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Graciela Hösel
Brasília
Março de 2015
IBAC
Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento
Graciela Hösel
Brasília
Março de 2015
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IBAC
Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento
Folha de Avaliação
Banca Examinadora:
___________________________________________
Orientadora: Prof. André Lepesqueur Cardoso
___________________________________________
Membro: Prof. Dr. Carlos Augusto de Medeiros
___________________________________________
Membro: Prof. Msc. Paulo Cavalcanti
Brasília
Março de 2015
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Agradecimentos
ocasião para o aprendizado. Aos reforçadores sociais que incluem carinho, amor,
gratificante.
e “orientar” sem ser “punitivo”. Esta contingencia tornou esta tarefa uma experiência
bastante reforçadora.
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Sumário
Resumo
Abstract
This study aimed to conceptually analyze the term "self-esteem". In its entirety, the
use of the term in everyday life is carried out indiscriminately bypassing the
scientific field and following reductionist stance. This type of conduct brings delays
psychology and science. A particular type of conceptual error that occurs in
mentalism is the error category, which consists of treating a label like a case of
categoria. Na clinical practice, such an error has implications for the self when masks
the real variables involved in behavioral processes. The Behavior Analysis has
contributed to such mistakes are avoided using the principles of the approach based
on the philosophy of radical behaviorism, which were addressed in this study.
seria o termo “autoestima”, para não haver erros conceituais, e fazê-lo pragmático, ao
estudo tem como objetivo fazer uma análise conceitual do termo “autoestima”,
Comportamento.
Uso comum
opinião e o sentimento que cada pessoa tem por si mesma; o julgamento que a pessoa
no senso comum não param por aí, contudo faz-se satisfatória para o objetivo do
presente trabalho.
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idioma Grego, autos, “eu mesmo; por si próprio”. Tendo a palavra estima surgido no
século XVI, ela deriva do idioma Latim, aestimare, “ter afeição a (alguém ou algo)
Conceito disposicional
através de uma analise pragmática Para o autor, a análise conceitual confere estrutura
na medida do modo que é usado pelas pessoas (i.e., pela função). Formamos
conceitos à medida que aprendemos os usos das palavras. Por este motivo entre
(2005), uma das armadilhas na análise conceitual, que por sinal muito difícil de
como signos ou símbolos. Nesse sentido, o conceito de autoestima tem sido usado
Wilson (2005) alerta para outra armadilha que ocorre com frequência é o
vivessem homenzinhos que tivessem vontade própria”(p. 44). Estas armadilhas ainda
Wilson (2005) propõe técnicas que podem ser utilizadas para analisar os
conceitos e mapear seus usos e aplicações de forma lógica e assim evitar os erros
citados acima. Wilson cita diversas técnicas que podem ser usadas para uma analise
conceitual, mas alerta que para algumas palavras tais técnicas podem não ser
suficientes e que a alternativa seria defini-las pelo uso que a sociedade faz. A
autoestima ao que parece, é uma destas palavras que apesar de ter definições em
dicionários, tem sido usada de forma a induzir erros quando usada para explicar
comportamentos.
Descartes, fala do erro cartesiano ou erro categorial. Observa-se este erro quando
uma categoria que compõe categorias é usado como causa das próprias composições
da categoria. Neste sentido, Zílio (2010) endossa que o problema do uso destes
“sensação” como se estes termos indicassem uma coisa ou substancia em vez de uma
salas de aula, professores, alunos e assim por diante. Então esse estudante
pergunta: onde esta a universidade U? Seria preciso, perante esta pergunta,
explicar ao estudante que a universidade não é uma coisa á parte dos que ele
visitou, isto é, que “universidade” é apenas o nome dado á forma como está
organizado tudo que ele visitou antes (Zílio, 2010, p. 30).
