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Protocolo Reclame aqui protocolo 14547556332630520220524046581,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por THIANA VELLASCO VAZ DA COSTA, protocolado em 28/06/2022 às 11:57 , sob o número 10278626720228260224.
32630520220524088973, 32630520220524088548.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1027862-67.2022.8.26.0224 e código 99962A9.
Não há de prosperar, Exa! A autora paga as prestações do plano com muito custo e ao
precisar de um tratamento tem que se despender em vários consultórios médicos credenciados
da ré e a grande maioria se negou a fazer o pedido de cirurgia para não produzir provas contra
o plano de saúde que os remunera. A autora somente conseguiu o pedido de cirurgia com
cirurgião particular, pois esse não teme o plano de saúde. No entanto, sempre deixou claro por
meio de e-mail e telefone que deseja operar com médicos credenciados do plano, bem como
em sua rede credenciada. O réu diz que só recebe o pedido de cirurgia se a autora assinar um
documento de que arcaria com as cirurgias de forma particular. A ré zomba da autora, não
responde ela objetivamente, passa para diversos assessores o seu caso e ninguém resolve
nada. Fazem de tudo para que a autora desista de retirar o grande excesso de pele que
deforma o seu corpo e gera assaduras e mau cheiro. A ré precisa ser penalizada pela péssima
prestação de serviço deixando a consumidora em situação vexatória e humilhante de ter que
implorar com informações. Eis as negativas por e-mail:

Thiana Costa
OAB RJ 155.486
(21) 976996564 whatsApp
thianacostaadvogada@gmail.com
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A ré brinca com o sofrimento da autora, nega algumas cirurgias e faz exigências inexistentes

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para fornecer todas as negativas por escrito quando seu prazo de resposta já findou.

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Configurado dessa maneira a negativa por omissão dos demais procedimentos cirúrgicos.

A ré sabe que os médicos credenciados não irão fazer o pedido de cirurgia completo conforme
a autora necessita e colocam a condição da autora assinar um documento se comprometendo
a arcar com os honorários particulares, caso de entrada no pedido de cirurgia particular.

Assistente administrativo da ré cobra exame que apenas médicos avaliam como condição se
solicita a cirurgia de cobertura obrigatória pelo plano de saúde que é a retirada do excesso de
pele do abdome.

Thiana Costa
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Pedido de cirurgia e carta detalhando o caso enviado por e-mail pela autora a ré que não

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responde claramente as solicitações ficando clara a má-prestação de serviço.

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Conforme demonstrado, Exa, a autora/paciente/consumidora tentou todas as formas
administrativas possíveis visando à liberação dos procedimentos para retirada de pele após
perder 110 quilos não tendo outra forma a não ser acionar o judiciário.

DO DIREITO

A cirurgia reparadora do abdome (abdominoplastia), das mamas (reconstrução da mama), bem


como várias outras solicitadas pelo médico assistente constam no rol da ANS Resolução
465/2021. Colocando o Ctrl f no rol da ANS ele elenca todas as cirurgias reparadoras que
constam no anexo. O anexo não é claro com relação à quais casos os procedimentos tem que
serem cobertos, fala-se em “cirurgia reparadora” logo, deduz-se que onde houver excesso de
pele a cirurgia reparadora se aplicam no caso de grande perda de peso decorrente da cirurgia
bariátrica.

RN 465/2021 - Anexo I: lista os procedimentos e eventos de cobertura obrigatória, de acordo


com a segmentação contratada;

