinesterásicos  irreversíveis  são  substâncias  tóxicas  utilizadas  como 
armas  químicas  e/ou   inseticidas.  São  representados  pelos  organofosforados  como  o 
Paration,  Malation,  Sarin,  Soman  e  Tabun.  Apenas  o  ecotiofato  é  utilizado  na 
terapêutica. 
Os  antídotos  dos  anticolinesterásicos  irreversíveis  são  reativadores  da  AChE, 
sendo  fármacos  que  promovem  a  dissociação  do  complexo.  A  pralidoxina  realiza  a 
 

remoção  do  grupo  fosfato ligado à enzima, sendo adjuvantes terapêutivos. O uso clínico 


de organofosforados é como anti­helminticos e insetividas, e diclorvos (coleiras). 
Observação:  as  oximas  restauram  somente  as  moléculas  não  acetiladas,  ou 
envelhecidas.  
   
 

DROGAS PARASSIMPATOLÍTICAS 

São  drogas  antagonistas  colinérgicas.  Os  alcaloides  extraídos  da  beladona 


Solanacea  ​
(atropina  e  escopolamina)  pertencente  às  ​ Atropina  beladona​
(​ ,  ​
Datura 
Hyoscymus  niger​
stramonium  e  ​ ).  A  beladona  era  usada  desde  a  idade  média  pelas 
jovens, através do uso do chá com gotejamento sobre os olhos com intuito estético. 
Essas  drogas  interagem  com  os  receptores  muscarínicos  das  células  efetoras, 
diminuindo  suas  respostas  parassimpáticas.  Possui  preferencia  por glândulas salivares e 
sudoríparas  são  mais  sensíveis  para  pequenas  doses,  necessárias  doses  maiores  par 
efeito  vagolítico  no  miocárdio.  Ainda  possui  impacto  sobre  os  músculos  lisos  do  trato 
gastrointestinal,  sendo  os  mais  sensíveis  com  doses  latas para inibir a secreção gástrica. 
Em  musculo  liso  doses  extremamente  elevadas  a  atropina  pode  bloquear  os  receptores 
nicotínicos. 

Efeitos farmacológicos 
No  trato  gastrointestinal,  ocorre  o  relaxamento  da  musculatura  lisa  como  do 
estômago  ao  cólon.  Na  árvore  brônquica  ocorre  a  diminuição  de   secreções  e  tônus 
muscular.  O  efeito  antisecreolitico  pode  ser  usado  para  evitar  a   falsa  via.  Podem  ser 
ainda  utilizados  nos  efeitos  oculares,  com  o  parasimpaticolítico  é  usado  para  exame  de 
fundo  de olho, devido à contração dos musculo esfincteriano da iries e do musculo ciliar 
do cristalino. 
A beladona que contem a atropina é reconhecida como importante alucinógeno.  

Uso clínico 
É  frequentemente  espasmo  de  musculo  liso,  como  do  aparelho  digestivo  com  a 
®​
hiosiomina  poderoso  antipasmótico  estando  nas  formulações  do  buscopan​.  A  atropina 
é  usada  para  musculo  liso  e   útero.  A  atropina  ainda  é  usada  no  pré­anestésico,  visando 
suprimir  os  efeitos  do  nervo  vago.  Ainda  pode  ser  usado  na  terapêutico  para  
superdosagem dos atincolinestrasicos. 
   
 

FÁRMACOS QUE AFETAM OS GÂNGLIOS 
AUTÔNOMOS 

Estimulantes ganglionares 
A  maioria  dos  agonistas  dos  receptores  nicotínicos  afeta  tanto  receptores 
ganglionares  quando  da  placa  motora.  A  nicotina,  lobelina  e  o  dimetilfenilpiperazinio 
(DMPP) afetam preferencialmente os gânglios.  
Possuem pouca importância  na clínica, mas interferem com ambas as divisões do 
sistema  nervoso  autônomo  produzindo   efeitos  complexos.  Na  prática,  os  efeitos 
importantes  são  aqueles  sobre   o   sistema  cardiovascular.  Ocorre  a  queda  da  pressão 
arterial  devido  ao  bloqueio  ganglionar  simpático  e  em  geral  a  maioria  dos  reflexos 
cardiovasculares estão bloqueados. 
Observação:  a  nicotina  inicialmente  causa  despolarização  pós­sináptica  via 
receptor  nicotínico  N​
N  e  devido   a   uma  estimulação   repetitiva  os  receptores  sofrem  um 

fenômeno  alostérico  entrando  em  taquifilaxia  do  receptor.  Na  realidade a nicotina é um 


agonista à intensa estimulação bloqueia o receptor. 

