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Esta narrativa, construída por muitas vozes, conta a trajetória do espaço

urbano sempre pautado pela forte presença da natureza: a do Rio de


muitos janeiros, que se apresenta como um presente para o futuro.

Esta é a história da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Ou uma


forma de contá-la. Do ontem e do hoje – com os seus caminhos e com as
suas incontáveis possibilidades. A cidade que, aos poucos, foi ganhando
papéis diferenciados – de entreposto comercial a um expressivo centro
que, simbolicamente, projeta a imagem do Brasil no exterior.

Uma antiga lição ensina que “em História não há obra definitiva: há
aproximações felizes”. A História, segundo o historiador Boris Fausto,
“tanto ou mais do que outras disciplinas, se encontra em constante
elaboração”. Resgata a humanidade com suas particularidades sem
abandonar sua universalidade. O historiador, ao voltar seu olhar para o
passado, não procura revivê-lo; busca realizar, no presente, o elo entre o
passado e o futuro.

Foto de 2011. Creative commons


Essa jornada, com suas escolhas, parte da reflexão de que essa ciência é
o estudo das ações humanas no tempo. Para entender o hoje
da Cidade Maravilhosa, será necessário percorrer um caminho de volta,
alcançando o passado. Revisitando o passado, estaremos ligados ao
tempo presente, procurando compreendê-lo. Os seres humanos, de uma
forma ou de outra, relacionam-se com o que aconteceu no ontem.

O ponto de partida desta narrativa? Observar o firmamento, entendendo


que estar escrito nas estrelas pode não ser apenas uma abstração. É mais
que isso; vai além. Desde tempos remotos, a humanidade é fascinada
pelos mistérios do Universo. O desafio era (e ainda é) explorá-lo,
buscando a sua conexão com a vida. Observando o Cosmo em constantes
indagações, investigaram horizontes. Guiados pela posição
especialmente das estrelas no firmamento, caminharam pisando em
terras desconhecidas. A engenhosidade humana prosseguiu observando,
experimentando e somando conhecimentos transformadores do
pensamento moderno, que resultariam em feitos nunca vistos.

Pelos idos do século XV, dispondo da avançada tecnologia da época,


povos da Europa Ocidental lançaram suas embarcações pelas revoltas
águas atlânticas – fato conhecido como Grandes Navegações. Nessa era,
tida como a Era dos Descobrimentos, a cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro entra na História quando caravelas portuguesas alcançaram pela
primeira vez a região, com a expedição de 1501, comandada
provavelmente por Gaspar de Lemos. Singrando as águas do Mar Sem
Fim, margeando o litoral ainda desconhecido da América portuguesa, em
1º de janeiro de 1502 a tripulação se deparou com o que Américo
Vespúcio (1454-1512) descreveu como um “grande espelho d’água, com
entrada estreita e bem protegida”: a Baía de Guanabara. Décadas depois,
nas terras do seu entorno, em meio às batalhas sangrentas para retomar
a região ocupada por franceses, no dia 1º de março de 1565 seria
fundada a cidade, sob a invocação de São Sebastião, padroeiro do rei
de Portugal, D. Sebastião.
Foto Victor Santos, 2008. Creative commons
Um longo percurso, entre acertos e dificuldades, entre sonhos e
vontades, seria trilhado pelos que construíram as suas vidas neste chão,
enquanto órbita de Portugal, Capital Imperial, Distrito Federal, Estado-
Capital ou Capital de Estado. Esta narrativa, construída por muitas vozes,
conta a trajetória do espaço urbano sempre pautado pela forte presença
da natureza: a do Rio de muitos janeiros, que se apresenta como um
presente para o futuro.

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