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Questão 01:

Ao analisar a variedade linguística empregada pelo emissor em cada um dos quadrinhos e a falta de entendimento
do seu receptor, pode-se afirmar que
A) o emissor emprega, em todos os quadrinhos, a norma padrão da Língua Portuguesa.
B) o interlocutor demonstra alto nível de escolaridade, dominando a norma padrão.
C) a comunicação não foi estabelecida entre o emissor e o receptor nos quadrinhos.
D) a mensagem direcionada ao receptor está mal estruturada, provocando ruídos na comunicação.
E) a adequação da fala, no último quadrinho, permite o estabelecimento da comunicação.

Questão 02:

Em alguns contextos, a diferença de posição de uma palavra ou grupo de palavras na frase altera o
sentido da mensagem; em outros contextos, o sentido não é alterado. A frase cujo sentido foi alterado pela
mudança de posição de uma palavra é
A) “...e as ameaças ao sucesso e ao bolso são inúmeras.” / ... e são inúmeras as ameaças ao sucesso e ao
bolso.
B) “Os avanços tecnológicos determinam mudanças radicais na carreira profissional.” / Os avanços
tecnológicos determinam radicais mudanças na carreira profissional.
C) “Em momento algum da história da humanidade o provérbio “tempo é dinheiro” ganhou tanta expressão...” /
Em algum momento da história da humanidade o provérbio “tempo é dinheiro” ganhou tanta expressão...
D) “Pessoas sobrecarregadas de trabalho e responsabilidades sempre se queixam...” / Pessoas
sobrecarregadas de trabalho e responsabilidades se queixam sempre...
E) “A essa altura, o estresse negativo já deve ter-se instalado.” / O estresse negativo já deve ter-se instalado a
essa altura.

Questão 03:

O empresário moderno não demite mais, faz um "downsizin", ou redimensionamento para baixo, em sua
empresa. O empregado pode dizer em casa que não perdeu o emprego, foi "downsizeado", e ainda impressionar
os vizinhos.
VERISSIMO, Luis Fernando. O Estado de S. Paulo.
A partir da leitura do texto, pode-se dizer que o autor
A) divulga o emprego de palavras estrangeiras.
B) ironiza a substituição de palavras em português por palavras estrangeiras.
C) explica que os patrões devem falar de modo incompreensível.
D) critica os empregados que usam palavras estrangeiras.
E) não se posiciona quanto ao uso cotidiano dos estrangeirismos na língua portuguesa.

Questão 04:

Os provérbios constituem um produto da sabedoria popular e, em geral, pretendem transmitir um


ensinamento. A alternativa em que os dois provérbios remetem a ensinamentos semelhantes é
A) “Quem diz o que quer, ouve o que não quer” e “Quem ama o feio, bonito lhe parece”.
B) “Devagar se vai ao longe” e “De grão em grão, a galinha enche o papo”.
C) “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando” e “Não se deve atirar pérolas aos porcos”.
D) “Quem casa quer casa” e “Santo de casa não faz milagre”.
E) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” e “Casa de ferreiro, espeto de pau”.

Questão 05:
TEXTO I

Onde está a honestidade? O seu dinheiro nasce de repente


E embora não se saiba se é verdade
Você tem palacete reluzente Você acha nas ruas diariamente
Tem joias e criados à vontade Anéis, dinheiro e felicidade...
Sem ter nenhuma herança ou parente Vassoura dos salões da sociedade
Só anda de automóvel na cidade... Que varre o que encontrar em sua frente
E o povo já pergunta com maldade: Promove festivais de caridade
Onde está a honestidade? Em nome de qualquer defunto ausente...
Onde está a honestidade?

ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.

TEXTO II

Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910,
no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade,
vítima de tuberculose, deixando um acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas
letras representam a sociedade contemporânea, como se tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br Acesso em: abr. 2010.

Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a
valores e situações de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se
por meio
A) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa de alguns.
B) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
C) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
D) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
E) da insistência em promover eventos beneficentes.

Questão 06:

Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como
um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não
deve mais corrigir? Não!
Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português
correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o
dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos
cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.
POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 (adaptado).

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua
portuguesa implica, entre outras coisas, saber
A) descartar as marcas de informalidade do texto.
B) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
C) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
D) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
E) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

Questão 07:
Opportunity é o nome de um veículo explorador que
aterrissou em Marte com a missão de enviar
informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao
(à)

A) circulação digital excessiva de autorretratos.


B) exploração indiscriminada de outros planetas.
C) gasto exagerado com o envio de robôs a outros
planetas.
D) vulgarização das descobertas espaciais.
E) mecanização das atividades humanas.

Questão 08:

E se a água potável acabar? O que aconteceria se a água potável do mundo acabasse?

As teorias mais pessimistas dizem que a água potável deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém
mais tomará banho todo dia. Chuveiro com água só duas vezes por semana. Se alguém exceder 55 litros de
consumo (metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento será interrompido. Nos mercados, não haveria
carne, pois, se não há água para você, imagine para o gado. Gastam-se 43 mil litros de água para produzir 1 kg
de carne. Mas, não é só ela que faltará. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior produtor de grãos da América
Latina em 2012, não conseguiria manter a produção. Afinal, no país, a agricultura e a agropecuária são, hoje, as
maiores consumidoras de água, com mais de 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja, milho e outros grãos.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012.

A língua portuguesa dispõe de vários recursos para indicar a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu
enunciado. No início do texto, o verbo “dever” contribui para expressar
A) uma constatação sobre como as pessoas administram os recursos hídricos.
B) uma previsão trágica a respeito das fontes de água potável.
C) a capacidade humana de substituir recursos naturais renováveis.
D) a habilidade das comunidades em lidar com problemas ambientais contemporâneos.
E) uma situação ficcional com base na realidade ambiental brasileira.

Questão 09:

A forte presença de palavras indígenas e africanas e de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é
um dos traços que distinguem o português do Brasil e o português de Portugal. Mas, olhando para a história dos
empréstimos que o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do século XX, outra diferença
também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a
Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da assimilação desses empréstimos e, assim,
Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem sofrido influências diferentes, mas também pela maneira
como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.

Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são importantes na constituição do português do


Brasil porque
A) promoveram uma língua acessível a falantes de origens distintas, como o africano, o indígena e o europeu.
B) transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as africanas, as indígenas e as europeias.
C) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a colonização e a imigração.
D) guardaram uma relação de identidade entre os falantes do português do Brasil e os do português de
Portugal.
E) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas de outros países que também tiveram
colonização portuguesa.

Questão 10:
Essa propaganda defende a transformação social e a diminuição da violência por meio da palavra. Isso se
evidencia pela
A) associação entre uma arma de fogo e um megafone.
B) predominância de tons claros na composição da peça publicitária.
C) grafia com inicial maiúscula da palavra “voz” no slogan.
D) imagem de uma mão segurando um megafone.
E) representação gráfica da propagação do som.
Questão 11:
VIAGEM MAIS CURTA PARA A SERRA
Rodovia terá o maior túnel do país e moradores de Caxias deixarão de pagar pedágio
Geraldo Perelo

Vai ficar mais fácil e seguro para o morador da Baixada subir a Serra de Petrópolis. Além disso, a população vai
ganhar uma área ecoturística entre Caxias e a cidade serrana. Para isso, será necessária a construção do maior
túnel do Brasil e a ampliação de estrada que liga os dois municípios. Os planos estão na fase final de elaboração
pela Concer, concessionária que administra a BR – 040 (Rio – Juiz de Fora). Para concretizar o projeto, serão
investidos cerca de R$ 650 milhões.
O projeto prevê a remoção da praça de pedágio, passando de KM 104 para o KM 102, liberando os 55 mil
moradores de Xerém da taxa, que vem sendo cobrada desde 1996.
A rodovia vai ganhar uma nova pista de subida da Serra e o túnel terá quase cinco quilômetros de extensão,
entre Belvedere e a comunidade de Duarte da Silveira, para encurtar o trajeto e reduzir o tempo de viagem em 15
minutos, até Petrópolis.
(...) Jornal O Dia, 07/11/2010
De acordo com o texto, vai ficar mais fácil e seguro para o morador da Baixada subir a Serra de Petrópolis graças:
A) à criação de uma área ecoturística entre Caxias e a cidade serrana.
B) à construção do maior túnel do Brasil e à ampliação de estrada.
C) à remoção da praça do pedágio.
D) à construção de uma nova pista de subida da Serra.

Questão 12:

Infere-se do segundo quadrinho da tira que:


(A) Calvin não tem consciência da alienação gerada pela TV às pessoas.
(B) A TV é uma forma de entretenimento passivo.
(C) Calvin tem consciência de que está sujeito a tornar-se um ser alienado.
(D) A TV tem poder hipnótico sobre o Calvin.

Questão 13:

“ ―Atualmente, temos a impressão de que o tempo livre fica cada vez mais escasso, corremos contra o
relógio durante a semana e nos finais de semana é preciso descansar.”
(Fonte:http://cybercook.terra.com.br/receitassimples.html?codmat=1230)
O sentido oposto da palavra sublinhada é:
(A) raro. (B) curto. (C) abundante. (D) limitado.

Questão 14:

A tristeza é uma emoção criada para permitir um ajustamento a uma grande perda ou uma decepção
importante. E os especialistas sabem que quando a tristeza é muito profunda, aproximando-se da depressão, a
velocidade metabólica do corpo fica muito reduzida, o que originalmente deveria deixar a pessoa quase
imobilizada, em casa, onde há menos perigo e mais segurança.
Luiz Lobo, para a TVE
Site: www.tvebrasil.com.br/links/homo/historia/historia/html
Identifique a finalidade do texto acima:
A) informar. B) relatar. C) descrever. D) convencer.

Questão 15:
O ÍNDIO

Contou como é que foi. Disse que – de repente – resolveu se fantasiar, coisa que não fazia há anos. Podia
optar por duas fantasias: a de árabe ou a de índio, que são as mais fáceis de se fazer a domicílio. Árabe – sabem
como é – a gente faz até com toalha escrito ―Bom Dia. Amarra uma de rosto na cabeça e enrola outra de banho
no corpo. Por baixo: cueca. Nos pés: sandália. Não fica um árabe rico, mas já dá pro consumo.
Índio ainda é mais fácil. Faz-se com uma toalha só, bem colorida. Enrola-se a dita na cintura, com short por
baixo. Na cabeça coloca-se o que antes foi o espanador.
Contou que foi de índio porque em casa tinha dois espanadores. Não ficou um índio legal. Mas também não
chegava a ser desses índios mondrongos que tiravam retrato com o Dr. Juscelino.
Se tivesse saído de árabe não teria apanhado a vizinha, distinta que vinha cercando desde setembro,
quando ela se mudara para o 201. E continuou contando. Índio de óculos também já era debochar demais da
realidade. Assim, ao sair, deixou os óculos na mesinha-de-cabeceira. Andou pela Avenida, viu as tais sociedades
carnavalescas e depois entrou num bar para lavar a caveira.
Quando voltou para casa estava ziguezagueando. Bebera de com força e entrou no edifício balançando. E –
coitado – sem óculos, não enxergava direito. Subiu no elevador, saltou no segundo e foi se encostando pelas
paredes no corredor. Tava um índio desses que quer apito.
— Que é que tem tudo isso a ver com a vizinha?
— Sem óculos – tornou a explicar – em vez de entrar no 202 (seu apartamento), viu a porta do 201 aberta e
foi entrando de índio e tudo.
— Era o apartamento da vizinha?
— Era.
— E ela?
— No começo não quis. Mas acabou entrando pra minha tribo.
PRETA, Stanislaw Ponte. O Índio. In: Tia Zulmira e Eu. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 8 ed. 1994. p. 178-179.
Que trecho do texto traduz uma opinião do narrador acerca do fato narrado?
(A) ―(...) que são as mais fáceis de se fazer a domicílio.
(B) ―(...) Amarra uma de rosto na cabeça e enrola outra de banho no corpo.
(C) ―Índio ainda é mais fácil. (...)
(D) ―Contou que foi de índio porque em casa tinha dois espanadores

Questão 16:

O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e
outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.
De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não havia homem pra ele ali dentro. Houve
a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e
perguntou:
— Isso é comigo?
— Pode ser com você também – respondeu o alemão.
Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o
alemão repetiu que não havia homem ali dentro pra ele.
Queimou-se então um português que era maior ainda do que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu
pra cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.
O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo.
Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou
bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois um norueguês etc. etc. Até que, lá do canto do café,
levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros:
— Isso é comigo?
O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo
gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e... PIMBA! O alemão deu-lhe uma pancada
na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.
Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros
brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.

PRETA, Stanislaw Ponte. Vamos acabar com essa folga. In: Tia Zulmira e Eu. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 8 ed. 1994. p. 94-95.

QUESTÃO 17:
Embora sejam semelhantes quanto ao tema, os textos apresentam abordagens diferentes, pois o texto I é
A) formal.
B) humorístico.
C) informativo.
D) técnico.

QUESTÃO 18:

A famosa sesta deixou de ser hábito de preguiçoso. Pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) leva a
crer que dormir depois do almoço faz bem para a saúde. Os cientistas descobriram que a cochilada, mesmo que
seja rápida, pode ajudar você a retomar a concentração e melhorar a memória, além de outras habilidades
motoras. Seis minutos já seriam suficientes para o cérebro ganhar fôlego para dar prosseguimento às atividades.
Quem pode se dar ao luxo de tirar um cochilo na parte da tarde − e ainda escolher a hora − deve ir para a cama às
14h55min. Esse é o horário de menor produtividade do dia para os profissionais, de acordo com um estudo
realizado na Inglaterra.

(http://goo.gl/jI8JU5. Acesso: 02/08/2013. Adaptado.)

Tendo-se em vista a temática principal do texto, o título que melhor sintetiza o assunto tratado é:

A) Cochilar é o mais novo hábito dos ingleses


B) Dormir depois do almoço faz bem à saúde
C) Especialistas revelam a hora certa de dormir
D) Pesquisa mostra como melhorar a memória

QUESTÃO 19:
O objetivo comunicativo do cartaz é
A) apoiar o controle da internet.
B) informar sobre o controle da internet.
C) proibir o uso da internet.
D) protestar contra o controle da internet

QUESTÃO 20:

O tamanho das letras e a forma como a linguagem é empregada na frase “Folia do tempo” deixam a manchete
A) chamativa.
B) formal.
C) ineficaz.
D) objetiva.
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CRÔNICA

O ESTRANHO PROCEDIMENTO DE DONA DOLORES


(Luis Fernando Veríssimo)

Começou na mesa do almoço. A família estava comendo — pai, mãe, filho e filha — e de repente a mãe
olhou para o lado, sorriu e disse:
— Para a minha família, só serve o melhor. Por isso eu sirvo arroz Rizobon. Rende mais e é mais gostoso.
O pai virou-se rapidamente na cadeira para ver com quem a mulher estava falando. Não havia ninguém.
— O que é isso, Dolores?
— Tá doida, mãe?
Mas dona Dolores parecia não ouvir. Continuava sorrindo. Dali a pouco levantou-se da mesa e dirigiu-se para
a cozinha. Pai e filhos se entreolharam.
— Acho que a mamãe pirou de vez.
— Brincadeira dela...
A mãe voltou da cozinha carregando uma bandeja com cinco taças de gelatina.
— Adivinhem o que tem de sobremesa?
Ninguém respondeu. Estavam constrangidos por aquele tom jovial de dona Dolores, que nunca fora assim.
— Acertaram! — exclamou dona Dolores, colocando a bandeja sobre a mesa. — Gelatina Quero
Mais, uma festa em sua boca. Agora com os novos sabores framboesa e manga.
O pai e os filhos começaram a comer a gelatina, um pouco assustados. Sentada à mesa, dona Dolores olhou
de novo para o lado e disse:
— Bote esta alegria na sua mesa todos os dias. Gelatina Quero Mais. Dá gosto comer!
Mais tarde o marido de dona Dolores entrou na cozinha e a encontrou segurando uma lata de óleo à altura do
rosto e falando para uma parede.
— A saúde da minha família em primeiro lugar. Por isto, aqui em casa só uso o puro óleo Paladar.
— Dolores...
Sem olhar para o marido, dona Dolores o indicou com a cabeça.
— Eles vão gostar.
O marido achou melhor não dizer nada. Talvez fosse caso de chamar um médico. Abriu a geladeira, atrás de
uma cerveja. Sentiu que dona Dolores se colocava atrás dele. Ela continuava falando para a parede.
— Todos encontram tudo o que querem na nossa Gelatec Espacial, agora com prateleiras
superdimensionadas, gavetas em Vidro-Glass e muito, mas muito mais espaço. Nova Gelatec Espacial, a cabe-
tudo.
— Pare com isso, Dolores.
Mas dona Dolores não ouvia.
Pai e filhos fizeram uma reunião secreta, aproveitando que dona Dolores estava na frente da casa,
mostrando para uma plateia invisível as vantagens de uma nova tinta de paredes.
— Ela está nervosa, é isso.
— Claro. É uma fase. Passa logo.
— É melhor nem chamar a atenção dela.
— Isso. É nervos.
Mas dona Dolores não parecia nervosa. Ao contrário, andava muito calma. Não parava de sorrir para o seu
público imaginário. E não podia passar por um membro da família sem virar-se para o lado e fazer um comentário
afetuoso:
— Todos andam muito mais alegres desde que eu comecei a usar Limpol nos ralos.
— Ele tinha horror de escovar os dentes até que eu segui o conselho do dentista, que disse a palavra
mágica: Zaz. Agora escovar os dentes é um prazer, não é, Jorginho?
— Mãe, eu...
— Diga você também a palavra mágica. Zaz! O único com HXO.
O marido de dona Dolores acompanhava, apreensivo, da cama, o comportamento da mulher. Ela estava
sentada na frente do toucador e falando para uma câmara que só ela via, enquanto passava creme no rosto.
— Marcel de Paris não é apenas um creme hidratante. Ele devolve à sua pele o frescor que o tempo levou, e
que parecia perdido para sempre. Recupere o tempo perdido com Marcel de Paris.
Dona Dolores caminhou, languidamente, para a câmara, deixando cair seu robe de chambre no caminho.
Enfiou-se entre os lençóis e beijou o marido na boca. Depois, apoiando-se num cotovelo, dirigiu-se outra vez para
a câmara.
— Ele não sabe, mas estes lençóis são da nova linha Passional da Santex. Bons lençóis para maus
pensamentos. Passional da Santex. Agora, tudo pode acontecer...

ROTEIRO PARA ANÁLISE DE CRÔNICA LITERÁRIA


Crônica:

Autor:

Lista com as características da crônica:


 é publicada geralmente em jornais ou revistas;
 consiste em um texto curto e leve, que tem por objetivo divertir e/ou fazer refletir criticamente sobre a vida e os
comportamentos humanos;

 pode apresentar elementos básicos da narrativa - fatos, tempo, personagens e lugar - com tempo e espaço não
limitados;

 o narrador pode ser observador ou se constituir em personagem;

 emprega a variedade informal da língua;

 pode apresentar discurso direto, indireto e indireto livre.

 A crônica geralmente é um texto curto e leve, escrito com objetivo de divertir o leitor e /ou levá-lo a refletir
criticamente sobre a vida e o comportamento humano. Como estes dois objetivos estão presentes na crônica lida?
Analise.

 O narrador presente na crônica pode ser do tipo observador ou personagem. Como é o narrador da crônica analisada?
Dê exemplos.

 Título e desfecho estão interessantes? Comente.

 Análise do tempo (citar exemplos extraídos do texto para responder às questões):


a) Quando se passa a história – que tempo ela abrange?

b) Trata-se de uma narração de tempo cronológico ou de tempo psicológico?


 A crônica emprega geralmente a variedade padrão informal em linguagem curta e direta, próxima do leitor. Analise a
linguagem empregada na crônica (citar exemplos extraídos do texto para responder às questões).

a) Qual o tipo de discurso predominante – direto, indireto ou indireto-livre?

b) Qual a linguagem predominante – objetiva ou subjetiva?

 Há uma visão pessoal do autor a respeito do que é enfocado na crônica? Comente.

 Que tipo de mensagem foi transmitida?

 A crônica analisada contém algum tipo de crítica social? Explique.

Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema “Ostentação e consumo”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de
vista. (Valor: 20,0 pontos)

TEXTO 1
Até quando o brasileiro irá se fantasiar de rico?

Na teledramaturgia brasileira, nenhuma história é tão poderosa quanto a do pobre que faz de tudo para
ficar rico. [...] O grande sonho do brasileiro é fazer a transição de classes e subir na vida. Ostentação e golpe são
intrínsecos à nossa cultura. [...]
Na moda, você não precisa realmente ser rico para parecer rico; isso é um trunfo na manga dos que
almejam a escalada social. A moda ostentação é o estilo das pessoas que exibem peças-chave que têm um valor
alto para pertencerem a uma camada especial da sociedade. Em pesquisa recente da USP com jovens da
periferia, 97% dos entrevistados afirmou que se tivessem R$ 500,00 gastariam tudo com roupas de grifes. [...]
A funkeira MC Pocahontas, autora do hit "Mulher no Poder", conta como já "torrou" mais de R$10.000,00
com vaidades na letra da sua música, incluindo bolsa da Louis Vuitton (sonho de cada mulher). [...]
Aqui no Brasil, o interessante é que, na maioria das vezes, não têm dinheiro de verdade. As pessoas
querem mesmo é ostentar e parecer o que não são. Inclusive os ricos ostentam.[...]