ABDOMINOPLASTIA (COM DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO) PROCEDIMENTOSPELE E TECIDO CELULAR


SUBCUTÂNEO, MUCOSAS E ANEXOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS.
RECONSTRUÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL COM RETALHO MUSCULAR OU MIOCUTÂNEOABDOME, PAREDE
E CAVIDADESISTEMA DIGESTIVO E ANEXOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOSHCOHSOREF
REPARAÇÃO DE OUTRAS HÉRNIAS (INCLUI HERNIORRAFIA MUSCULAR) ABDOME, PAREDE E
CAVIDADESISTEMA DIGESTIVO E ANEXOSPROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
RECONSTRUÇÃO DA MAMA COM PRÓTESE E/OU EXPANSOR EM CASOS DE LESÕES TRAUMÁTICAS E
TUMORESMAMASPAREDE TORÁCICA PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS
DIÁSTASE DOS RETOS-ABDOMINAIS - TRATAMENTO CIRÚRGICOABDOME, PAREDE E CAVIDADESISTEMA
DIGESTIVO E ANEXOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOSHCOHSOREF HÉRNIA - TRATAMENTO
CIRÚRGICOABDOME, PAREDE E CAVIDADESISTEMA DIGESTIVO E ANEXOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
E INVASIVOS
EXÉRESE DE LESÃO COM AUTO-ENXERTIA PROCEDIMENTOS PELE E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO,
MUCOSAS E ANEXOS
EXTENSOS FERIMENTOS, CICATRIZES OU TUMORES - EXCISÃO E RETALHOS CUTÂNEOS PROCEDIMENTOS
PELE E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO, MUCOSAS E ANEXOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E
INVASIVOSHCOHSOREF EXTENSOS FERIMENTOS, CICATRIZES OU TUMORES - EXÉRESE E EMPREGO DE
RETALHOS CUTÂNEOS OU MUSCULARES CRUZADOS PROCEDIMENTOS PELE E TECIDO CELULAR
SUBCUTÂNEO, MUCOSAS E ANEXOS
CORREÇÃO DE TUMORES, CICATRIZES OU FERIMENTOS COM O AUXÍLIO DE EXPANSORES DE TECIDOS
FACE CABEÇA E PESCOÇO PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS
PTOSE PALPEBRAL - CORREÇÃO CIRÚRGICA PÁLPEBRA OLHOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
RECONSTRUÇÃO DA PAREDE TORÁCICA COM RETALHOS CUTÂNEOS, MUSCULARES OU MIOCUTÂNEOS
PAREDE TORÁCICA PAREDE TORÁCICA PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E E INVASIVOS
EXÉRESE DE NÓDULO MAMAS PAREDE TORÁCICA PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS E INVASIVOS

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Contudo, se seguirmos a teoria da operadora de que somente à cirurgia plástica reparadora do

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abdome consta no rol da ANS, as demais plásticas reparadoras de qualquer forma são

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uma continuidade do rol da ANS ou estão na exceção mesmo, pois uma pessoa após ter
uma grande perda de peso, no caso 110 quilos, não fica somente com grande excesso de pele
no abdome, mas sim em várias partes do corpo conforme narram os médicos especialistas em
seus laudos ora anexados. As cirurgias não se tratam de um procedimento embelezador, mas
da continuidade do tratamento contra a obesidade, tratamento necessário, conforme pedidos
médicos detalhando o estado físico e psicológico completamente abalado da requerente.

“O rol de procedimentos e eventos em saúde constitui relevante garantia do consumidor para


assegurar direito à saúde, enquanto importante instrumento de orientação quanto ao que lhe
deve ser oferecido pelas operadoras de plano de saúde, mas não pode representar a delimitação
taxativa da cobertura assistencial, alijando previamente o consumidor do direito de se beneficiar
de todos os possíveis procedimentos ou eventos em saúde que se façam necessários para o seu
tratamento” Ministra Nancy Andrighi.
.

Em recente julgamento Embargos de Divergência em RESP No 1.886.929 – SP


(2020/0191677-6) Relator: Ministro Luís Felipe Salomão. Embargante: UNIMED CAMPINAS, o
Ministro Luís Felipe Salomão ressaltou:

“Igualmente, na mesma linha das notas técnicas mencionadas no voto antes apresentado,
aponta objetivamente que o procedimento pode mesmo ser imprescindível para o caso de
depressão ou esquizofrenia refratária a medicamentos, e que, no âmbito da saúde suplementar,
não há outra opção/tecnologia disponível para a enfermidade, que não seja
antidepressivo.” (grifo nosso).

“Ora, o tratamento ora pretendido encontra respaldo técnico, e tem eficácia comprovada,
por isso deve ser examinado de modo diferente pelo Poder Judiciário.”(grifamos)

Ressaltamos que não existe outro tratamento para retirada do excesso de pele que não
sejam as plásticas reparadoras conforme ressalta o laudo médico anexado. Frisam ainda os
laudos médicos que se trata de cirurgia urgente e também possuímos eficácia comprovada.