No texto acima, Zílio (2010) exemplifica uma situação onde os elementos que
um forma pragmática de análise conceitual, como dito anteriormente, podem ser feita
Baum (2006) aponta Ryle como um dos principais autores que defendia a
utilidade do uso dos termos se usados de forma lógica. Para Ryle, os processos
cartesiano. Como Baum (2006), Zílio (2010) também afirma que foi em grande parte
estar num estado particular, ou sofrer uma mudança particular; é estar inclinado ou
uma condição particular for realizada” (p.43). Desta forma, quando é dito, por
exemplo, que um espelho tem disposição para se quebrar, não estamos dizendo que
quebrar ocorrerá se certas condições forem realizadas, por exemplo, jogar uma pedra
sobre o espelho (Zílio, 2010). Nesse sentido, não se poderia explicar a causa do
espelho se quebrar pela sua fragilidade ou disposição para quebrar, a explicação seria
2006).
considera que ocorre no mentalismo. Este erro consiste em tratar um rotulo como se
fosse um caso de categoria. Ryle (1984, citado por Baum, 2006) esclarece, utilizando
os comportamentos de fazer contas, jogar xadrez, projetar uma casa e fazer uma
coreografia” (p. 57) com certo grau de sucesso e sumidade. Neste sentido, Ryle
apontava que a razão deste tipo de erro ocorrer com facilidade era exemplificada na
teoria, por ele designada, de Hipótese paramecânica. Ryle (1984, citado por Baum,
2006) apóia na ideia de que “os termos que são logicamente rótulos de categorias
mentalismo, isto é, dar efeito causal a entidades teóricas. Neste tópico do mentalismo
analise neste trabalho, para Skinner uma das naturezas dos eventos internos (existiam
ocorrerem. Nesse sentido, explicar que Fulano não namora mulheres bonitas porque
tem baixa autoestima não explica nada o comportamento de Fulano, apenas descreve
termo disposicional (que não existe fisicamente), ou seja, de uma categoria diferente
seja, termos disposicionais são usados como exemplos de explicações causais, o que
Para evitar tais erros de categoria, devem ser tomados devidos cuidados
Behaviorismo Radical:
comum, apenas no sentindo de ser mais refinado. Para se entender como o termo
objetos de estudo.
ele é produzido, ou seja, o método utilizado. Contudo o que distingue uma ciência da
outra é o objeto de estudo de cada ciência. Por exemplo, na física cinética o objeto de
estudo é o movimento dos corpos. Na psicologia ainda não existe consenso sobre
qual o objeto de estudo. Um dos motivos pode ser devido à psicologia ser uma
Behaviorismo Radical, que lida com fenômenos naturais (que ocupam lugar no
(1997) afirma que o Behaviorismo surgiu como uma oposição às ideias dominantes
apontam que esta abordagem “não estuda as emoções”; “para o Behaviorismo não
Hanna, 2012).
privados, e para que a psicologia alcance os critérios de uma ciência, deve delimitar-
entende-se eventos privados e públicos como sendo da mesma natureza (Moreira &
Hanna, 2012).
podem relatá-los. Eventos públicos podem ser relatados por mais de uma pessoa e
eventos privados só a própria pessoa pode relatar. Ambos são eventos naturais e por
este motivo tanto eventos públicos quanto eventos privados (i.e., pensamentos;
Portanto, fica claro que o BR não exclui eventos privados como o BM, apenas
exclui eventos fictícios. Eventos fictícios são inobserváveis, até mesmo em princípio.
Por exemplo, “vontade”, não tem nenhuma propriedade de um evento natural. Não
tem certa localização num certo momento e não se aplica a um organismo vivo e
não possa ser identificado no tempo e no espaço (e.g., mente, consciência e cognição
Comportamento devido seu uso incorrer em diversos erros, discutidos até o momento
disposições do conceito.