Bloqueadores ganglionares = antagonistas nicotínicos 
Podem  levar  a  hipotensão  postural  devido  à  ausência  do  reflexo  venoconstritor. 
São  fármacos  que  bloqueiam  os   gânglios  que  estão  obsoletos,  tanto  do  simpático como 
parassimpático.  
®​
Sendo  usada  a TRIMETAFANA (Arfonad​). É um fármaco de ação  muito curta. 
A  sua  administração  é  por  via  intravenosa  em  certos  procedimentos  anestésicos. 
Também  pode  ser  utilizado  para  a  baixa  da  pressão  arterial  em  procedimentos  de 
emergência.  Porém   os  efeitos clínicos observados estão relacionados com o SNAS, pois 
este  bloqueio  nicotínico  impede  o  funcionamento  da  sinapse  adrenérgica  bloqueando 
assim  seus  efeitos  hipertensivos  e  positivos  para  o  coração.  Consequentemente  haverá  
intensa  queda  da  pressão  arterial.  Ou  seja,  a  trimetafana  é  usada  para  produzir 
hipotensão  controlada,  tanto  em  ataques  de  hipertensão  maligna  ou  para  diminuir  o 
fluxo  sanguíneo  em  superfícies   cirúrgicas  muito  sangrentas (cruóricas). O trimetafana é 
 

usado  em  cirurgias  de transplante de órgãos. É uma ferramenta  insubstituível até os dias 


atuais. 

Fármacos bloqueadores musculares 
Iniciou  na etnofarmacologia americana, como o uso do curare, que é um fármaco 
relaxante  muscular.  O  animal  ferido  por  flecha  ou  dardo  com  o  principio  ativo  fica 
paralisado  por  alguns  minutos.  Provoca  uma  paralisia  da  musculatura  estriada,  levando 
a  um  relaxamento  periférico.  O  animal  mantém  a  consciência.  Com  a  paralisia  do 
diafragma, o animal morre por asfixia. 
O  curare   não  possui   efeito  por  via  oral,  sendo  assim  os  nativos  poderiam 
consumir  a  carne  dos   animais  caçados  com  o  uso  do  principio  ativo.  Uma  das  plantas 
utilizadas  para a extração do curare é a ​
Strychnos toxifera e ​
Chondomedron tomentosum 
(menisperamaceae). A substância obtida das plantas é a c­toxiferina e tubocurarina. 
São  bloqueadores  da  transmissão  neuromuscular,  agindo  na  região pré­sinpatica 
ou  na  região  pós­sinaptica.   Os  fármacos  são subdivididos em umas categorias, sendo os 
não­despolarizantes,  que  bloqueiam  os  receptores  nicotínicos  da  ACh,  como  a 
tubocurarina,  e  os  bloqueadores  despolarizantes,  que  são  agonistas  dos  receptores  de 
ACh, como a succinilcolina – suxametônio, ativando o receptor e para então o bloquear. 

Bloqueadores musculares não­despolarizantes 
O  curare   é  uma  mistura  de  alcaloides  de  ocorrência  natural  da  América  do  Sul, 
sendo  um  componente  mais  importante   é  a  tubocurarina. Em 1856 Bernard demonstrou 
que o curare causava a paralisia devido ao bloqueio da transmissão neuromuscular. 

Mecanismo de ação 
~soa  bloqueadores não­despolarizantes, atuando como antagonistas competitivos 
dos  receptores  ACh  situados  na  placa  terminal.  Necessidade  de  bloquear  cerca  de  70  a 
80% dos receptores para que a transmissão seja interrompida. 
Observação:  essas  drogas  só  devem  ser  aplicadas  em  animais  que  estão 
recebendo aporte ventilatório ou com O​.  
2​

Uso 
O  principio  geral  é  a   necessidade de controlar com muito cuidado a magnitude e 
a duração da paralisia durante a cirurgia. 
 

São  utilizados  principalmente  em anestesia para causar relaxamento muscular de 


grandes massas musculares, permitido a perfeita coaptação dos cotos musculares. 

Interações de drogas com agentes bloqueadores neuromusculares 
Anestésicos  voláteis:  aumentam  a  duração  da  ação  de  drogas  bloqueadoras 
não­despolarizantes. 
Antibióticos:  potencializam  a  ação  dos  agentes  bloqueadores,  agindo  nas 
sinaptobrevinas.  
Balanço  ácido­base:  acidose  potencializa  a  ação  de  alguns  bloqueadoras  
não­despolarizantes (e.g. tubocurarina). 

Uso terapeitico dos bloqueadores musculares 
São  usados  para  completo  relaxamento  muscular,  redução  da  quantidade  de 
anestésico,  facilita  a  intubação  endotraqueal,  necessários  para  a  ventilação  assistida, 
reduz  fasciculações  musculares  durante  cirurgia,   ação  em  alguns  casos  podem  ser 
revertida, uso no tétano, envenenamento por estricnina. 

Bloqueadores musculares: agentes despolarizantes 
São  oriundos  do  estudo  da  molécula   de  acetilcolina,  sendo  sintético,  onde  o 
primeiro  é  o  succinilcolina.  O  decametônio  promove  contrações  espasmódicas 
transitórias  (fasciculações)  antes  de  causar  bloqueio.  A  tubocurarina  causa  apenas 
paralisia  flácida.  São  agonistas  nicotínicos  N​.  O  suxametônio  (succinilcolina)  possui 
M​

ação  parecida  do  decametônio.  A  succinilcolina  não  permite  a  repolarização,  enquanto  


que a acetilcolina permite. 

Comparação entre bloqueadores não­despolarizantes de despolarizantes. 
Os  anticolinesterásicos  são  uma  alternativa  para  suplantar  os  efeitos  dos 
bloqueadores musculares? Explique. 
Fármacos  anticolinesterásicos  são  eficazes  como  antídotos  dos  bloqueadores 
não­despolarizantes.  Em  contrapartida,  o bloquei o por despolarização não é afetado, ou 
até mesmo aumentado pelos anticolinesterasicos.  
As fasciulações oservados com o ???. 
 

Efeitos adversos e situações de risco do uso de fármacos despolarizantes 
Paralisia  prolongada:  ocorre  quando  algum  fator  altera  a  atividade  da 
colinesterase  plasmática  que  hidrolisa o fármaco. Como exemplo as variantes genéticas, 
anticolinesterásicos, recém­nascidos e pacientes com doenças hepáticas.  
Hipertermia  maligna:  condição  hereditária  rara  onde  há  mutação  do  canal  de 
2+
Ca​   do  reticulo  sarcoplasmático  que  produz  espasmos  musculares  intensos  e  elevação 
da  temperatura   quando  certos  fármacos  são  administrados.  O  antidoto  é  somente  um, 
®​ 2+​
sendo o Dantrolen​, que é um bloqueador de Ca​  do reticulo sarcoplasmático. 

Usos em animais silvestres para contenção química  
Os  bloqueadores  despolarizantes  são  utilizados  em  dardos  tranquilizantes.  A 
galamina  é  usado  para  a  centenção  de  suídeos  selvagens,  furão  e  grandes  felinos  na 
dosagem  de  1  a  1,25 mg/Kg,  a d­tubocurarina pode ser usada na dose de 1,8 mg/Kg em  
Pythons  e  6,0  mg/kg  em  ​
????​
.  A  succinilcolina  em  quelônios  na  dosagem  de  0,3  a  1,0 
mg/Kg na forma IM. 

Você também pode gostar