Disponível em: http://vida-estilo.estadao.com.br/noticias/moda,moda-ostentacao,1551567

TEXTO 2
Abre alas para o funk ostentação
Ronaldo Lemos - @lemos_ronaldo

Os chatos têm bons motivos para comemorar. Vão poder reclamar muito do "funk ostentação", cada vez
mais popular. Quem mora em São Paulo, e ainda não conhece, faz parte de uma minoria. Só o MC Guimê tem
mais de 40 milhões de visualizações no YouTube.
O nome é autoexplicativo. O funk carioca conquistou a Baixada Santista e a periferia da capital. Só que,
em São Paulo, sofreu uma mutação. Misturou-se ao hip-hop, nacional e gringo, e passou a falar de dinheiro e de
consumo.
As letras tratam de pessoas da periferia usando bens de luxo e tirando onda.
O hit "Plaquê de 100" é um bom exemplo. Repete: "contando os plaquê de cem, dentro de um Citroën, de
transporte nós tá bem, de Hornet ou 1.100". Faz festa com a capacidade de consumo recém-adquirida pela
periferia.[...]
Por falar neles, o funk ostentação concretiza no Brasil o que a pesquisadora Tricia Rose já falava sobre o
hip-hop nos anos 90: "É um teatro contemporâneo para os desprivilegiados, que interpretam inversões de status e
hierarquias, invertendo e subvertendo o script dominante". [...]

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/82876-abre-alas-para-o-funk-ostent acao.shtml


TEXTO 3
Plaquê* de 100
MC Guimê
Contando os plaquê de 100, dentro de um Citroën
Ai nóis convida, porque sabe que elas vêm
De transporte nóis tá bem, de Hornet ou 1100
Kawasaky, tem Bandit, RR tem também [...]
De Sonata, de Azzera, as mais gata sempre pira
Com os brilho das jóias no corpo de longe elas mira [...]
E os zé povinho que olha, de longe diz "que absurdo"[...]
Só comentam e critica, fala mal da picadilha
Não sabe que somos sonho de consumo da tua filha
Então não se assuste não, quando a notícia vier à tona
Ou se trombar ela na sua casa, em cima do meu colo, na sua poltrona [...]

*plaquê (gíria) – maço de notas


Disponível em: http://letras.mus.br/mc-guime/contando-os-plaques-de-100/

TEXTO 4
Sobre rolezinhos, funk ostentação e a conhecida criminalização da cultura negra
Por Zaira Pires

A juventude negra, tal como todo o povo negro, tem sofrido muitas ausências, e qualquer iniciativa que
nos coloque como protagonistas de nossa própria história merece respeito e louvor. Sair do papel de sobrevivente
e tornar-se ser atuante em busca de satisfação e felicidade é um ganho sem tamanho e sem precedentes. [...]
Quanto os rolezinhos, diversas variáveis contribuíram para seu aparecimento. Eles vêm acompanhados
principalmente, da cultura do Funk Ostentação, gênero musical surgido no estado de São Paulo como uma
“adaptação” paulista ao Funk carioca, conhecido como “proibidão”. São Paulo, a metrópole do consumo, do
progresso, do trabalho, da “meritocracia”, entre as principais capitais do mundo, sempre colocam sonhos de
consumo e riqueza em seus moradores. [...]
O funk ostentação surge como reação dessa juventude ao ostensivo incentivo ao consumo, à publicidade
que cria sonhos e desejos.

Disponível em: http://revistaforum.com.br/digital/131/sobre-rolezinhos-funk-ostentacao-e-conhe cida-


criminalizacao-da-cultura-negra/
Aluno(a): ___________________________________________ Turma: _______

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Competências a serem avaliadas, conforme ENEM: Conceitos: Ótimo, Muito bom, Bom, Regular, Fraco.
1 – Domínio da norma padrão da língua escrita __________
2 – Compreensão da proposta_____________
3 – Capacidade de organizar e relacionar informações___________
4 – Construção da argumentação____________
5 – Elaborar proposta de intervenção ao problema exposto__________

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