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Teoria
Morfologia
A morfologia é a área da gramática que estuda a formação das palavras, sua estrutura e as classes
gramaticais. Nessa área de estudo, a palavra é analisada isoladamente, sem necessariamente estar
inserida em um contexto frasal, por exemplo, como é o caso da sintaxe.
Sintaxe
A sintaxe é a parte da gramática que estuda a organização das palavras em uma oração (estrutura
frasal que obrigatoriamente se forma em torno de um verbo ou de uma locução verbal) e a
organização das orações em um discurso.
A sintaxe analisa a função que as palavras desempenham em uma oração/período. Essas funções
são chamadas “funções sintáticas”. São elas: sujeito, predicado, agente da passiva, predicativos,
complementos verbais, complemento nominal, adjunto adverbial, adjunto adnominal, aposto e
vocativo. Além disso, ela também analisa o modo como as orações estão organizadas em um texto.
No entanto, perceba que a função sintática das palavras não é a mesma da oração anterior, pois as
palavras não desempenham funções sintáticas fixas:
• O bolo gostoso = sujeito
• O = adjunto adnominal
• Gostoso = adjunto adnominal
• É = verbo de ligação
• De chocolate = predicativo do sujeito
Português
Semântica
A semântica estuda o significado e a interpretação do significado de um vocábulo, expressão ou
até mesmo de uma frase em um determinado contexto.
Exercícios de vestibulares
1. (Enem PPL, 2009) A tentação é comer direto da fonte. A tentação é comer direto na lei. E o
castigo é não querer mais parar de comer, e comer-se a si próprio que sou matéria igualmente
comível.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.
As relações de sentido que o poeta estabelece no poema podem ser representadas por vários
pares de oposição semântica de palavras, EXCETO por
(A) Sujeito x objeto.
(B) Libertação x escravidão.
(C) Igualdade x desigualdade.
(D) Produção x riqueza.
Português
8. (UERJ, 2013)
Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros de todos os
tempos: o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou pensar, intelectual que não se
omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da abolição do regime
escravocrata no Brasil. Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar
com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão”, como lembrou na
semana passada Marcos Vinicios Vilaça, em solenidade na Academia Brasileira de Letras.
Mas a obra da escravidão continua viva, sob a forma da exclusão social: pobres,
especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos
ainda sem comida; sobretudo sem acesso à educação de qualidade.
Ainda que não aceitemos vender, aprisionar e condenar seres humanos ao trabalho forçado
pela escravidão – mesmo quando o trabalho escravo permanece em diversas partes do
território brasileiro –, por falta de qualificação, condenamos milhões ao desemprego ou
trabalho humilhante. Em 1888, libertamos 800 mil escravos, jogando-os na miséria. Em 2010,
negamos alfabetização a 14 milhões de adultos, negamos Ensino Médio a 2/3 dos jovens. De
1888 até nossos dias, dezenas de milhões morreram adultos sem saber ler.
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se mantém e
continuamos escravocratas.
Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada, conforme a renda da
família de uma criança, quanto eram diferenciadas as vidas na Casa Grande ou na Senzala.
Somos escravocratas porque, até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento:
instrumento decisivo para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos
nós, que estudamos, escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos diplomas,
beneficiamo-nos da exclusão dos que não estudaram. Como antes, os brasileiros livres se
beneficiavam do trabalho dos escravos.
Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não saberem ler, em vez
de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões tomadas ao longo de décadas.
Português
Privilegiamos investimentos econômicos no lugar de escolas e professores. Somos
escravocratas, porque construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma
chance aos jovens que foram deserdados do Ensino Médio completo com qualidade. Somos
escravocratas de um novo tipo: a negação da educação é parte da obra deixada pelos séculos
de escravidão.
A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até o Brasil, a prisão e
o trabalho forçado. Somos escravocratas que não pagamos para ter escravos: nossa
escravidão ficou mais barata e o dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em
benefício dos novos escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para
os novos escravos: os sem educação.
Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.
Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de escravidão; e
nossos intelectuais e economistas comemoram minúscula distribuição de renda, como antes
os senhores se vangloriavam da melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta
no preço do açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes, com
a proibição do tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários. Agora, com o bolsa
família, o voto do analfabeto ou a aposentadoria rural. Medidas generosas, para inglês ver e
sem a ousadia da abolição plena.
Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a estupidez de não
abolirmos a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando
fazer a revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos
romper as amarras que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade civilizada,
como, por 350 anos, a escravidão nos envergonhava e amarrava nosso avanço.
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela escravidão continua,
porque continuamos escravocratas. E ao continuarmos escravocratas, não libertamos os
escravos condenados à falta de educação.
Cristovam Buarque.
Adaptado de O Globo, 30/01/2000
Gabarito
1. B
A repetição do verbo “comer” acontece para enfatizar e esgotar os sentidos da palavra,
característica recorrente da pós-modernidade e dos novos costumes literários.
2. C
O modo subjuntivo, predominante no excerto do poema “Receita de mulher” (“perdoem”, “haja”,
“socialize”, "seja", "tenha", "adquira") indicam a vontade ou o desejo do eu lírico por esse ideal
de mulher.
3. D
Note que não há, no texto, oposição entre produção e riqueza. Embora o texto aborde o universo
semântico do proletariado, o poeta se concentra na questão da desigualdade entre homens e
mulheres. Além disso, mostra a maneira como elas ficam em posição subalterna no mundo
burguês.
4. A
A quebra de expectativa se dá pelo fato de que o eu lírico usará o sábado para aprimorar suas
capacidades em vez de descansar.
5. D
É possível verificar no poema a repetição do fonema /v/, que pode ser associada ao barulho do
vento. No plano sintático, vemos a repetição de estruturas como “O vento varria...”.
7. E
No primeiro caso, a palavra “agora” tem sentido temporal: daqui para frente. Já no segundo, ela
marca uma quebra de expectativa e pode ser substituída por “no entanto”, “mas”, “entretanto”.
8. A
Além de estabelecer uma relação de tempo, o conectivo “ao” também permite uma relação de
causa. Para verificar, podemos trocá-lo pela conjunção causal “porque”: “Somos escravocratas
porque deixamos que a escola seja tão diferenciada”.