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Texto de Apoio ao Curso

Superior de Tecnologia em
Comércio Exterior

Disciplina: Teoria e Prática Cambial

Prof. Luiz Carlos Ferreira de Jesus

Bibliografia
ANGELO L. LUNARDI
Professor e consultor de Câmbio, Pagamentos Internacionais, Cartas de Crédito,
Garantias Bancárias e Incoterms. Milita na área de Câmbio e Comex desde
1970, com larga experiência na área internacional de instituições financeiras e
em empresas de comércio exterior. É autor de várias obras sobre Comex e
membro do UCP Consulting Group (UCP), Banking Commission da Câmara de
Comércio Internacional, Paris.

Apresentação

O presente trabalho constitui-se em texto de apoio a disciplina Teoria e Prática


Cambial no Curso Superior de Tecnologia em Comércio Exterior, contendo
informações básicas fundamentais sobre a matéria..

Inclui, também, a regulamentação de Câmbio já revisada e adaptada, em


vigor a partir de 03.02.2014, em especial:

CIRCULAR BACEN 3.691, que regulamenta e RESOLUÇÃO BACEN


3.568/2008, que dispõe sobre o MERCADO DE CÂMBIO e dá outras
providências.

Complementarmente, recomenda-se a leitura/consulta às


CIRCULARES BACEN 3.688, 3.689 e 3.690, vigentes também a
partir de 03.02.2014, que tratam, respectivamente, do CCR –
Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos, dos Capitais
Internacionais e da Codificação das Operações de Câmbio.

Observação do autor: No Brasil as normas são modificadas com


freqüência. Portanto, ao realizar suas operações, verifique a atualidade
dos critérios, das práticas e das normas aqui indicadas.

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Índice

Apresentação,

Observação do autor,

CAPÍTULO I – Ingressando no Comércio Exterior,

CAPÍTULO II – Análise de Riscos e Condições de Pagamento,

CAPÍTULO III – As Modalidades de Pagamento,

CAPÍTULO IV – Mercado de Câmbio no Brasil,

CAPÍTULO V – Operações de Câmbio de Exportação,

CAPÍTULO VI – Operações de Câmbio de Importação

APÊNDICE

CIRCULAR BACEN 3.691, que regulamenta e RESOLUÇÃO BACEN


3.568/2008, que dispõe sobre o mercado de câmbio e dá outras
providências.

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Capítulo I
Ingressando no Comércio Exterior

A atividade de Comércio Exterior, como qualquer outra, deve ser planejada. Por ser atividade
de características peculiares, é correto afirmar que tal atividade deve ser precedida de um
rigorosíssimo planejamento. Mas, devido a circunstâncias diversas, muitas empresas
brasileiras, por vezes, simplesmente “atiram-se” ao Comércio Exterior: problemas no mercado
doméstico resultantes de planos e “pacotes” econômicos, retração da economia nacional,
especulação, ágio, … fatos que ocorrem independentemente da vontade do empresário. Ou
então, num passado não muito distante a corrida ao mercado externo se dava pela propaganda
oficial, cíclica e típica dos anos 80 e 90: “Exportar é o que importa!”, “Exportar é a solução!”, …
e lá iam outras tantas empresas atraídas pelo “canto da sereia”. Mas, hoje o contexto
econômico é outro e também os slogans: “Exportar é Inovar!”

Mas, o empresário – pequeno e médio, principalmente – muitas vezes não é alertado para os
riscos decorrentes das operações de comércio exterior, das suas particularidades, da sua
complexidade. Não observa que comprar ou vender no mercado externo é muito diferente de
praticar comércio em território verde-e-amarelo. No Comércio Exterior convive-se com
distâncias incalculáveis: distâncias geográficas; distâncias culturais; distâncias comerciais;
distâncias éticas e de costumes, assim como com distâncias regulamentares. O empresário
pode ser surpreendido com questões de natureza política como embargos econômicos,
moratórias e, até mesmo, por restrições de natureza religiosa.

A realidade, no entanto, é que, com a globalização da economia, o comércio exterior passou a


ser uma atividade necessária e indispensável para muitas empresas. Para outras, uma questão
de sobrevivência. Além do que, a participação no mercado internacional é de fundamental
importância para o crescimento empresarial, particularmente no que tange à incorporação e ao
desenvolvimento de novas tecnologias. Produtividade e qualidade são palavras de ordem. É
imperativo ser competente, competir! E não se torna competente por acaso. É preciso planejar.
E mais: é necessário entender o planejamento como sendo a administração de um processo,
portanto, um procedimento dinâmico.

1. O “Profissional Especialista” e o “Profissional Generalista”

Algumas empresas, num ambiente de euforia, outras, no de extrema necessidade,


desconhecendo a complexidade dos negócios de comércio exterior, enveredam pela nova
atividade sem se preocupar com uma estrutura empresarial adequada ou com a formação e
especialização de seus profissionais. Resultados de conseqüências dramáticas não são raros:
problemas na hora de exportar, dificuldades para acionar compradores inadimplentes,
embarques que não são pagos, mercadorias que não são embarcadas no exterior ou recebidas
com defeito, impostos e taxas não previstos, prejuízos resultantes da política cambial…

É de importância capital que todo o empresário que se disponha a comerciar com o exterior
busque junto aos órgãos governamentais e empresas especializadas, informações mínimas
que lhe permitam conhecer as peculiaridades do negócio comercial que pretende realizar. Caso
contrário, ao invés de um negócio, poderá estar iniciando uma aventura! A propósito, é bom
lembrar o que alguém já disse:

 no comércio exterior não há lugar para amadorismo: ou se é um profissional ou não


se faz comércio exterior; e,

 no comércio exterior as decisões devem ser tomadas com segurança absoluta: eu


acho que…, pensei que era…, deve ser assim,… entre outras, são expressões que

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devem ser banidas do vocabulário do profissional da área.

Modernamente, tanto no comércio doméstico como no comércio exterior, o empresário e o


profissional devem estar atentos, sempre, a todo o universo da operação. Culpas e fracassos
não podem ser atribuídos ao departamento “A”, “B”, ou “C”. Os departamentos e seus
especialistas, nas médias e grandes empresas, são uma mera necessidade organizacional.
Atualmente, as companhias precisam de generalistas que entendam muito de muitas coisas e
não de especialistas que entendam muito de alguma coisa. Conhecer o todo não é apenas
importante: é indispensável. Isto é globalização! Qualquer problema que ocorra com a
operação não será problema do Departamento Financeiro ou do Comercial ou do Operacional:
será um problema da empresa!

Ainda, é indispensável que o empresário esteja rodeado de profissionais criativos.


Principalmente nos momentos de crise. Costumamos afirmar que, o chinês faz da crise um
momento sagrado, porque dela surgem as grandes idéias.

2. Peculiaridades das Operações de Comércio Exterior

Como posto anteriormente, os operadores do comércio exterior, em todos os seus níveis,


deverão estar familiarizados com as particularidades e características próprias das operações,
assim como de todo o seu universo. Conhecer, ou não, o seu negócio com um todo – do centro
à periferia – pode significar a definição dos limites entre o sucesso e o insucesso. Vejamos,
pois, alguns pontos fundamentais.

