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LUGARES PARA A PRÁTICA DO COMÉRCIO: CAPITULO III 2018

3. LUGARES PARA A PRÁTICA DO COMÉRCIO

Sumário

3.1 Estabelecimento comercial, loja, banca, barracas, cantinas, tenda, supermercado,


centros comerciais, filiais e outras ramificações
3.2. Feiras nacionais e internacionais
3.3 Bolsas e suas funções.
3.4 Armazéns, entrepostos comerciais, portos e zonas francas

Estabelecimento comercial, loja, supermercados, centros comerciais, filiais e


ramificações

A actividade comercial desenvolve-se em lugares apropriados fixados por lei. Estes lugares
podem assumir características diversas de acordo com a dimensão e o tipo de actividade que
se pretende desenvolver. O conjunto das instalações (prédios, infraestruturas, equipamento)
localizadas num certo sítio fixo onde se realizam as operações comerciais dos comerciantes,
dá-se o nome de Estabelecimento Comercial.

A lei comercial protege o estabelecimento comercial como unidade dos elementos


constitutivos da actividade comercial representados pelo capital e trabalho e valorizados
pela organização a fim de que o empresário comercial possa exercer com eficiência a sua
actividade. 1
A loja é um conceito mais restrito que designa o local aberto ao público onde se
efectua a venda dos produtos.
Supermercado é um estabelecimento comercial moderno e complexo que se
caracteriza por comercializar em geral produtos alimentares mas também uma gama muito
vasta de bens e serviços não especializados como sejam: alfinetes, botões, roupas, canetas,
bicicletas, cadernos, livros, flores, ferragens, electrodoméstico, produtos farmacêuticos,
artigos de higiene e limpeza doméstica entre outros.
Centros comerciais - na essência são locais bastante amplos onde se concentram uma
gama muito variada de estabelecimentos comerciais, lojas, supermercados com as
características e objectivos que acabámos de definir.

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Código Comercial da Republica de Moçambique , Titulo IV, artigo 69 pagina 22, Edição 2009
Noções de
Comércio1
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Ramificações:

O empresário pode ter mais de um centro de actividade, considerando, considerando-se


estabelecimento principal aquele onde funciona a administração e o comando efectivo da
actividade produtiva e estabelecimentos secundários aqueles dotados de menor autonomia
administrativa, representados pela sucursais, filiais e agências, os quais em conjunto
integram o fundo de comércio do empresário.

Filiais são as ramificações que se instalam dentro do país, normalmente nas principais
cidades; nada impede que se abra uma filial no estrangeiro embora nestes casos a tendência
seja de não chamar filial mas um outro nome (v.g. agência).

Sucursal não tem nenhuma diferença prática em relação ao conceito de filial. Às vezes as
empresas e sociedades preferem a designação sucursal porque a de filial normalmente traz
implícita a ideia de dependência familiar.

Delegações são ramificações de importância menor do que as filiais e sucursais, no sentido


de que em regra aquelas são simples escritórios com poucas pessoas que fazem o que se
costuma dizer de caixa de correio, porque a execução efectiva das operações compete ao
estabelecimento comercial principal ou à filial mais próxima. Nada impede na prática que se
dê às delegações o estatuto e funções das filiais.

Agências são estabelecimentos comerciais que em regra são propriedade de outros


comerciantes, empresas e sociedades que por simples acordos se comprometem a fazer
negócios e operações comerciais e financeiras em nome e por conta do estabelecimento
comercial principal.

Feiras

São locais onde em determinados dias de cada ano, e numa base regular, se concentram
comerciantes, cooperativistas, representantes de empresas, sociedades comerciais e outras
pessoas ou entidades para realizarem diversas operações relativas a mercadorias e serviços.
Há feiras de carácter geral onde se realizam operações sobre todo o tipo de produtos e há
feiras especializadas (de bens de consumo, de equipamento, de mobiliário, de gado, de
artesanato, etc).

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Existem feiras nacionais, regionais e internacionais. As feiras que se realizam nas províncias
(exemplo em Nampula) são regionais ou provinciais; as feiras de Ndola (Zâmbia), Dar-Es-
Salaam (Tanzania), FACIM (MAPUTO), Leipzig (ex-RDA), são feiras internacionais.
Para além lugares previstos no código comercial, a lei de licenciamento comercial em
Moçambique, prevê os seguintes lugares para a prática de comércio:

Banca: pequeno espaço em forma de mesa ou mostrador instalado nos mercados ou outros
locais, onde se vende a retalho diversa gama de produtos, excluindo armas e munições,
maquinaria industrial e agrícola, tractores, reboques, aeronaves e veículos automóveis e seus
respectivos pneus e câmara-de-ar.

Barraca: estabelecimento comercial de construção provisória, de dimensão maior que 5 m²


onde se vende a retalho diversa gama de produtos, excluindo armas e munições, maquinaria
industrial e agrícola, tractores, reboques, aeronaves e veículos automóveis e seus respectivos
pneus e câmara-de-ar.

Cantina: estabelecimento comercial de venda a retalho, nas zonas rurais e suburbanas, de


diversa gama variada de produtos, excluindo armas e munições, maquinaria industrial,
tractores, reboques, aeronaves e veículos automóveis.

Tenda: estabelecimento comercial de pequenas dimensões e de construção provisória onde se


vende a retalho uma gama de produtos, excluindo armas e munições, maquinaria industrial e
agrícola, tractores, reboques, aeronaves e veículos automóveis e seus respectivos pneus e
câmara-de-ar.

Bolsas e suas funções. Cotações e câmbios

Bolsas de Valores são locais organizados abertos ao público onde se reúnem os


comerciantes, os agentes de comércio, banqueiros, financeiros e outras entidades
devidamente autorizadas, para discutir, decidir ou realizar operações comerciais e
financeiras relativas a fundos públicos e particulares (nacionais ou estrangeiros), títulos de
crédito, metais preciosos, divisas cambiais, mercadorias.
Pela definição apresentada tem-se as seguintes categorias de bolsas:
Bolsas financeiras, onde se negoceiam fundos públicos ou particulares que podem
revestir a forma de títulos ou valores.
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Bolsa de mercadoria, onde se faz a negociação de mercadorias normalmente com


base em amostras. Por exemplo o chá, o café, a madeira, o algodão, o cobre são objecto de
fixação de preços nas bolsas de mercadorias.
Bolsa de câmbios, são as que realizam negociações e operações sobre metais
preciosos e divisas cambiais.

As bolsas desempenham um sem número de funções económicas importantes das


quais destacamos as seguintes:
-Fixam os preços das mercadorias, divisas e títulos de crédito que passam a vigorar nos
mercados internacionais determinando e influenciando a stiuação económica de quase todos
os países do mundo.
- Contribuem para desenvolvimento das relações económicas internacionais na medida
em que são locais importantes de concentração do comércio.
-São um instrumento típico de nivelamento e estabilização dos preços internacionais
para as economias de mercado, pois as bolsas são os locais onde se manifestam com maior
rigor os mecanismos da lei da oferta e da procura.

O câmbio é uma relação entre duas moedas de países diferentes. Essa relação exprime
o preço por que se realiza a troca dessas moedas.
Assim ao nível das relações entre os países mais importantes e grandes produtores de
bens e fornecedores de serviços exportáveis, a lei da oferta e da procura em relação a esses
bens e serviços determina em primeira mão os câmbios a vigorar entre esses países. Em
segundo lugar certos elementos psicológicos podem provocar variações de câmbios mais ou
menos importantes; exemplos:
- Pânico nos meios financeiros provocado por uma ameaça de guerra. Os negociadores
das bolsas podem fixar preços baixos para as moedas dos países que supostamente vão
entrar em guerra;
- Uma descoberta científica que anuncie que vai haver uma nova fonte de energia;
- Uma lei que anuncie o corte de certas despesas de investimento em projectos ligados
às indústrias de guerra;
- Uma catástrofe do tipo das grandes inundações na Inglaterra, França, E.U.A; as
cheias de Janeiro/Fevereiro de 2000 em Moçambique;
- Uma personalidade, muito importante no mundo da banca e finanças e com forte
influência nas bolsas, que adoece e baixa no hospital, pode estar na origem de alterações de
cotações num certo dia;

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- Uma reunião nas Nações Unidas em que o tom das discussões não agradou os
negociadores das bolsas;
- O órgão máximo do Estado de um certo país produtor e exportador de petróleo (no
Médio Oriente) anuncia o corte de fornecimento de crude à África do Sul;
- Perturbações políticas e sociais no seio de certos países (África do Sul por exemplo);
- Simples pronunciamentos de políticos destacados nos diferentes países.

Quanto à forma de fixação de cotações, isto é, quanto à forma de estabelecimento de


relações de câmbios há dois sistemas: assim, existem praças que dão o CERTO e outras que
dão o INCERTO.

Diz-se que uma praça dá cotação o certo, quando fixa (como unidade) a quantidade
de moeda nacional do país no qual as cotações estão sendo estabelecidas e determina qual a
quantidade de moeda dos diferentes países que equivale a essa moeda nacional.

Se o país segue o sistema de dar o certo (caso da Inglaterra) então as cotações aparecem da
seguinte forma:
Compra Venda
Londres s/Nova Iorque. . . . . . . . . . . . . 2,30 2,35
Londres s/Bruxelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12,80 12,90

Significa que Londres compra moeda americana pagando 2,3 dólares por libra e vende
por 2,35 dólares a mesma libra; no que respeita ao euros, Londres compra-os a 12,8 por libra
e vende-os a 12,9 por libra. Pode acontecer que a base seja 100 unidades em vez de uma
unidade (i.e., neste caso 100 libras). Então far-se-ia a leitura dizendo que Londres compra a
moeda europeia à razão de 1.280 euros por 100 libras e vende-as recebendo 1.290 euros por
cada 100 libras esterlinas.
Contrariamente, uma praça dá cotação ao incerto ou também directa quando fixa (como
unidade) a quantidade de moeda dos diferentes países que equivale a moeda nacional do país
no qual as cotações estão sendo estabelecidas.
Por outro lado quando um país adopta o sistema do incerto as cotações seguem o
seguinte esquema (Moçambique como exemplo):
(Meticais)
Países Moeda Compra Venda
África do Sul Rand 5,21 5,46

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UE Euro 70,10 71,22


E.U.A. Dólar 61,47 62,26

A leitura é a seguinte: uma unidade cada moeda estrangeira está sempre cotada em
meticais (pode-se tomar como base 100 unidades, tal como a alternativa apresentada no
exemplo anterior). Assim, olhando para o quadro supra, os bancos compram cada rand por
5,21 meticais e vendem o mesmo rand por 5,46 meticais.

Corretores de bolsas

Os corretores de bolsas são intermediários das operações junto dos mercados


financeiros que gozam do direito exclusivo de intervirem nas transacções sobre fundos
públicos ou particulares, mercadorias e moedas estrangeiras.
Também pode haver corretores de seguros, corretores de fretamento de navios.
A remuneração dos corretores chama-se corretagem e é constituída por uma
percentagem sobre o valor das operações.

Em Moçambique foi criado em 1999, pelo decreto 49/98, a Bolsa de Valores de


Moçambique, como resultado do cumprimento de um dos objectivos de política económica
do Governo, na diversificação de fontes de financiamento, na promoção de poupança e a sua
conversão em investimento.

A BVM oferece as seguintes formas de financiamentos:


• Emprestimos obrigacionistas (Obrigações do Tesouro e privadas)
• Privatizações (Venda de participações do Estado nas empresas)
• Papel Comercial
• Títulos de partcipação
• Emissão de novas acções
• Realização de capitais

Actualmente conta títulos admitidos (acções e obrigações de tesouro) de 11 empresas entre


públicas e privadas e o próprio Estado e a sua supervisão é feita pelo Banco de
Moçambique.

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Armazéns gerais

São recintos cobertos ou ao ar livre que, mediante uma remuneração ou caução previamente
fixadas em contrato, recebem produtos agrícolas, industriais que serão sujeitos a diversas
operações indicadas pelo depositante.
Os armazéns gerais comerciais realizam funções económicas importantes quer a nível
nacional quer no plano internacional. Assim podemos destacar os seguintes aspectos:
- Sendo uma actividade muito especializada em princípio tem custos de armazenagem
muitos baixos o que traz vantagem para os comerciantes, empresas e sociedades que
movimentam grande volume de mercadorias e não têm armazéns apropriados e de custos
competitivos.
- No comércio internacional os armazéns gerais são muito solicitados. Com efeito,
muitos países vendem produtos nos mercados exteriores a partir destes armazéns para onde
enviam regularmente grandes quantidades.
O código 2 comercial de Moçambique, estabelece como armazéns gerais de comércio todos
aqueles que forem autorizados pelo governo a receber, em depósito, géneros e mercadorias
mediante caução, pelo preço fixado nas respectivas tarifas.

Entrepostos Comerciais

A noção e função de entreposto comercial são na prática rigorosamente idênticos às de


armazém geral franco. Então, entrepostos comerciais são locais onde entram mercadorias
estrangeiras que permanecem durante um certo período sem pagar direitos aduaneiros; só no
momento em que são retiradas para reexportação, ou quando o prazo do contrato de
armazenagem expira, é que os depositantes pagam os direitos correspondentes às
mercadorias.
Historicamente os entrepostos estão associados à ocupação e comércio colonial. Em
Moçambique houve 3 muito importantes: Ilha de Moçambique, Quelimane e Sofala, e eram
lugares onde os árabes faziam trocas de seus produtos com os do império do Muenemutapa.

Portos e Zonas Francas

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Código Comercial de Moçambique, Artigo 66º
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Uma zona franca ou Zonas de Processamento das Exportações (ZPE) é uma região isolada
e delimitada dentro de um país, geralmente situada em um porto ou em suas adjacências,
onde entram mercadorias nacionais ou estrangeiras sem se sujeitar às tarifas alfandegárias
normais. O objetivo consiste em estimular as trocas comerciais, em certos casos para
acelerar o desenvolvimento regional. São lugares onde o governo estimula a criação de
empresas e indústrias atravês de incentivos fiscais e ajudando com o capital financeiro.

Essas regiões ficam isoladas e geralmente são situadas num porto (Porto Franco) ou
arredores. O objetivo de uma zona franca é estimular as trocas comerciais e acelerar o
desenvolvimento de uma determinada região.

As ZPEs são na essência um território encravado dentro de um país e ao qual se atribui um


regime especial de administração. Os produtos que nele entram para serem processados são
isentos de direitos alfandegários e outras imposições fiscais existentes no país. Quando
depois são exportados também ficam isentos de direitos fiscais. Apenas no caso em que
esses produtos são vendidos no mercados internos é que são passíveis de impostos.

Em Moçambique existe o Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado


(GAZEDA), um órgão do Governo de Moçambique criado no dia 18 de Dezembro de 2007.
Este órgão tem a responsabilidade de promover e coordenar todas actividades relacionadas
com a criação, desenvolvimento e gestão das Zonas Económicas Especiais (ZEE´s) e Zonas
Francas Industriais (ZFI´s).
• Coordenar e desenvolver acções de promoção de iniciativas de investimento
nacionais e estrangeiros para as ZEE´s e ZFI´s;
• Receber, Verificar e registar propostas de investimentos a serem implementados nas
ZEE´s
• Aprovar projectos de investimentos;
• Aprovar projectos de investimentos
• Emitir certificados/licenças de investimentos

BENEFÍCIOS FISCAIS

As ZEE´s e ZFI´s beneficiam-se de incentivos fiscais e não fiscais, nomeadamente: Isenção


no pagamento de direitos aduaneiros na importação de materiais de construção,

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equipamentos, acessórios, peças e outros bens destinados à prossecução da actividade
licenciada nas ZEE´s, bem como isenção do IVA (Imposto Sobre o Valor Acrescentado),
nas aquisições internas e importações.

BENEFÍCIOS NÃO-FISCAIS

• Concessão de terras e Análise de Impacto Ambiental


• Procedimentos simplificados no repatriamento de lucros;
• Regime Laboral mais flexível, particularmente no que diz respeito
a contratação de mão-de-obra estrangeira e processos de
licenciamento;
• Regime Migratório especial e extensivo;
• Regime Cambial livre e que permite ainda operações off-shore;
• Processo de análise e autorização de projectos de investimento
descentralizado e acelerado.

Em Moçambique foram aprovadas as seguintes Zonas Francas

1. Parque Industrial de Beluluane – Província de Maputo


2. Zona Económica Especial de Nacala – Província de Nampula
3. Zona Económica Especial Manga-Mungassa – Província de Sofala

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