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E ainda, temos o respaldo técnico do NatJus completamente favorável ao plano de saúde ter

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que arcar com as plásticas reparadoras após grande perda de peso. Vejamos:

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Nota Técnica 72706 Data de conclusão: 18/04/2022 14:39:51
CID: E66.8 - Outra obesidade
Tecnologia: 30101271– Abdominoplastia 30602351– Mamoplastia redutora com prótese
30101190– Cruroplastia superior Torsoplastia inferior + gluteoplastia com o devido custeio de
materiais, procedimentos, insumos e medicamentos pós-cirúrgicos;
Conclusão Justificada: Favorável
Conclusão: Trata-se de cirurgias que podem ter impactos positivos na vida da paciente, e já
amplamente demonstrado em publicações científicas.
NatJus Responsável: SP - São Paulo

Nota Técnica 63421 Data de conclusão: 16/02/2022 06:55:14


CID: E66.8 - Outra obesidade
Tecnologia: Cirurgias reparadoras não estéticas Abdominoplastia em âncora Mamoplastia
redutora com prótese Cruroplastia superior Braquioplastia Torsoplastia superior Torsoplastia
inferior.
Conclusão Justificada: Favorável
Conclusão: As cirurgias plásticas pós-cirurgia bariátrica são procedimentos habitualmente
cobertos pelos planos de saúde, principalmente quando há danos à saúde psíquica ou corpórea
causados pelo excesso de pele após a grande perda de peso. O mesmo pode ser entendido
para essa paciente que, apesar de não ter sido operada, apresentou perda importante de peso
em período relativamente curto como pacientes pós-cirúrgicos, e deve ser tratada como tal.
NatJus Responsável: SP - São Paulo

No mesmo julgamento sobre o rol da ANS, em seu voto, o Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, ressaltou:

“De início, convém acentuar que, contra a Lei n. 14.307/2022, a Associação. Brasileira de
Proteção aos Consumidores de Planos e Sistema de Saúde (SAÚDE BRASIL) ajuizou, em
5/3/2022, Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI no 7.088/DF, Rel. Ministro Roberto Barroso)
no Supremo Tribunal Federal, a qual busca a declaração da inconstitucionalidade dos §§ 4º, 7º e
8º do Art. 10 da Lei no 9.656/1998 (nova redação), a fim de que o Rol da ANS seja “considerado
meramente exemplificativo”.
“... a higidez do sistema de saúde suplementar, como desenhado pelo legislador, depende de
segurança jurídica, boa-fé e relevantes trocas de informação entre todos os atores envolvidos do
setor.”

A autora não teve esclarecido no contrato sobre que não teria direito a reparar o excesso de
pele após perda de peso decorrente da cirurgia bariátrica coberta pelo plano. A transparência é
uma medida altamente necessária para ambos os lados, uma vez que facilita a compreensão
dos critérios e de procedimentos adotados, inclusive a RN nº 376 determina que as operadoras
informem, com linguagem clara e de forma padronizada, as principais características dos tipos
de planos existentes no mercado.

O art.16 da Lei 9.656/98 tratado direito à informação, sendo necessário que os instrumentos
sejam redigidos de forma que o consumidor possa conhecer e compreender o conteúdo do
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contrato. É importante observar que a regra já existia de forma genérica no CDC (art. 4º, IV e

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6º, III), tendo o legislador detalhado às informações que devem ser prestadas ao consumidor

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de plano de saúde.
Ressalta ainda o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva em seu voto:

“... No entanto, apesar de ser taxativo o Rol da ANS, tal taxatividade não pode ser
considerada absoluta, tomando-se como exemplo o que já acontece na Saúde Pública.
Como consta no Enunciado n. 73 das Jornadas de Direito da Saúde, “a ausência do nome
do medicamento, procedimento ou tratamento no rol de procedimentos criado pela
Resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e suas atualizações, não
implica em exclusão tácita da cobertura contratual”. Grifamos

“Desse modo, o Judiciário não pode ser conivente com eventuais ineficiências da ANS, devendo
compatibilizar, em casos específicos, os diversos interesses contrapostos: operadora e usuário
desassistido, saúde de alguns e saúde de outros (mutualidade), vigilância em saúde suplementar
e atendimento integral a beneficiários doentes.

Súmula. 211 do STJ: “Havendo divergência entre o seguro saúde contratado e o profissional
responsável pelo procedimento cirúrgico, quanto à técnica e ao material a serem empregados, a
escolha cabe ao médico incumbido de sua realização”.

Data Vênia, Exa., a ré mesmo alegando que o rol da ANS é taxativo para justificar a
negativa, as reparadoras são o único procedimento existente para a remoção do excesso
de pele, com comprovações científicas e vasta jurisprudência sempre haverão exceções.
Ressaltamos conforme demonstrado que existem várias cirurgias reparadoras de
cobertura obrigatória pelos planos de saúde no rol da ANS além da do abdome. Se uma
pessoa tem uma grande perda de peso, ela não fica com excesso de pele somente no
abdome. Normalmente fica em várias partes do corpo conforme relatam as opiniões
médicas ora anexadas. E como narra o art. 35 F da Lei 8656/98, o plano de saúde é
obrigado a tomar todas as medidas para a reabilitação do paciente.

Logo, a cobertura do procedimento visando à remoção do grande excesso de pele é urgente


devido às doenças de pele, assaduras, deformidade corporal, bem como vários transtornos
psicológicos conforme relatórios médicos anexados. Logo, de cobertura obrigatória pelos
planos de saúde conforme a própria ei dos planos de saúde.

Sobre o contrato em tela, pertinente se faz a lição de Cláudia Lima Marques, in "Contratos no
Código de Defesa do Consumidor", in Revistados Tribunais, 3 ed, p. 191:

"A Lei 9.656/98 expressamente menciona a aplicabilidade do CDC (art. 3º da referida


Lei) e a necessidade de que a aplicação conjunta do CDC e a lei especial 'não implique
prejuízo ao consumidor' (§ 2º do art. 35 da Lei 9.656/98). A jurisprudência brasileira é
pacífica ao considerar tais contratos, tanto os de assistência hospitalar direta, como os
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de seguro ‐ saúde, ou de assistência médica pré-paga como submetidos às novas

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normas do CDC."

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A aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao presente caso é estabelecida por meio da
Súmula 100 do TJ/SP e Súmula 608/STJ. Assim, as cláusulas contratuais devem ser
interpretadas da forma mais favorável ao consumidor (art. 47 do CDC).

Ainda nesse sentido, dispõe o artigo 51, inciso IV do CDC, que são nulas as cláusulas que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A negativa de custeio da cirurgia plástica
reparadora, absolutamente necessária para que a Requerente tenha sua saúde física e mental
restabelecida, vai contra a própria natureza do contrato, que é de serviço de assistência à
saúde (artigo 421 do CC).

Nesses termos, deve ser dada correta interpretação do Contrato, reconhecendo-se as


disposições nulas e contrárias à boa-fé contratual (CDC, artigo 51, parágrafo 1º, incisos II e III).

Assim, é inequivocamente, devida a cobertura INTEGRAL das cirurgias plásticas


reparadoras, conforme determinação médica, posteriores ao tratamento da obesidade
mórbida, por se tratar do único tratamento existente para a remoção do grande excesso
de pele com estudos científicos, constituindo parte integrante do tratamento da
obesidade mórbida, porquanto necessárias à recuperação física e psicológica da
Requerente.

SUMULA 258 TJRJ: “A cirurgia plástica para a retirada do excesso de tecido epitelial, posterior
ao procedimento bariátrico, constitui etapa do tratamento da obesidade mórbida e tem
caráter reparador”.

SÚMULA 339 TJRJ “Cabe ao médico que acompanha o paciente recomendar o tratamento que
entende adequado a sua recuperação, e não à seguradora”.

Súmula 102 TJSP: “Havendo expressa indicação médica, é abusiva a negativa de cobertura de
custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto
no rol de procedimentos da ANS”.

Súmula 97 TJSP: “Não pode ser considerada simplesmente estética a cirurgia plástica
complementar de tratamento de obesidade mórbida, havendo indicação médica”.

Súmula 30 do TJPE: “É abusiva a negativa de cobertura dacirurgia plástica reparadora


complementar de gastroplastia”.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DA DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CIVIL DO RIO DE JANEIRO Nº


0208573-55.2011.8.19.0001:
“Apelação. Ação Civil Pública. Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do
Estado do Rio de Janeiro – NUDECON. Operadoras de Plano de Saúde. Cirurgias Reparadoras
Pós Gastroplastia (Bariátrica). Complementares ao Tratamento de Obesidade Mórbida. Indicação
médica. Negativas Reiteradas pelos planos pelo argumento de serem cirurgias estéticas. Direito
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Fundamental à saúde. Intervenção cirúrgica necessária. Recusa ilegal. Sentença condenatória

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confirmando a antecipação dos efeitos da tutela e improcedente quanto ao dano moral coletivo.
Recurso das partes. Preliminares afastadas. No mérito, se há indicação médica para a realização da

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cirurgia reparadora, decorrente do tratamento cirúrgico por obesidade mórbida, é inegável a obrigação do
plano de saúde em autorizá-la...”
VOTO: ...”Cuida-se de Ação Civil Pública ajuizada pela Defensoria Pública – NUDECON, em face do grupo
hospitalar do Rio de Janeiro, Pame, Unimed Rio, Amil, Bradesco Saúde, e Cassi, objetivando, em sede de
antecipação de tutela, compelir as rés a autorizar imediatamente a realização das cirurgias reparadoras
pós gastroplastia, necessárias ao complemento do tratamento da obesidade mórbida, bem como
todos os procedimentos necessários e que tenham relação com a citada cirurgia” (grifo nossso).

0154378-13.2017.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa Des(a). SANDRA SANTARÉM


CARDINALI - Julgamento: 26/07/2018 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL. APELAÇÃO
CÍVEL. CONSUMIDOR. NEGATIVA DE CUSTEIO PELO PLANO DE SAÚDE DE CIRUGIA
PLÁSTICA DECORRENTE DE EMAGRECIMENTO PÓS CIRURGIA BARIÁTRICA. ALEGAÇÃO
DE EXPRESSA EXCLUSÃO CONTRATUAL E NÃO CUMPRIMENTO ÀS DIRETRIZES
ESTIPULADAS PELA AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE. LAUDO PERICIAL QUE ATESTA QUE
O PROCEDIMENTO POSSUI CARÁTER REPARADOR. SÚMULA Nº 258 DESTE TRIBUNAL.
COBERTURA OBRIGATÓRIA PREVISTA NA RESOLUÇÃO N.º 387/2015 DA ANS. NEGATIVA
INDEVIDA. PARTE RÉ QUE TINHA O DEVER DE CUSTEAR O PROCEDIMENTO. DANO
MORAL IN RE IPSA. SÚMULA N.º 339 TJRJ. VERBA INDENIZATÓRIA FIXADA EM R$
10.000,00 (DEZ MIL REAIS) QUE OBSERVA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE, BEM COMO O CARÁTER PUNITIVO-PEDAGÓGICO DO INSTITUTO,
E SE ADEQUA ÀS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. SÚMULA N.º 343 DESTE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA INDEVIDA DE COBERTURA.


ROL DE PROCEDIMENTOS ELENCADOS PELA ANS QUE SERVE APENAS COMO REFERÊNCIA PARA
COBERTURA ASSISTENCIAL MINÍMA. INTERVENÇÃO DA ANS ADMITIDA APENAS EM FAVOR DO
CONSUMIDOR. PLANO DE SAÚDE QUE NÃO ESTÁ AUTORIZADO A RESTRINGIR AS OPÇÕES DE
TRATAMENTO DA SEGURADA. CLÁUSULA CONTRATUAL EXTREMAMENTE GENÉRICA. INTERPRETAÇÃO
MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. 1. O rol da ANS não é
taxativo, pois contém apenas a referência para a cobertura assistencial mínima obrigatória nos planos de
saúde contratados no território nacional, de maneira que funciona como mero orientador das prestadoras
de serviços de saúde. 2. Somente é admitida a intervenção da ANS em favor do consumidor, seja para
afastar cláusulas abusivas ou ampliar a proteção contratual. 3. É permitido ao plano de saúde estabelecer
quais as patologias contratualmente cobertas, mas não pode determinar a forma de tratamento a ser
empregada, impedindo a utilização de exames, tratamentos ou medicamentos mais modernos e eficazes à
melhoria do estado de saúde da segurada. 4. Cabe ao médico responsável pelo caso, determinar o
tratamento apropriado para alcançar a cura ou amenizar os efeitos da enfermidade do paciente, desta
forma, o plano de saúde não está habilitado, tampouco autorizado, a restringir as alternativas cabíveis
para o restabelecimento da saúde do segurado, sob pena de colocar em risco a vida do enfermo. 5. A
cláusula contratual que exclui a cobertura de procedimentos não previstos no rol da ANS possui redação
extremamente genérica e, por este motivo, desatende o estabelecido nos arts. 46 e 54, § 4º, do CDC,
devendo, então, ser interpretada da maneira mais favorável à segurada. 6. Recurso que se nega
provimento. (TJ-PE - APL: 4072342 PE, Relator: Agenor Ferreira de Lima Filho, Data de Julgamento:
02/12/2015, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 08/01/2016).