2.1. Aspectos Culturais

“A regra básica nº 1 para abordar o mercado externo é o aprendizado das diferenças


culturais”.1 São marcantes as diferenças culturais entre os povos, e, o sucesso no
relacionamento entre as pessoas depende, fundamentalmente, do conhecimento e respeito ao
seu perfil e aos seus valores culturais tais como etiqueta, valor atribuído à idade, forma de
saudação e hierarquia nos cumprimentos, oferta de presentes, noção e valor do tempo,
pontualidade, horário de trabalho etc.

2.2. Idioma

Como o português não é idioma comercial, geralmente utilizamos o inglês que, a propósito, é o
idioma universal para o mundo dos negócios internacionais. O espanhol também vem sendo
bastante utilizado por nossos comerciantes, principalmente no âmbito do Mercosul. Devemos
atentar para duas questões muito importantes em relação ao idioma. A primeira refere-se às
expressões e palavras de um mesmo idioma, quando falado em mais de um país: nem sempre
têm o mesmo significado. A segunda refere-se, espeficicamente, ao idioma espanhol, por ser
um idioma extremamente perigoso, dada a sua semelhança gráfica com o português.

2.3. Leis e Regras

Um dos problemas em uma disputa judicial entre partes domiciliadas em países diferentes é
identificar qual a lei supletiva a ser utilizada. Utilizar “costumes e práticas uniformes”,
particularmente aqueles originários da Câmara de Comércio Internacional – Paris, será uma
alternativa para reduzir incertezas e conflitos e, conseqüentemente, reduzir as perspectivas de
disputas e, certamente, eliminar custos desnecessários.

2.4. Práticas Comerciais

Algumas práticas comerciais incorporadas no cotidiano doméstico de um país podem ser


desconhecidas de outros países ou incompatíveis com as práticas comerciais além fronteiras.
Neste caso, será necessário ajustar os termos e condições do negócio a práticas comuns que
possam ser interessantes e convenientes aos parceiros.

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2.5. Contratos Comerciais

A instrumentalização dos contratos de compra e venda no comércio exterior geralmente se dá


através da fatura pro forma (pro forma invoice) e sua confirmação. São documentos
extremamente resumidos e codificados, porém devem conter – no mínimo – o essencial que
assegure a harmônica finalização do negócio.

2.6. Instrumentos e Garantias de Pagamento/de Fornecimento

Com vistas a dar proteção aos vendedores e compradores contra os riscos comerciais,
políticos e técnicos, é comum que os contratos de compra e venda no comércio exterior sejam
amparados por instrumentos de pagamento ou instrumentos de garantia que assegurem o
pagamento ao fornecedor ou o fornecimento ao comprador.

2.7. Controles Governamentais, Cotas, Licenciamento

A presença do Governo nas operações domésticas se faz de forma muito tênue. Nas
operações de comércio exterior, o empresário geralmente sente a mão forte dos órgãos
governamentais. Normas restritivas à importação são uma constante, principalmente nos
países do chamado Terceiro Mundo. Controles rígidos também para as exportações acabam
tornando a operação excessivamente burocrática.

2.8. Política e Religião

Aspectos políticos devem ser observados, principalmente, no relacionamento com alguns


países do norte da África, Oriente Médio, Índia, Paquistão e Extremo Oriente. No que respeita
ao quesito religião, é sempre bom estar atento aos povos que praticam o islamismo e o
judaísmo. Questões religiosas fazem parte do seu dia-a-dia e interferem diretamente em
práticas comerciais.

2.9. Bloqueios, Boicotes e Sanções Internacionais

Bons negócios comerciais não podem ser realizados com alguns países em virtude de
bloqueios, sanções econômicas ou boicotes aos quais o Brasil formalizou sua adesão.

2.10. Meio Ambiente e Direitos Humanos

Alguns governos estrangeiros têm feito exigências de exportadores brasileiros no que tange ao
cumprimento de normas de proteção ambiental e de respeito aos direitos humanos,
particulamente ao que se refere à exploração do trabalho escravo e do trabalho de crianças.

2.11. Proteção ao Consumidor e Normas Técnicas

O importador, ou seja, aquele que coloca o produto no mercado interno, é responsável pelo
atendimento às exigências governamentais domésticas.

Cabe, ainda, destacar que o profissional deve tomar cuidados quanto a assuntos relacionados
com sexo, senso de humor, linguagem corporal, comida, bebida, dentre outros.

3. Avaliação do Mercado e Adequação do Produto

Em poucas palavras, na sua obra Marketing Internacional para Brasileiros, o professor Carnier
– tratando do planejamento estratégico – nos dá uma lição completa: “… É entender o que se
passa no mercado em que atuamos ou iremos atuar, conhecendo todos os detalhes atinentes
ao comportamento de nossos consumidores, nossos concorrentes, suas estratégias e
estudando atitudes que deveremos tomar para não sermos surpreendidos, de um momento
para outro.” Após citar uma série de exemplos, continua o professor Carnier: “ … Esta é a
principal razão de apregoarmos a importância do planejamento de nossos negócios no exterior,
do estabelecimento de um modelo econômico e estratégico voltado à internacionalização do
setor público e privado brasileiro, pois esta é a realidade de todos os países.”

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É indispensável que se faça um análise de mercados potenciais, busque-se informações sobre
consumo, concorrência, mecanismos de proteção ao produtor interno, leis e costumes, práticas
de distribuição, termos e condições de venda praticados etc. Paralelamente, é importante
lembrar que eu não vendo o que quero; vendo o que o consumidor quer comprar.

A adequação do produto às necessidades e desejos do consumidor é fator preponderante para


se obter sucesso no comércio.

4. O Contrato Comercial – Fatura Pro Forma, Pedido etc.

Geralmente pode ser observado que, tanto os pequenos como os grandes problemas que
surgem no curso das operações de compra e venda de bens, têm a sua origem na negociação
comercial. Certamente, diriam, não é necessário ser muito inteligente para fazer tal
observação. Bem, com isso todos concordamos. Todos concordam com o óbvio.

Mas, por que, então, os problemas persistem e não são evitados? Como evitar falhas na
execução dos contratos ou falhas no seu pagamento?

Vendo as questões tão-somente com olhos de operador de comércio exterior, sem entrar na
seara dos operadores do direito, façamos um breve passeio pelos caminhos da “oferta” dos
bens que se pretende vender. Bem poderia o exportador iniciar pela propaganda e marketing,
criando necessidade de consumo, expondo sua marca e seu produto no mercado, fazendo uma
oferta genérica utilizando-se, para tanto, dos mais variados veículos de comunicação. Mas,
vamos direto à questão: a uma oferta determinada ou específica, nominal e direta, uma oferta
firme.

Normalmente, a pedido do pretendente (comprador), esta oferta se dá por meio da emissão,


pelo ofertante (vendedor) de um documento universalmente conhecido pelo nome de pro forma
invoice (fatura pro forma). É oportuno observar que a pro forma não se confunde com a
commercial invoice (fatura comercial), documento contábil relacionado com a execução do
contrato, emitido pelo vendedor por ocasião da entrega dos bens.

Muitas vezes tratada como um papel destituído de qualquer importância, a fatura pro forma
constitui-se numa oferta determinada ou específica, pois se refere a uma operação de
características particulares; é nominal e direta, pois é dirigida a uma pessoa física ou jurídica; e
é uma oferta firme, pois o ofertante, exceto ressalva em contrário, não pode retirar a oferta.

Contrariamente aos instrumentos similares, a pro forma é extremamente resumida, geralmente


emitida mediante utilização de formulário pré-impresso, semelhante à fatura comercial, em uma
ou, no máximo, duas páginas. Costumamos dizer que, embora resumida, ela deve conter, no
mínimo, o essencial. E é exatamente aí que reside o grande problema de quem emite ou de
quem concorda com os termos de uma pro forma. O que é essencial?

Não há dúvida de que somente se estará pronto para identificar a essencialidade dos termos e
condições de uma pro forma se o ofertante estiver conscientizado da sua importância. Para
isso, é necessário ir adiante.

Recebidas as faturas pro forma dos vários fornecedores e, comparadas entre si, o comprador
decide por uma delas, contata o fornecedor eleito e formaliza a confirmação do pedido. Em
alguns casos, não muitos, a pro forma e a confirmação do pedido dão origem a um terceiro
instrumento, o contrato de compra e venda, propriamente dito, o qual será o retrato fiel do que
foi acordado nos instrumentos que o antecederam. Neste caso, podemos dizer que a pro forma
e a confirmação do pedido são instrumentos pré-contratuais. Ocorre que, na maioria das vezes,
não é produzido o referido “terceiro instrumento” e, nestas circunstâncias, o contrato é, na
prática, representado pelos dois primeiros instrumentos, em conjunto: a fatura pro forma e a
respectiva confirmação do pedido.

Verificada a importância da pro forma, assim como da respectiva confirmação do pedido,


podemos avaliar a essencialidade dos termos e condições dos referidos documentos, definindo
como essencial tudo o que for necessário para dar segurança à operação, bem como para

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evitar confusão e mal-entendido entre as partes.

Das várias condições, cabe aqui destaque para as condições de “entrega” dos bens,
representadas pelos Incoterms, pelos Revised, ou por outras práticas adotadas no mercado
internacional, assim como para as modalidades de pagamento e modalidades de garantia.

No que diz respeito aos Incoterms, verificar que eles permitem determinar, com exatidão, a
divisão de custos entre comprador e vendedor e, portanto, conhecer profundamente cada um
dos termos significa evitar surpresas com custos adicionais e inesperados. Com a mesma
exatidão, também determinam a divisão de riscos de perdas e/ou danos sobre os bens e, desta
maneira, permitem às partes identificarem, com precisão, o momento e local onde os riscos são
transferidos do vendedor para o comprador e, portanto, evidenciam a responsabilidade pela
contratação do seguro. Ao pactuarem a “entrega” as partes devem levar em conta, ainda, que
esta é uma condição do contrato comercial e, assim, regula, apenas, a relação entre comprador
e vendedor e não as relações deste com outros participantes da operação, como por exemplo,
transportador e segurador.

Optar por um fornecedor significa para o comprador, ainda que temporariamente, descartar a
oferta dos demais. Qual a segurança que temos sobre a execução do contrato? Falhas no
cumprimento de prazos, bens embarcados por erro, bens defeituosos, são, dentre outras,
situações que podem surpreender o comprador. Talvez isso pudesse ser evitado ou indenizado
se, por ocasião da negociação comercial tivesse o comprador exigido, do fornecedor, garantias
bancárias tais como performance bond, maintenance bond, advance payment bond.

Os vendedores, por sua vez, com vistas a se proteger contra a inadimplência, quer a originária
dos riscos comerciais, quer dos riscos políticos, necessitam de garantias de pagamento ou de
instrumentos de pagamento que lhes assegurem a liquidação tempestiva dos seus negócios.
Isto deve ser detalhadamente pactuado no contrato de compra e venda. Exigir um instrumento
de pagamento, como uma carta de crédito irrevogável não basta. É necessário qualificar o
Banco Emitente bem como o país de emissão ou de confirmação. Há que se estabelecer
características da carta de crédito como, por exemplo, em que local e com que banco ocorrerá
a “negociação” (se livremente negociável ou restrita), bem como a sua forma de utilização.

Em se tratando de garantia de pagamento, escolher o instrumento mais adequado e identificar


o tipo de garantia, qualificando o seu Emitente e país. Poderá, por exemplo, ser uma carta de
garantia ou uma standby letter of credit.

Além das condições gerais e particulares da operação de compra e venda, deverão as partes
estar atentas para o fato de que estão diante de um contrato internacional e que, portanto, a
sua execução ocorrerá no país do vendedor ou em terceiro país. Qualquer disputa sobre a
operação, como regra geral, tem início na escolha da lei supletiva aplicável.

Assim, com vistas a evitar disputas, ou facilitar a discussão e decisão sobre questões que
possam se originar da avença, as partes deverão pactuar, também, os regulamentos e
“práticas uniformes” internacionais aos quais a operação será submetida, em especial àqueles
originários da Câmara de Comércio Internacional, de Paris, que, se presume, sejam de domínio
comum e universal, e que passam a integrar o contrato que se estabelece.

As partes devem, conseqüentemente, tomar o cuidado de registrar em referidos instrumentos,


com clareza e objetivamente, todas as condições essenciais relativas à operação, em especial:

 qualificação das partes (nomes e endereços completos);

 descrição completa e correta dos bens e suas especificações técnicas;

 quantidade, peso, medida etc.;

 preço;

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 condição de entrega (Incoterms);

 condições de pagamento:

o moeda;

o prazo;

o modalidade;

 condições de embarque e transporte:

o prazo, local de embarque e desembarque;

o modalidade de transporte, tipo de veículo/embarcação;

o embarques parciais;

o transbordo etc.;

 embalagem/apresentação;

 documentação exigida; e,

 outras condições peculiares a cada operação.

As condições de “entrega”, representadas pelos Incoterms, e as condições de pagamento são


tratadas, neste trabalho, em capítulos próprios.

5. Os Intervenientes e o Papel dos Bancos no Comércio Exterior

Normalmente, para que se concretize uma operação de Comércio Exterior é necessária a


participação dos mais variados atores, agentes ou interveninentes, agindo diretamente na
operação, dentre os quais, por sua importância, aqui enumeramos.

5.1. Exportadores

Vendedores, que, em grande parte das operações, são os próprios fabricantes, produtores ou
fornecedores das mercadorias ou serviços exportados. Podem, também, ser apenas
comerciantes, representados pelas trading companies, comerciais exportadoras e
assemelhados.

5.2. Importadores

Compradores que podem ser o próprio consumidor final ou, como no caso dos exportadores,
podem ser apenas empresas comerciais agindo como intermediários da operação.

5.3. Transportadores

Que, particularmente quando se trata de comércio de bens tangíveis, são indispensáveis para o
seu deslocamento do local de produção para o local de consumo.

5.4. Seguradores

Considerando que os bens devem estar protegidos contra perdas e danos, também
comparecem na operação os seguradores, muito embora a sua participação, exceto nas
vendas CIP e CIF, não seja compulsória. Os seguradores podem participar, também,
objetivando assegurar a liquidez da operação, através do seguro de crédito à exportação.

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5.5. Bancos

Os bancos estão presentes em, praticamente, 100% das operações de comércio exterior,
apresentando-se como participantes nas diversas fases do negócio, desde as mais simples e
comuns como em uma transferência de divisas, até as mais complexas como na estruturação
financeira da operação, particularmente exigida pelas grandes corporações e em operações
que envolvam grandes somas de dinheiro. Assim, podemos destacar, dentre outros, os
seguintes produtos e serviços bancários dirigidos aos operadores do comércio exterior:

a) Câmbio: operação obrigatória no Brasil para a maioria das operações de comércio


exterior tendo em vista que os negócios são realizados em moedas estrangeiras.
Excluem-se dessa obrigatoriedade as operações realizadas em moeda nacional e
aquelas objeto de constituição de disponibilidade no exterior, nos termos da Lei
11.371/06. Excluem-se, também, os pagamentos efetuados com disponibilidades
no exterior, originárias de exportação ou não. Excluem-se, também, as operações
conduzidas no âmbito dos pagamentos em moeda local, acordo firmado entre o
Brasil e a Argentina.

b) Financiamentos à produção: exportadores que necessitam de capital para


produzir os bens a serem exportados têm nos bancos a sua maior fonte de
recursos destinados a essa finalidade, ou seja, à produção dos bens, portanto,
financiamento na fase pré-embarque. No Brasil, um exemplo típico é o ACC –
Adiantamento sobre Contrato de Câmbio, um acessório da operação de câmbio de
exportação.

c) Financiamentos à comercialização: recursos destinados ao financiamento de


exportação, na sua fase pós-embarque. Ex.: ACE – Adiantamento sobre Cambiais
Entregues, também acessório da operação de câmbio de exportação. Incluem-se
aqui, também, os financiamentos à importação.

d) Garantias e Avais: por várias razões, nem sempre os compradores conseguem


crédito junto aos seus fornecedores. Uma forma de viabilizar o negócio será
oferecer ao fornecedor o amparo de uma garantia ou um aval bancário, de sorte a
assegurar-lhe o pagamento da operação. Tais instrumentos de garantia também
podem ser utilizados para dar proteção ao comprador que antecipa um pagamento
e deseja assegurar a devolução do dinheiro em caso de não embarque. Ou,
simplesmente, deseja assegurar o recebimento de uma indenização no caso de
non-performance de um contrato de fornecimento de bens ou serviços.

e) Crédito Documentário: instrumento de pagamento largamente utilizado no


Comércio Exterior. É compromisso bancário de pagamento e tem por objetivo
assegurar o pagamento da operação ao exportador (Beneficiário).

f) Cobrança: serviço especializado dos bancos realizado no exterior através de seus


correspondentes. Disponível para a cobrança de operações comerciais e
financeiras.

g) Outros produtos e serviços: vários outros serviços e produtos poderão ser


providos pela rede bancária local ou no exterior dependendo das características
da operação.

Além dos agentes diretos participam da operação um grande número de prestadores de


serviços, sem os quais seria quase impossível vencer certas etapas dos negócios de
importação e exportação. Cabe destaque, aqui, para a figura das Comissárias de Despacho
ou do Despachante Aduaneiro, que hoje, além de atuar na execução do despacho,
propriamente dito, vem se transformando num “terceiro”, desenvolvendo até, em algumas
situações, a atividade operacional originariamente executada pelas empresas exportadoras e
importadoras. Registre-se, também, a efetiva participação das Corretoras de Câmbio que, no
âmbito financeiro, tem presença marcante na intermediação, assessoria e administração das
operações de câmbio. A propósito, as corretoras de câmbio também operam vendendo e

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comprado moedas estrangeiras, dentro das limitações da legislação brasileira.

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Capítulo II
Análise de Riscos e Condições de Pagamento

Uma das dificuldades enfrentadas por aqueles que participam das operações de comércio
internacional está em conciliar os interesses do vendedor, de receber o preço ajustado, com os
do comprador, de receber os bens, conforme pactuado nos contratos de compra e venda.

Dúvidas e sobressaltos, falha no pagamento ou na entrega, cargas incompletas ou bens


defeituosos, atrasos e outros tantos eventos, podem perturbar o que, no desejo das partes,
deveria ser uma relação harmoniosa. Como evitar essas surpresas, ou como reduzi-las a um
nível administrável?

O primeiro passo, certamente, será tomar providências no sentido de buscar informações sobre
os parceiros com os quais se pretende negociar, para que se possa, dentro de parâmetros
universalmente aceitos para avaliações da espécie, atribuir – ou não – algum crédito a eles.

Não raras vezes, no entanto, há que se buscar amparo na intervenção de terceiros para que as
operações sejam a contento liquidadas. “ A evolução dos negócios internacionais, como
sabemos, envolve cada vez mais a utilização de técnicas asseguradoras da boa consumação
dos entendimentos comerciais, exigindo, para esse fim, as garantias que chamamos
plurivincular, pela necessidade de intervenção de pessoas físicas e jurídicas, estas últimas
geralmente representadas por entidades bancárias”2.

Nos negócios internacionais as partes estarão à mercê dos chamados, genericamente, riscos
políticos. De decisões governamentais, por exemplo, no sentido de impedir pagamentos ao
exterior em decorrência de uma moratória ou de uma centralização cambial. Ou, a suspensão
da exportação de certos bens ou serviços.

Finalmente, como em qualquer outro negócio, há que se preocupar com o risco técnico ou de
qualificação profissional.

1. Os Diversos Riscos nas Operações

1.1. Riscos Comerciais

São os riscos representados pela pessoa do comerciante, aqui tomado em sentido lato,
podendo ser o comprador (importador), o vendedor (exportador) ou um banco.

1.1.1. Riscos de Não Pagamento

Antes de iniciar qualquer relacionamento comercial, o vendedor deve promover acurada


avaliação cadastral de seus potenciais compradores, levantando informações que permitam
analisar sua idoneidade, capacidade de pagamento, situação econômico-financeira, segmento
de atuação, histórico, desempenho e comportamento da empresa.

A busca e, até mesmo, a análise dessas informações pode ser efetuada através de empresas
especializadas para esse fim. Não se deve, entretanto, desconsiderar as informações
fornecidas pelo próprio interessado e por fontes por ele indicadas.

É fundamental que se apure a sua situação econômico-financeira e seu comportamento


histórico. Que se faça uma avaliação do mercado em que atua e do seu segmento específico.
Não menos importante será analisar o histórico dos seus pagamentos junto à concorrência,
junto à rede bancária, seu grau de endividamento, estoque, etc.

2Irineu Strenger, prefácio de As Garantias Bancárias nos Contratos Internacionais, organizado por
Henry Lesguillons, Saraiva.

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Uma questão difícil de ser analisada, porém extremamente importante, está relacionada com o
comportamento ético do comerciante. Há os que procuram obter vantagens em função de
pequenas falhas causadas pela outra parte, ainda que tais falhas não provoquem qualquer
conseqüência para o normal andamento da operação.

A análise do risco de não pagamento deve ser estendida aos bancos, quando estes se
apresentam nas operações, quer na qualidade de garantidores ou de emitentes de créditos
documentários (cartas de crédito). Não raras vezes, quando chamados a cumprir os seus
instrumentos, eles falham, ou porque não têm capacidade para cumprir o compromisso
assumido ou porque estão agindo de má-fé.

1.1.2. Risco de Falha na Entrega e de Não Entrega

Para que se busque a necessária segurança no que respeita à entrega (ou ao embarque) dos
bens, o comprador deverá proceder, no mínimo, à análise dos seguintes elementos: da
idoneidade do vendedor e suas referências; da sua capacidade de entrega; se ele é
produtor/fabricante ou se é apenas um “terceiro”, uma empresa comercial; seu histórico
(performance); e, ainda, de eventuais restrições governamentais que possam ser impostas pelo
país exportador sobre a exportação dos bens adquiridos.

Dependendo das informações obtidas, recomenda-se que o comprador condicione a entrega


dos bens a uma “inspeção pré-embarque” (pre- shipment inspection). Quando for o caso, pode
o comprador, ainda, lançar mão de instrumentos de garantia, geralmente emitidos por bancos,
tais como: garantia de oferta (bid bond), garantia de desempenho (performance bond), garantia
de manutenção (maintenance bond), garantia de antecipação de pagamento (advance
payment bond), dentre outros. Como regra geral, estes instrumentos de garantia não
asseguram o cumprimento da operação: apenas asseguram o pagamento de uma multa, se
houver falha do fornecedor. Referidos instrumentos são estudados no capítulo próprio.

1.2. Riscos Políticos

Os riscos políticos são aqueles representados pelo país e não pela pessoa do comerciante.
São caracterizados por decisões governamentais e resultam no impedimento temporário de
remessa de divisas para o exterior. Podem ser a conseqüência de uma moratória declarada ou
de uma centralização cambial. Em qualquer destas situações, o comprador e o Banco Emitente
de um crédito documentário, daquele país, ficam impedidos de efetuar o pagamento de suas
obrigações.

O risco político pode, também, implicar na suspensão da exportação de determinados bens ou


serviços. Embora tal suspensão ocorra com menor freqüência que a suspensão de
pagamentos, geralmente é motivada em virtude de iminente desabastecimento interno no país
do vendedor ou em decorrência de bloqueios e boicotes econômicos impostos a países
compradores.

Contra o risco político não há providências a serem tomadas, exceto as de natureza preventiva.

1.3. Risco Técnico ou de Qualificação Profissional

É risco intangível ou escondido. Tão perigoso quanto não conhecer a operação é negociar com
comerciante que não conhece os meandros, as “entranhas” do seu negócio e, por conseguinte,
não sabe administrá-lo.

Vale a pena refletir, novamente, sobre a afirmação mencionada no Capítulo I: “Conhecer o todo
não é apenas importante: é indispensável. Isto é globalização! Qualquer problema que ocorra
com a operação não será problema do Departamento Financeiro ou do Comercial ou do
Operacional: será um problema da empresa!”

O que se afirma no parágrafo acima deve ser aplicado a ambas as partes contratantes. Difícil,
mas não impossível, é saber se o seu parceiro está preparado para a empreitada que pretente
realizar. Temos afirmado constantemente, que para se fazer um levantamento cadastral

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completo de um cliente ou de um fornecedor, ou de quem quer que seja, é necessário ser
meticuloso como os orientais. Avaliar a empresa e os seus dirigentes.

2. Adequação das Condições de Pagamento

As condições de pagamento devem ser avaliadas levando-se em conta três elementos


distintos, porém, que se interagem e se complementam, a saber: a moeda, o prazo e a
modalidade de pagamento (ou modalidade da transação).

2.1. A Escolha da Moeda

Tanto as exportações como as importações brasileiras podem ser realizadas para pagamento
em moeda estrangeira ou em moeda nacional.

Se a operação for realizada para pagamento ou recebimento em moeda estrangeira, esta


dependerá da realização de uma operação de câmbio. Isto posto, o comerciante nacional
deverá ter dupla preocupação.

A primeira, com relação ao mercado cambial brasileiro, uma vez que, tendo em vista o curso
forçado da moeda nacional no território brasileiro a operação de câmbio é indispensável para
efetivar a troca da moeda. Assim, ele será afetado pela política cambial adotada no país e,
mais amiúde, no momento em que realiza a sua operação de câmbio, pela oscilação da taxa
cambial, considerando que o Brasil, desde janeiro de 1999, adota o sistema de taxas flutuantes
de câmbio.

A segunda preocupação deve estar relacionada com o comportamento do mercado de câmbio


no contexto mundial, ou seja, qual é o comportamento das diversas moedas no mercado
internacional. O conhecimento destas particularidades é exigência a ser feita não só aos
profissionais da área financeira, mas também àqueles que militam na área comercial da
empresa. O reflexo cambial para a futura liquidação do negócio é determinado já na escolha da
moeda em que se pretende operar. Comprar ou vender mercadorias nesta ou naquela moeda
poderá resultar em preços finais diferentes.

Um bom exemplo é o provocado pela valorização das diversas moedas em relação ao dólar
dos Estados Unidos.

Destarte, moeda e câmbio não podem ser vistos apenas como troca de moedas estrangeiras
por reais, ou vice-versa. É componente de preço de exportação ou de importação, porém, nem
sempre incluído nas “famosas” planilhas de formação de preço. Moeda e câmbio têm de ser
vistos como elementos que extrapolam as fronteiras da simples troca de moeda.

2.2. Definição do Prazo de Pagamento

2.2.1. Aspectos Normativos

No âmbito das importações brasileiras o prazo de pagamento, em regra, é condição livremente


pactuada entre as partes – comprador e vendedor. Admite-o pagamento à vista, ou seja,
pagamento ao fornecedor estrangeiro após o embarque, contra documentos, porém, antes do
registro da DI – Declaração de Importação. Admite-se o pagamento a prazo, sem limitação e,
até mesmo, o pagamento antecipado, ou seja, o pagamento ao fornecedor previamente ao
embarque da mercadoria.

Já para as exportações nacionais, embora sejam admitidos, sem ressalvas, recebimentos à


vista e antecipado, o mesmo não ocorre com as operações a prazo. Salvo exceções previstas
nos regulamentos específicos, pode-se dizer que o prazo máximo concedido ao importador
estrangeiro para pagamento das vendas ao exterior é de até 360 dias contados da data do
embarque.

2.2.2. Aspectos Financeiros

14
Feitas estas considerações de natureza normativa, o comerciante deverá avaliar algumas
questões de natureza financeira com vistas a verificar a conveniência, ou não, de comprar ou
vender à vista ou a prazo. Dentre elas, convém destacar: a capacidade ou o interesse do
vendedor e do comprador; a disponibilidade e fluxo de caixa; existência de recursos para
financiamento; custo dos recursos no mercado doméstico e no exterior; política cambial e taxas
de juros doméstico e internacional.

Adicionalmente aos fatores de natureza financeira, a decisão do vendedor deve também levar
em conta as implicações relacionadas com os riscos de não pagamento, sejam eles de
natureza comercial, política ou técnica. Em uma operação à vista geralmente os documentos
de embarque de que o comprador necessita para tomar posse da mercadoria só lhes são
entregues contra pagamento. Assim sendo, caso não ocorra o pagamento, alternativamente às
medidas judiciais cabíveis contra o comprador, o vendedor pode retomar a carga no porto ou
no local de destino para a qual foi despachada e, sendo possível, revendê-la a outro
interessado ou, até mesmo, retorná-la a seu país. Numa operação a prazo, entretanto, os
documentos de embarque são entregues ao comprador mediante promessa de pagamento
futuro, na maioria das vezes representada pelo aceite de um saque (cambial ou letra de
câmbio). Caso o comprador não resgate o saque no seu vencimento, restará ao vendedor o
recurso do protesto ou de uma ação judicial de cobrança contra o comprador inadimplente.

2.2.3. Interferência dos Riscos

Nas operações com pagamento à vista, os documentos representativos dos bens são
entregues ao comprador mediante pagamento. Se o comprador não paga, não recebe os
documentos e, portanto, não tem acesso aos bens. Nas operações a prazo, os documentos
são entregues ao comprador contra o aceite de um saque (promessa de pagamento). Isto
permite, ao comprador o acesso aos bens antes do pagamento e, conseqüentemente,
representa maior risco para o vendedor.

2.2.4. Aspectos Comerciais

Por fim, há que se respeitar práticas e costumes comerciais típicos de algumas operações. Se
tais bens são negociados em determinadas condições, obviamente que, quem tiver interesse
em negociá-los, deverá aderir a essas condições.

2.3. Adequação da Modalidade de Pagamento

Como regra geral, a modalidade de pagamento (ou modalidade da transação) é determinada


pelo vendedor dos bens, uma vez que está, umbilicalmente, ligada à segurança do pagamento.
Com base nas informações colhidas sobre o comprador e seu país, o vendedor poderá com
segurança avaliar eventuais riscos de não pagamento de sua exportação e, assim, determinar
a modalidade de pagamento para a operação.

As modalidades de pagamento indicam se o pagamento pelo comprador ao vendedor ocorrerá


antes ou após o embarque dos bens, se os documentos de embarque transitarão, ou não,
através de bancos e, finalmente, se os bancos participantes da operação serão responsáveis
pelo pagamento ou, apenas, prestadores de serviços.

2.3.1. Pagamento Antes do Embarque

Pagamento antecipado: o comprador efetua o pagamento antes do embarque da mercadoria.


Após o recebimento do dinheiro, o vendedor providencia o embarque e remete os documentos
originais diretamente para o comprador.

2.3.2. Pagamento Após o Embarque

2.3.2.1. Sem Interferência Bancária na Documentação

Remessa sem saque: o vendedor efetua o embarque e envia os documentos originais para o
comprador. Este providencia o desembaraço dos bens e, posteriormente, efetua o pagamento

15
ao vendedor.

Remessa: o vendedor comunica ao comprador que efetuou o embarque. O comprador


providencia o pagamento imediatamente. Recebido o pagamento pelo vendedor, este envia os
documentos originais para o comprador.

2.3.2.2 Com Interferência Bancária no Trâmite Documental – Banco Somente como


Prestador de Serviços

Cobrança: após o embarque o vendedor entrega os documentos originais a um banco para


que, através de seus correspondentes, efetue a cobrança junto ao comprador. A cobrança
pode ser à vista, ou seja, os documentos são entregues ao comprador contra pagamento;
sendo a prazo, os documentos serão entregues ao comprador após este ter se comprometido a
pagar numa data futura, normalmente, através do aceite de um saque (letra de câmbio).

2.3.2.3. Com Interferência Bancária no Trâmite Documental – Banco como Garantidor


ou como Pagador

Cobrança com garantia bancária ou aval bancário: operação semelhante à operação indicada
no item anterior, porém, incluindo um banco como garantidor da operação. Em caso de non-
performance pelo comprador, o banco paga.

Crédito: representado pelo Crédito Documentário (carta de crédito): normalmente, previamente


ao embarque, a pedido do comprador (Tomador), um banco (Banco Emitente) envia ao
vendedor (Beneficiário) um instrumento – carta de crédito – assegurando-lhe que, se o
embarque ocorrer nas condições ali estabelecidas e isto for comprovado documentalmente, ele
(Banco Emitente) efetua o pagamento. Realizado o embarque, o vendedor apresenta os
documentos, os quais, se achados em boa ordem (sem discrepâncias), serão pagos à vista ou
a prazo.

16
Capítulo III
As Modalidades de Pagamento ou Modalidades
da Transação

As modalidades de pagamento (ou modalidades da transação) indicam se o pagamento pelo


comprador ao vendedor ocorrerá antes ou após o embarque dos bens, se os documentos de
embarque transitarão ou não através de bancos e, finalmente, se os bancos participantes da
operação serão responsáveis pelo pagamento ou, apenas, prestadores de serviços.

Dentre as modalidades de pagamento utilizadas, somente uma prevê que o pagamento ocorra
antes do embarque: o pagamento antecipado. Todas as demais resultam em pagamento após
o embarque e representam aproximadament 90% do comércio internacional, no mundo todo.

Conforme poderá ser observado, algumas dessas modalidades só interessam ou só privilegiam


o vendedor e, portanto, na medida em que isto seja possível, devem ser evitadas pelo
comprador. Outras modalidades, contudo, são claramente favoráveis ao comprador e, portanto,
dele deve merecer a preferência.

Para encerrar este preâmbulo às modalidades, deve ficar esclarecido que este capítulo se
limitará a discutir as modalidades de pagamento propriamente ditas, reconhecidas
internacionalmente como tal. Portanto, não serão aqui discutidas as “modalidades” cartão de
crédito, espécie, cheque e traveller’s check que, na prática, são formas de entrega da moeda
estrangeira e não modalidades de pagamento.

1. Remessa sem Saque (open account)

Realizado o embarque dos bens, o vendedor envia todos os documentos originais diretamente
ao comprador, antes do pagamento, sem qualquer interferência bancária. O vendedor sequer
emite qualquer título representativo da dívida (saque ou qualquer outro instrumento) contra o
comprador.

Trata-se de operação de alto risco para o vendedor e, portanto, somente deve ser utilizada
quando o comprador for da mais absoluta confiança. Ele deve confiar integralmente no
comprador e em seu país. Deve estar seguro de que o comprador lhe pagará, após o
recebimento dos bens, conforme pactuado no contrato comercial.

Dado ao seu elevado risco de não pagamento, esta modalidade é utilizada com mais
freqüência nas operações realizadas entre companhias que tenham algum vínculo (matriz, filial,
coligadas etc.) ou com compradores tradicionais.

Recebendo diretamente os documentos, o comprador agiliza os procedimentos para o


desembaraço dos bens em seu país e, assim, evita eventuais custos de armazenagem. Como
não há intervenção bancária no trâmite da documentação, elimina também as despesas de
bancos locais e de banqueiros, no exterior.

Os bancos somente participam da operação por ocasião do pagamento em uma eventual


operação de câmbio e na transferência dos fundos.

Outra vantagem para o comprador reside no fato de que somente estará providenciando o
pagamento após ter se assegurado do recebimento dos bens, conforme combinado.

FLUXO DA OPERAÇÃO

17
1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Embarque

3. Vendedor elabora / remete dos documentos de embarque* diretamente ao comprador

4. Comprador libera a mercadoria

5. Comprador providencia o pagamento conforme ajustado no contrato comercial

* dentre outros, fatura comercial, documento de transporte, certificados, packing list.

2. Remessa (teletransmission transfer ou wire)

O exportador comunica o embarque da mercadoria ao importador que, prontamente,


providencia a remessa do dinheiro por ordem de pagamento bancário (SWIFT ou telex).
Recebidos os fundos pelo exportador, este remete os documentos originais para o importador.
Trata-se de modalidade utilizada em algumas operações de commodities, nas exportações
brasileiras.

FLUXO DA OPERAÇÃO

1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Embarque

3. Vendedor elabora documentos

4. Vendedor comunica ao comprador que o embarque foi realizado

5. Comprador efetua o pagamento

6. Vendedor remete os documentos ao comprador

7. Comprador libera a mercadoria

3. Cobrança (collection)

Cobrança é o manuseio de documentos pelos bancos. Os documentos originais, em regra, são


enviados para o importador através da rede bancária.

Os documentos de que trata este título podem ser comerciais, como faturas comerciais,
conhecimentos de embarque, títulos de propriedade etc., ou financeiros, tais como notas
promissórias, letras de câmbio (saques), cheques e outros instrumentos semelhantes utilizados
para obter pagamento em dinheiro.

Quanto aos documentos que a compõem, a cobrança pode ser documentária (documentary
collection), ou seja, cobrança de documentos comerciais acompanhados, ou não, de
documentos financeiros, ou cobrança limpa (clean collection), incluindo, apenas, documentos
financeiros.

Quanto ao prazo, as cobranças podem ser:

a) à vista, ou seja, os documentos serão entregues ao sacado contra pagamento,


“CAD – cash against documents” ou “D/P – documents against payment” ou,
ainda, “sight D/P”.

18
b) a prazo, isto é, os documentos serão entregues ao sacado contra aceite de um
saque ou letra de câmbio (draft ou bill of exchange), “D/A – documents against
acceptance”.

Participam da operação de uma operação de cobrança:

a) o Cedente/Sacador (principal – exporter/drawer): normalmente o exportador


(vendedor), que confia os documentos a um banco, para cobrança;

b) o Banco Remetente (remitting bank): banco ao qual os documentos foram


confiados para cobrança;

c) o Banco Apresentador/Cobrador (presenting bank/collecting): que apresenta os


documentos ao sacado, para cobrança. Confunde-se, na maioria das vezes, com o
banco cobrador;

d) O Sacado (drawee): em regra o comprador (importador), aquele a quem os


documentos são apresentados para pagamento ou aceite.

Nesta modalidade o exportador embarca a mercadoria e entrega os documentos a um banco


para que este, através de seus correspondentes no exterior, providencie a cobrança dos
mesmos junto ao importador. Normalmente os documentos são acompanhados de um saque, à
vista ou a prazo, sacado pelo vendedor contra o comprador dos bens. Trata-se de título
representativo da dívida.

O vendedor deve levar em conta que os bancos envolvidos no procedimento de cobrança são
apenas intermediários do processo e, portanto, não respondem pelo sucesso da operação.
Responsabilizam-se apenas pelo fiel cumprimento das instruções recebidas da parte que lhes
confiou a cobrança. Por conseguinte, conclui-se que não deverão ser conduzidas operações
nesta modalidade enquanto o vendedor não tiver informações que lhe permitam confiar no
comprador e em seu país.

Esta operação é disciplinada pela Publicação nº 522, Regras Uniformes para Cobrança, da
Câmara de Comércio Internacional – CCI, Paris, em vigor desde 1º de janeiro de 1996. Para
que produzam efeito, todavia, é necessário que tais regras estejam incorporadas à “instrução
de cobrança” (carta-remessa). 3

Esta modalidade pode ser utilizada, indistintamente, tanto nas exportações brasileiras como
nas importações nacionais.

3.1. Entrega dos Documentos ao Banco Remetente

A entrega dos documentos ao Banco Remetente, pelo cedente (vendedor, exportador) deve ser
capeada de borderô apropriado, indicando, dentre outros, os seguintes elementos:

a) quais os documentos anexados, discriminando número de vias originais e de


cópias;

b) nome e endereço completos do Sacado (comprador), a quem os documentos


serão apresentados para pagamento e/ou aceite;

c) valor a ser cobrado do Sacado;

d) o Banco Cobrador, na localidade do Sacado, para o qual os documentos deverão


ser encaminhados, se houver exigência nesse sentido;

e) todas as instruções para a cobrança, de forma clara e precisa;

3Documento de emissão do Banco Remetente, dirigido ao Banco Cobrador/Apresentador, no qual são


indicadas as instruções para cobrança e ao qual são anexados os documentos comerciais e/ou financeiros.

19
f) instruções específicas sobre as despesas de cobrança, se houver;

g) havendo comissão a ser paga a agente no exterior, indicar, com clareza, seu valor
ou percentual, nome do agente, seu endereço e domicílio bancário;

h) condições para entrega dos documentos;

i) as providências que deverão ser tomadas em caso de não pagamento ou não


aceite, inclusive quanto a protesto ou medida alternativa etc.

Os bancos – Remetente, a quem a cobrança é confiada, ou Cobrador, que recebeu a cobrança


do Banco Remetente – não são, a priori, obrigados a processar cobranças recebidas ou a
cumprir qualquer instrução subseqüente. Têm, portanto, o direito de recusá-las. Neste caso, a
recusa deverá ser imediata. Caso contrário, presume-se que as instruções foram aceitas.

Se acolherem as cobranças significa que estão dispostos, conforme o caso e seguindo as


instruções que lhe foram passadas, a:

a) obterem pagamento e/ou aceite; ou

b) entregarem documentos contra pagamento e/ou contra aceite; ou

c) entregarem documentos mediante outros termos e condições.

Embora o art. 4º da Publicação 522 estabeleça que os bancos não têm qualquer obrigação de
examinar os documentos que lhes são confiados, cabe observar que a legislação nacional de
certa forma os responsabiliza nesse sentido. Ao examinar as cobranças que estão vinculadas a
operações de câmbio, percebe-se que a lei brasileira impõe aos bancos autorizados a operar
em câmbio a responsabilidade pela verificação documental dos negócios de comércio exterior,
tanto na exportação, como na importação.

3.2. Apresentação e Liberação dos Documentos ao Sacado

Quando se tratar de documentos à vista, os documentos devem ser apresentados ao Sacado


sem demora, para que este efetue o pagamento. Quando se tratar de documentos pagáveis a
prazo e sempre que o aceite for exigido, o Banco Apresentador deve apresentar sem demora
para que o aceite seja efetuado. Ainda, na hipótese de pagamento a prazo, a apresentação
deverá ser efetuada antes da data do vencimento.

Os bancos devem disponibilizar os documentos ao Sacado da forma que estes lhes são
apresentados, estando impedidos, pois, de neles acrescentarem qualquer informação.

Tanto o borderô, elaborado pelo Cedente, como a instrução de cobrança, emitida pelo Banco
Remetente, devem conter instruções claras e precisas quanto a prazo, período e condições
para liberação dos documentos ao Sacado.

Expressões como first (primeira), prompt (pronta), immediate (imediata) e similares não devem
ser utilizadas em relação a prazos e períodos dentro dos quais os documentos devam ser
retirados pelo Sacado. Se o forem, serão desconsiderados.

Conforme disposto no art. 7º, da Publicação 522, em uma cobrança para pagamento à vista, os
documentos comerciais serão entregues ao Sacado contra pagamento. Entretanto, quando a
cobrança for a prazo, isto é, incluir um saque para pagamento futuro, a instrução da cobrança
deve mencionar se os documentos deverão ser entregues contra aceite (D/A – documents
against acceptance) ou contra pagamento (D/P – documents against payment).

3.3. Documentos versus Bens, Serviços etc.

Semelhantemente com o que ocorre nas operações amparadas por crédito documentário, em
uma cobrança todas as partes intervenientes, especialmente os bancos, levam em

20
consideração apenas os documentos e não os bens, serviços ou outras performances a que
eles possam se referir.

Assim sendo, a não ser nos casos expressa e previamente acordados, os bancos jamais se
responsabilizarão pelos bens. Por essa razão, a menos que autorizado por um banco, os bens
não devem ser despachados para o seu endereço e nem a ele consignados.

Todavia, é comum a emissão de documentos de transporte – conhecimentos de embarque –


consignados à ordem de bancos. Neste caso, a única responsabilidade do banco será a de
endossar o referido documento, seguindo as instruções da cobrança.

3.4. Isenção de Responsabilidade dos Bancos

Os bancos intervenientes em uma cobrança – cada um na sua função – não respondem por
atos praticados por terceiros ou por ocorrências das quais não participaram ou para elas
contribuiram.

Assim, não serão responsabilizados por documentos que, embora relacionados no borderô ou
na instrução de cobrança, não chegaram às suas mãos. Também não assumem obrigação ou
responsabilidade quanto à falsificação, efeito legal, suficiência ou forma de quaisquer
documentos. Não respondem pelas informações nele constantes e, muito menos, pelos bens
por ele representados. Também não respondem pela boa-fé, atos ou omissões solvência,
reputação ou desempenho de terceiros, quaisquer que sejam.

Também, não assumem qualquer obrigação ou responsabilidade relacionadas ou decorrentes


da demora e/ou extravio, em trânsito, de quaisquer documentos. Obviamente, serão
responsabilizados se tais ocorrências se derem no âmbito de seu domínio. Finalmente, os
bancos não serão responsabilizados pelas conseqüências que decorram da interrupção de
suas atividades por motivos de força maior, como por exemplo, cataclismos, motins, guerras,
greves, lockouts, dentre outros.

3.5. Pagamento

Os valores cobrados do Sacado, deduzidas as despesas, encargos e desembolsos (se houver),


deverão ser imediatamente colocados à disposição do Banco Remetente, conforme
estabelecido na instrução de cobrança.

Como valor cobrado entende-se valor disponível para remessa imediata. Isto significa que, se a
cobrança for pagável em moeda local, ou seja, a moeda do país de pagamento (ex.: uma
operação pagável em US$, nos EUA), os documentos somente poderão ser entregues ao
Sacado se os US$ puderem ser transferidos imediatamente. Em se tratando de pagamento
exigível em moeda estrangeira, ou seja, outra que não a do país de pagamento (ex.: operação
pagável em DM, na Itália), os documentos somente poderão ser entregues ao Sacado se,
neste caso, os DM puderem ser prontamente disponibilizados para transferência.

Embora incomuns, pagamentos parciais serão admitidos para as cobranças “limpas”, dentro
dos limites da legislação do país de pagamento. No caso das cobranças documentárias,
somente serão aceitos pagamentos parciais se autorizados na instrução de cobrança.

3.6. Saque (Letra de Câmbio), Aceite e Protesto

Enquanto que o mercado nacional se utiliza da duplicata, título de crédito de circulação


nacional, o comércio exterior se vale da letra de câmbio (bill of exchange) ou, simplesmente,
saque, como é mais conhecida.

A letra de câmbio é título de crédito emitido pelo vendedor (Sacador), contra o comprador
(Sacado), representando o valor ou o montante da operação comercial. Pode ser à vista ou a
prazo. Conforme ensina João Eunápio Borges, “a letra de câmbio cria-se pelo saque, completa-
se pelo aceite (ou, eventualmente, a intervenção), transfere-se pelo endosso e é garantida pelo

21
aval.”4 Em resumo, é uma ordem de pagamento que o Sacador dá ao Sacado.

Com vistas a facilitar nosso estudo, optamos por utilizar a palavra saque como denominação do
título e não como o ato de sacar.

Se emitido à vista, será apresentado para pagamento. Se a prazo, para aceite. O aceite nada
mais é que uma declaração cambial assinada no próprio título, através da qual o Sacado
concorda com a ordem de pagar que lhe foi dada pelo Sacador. Assume, assim, a qualidade de
devedor principal e direto, prometendo pagar no vencimento.

Aceito o título, o Banco Apresentador entrega os documentos ao Sacado, respeitadas as


condições da instrução de cobrança.

Segundo estabelece o art. 22, da Publicação 522, o Banco Apresentador não é responsável
pela verificação da autenticidade de qualquer assinatura ou do poder de qualquer signatário
para firmar o aceite. Responde apenas pelos aspectos formais, ou seja, se o aceite foi dado de
forma correta e completa. Poderá ser lançado no anverso ou no verso do título. Sendo no
anverso, basta a assinatura do Sacado. No verso, a assinatura deve ser precedida da palavra
“aceite” ou “por aceite”.5

O saque poderá ser protestado por falta de pagamento ou por falta de aceite.

Os bancos, no entanto, não têm obrigação de promover o protesto ou outro medida legal
alternativa, exceto quando devidamente instruídos pela parte da qual eles receberam a
cobrança.

Tais instruções devem ser precisas e inequívocas. Não existindo a figura do protesto no país
do Sacado, o Cedente deve diligenciar com vistas a obter informações sobre as medidas
alternativas e, neste sentido, dar instruções ao Banco Remetente. Deve, ainda, o Cedente
verificar os prazos legais para protesto vigentes na localidade onde o título deva ser protestado.

Quaisquer despesas e/ou encargos contraídos pelos bancos deverão ser ressarcidos pelo
Cedente. Aos bancos é reservado o direito de solicitar que o Cedente lhe remeta
antecipadamente o valor dessas despesas e/ou encargos.

3.7. Despesas e Juros

A cobrança é operação bancária e, portanto, gera despesas.

As despesas bancárias podem ser divididas em dois grupos principais. As tarifas de serviços,
cobradas pelos bancos por serviços prestados a seus clientes. Normalmente, são taxas fixas,
cobradas do cliente, sem considerar o seu valor da operação. As comissões, cobradas em
virtude do risco ou pelo agenciamento de negócios são, em regra, cobradas do cliente a partir
de um cálculo que leva em conta o valor da operação, o seu prazo e a qualidade do cliente.
Não se deve confundir essas despesas com os juros. Estes se referem à remuneração do
capital e são derivados de empréstimos e financiamentos, ou atrasos no pagamento.

Na operação de cobrança estão presentes as tarifas de serviço, cobradas pelos bancos local e
do exterior.

Quando a Publicação 522, em seu artigo 16, estabelece que “os valores cobrados (menos
encargos e/ou desembolsos e/ou despesas, quando houver) deverão ser prontamente
colocados à disposição da parte da qual a cobrança foi recebida, …”, fica claro que, salvo
disposição em contrário, as despesas desta operação podem ser cobradas do Cedente
(vendedor). Este entendimento é ratificado pelos artigos 20 e 21, quando, ao tratar de juros e
despesas, admitem: “… e se o sacado se recusar a pagar esses juros” e “…os encargos e/ou
as despesas de cobrança correm por conta do sacado e este se recusa a pagá-los, …”.

4 BORGES, João Eunápio. Título de Crédito. Rio de Janeiro: Forense.


5Lei Uniforme relativa às Letras de Câmbio e Notas Promissórias, art. 25.

22
Tomando como base os citados artigos 20 e 21, mesmo que a instrução de cobrança indique
que os juros e/ou despesas e/ou encargos correm por conta do Sacado, ele continua com o
direito de recusar o pagamento. