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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

CURSO DE MEDICINA
FISIOLOGIA CLÍNICA

TRATO GASTROINTESTINAL

MOTILIDADE, SECREÇÃO, DIGESTÃO E ABSORÇÃO

CONCEITOS CHAVE:

1. O trato GI é um tubo, subdividido em regiões que servem a diferentes funções


associadas à digestão e à absorção.
2. O revestimento do trato GI é composto pelas camadas — mucosa, submucosa e
muscular.
3. Há três mecanismos de controle principais: o hormonal, o parácrino e o neural.
4. A inervação do trato GI é particularmente interessante, porque é formada por dois
componentes, o extrínseco e o intrínseco, que interagem entre si.
5. A inervação extrínseca (corpos celulares fora da parede do trato GI) consiste nas
duas subdivisões do SNA: a simpática e a parassimpática. Ambas têm
componente sensitivo (aferente) importante.
6. O sistema nervoso intrínseco, ou entérico (corpos celulares na parede do trato GI),
é capaz de agir de modo independente da inervação neural extrínseca.
7. Quando uma refeição está em diferentes regiões do trato, os mecanismos
sensitivos detectam a presença dos nutrientes e preparam respostas fisiológicas
adequadas para cada região. Essas respostas são mediadas por vias endócrinas,
parácrinas e neurais.
8. As fases cefálica e oral da refeição partilham muitas características e preparam o
restante do trato GI para a refeição; essas respostas são mediadas, neuralmente,
de modo predominante, por fibras nervosas do vago.
9. A secreção salivar tem funções importantes e, junto com a mastigação do
alimento, permite a formação de bolo, que pode ser deglutido e transportado, ao
longo do esôfago, para o estômago.
10. A composição da saliva secretada varia com a intensidade do fluxo, que é
estimulado durante a refeição. A secreção primária vem de células nos ácinos e é
modificada por células epiteliais, enquanto passa pelos ductos.
11. A regulação da secreção salivar é, exclusivamente, neural; a inervação
parassimpática é a mais importante na resposta ao alimento.
12. O reflexo da deglutição é uma sequência rigidamente ordenada de eventos que
impulsionam o alimento da boca para a faringe e daí para o estômago.
13. A principal função do esôfago é impulsionar o alimento da boca para o estômago.
O esôfago tem esfíncteres em cada extremo que estão envolvidos em funções
protetoras importantes na deglutição e na preservação da integridade da mucosa
do esôfago.
14. O peristaltismo esofágico (primário) é estimulado pela excitação mecânica da
faringe e o peristaltismo secundário é estimulado pela distensão da parede
esofágica.
15. A função esofágica e os esfíncteres associados são regulados por vias neurais
extrínsecas e intrínsecas.
16. As principais funções do estômago são o armazenamento e o início da digestão
proteica.
17. A regulação da função gástrica é controlada por vias neurais extrínsecas e
intrínsecas, junto a mediadores chave humorais (gastrina) e parácrinos
(histamina).
18. As principais secreções do estômago são o ácido e o pepsinogênio, que juntos
iniciam a digestão proteica.
19. O H+ é secretado através da membrana plasmática apical das células parietais,
pela bomba de prótons H+, K+-ATPase.
20. A única secreção do estômago que é essencial é a de fator intrínseco, envolvido
na absorção da vitamina B12.
21. O epitélio gástrico secreta HCO3– e muco para formar a barreira mucosa
semelhante a gel, que o protege contra o conteúdo acídico e péptico luminal.
22. A musculatura lisa da parede das vísceras intestinais apresenta variações cíclicas
do potencial de membrana, referidas como ritmo elétrico básico ou de ondas
lentas.
23. As células intersticiais de Cajal são marcapassos da parede gastrointestinal, que
determinam a frequência das ondas lentas.
24. A porção proximal do estômago passa por lenta variação do tônus, compatível
com sua função de armazenamento.
25. A parte distal do estômago apresenta contrações fásicas, que podem variar,
consideravelmente, de intensidade.
26. O esvaziamento gástrico é regulado por reflexos vagovagais.
27. Ao sair do estômago, a refeição entra no intestino delgado, que consiste
(sequencialmente) no duodeno, jejuno e íleo. A principal função do intestino
delgado é digerir e absorver os nutrientes contidos na refeição.
28. A presença do quimo, no duodeno, retarda o esvaziamento adicional do estômago,
ajustando, assim, o fornecimento de nutrientes à capacidade de o intestino delgado
digerir e absorver tais substâncias.
29. A digestão e a absorção, no intestino delgado, são auxiliadas por dois sucos
digestivos originados do pâncreas (suco pancreático) e do fígado (bile). Essas
secreções são ativadas por hormônios e sinais neurais desencadeados pela
presença da refeição no intestino delgado.
30. As secreções pancreáticas são produzidas nos ácinos e contêm várias proteínas
capazes de digerir a refeição, ou agir como importantes cofatores. A secreção é
diluída e alcalinizada, enquanto passa pelos ductos pancreáticos.
31. A bile é produzida pelo fígado e estocada na vesícula biliar, até ser necessária no
período pós-prandial. Os ácidos biliares, componentes importantes da bile, são
detergentes biológicos que solubilizam os produtos da digestão de lipídios.
32. Os carboidratos e as proteínas, macromoléculas hidrossolúveis, são digeridas e
absorvidas por mecanismos análogos. Os lipídios, os terceiros macronutrientes,
requerem mecanismos especiais para transferir os produtos da lipólise até a
superfície epitelial, onde podem ser absorvidos.
33. O intestino delgado transfere grandes volumes de fluido para dentro e para fora
do lúmen, diariamente, para facilitar a digestão e a absorção dos nutrientes,
impulsionados pelo transporte ativo de íons e de outros eletrólitos.
34. Os padrões motores do intestino delgado variam, dependendo de a refeição ter
sido ou não ingerida. Imediatamente após refeição, a motilidade é direcionada
para reter a refeição no intestino delgado, misturá-la com os sucos digestivos e
prover tempo suficiente para a absorção dos nutrientes. Durante o jejum, um
complexo de “limpeza”, com contrações intensas (o complexo motor migratório)
vasculham, periodicamente, ao longo da extensão do estômago e do intestino
delgado, a fim de limpá-los de resíduos não digeridos.
35. O segmento final do intestino pelo qual a refeição passa é o intestino grosso,
composto pelo ceco, cólon, reto e ânus. A função primária do intestino grosso é
recuperar a água utilizada durante o processo de digestão e de absorção e
armazenamento dos resíduos da refeição até que a defecação seja socialmente
conveniente.
36. A motilidade colônica serve, primeiramente, para misturar e retardar a passagem
do conteúdo luminal, de outro modo, nos intervalos entre os períodos das
contrações de grande amplitude, que transferem o material fecal para o reto.
37. O cólon é muito ativo no transporte de água e eletrólitos, assim como produtos
recuperados de componentes da refeição não digeridos pelas bactérias colônicas.
38. O cólon mantém relacionamento por toda a vida e mutuamente benéfico com
diversos ecossistemas que metabolizam substâncias endógenas, nutrientes e
fármacos, e protegem o hospedeiro de infecções por patógenos.
39. A defecação envolve o relaxamento voluntário e involuntário de estruturas
musculares, ao redor do ânus, e as vias de reflexos que controlam essas estruturas.

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