Bases Filosóficas
pela teoria da evolução das espécies por seleção natural de Darwin. Nesta relação os
noção de ciência proposta pela ciência natural; o estudo realizado a partir do dado
natureza, qualquer evento não ocorre por acaso, mas em decorrências de um ou mais
aplicam aos comportamentos já que são partes da mesma natureza (Marçal, 2010).
intenções, não ocorrem por acaso, foram determinados por eventos ambientais
(Marçal 2010).
e Hanna (2012) apontam que essa mudança de pensamento foi atribuída à influência
necessário inferir ou postular uma ‘força de atração’ para explicar porque objetos
caem” (p.3).
conceitos não físicos (e.g., mente, vontade e espontaneidade) para explicar causas de
vistos. Segundo Moore (2008, citado em Zílio, 2010), Skinner não era adepto do
irrelevantes.
conceitos psicológicos, como Autoestima, não são e não devem ser utilizados como
Níveis de seleção:
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(1953/2003) cunhou o termo seleção por consequências, onde propõe que tanto
a história evolutiva da espécie (i.e., filogênese). Essa teoria tornou-se uma explicação
atípica entre as ciências da época, pois explica o processo evolutivo das espécies
espécies, a humana é a que mais depende da aprendizagem (Baum, 2006; Martone &
Todorov, 2007).
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seja reforçado pelo outro indivíduo. Torna-se assim possível a seleção de práticas
culturais.
dizer que Fulano não tem amigos porque tem baixa autoestima; ou dizer que Fulano
tem baixa autoestima porque não tem amigos). O que pode ser investigado é a
Respondente:
caso, uma resposta reflexa é eliciada por um estímulo antecedente, podendo ser tal
das emoções. Skinner (1953/2003) salienta que o que sentimos não é o sentimento
propriamente dito, mas uma alteração do estado corporal, que é possível ser nomeada
como determinada emoção. Essa emoção é precedida por algum evento ambiental,
neste sentido, deve-se investigar o que sente e ao mesmo tempo em qual ocasião
Operante:
tal modelo teórico não explica a maior parte dos comportamentos emitidos, os
De acordo com essa noção, mais uma vez fica entendido que não são os
interagem entre si. Assim, faz-se necessário compreender como ocorre esta interação
bem consigo mesmo”, assim como busca “acabar” com sentimentos aversivos e/ou
aumentar os sentimentos agradáveis. Muitas vezes esse cliente acredita que “a força
operantes.
acidente fulano evita dirigir (evitar dirigir = comportamento operante mantido por
em que dirigir passa a ter função de estímulo que elicia a resposta de medo (após
Discussão:
se a autoestima como uma “força oculta” que “magicamente” faz com que a pessoa
De acordo com o que foi exposto no presente trabalho, baseado na AC, a “auto
fictícias.
partir do momento que termos (teóricos ou fictícios) são tratados como entidades
ser um objetivo um tanto utópico, visto que o uso de termos teóricos e fictícios fazem
levados de volta (após estudo) ao senso comum. Talvez ai esteja o desafio para a
ciência. O uso de tais termos são altamente reforçados pela comunidade verbal,
pratica) torna-se tarefa árdua para o terapeuta a fim de colocar o cliente sob controle
precisa do termo, também estará em posição vantajosa. Pois, esse orientará seu
autoestima.
busque resposta para seus comportamentos fora do organismo, na sua interação com
operantes e os respondentes).
psicólogo que segue a abordagem da AC deve ter uma sólida base teórica, para que
trabalho, tais erros ocorrem não somente no senso comum, mas em toda a psicologia
e ciência, concluindo-se que ser psicólogo não confere condição que evita tais
ocorrências.
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Desta forma quem sabe haverá um tempo em que estes termos serão obsoletos e
ambientais envolvidas nos fenômenos comportamentais. Até este dia chegar ainda é
importante perceber que o cliente que chega a clinica trás estes termos como causas
Referências Bibliográficas
evolução. Publico privado, natural e fictício (pp. 56-63). 2ª ed. São Paulo:
Artmed.
http://www.oic.org.br/downloads/anaisIIsimposio/Auto-estima.pdf
http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/a22/carvalhonetotourinhoziliostrapasso
n01
Editora
em:http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/helio/Autoestima_conf_resp
http://www.periodicos.ufpa.br/index.php/rebac/article/view/830/1177.
Editora.
Melhoramentos.
ARBytes Editora.
Editores.
Skinner, B.F. (1953/2003). Ciência e comportamento humano. 11ª ed. São Paulo:
filosofia da mente. Filosofia da mente (pp. 23-37). São Paulo. Editora UNESP
Cultura Acadêmica.