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UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

IL – Instituto de Linguagens
Departamento de Letras
Disciplina: Morfossintaxe
Docente: Professora Doutora Ana Carolina Vilela-Ardenghi
Discente: 202111117016 – Wagner Aparecido da Silva

Uma Observação: Grau e Flexão

Ao ser dito que se concorda em gênero, número e grau, comete-se um equívoco. É


possível concordar com gênero, um adjetivo, um pronome. Isso é de certa forma quase inexistente
na língua inglesa, mas no português se faz muito presente. O menino assustado (the scared boy), a
menina assustada (the scared girl). Existe concordância na língua portuguesa tanto no artigo
definido quanto no adjetivo das frases, no inglês não existe algo semelhante nos mesmos exemplos.
Quanto ao número também se faz importante porque a depender da quantidade os verbos se
conjugam em outras pessoas do discurso, os numerais definem uma quantidade e assim diferenciam
os substantivos no plural ou singular. Exemplo: Ele é um homem, eles são dois homens. Um chalé,
vinte chalés.
Quanto ao grau, conforme Joaquim Mattoso Câmara Jr (1971), não há concordância
porque o grau é formado de uma maneira diferente, não se concordando com uma coisa ou outra e,
sim, formada por diferentes tipos de formação de palavras. Não é um processo flexional de
formação de palavras, mas pode ser formada por diversos processos, incluindo aí o derivacional.
Além disso, a flexão é algo obrigatório quando se faz em um contexto de substantivo e adjetivo. A
menina bonita. Não há como dizer a menina bonito. É de obrigação que exista concordância entre o
adjetivo bonito e o substantivo menina. Veja agora: O livrinho bonito, a menininha bonita. Não
existe a coerção desta concordância aqui.

“A expressão de grau não é um processo flexional em português, porque não é um mecanismo obrigatório
e coerente, e não estabelece paradigmas exaustivos de termos exclusivos entre si.” (Câmara Jr, 1971).

Os critérios da concordância nominal são coercitivos ou, melhor dizendo, compulsórios,


tais quais os exemplos com adjetivos e substantivos, mas quando se utiliza do grau (seja de
substantivos ou adjetivos) é de opção do escritor ou falante alterar ambos elementos. Meninão
bonito ou meninão bonitão ou menino bonitão.
Tendo isso em vista, verifica-se que na obra Novíssima Gramática Domingos
Paschoal Cegalla, os editores apresentam o Grau do Substantivo e do Adjetivo como uma flexão,
na página 152, número 19, do capítulo de Substantivo, parte: II – Morfologia. Incluindo a 18ª. lista
de exercícios em que o enunciado diz, claramente:
“Flexione os substantivos seguintes no diminutivo plural utilizando os sufixos –inho ou
–zinho, conforme convenha:”
“Dê a forma normal, isto é, não flexionada dos substantivos seguintes: radícula, sineta,
alegrão (...)”
O mesmo exemplo se dá aos adjetivos (página 169). Flexão do Adjetivo: Grau
Comparativo e Grau Superlativo. Quando pesquisado no rol de exercícios propostos pelo livro
novamente é identificado no enunciado o verbo flexionar.
“Escreva as frases, flexionando os adjetivos no grau superlativo absoluto sintético
erudito:”
Ainda sobre a teoria desta gramática, ainda que tratem o tema como Flexão sempre
trabalham com o léxico sufixo (-inho, -zinho, -eco) seja em sua teoria e, também, nos exercícios
propostos, deixando subentendido haver uma formação de palavra diferente da flexão.

Referências Bibliográficas

CÂMARA JR., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2011[1971], pág. 81-96.
CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48.ed. rev. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2008.

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