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FISIOLOGIA VETERINÁRIA

SISTEMA DIGESTÓRIO
Regulação das funções gastrointestinais
FUNÇÕES DO TGI (canal alimentar)

Fornecer ao corpo nutrientes, eletrólitos e água ao


desempenhar cinco funções: motilidade, secreção,
digestão, absorção e armazenamento.

Para exercer suas diversas funções o TGI divide-se


em órgãos que encerram 2 importantes divisões:
[1] tubo digestivo e [2] glândulas acessórias.
Essas glândulas são de característica EXÓCRINA.
FUNÇÕES DO TGI
O processo digestório demanda gasto energético, envolvendo:
[1] Atividade motora ou peristaltismo
[2] Secreção de enzimas digestivas
[3] Secreção de sais biliares (emulsificadores de gorduras)
[4] Mecanismos de transporte eletrolíticos, nutrientes e água.

A parede gastrointestinal apresenta uma capacidade fisiológica


extraordinária, concentrada na BARREIRA MUCOSA.
Trata-se de uma série de mecanismos desempenhados pelas
diferentes populações de células epiteliais que adotam funções
específicas que variam conforme a parte do tubo digestivo,
como assimilação dos produtos resultantes da digestão e
exclusão de componentes com potencial nocivo à integridade do
organismo.
ESTRUTURA E FUNÇÃO
COMPARATIVAS
Estruturas macroscópicas do TGI de
4 espécies domésticas que tipificam
variações extremas encontradas no
sistema digestório dos mamíferos.
OS INTESTINOS DOS RUMINANTES
[1] Localizados a direita.
[2] Rúmen ocupa todo o antímero esquerdo.
[3] Intestino grosso e delgado de bovinos =
20 vezes o comprimento do corpo.
[4] Intestino grosso é constituído por cólon, sigmoide e reto. O cólon
ascendente tem forma espiralada, e o cólon descente apresenta um
mesentério curto.
[5] Nos ruminantes, o ceco repleto de ar flutua. Após longos períodos a
situação só pode ser revertida cirurgicamente.
OS INTESTINOS DO CÃO
[1] TRAJETO DO BOLO ALIMENTAR: estômago, duodeno descendente,
flexura caudal do duodeno, duodeno ascendente, jejuno, íleo e ceco,
cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente, chegando ao
reto.
[2] O ceco caudal é uma particularidade da espécie.
[3] Presença das pregas:
Duodenocólica: entre duodeno descendente e cólon descendente.
Ileocecal: entre ceco e íleo.
OS INTESTINOS DOS SUÍNOS
[1] TRAJETO DO BOLO ALIMENTAR: estômago, passando pela região
pilórica, daí ao duodeno (preso ao teto da cavidade corporal pelo
mesoduodeno) e jejuno. Na transição duodeno-jejunal encontra-se
grande acúmulo de linfonodos no meso, que são contínuos com as
placas de Payer (agregados linfoides) espalhados na parede do íleo.
[2] Através da válvula íleocecal o conteúdo digestivo chega ao ceco,
dividido em cabeça, corpo e ápice (antímero esquerdo). O bolo fecal
segue pelo cólon (ascendente, transverso e descendente) até o reto.
OS INTESTINOS DOS EQUINOS
[1] TRAJETO DO BOLO ALIMENTAR: estômago, passando da região
pilórica ao duodeno (preso ao teto da cavidade corporal pelo
mesoduodeno), prosseguindo para o jejuno. Na transição duodeno-
jejunal encontra-se um grande acúmulo de linfonodos, contínua com
as placas de Payer ileais.
OS INTESTINOS DOS EQUINOS
Após passar pela válvula ileocecal, o conteúdo intestinal chega ao
ceco, que nos equinos possui um formato de vírgula, dividido em
cabeça, corpo e ápice, apontando cranialmente. O ceco é responsável
pela fermentação microbiana, armazenando até 30 litros do conteúdo
que percorre o intestino.

O bolo fecal segue pelo cólon ascendente, que nos equinos possui a
forma de “U” deitado, dividindo-se: cólon ventral direito, flexura
esternal, cólon ventral esquerdo, flexura pélvica, cólon dorsal
esquerdo, flexura diafragmática e cólon dorsal direito. Desse ponto, o
conteúdo segue para cólon transverso, descendente e reto.
[2] A válvula ileocecal nos equinos é menos resistente, permitindo que
o conteúdo do ceco volte em maior quantidade para o íleo.
[3] O cólon ascendente dos equinos apresenta haustos = saculações
que permitem maior capacidade de dilatação colônica.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
Mediada pelo sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático),
bem como por neurônios localizados no plexo mioentérico e submucoso,
que formam o sistema nervoso entérico (SNE).
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO

Formam a ligação entre o SNC e o SNE.


A maior parte do TGI recebe inervação parassimpática por meio do
NERVO VAGO, exceto a porção terminal do cólon, a qual recebe
inervação parassimpática da medula espinhal sacral através do NERVO
PÉLVICO.

Fibras parassimpáticas chegam no intestino e estabelecem sinapse com


os corpos celulares do SNE.
A estimulação parassimpática promove aumento geral da atividade do
SNE, logo intensifica a atividade das funções TGI.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO

Os nervos simpáticos secretam principalmente NOREPINEFRINA, mas


também pequenas quantidades de EPINEFRINA. A estimulação do SNS
inibe a atividade TGI, causando efeitos contrários aos do SNP. A intensa
estimulação do SNS pode bloquear o peristaltismo.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO

Está presente em todo o comprimento na parede intestinal e se localiza


entre as camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele
está envolvido principalmente na atividade muscular.

FUNÇÕES DO PLEXO MIOENTÉRICO:


[1] Aumento da contração tônica (tônus TGI)
[2] Ligeiro aumento no ritmo da contração
[3] Aumento das ondas peristálticas.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO

O plexo mioentérico possui neurônios excitatórios e inibitórios, sendo


os inibitórios responsáveis pela inibição dos músculos de esfíncteres
intestinais, como o esfíncter pilórico, que controla o esvaziamento do
estômago para o duodeno e o esfíncter da valva ileocecal, que controla
o esvaziamento do intestino delgado para o ceco.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO

Basicamente, o PLEXO MIOENTÉRICO controla os movimentos TGI, e o


PLEXO SUBMUCOSO regula secreção gastrointestinal e fluxo sanguíneo
local.
REGULAÇÃO NEURAL DO TGI
SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO

A entrada sensorial origina-se de MECANORRECEPTORES nas camadas


musculares e QUIMIORRECEPTORES na mucosa. Os mecanorreceptores
respondem a distensão da parede intestinal e os quimiorreceptores na
mucosa monitoram as condições químicas do lúmen intestinal.

Sinais sensoriais originam-se do epitélio TGI e são integrados no plexo


submucoso para ajudar a controlar a secreção intestinal a secreção
intestinal local, a absorção local e a contração local do músculo
submucoso.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
[1] HORMÔNIOS GASTROINTESTINAIS
[a] Secretina
[b] Gastrina
[c] Colecistoquinina
[d] Peptídeo inibidor gástrico
[e] Motilina.

[2] ALDOSTERONA
HORMÔNIOS DO TGI E SEUS RESPECTIVOS LOCAIS DE LIBERAÇÃO
TIPOS DE SECREÇÕES
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
GASTRINA

Hormônio secretado pelas células G do estômago e duodeno, em


resposta à presença de proteínas e de distenção gástrica.
PRINCIPAL FUNÇÃO: aumentar a secreção de ácido gástrico.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
SECRETINA

Secretada pelas células S do duodeno e jejuno em resposta a gordura,


ácido gástrico, ácidos biliares e extratos de ervas específicas.
Os efeitos da secretina são potencializados pela colecistocinina.

FUNÇÕES: estimula a secreção de muco gástrico, pepsinogênio e bile, e


exócrinas pancreáticas de bicarbonato, promovendo o crescimento
pancreático e suprimindo a secreção de ácido gástrico.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
COLECISTOQUININA

Hormônio secretado pelos neurônios entéricos do duodeno e jejuno em


resposta à presença de proteínas e gordura.

PRINCIPAL FUNÇÃO: estimular o


esvaziamento da vesícula biliar
e secretar enzimas pancreáticas.
Outras ações: anorexígena, além
de inibir esvaziamento gástrico.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
PEPTÍDEO INIBIDOR GÁSTRICO (PIG)

Enterogastrona: qualquer hormônio ou substância regulatória que


desacelera o movimento da ingesta (estômago e intestino), inibindo a
secreção de ácido gástrico e estimulando a secreção de insulina.
Secretado pelas células do intestino delgado na porção proximal, em
resposta à gordura e a glicose.

Também pode ser chamado de peptídeo insulinotrópico dependente de


glicose (GIP), por sua secreção ser estimulada na presença de glicose
no duodeno e de uma de suas funções ser estimular a secreção de
insulina do pâncreas endócrino.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
MOTILINA

Secretada pelas células M do duodeno e, em menor grau, pelo jejuno.


A acetilcolina estimula sua liberação, promovendo a motilidade
gástrica nos períodos entre as refeições e a secreção de pepsinogênio.

Atua tanto em músculos quanto em nervos para regular o complexo


motor migrante (CMM) que é o padrão básico de motilidade intestinal
presente durante o período entre as refeições que é interrompido pela
alimentação.
Fármacos miméticos das ações da motilina são usados para tratar
distúrbios peristálticos como atraso no esvaziamento gástrico.
REGULAÇÃO HORMONAL DO TGI
ALDOSTERONA

AÇÕES: Reabsorção de sódio e água no intestino, além de reabsorção


de sódio nas glândulas salivares na troca com íons potássio.
PERGUNTAS
[1] Qual processo digestivo predomina nos carnívoros: enzimático ou
microbiano?
[2] Qual a diferença entre ruminantes e equinos com referência ao local
de fermentação em relação ao estômago?
[3] Por que a dieta de um herbívoro requer maior tempo de ingestão
do que a de um carnívoro?
[4] Como o ruminante mantém a concentração da glicose sanguínea?
[5] O que acontece com a proteína dietética digerida pelos ruminantes?
[6] Como o NNP pode ser utilizado pelos ruminantes?
[7] Qual o principal produto final da digestão de carboidratos nos
equinos?

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