Frise-se, por oportuno, que o rol mínimo da ANS, deveria ser atualizado periodicamente, mas
não é o que acontece na prática. Dessa maneira, não pode ser utilizado para afastar a
continuidade de um tratamento previsto em contrato.

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Importante salientar que, se cabe à Requerida, na condição de contratada para prestar

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serviços médico-hospitalares, proporcionar a Requerente, na condição de contratante, o que

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for necessário para propiciar-lhe tratamento para sua moléstia, é inadmissível que ela se sirva
de verdadeiro sofisma para se sobrepor, à determinação médica, terminando por impedir que a
Requerente receba tratamento prescrito que vise à melhora de sua saúde. Destarte, há que se
reconhecer a ilegalidade da postura adotada pela Requerida, pois contraria o direito
fundamental à saúde, à vida e, inclusive ao princípio fundamental da dignidade da pessoa
humana, direitos abrangidos na cobertura do plano de saúde contratado, que, sinale-se, têm
por objeto, dentre outros, disponibilizar o devido tratamento médico.

Deve ser destacado que é pacífica a jurisprudência que rotula de abusiva a não cobertura de
cirurgias reparadoras a pacientes submetidos a tratamento para combater a obesidade
mórbida:

“Ementa: Apelação Cível. Plano de saúde – Ação de obrigação de fazer cumulada com danos
morais – Sentença de procedência –Apelo da ré – Negativa de cobertura de cirurgias plásticas
reparadoras prescritas em continuidade a tratamento de obesidade mórbida – Alegação de
exclusão contratual, eis que os procedimentos são estéticos e não constam no Rol da ANS –
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor – Caráter terapêutico, e não meramente estético,
das cirurgias plásticas reparadoras requisitadas, uma vez que visam a preservar a saúde
psicológica da autora e complementar o tratamento de obesidade– Rol da ANS que não pode ser
considerado taxativo – Agência reguladora que não pode limitar direito de forma a tornar inócuo o
tratamento – Reconhecida defasagem entre regulamentações administrativas e avanço da
medicina – Tratamento indicado por possuir a técnica mais atualizada – Escolha que cabe tão
somente ao médico responsável e ao paciente – Limitação abusiva –Súmulas nº 97 e 102 deste
Egrégio Tribunal de Justiça – Dever de cobertura ao tratamento – Danos morais configurados –
Recusa injustificada – Dano in re ipsa – Indenização arbitrada em R$10.000,00 quantia reputada
razoável. Nega‐se provimento ao recurso”. (TJ/SP, Apelação n. 1007818-65.2019.8.26.0019,
Relatora Christine Santini, 1ª Câmara de Direito Privado, julgado em14/09/2020).
“Ementa: Apelação Cível. Plano de saúde – Ação de obrigação de fazer cumulada com danos
morais – Sentença de procedência parcial –Apelo da ré – Negativa de cobertura de cirurgias
plásticas reparadoras prescritas em continuidade a tratamento de obesidade mórbida –Alegação
de exclusão contratual, eis que os procedimentos são estéticos e não constam no Rol da ANS –
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor – Caráter terapêutico, e não meramente
estético, das cirurgias plásticas reparadoras requisitadas, uma vez que visam a preservar
a saúde psicológica da autora e complementar o tratamento de obesidade – Rol da ANS
que não pode ser considerado taxativo – Agência reguladora que não pode limitar direito
de forma a tornar inócuo o tratamento – Reconhecida defasagem entre regulamentações
administrativas e avanço da medicina –Tratamento indicado por possuir a técnica mais
atualizada –Escolha que cabe tão-somente ao médico responsável e ao paciente – Limitação
abusiva – Súmulas nº 97 e 102 deste Egrégio Tribunal de Justiça – Dever de cobertura ao
tratamento – Danos morais configurados – Recusa injustificada – Dano in re ipsa –Indenização
arbitrada em R$ 9.980,00 quantia reputada razoável. Nega-se provimento ao recurso.” (Apelação
nº 1001002-43.2019.8.26.0609, Rel. Des. Christine Santini, j. 14/09/2020) (grifamos).

No mesmo sentido é o entendimento dos Tribunais Pátrios:

DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA.


CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA COMPLEMENTAR À GASTROPLASTIA. INDICAÇÃO
Thiana Costa
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MÉDICA EXPRESSA. SÚMULA Nº 30 DO TJPE. DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO DO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por THIANA VELLASCO VAZ DA COSTA, protocolado em 28/06/2022 às 11:57 , sob o número 10278626720228260224.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. RECURSO NÃO PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. Súmula
030/TJPE. "É abusiva a negativa de cobertura da cirurgia plástica reparadora complementar de

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1027862-67.2022.8.26.0224 e código 99962A9.
gastroplastia."; 2. As cirurgias plásticas destinadas à remoção de tecido epitelial decorrente de
cirurgia bariátrica (gastroplastia), quando se revelarem necessárias ao pleno restabelecimento do
segurado, fazem parte do tratamento da obesidade mórbida e devem ser integralmente cobertas
pelo plano de saúde; 3. A não realização da cirurgia afetará diversas outras funções do cotidiano
da paciente, de modo que este tipo de cirurgia não é procedimento puramente estético, pois
evidente a sua necessidade para proporcionar ao paciente a minimização dos efeitos
decorrentes da cirurgia bariátrica; 4. Uma vez demonstrada que a cirurgia para remoção do
excesso de pele configura uma intervenção necessária à continuidade do tratamento,
sendo indispensável ao pleno restabelecimento da saúde da paciente, é ilegítima a recusa
de sua cobertura; 4. O STJ vem reconhecendo que "a recusa indevida à cobertura médica
é causa de danos morais, pois agrava o contexto de aflição psicológica e de angústia
sofrido pelo segurado", conforme relataria da ministra Nancy Andrighi, no julgamento da REsp
907718/ES. Manutenção da indenização relativa ao Dano Moral, no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), com base nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 5. Recurso não provido.
Decisão unânime. (Apelação nº 0090649-09.2013.8.17.0001, 2ª Câmara Cível do TJPE, Rel.
Stênio José de Sousa Neiva Coêlho. j. 02.05.2018, unânime, DJe 15.05.2018).(GRIFO
ACRESCIDO).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - OBRIGAÇÃO DE FAZER - TUTELA DE URGÊNCIA


- CIRURGIA PLÁSTICA REPARADORA - PROCEDIMENTO COMPLEMENTAR A
CIRURGIA BARIÁTRICA ANTERIORMENTE REALIZADA - AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE.
Tratando-se de cirurgia plástica reparadora, cujo procedimento atual decorre daquele
anteriormente autorizado, deve a mesma ser autorizada, sendo, portanto, ilegítima a negativa de
cobertura do plano de saúde. O rol de procedimentos estabelecido pela Agência Nacional de Saúde (ANS)
não é taxativo, pois apenas prevê os procedimentos mínimos a serem cobertos pelas operadoras de plano
de saúde. Logo, ausente exclusão expressa da cobertura do tratamento, é devida a cobertura do
procedimento indicado pelo médico como adequado e necessário ao restabelecimento da saúde do
paciente, não cabendo à operadora do plano de saúde interferir na indicação realizada pelo
profissional.” (TJMG - Agravo de Instrumento- Cv 1.0000.18.070691-3/001, Relator(a): Des.(a) Estevão
Lucchesi , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 11/10/0018, publicação da súmula em 15/10/2018)
“).(GRIFO ACRESCIDO).

APELAÇÃO. Plano de saúde. Ação de obrigação de fazer c.c indenização por danos materiais e morais.
Sentença de parcial procedência. Inconformismo de ambas as partes. Cirurgia reparadora, não estética.
Procedimento complementar à cirurgia bariátrica e ao tratamento para perda de peso. Súmula 97 deste
TJSP. Dever de cobertura. Cediço que o rol da ANS é meramente exemplificativo e não restritivo. As
cirurgias indicadas para a autora têm caráter corretivo e não podem ser excluídas da cobertura
contratual. O artigo 10 da Lei nº 9.656/98 veda somente a cobertura de próteses, órteses e seus
acessórios não ligados ao ato cirúrgico. Danos morais configurados. Honorários sucumbenciais fixados
sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 85, §2º, do CPC. Recurso da ré a que se nega
provimento e da autora a que se dá provimento. “(TJSP; Apelação 1052226-55.2016.8.26.0114; Relator
(a): José Rubens Queiroz Gomes; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Campinas - 6ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 19/10/2018).(GRIFO ACRESCIDO).

“Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. PLANO DE SAÚDE. REJEITADA A PREFACIAL CONTRARRECURSAL DE


INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO. INTERESSE DE AGIR VERIFICADO. APLICABILIDADE DO CDC. DEVER DE
COBERTURA DE CIRURGIA PÓS-BARIÁTRICA (REPARADORA). 1. Ao contrário do afirmado em
contrarrazões, o apelo em julgamento foi apresentado dentro do prazo legal, sendo tempestivo. 2.
Havendo resistência manifesta da operadora em cobrir o procedimento médico postulado, verifica-se o
interesse de agir da parte autora. 3. Incide o Código de Defesa do Consumidor nos contratos de plano de
saúde, consoante disposição do artigo 3º, §2º, bem como pelo que dispõe a Súmula nº 469 do Superior
Tribunal de Justiça e o artigo 35 da Lei nº 9.656/1998. 4. No presente caso, a operadora de saúde realizou
a cobertura da cirurgia bariátrica da parte autora, a qual culminou com seu emagrecimento e necessidade
atual de cirurgia reparadora para remoção do excesso de pele. Em situações tais, a cirurgia reparadora
que postula a parte autora é mero consectário natural da cirurgia anteriormente coberta, sendo ilegal a
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negativa de cobertura realizada. -SENTENÇA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. (TJRS; Apelação Cível Nº

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por THIANA VELLASCO VAZ DA COSTA, protocolado em 28/06/2022 às 11:57 , sob o número 10278626720228260224.
70076688753, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva,
Julgado em 30/05/2018).

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1027862-67.2022.8.26.0224 e código 99962A9.
Por todo exposto, considerando o teor genérico das cláusulas restritivas dos direitos da
Requerente e considerando a imprescindibilidade da intervenção cirúrgica tal como indicada
por profissional especialista habilitado, a Requerida deve ser compelida a cumprir com sua
função social do contrato autorizando a cobertura integral das despesas médicas hospitalares
que a Requerente necessita, sendo tais procedimentos sem fim estéticos.

DO DANO MORAL

Súmula nº. 337 TJRJ: "A recusa indevida, pela operadora de planos de saúde, de internação em
estado de emergência/urgência gera dano moral in re ipsa."

Súmula nº 341 TJRJ: "A recusa indevida ou injustificada, pela operadora de plano de saúde, de
autorizar a cobertura financeira de tratamento médico enseja reparação a título de dano moral".

Durante o julgamento do Recurso Especial nº 1.757.938, foram muito bem fixadas algumas
premissas pelo I. Ministro Relator Ricardo Villas Bôas Cueva,vejamos:

“Há situações em que a cirurgia plástica não se limita a rejuvenescer ou a aperfeiçoar a beleza
corporal, mas se destina primordialmente a reparar ou a reconstruir parte do organismo humano
ou, ainda, prevenir males de saúde” “As resultantes dobras de pele ocasionadas pelo rápido
emagrecimento também devem receber atenção terapêutica, já que podem provocar diversas
complicações de saúde, a exemplo da candidíase de repetição, infecções bacterianas devido às
escoriações pelo atrito, odores e hérnias, não qualificando, na hipótese, a retirada do excesso de
tecido epitelial procedimento unicamente estético, ressaindo sobremaneira o seu caráter
funcional e reparador” “A paciente experimentou prejuízos com o adiamento das cirurgias
plásticas reparadoras, o que teria agravado o estado de sua saúde mental, já debilitada pela
baixa autoestima gera da pelas alterações anatômicas e morfológicas do corpo humano
consequentes da cirurgia bariátrica, sendo de rigor o reconhecimento dos danos morais”

Tais premissas demonstram de maneira bastante clara, que não se está diante de uma simples
negativa cirurgia plástica, mas sim de uma negativa para TRATAMENTO CAPAZ DE
MINIMIZAR CONSEQUÊNCIAS DE ORDEM FÍSICA E PSICOLÓGICAS.

Isso porque o excesso de pele e demais moléstias que sofre a Autora, conforme laudo
psicológico juntado impedem que ela desfrute de uma vida normal, pois enfrenta sentimentos
fortes de rejeição e negação do próprio corpo. Ademais, é de amplo conhecimento, por meio de
estudos realizados, que a cirurgia bariátrica favorece o desenvolvimento de depressão e

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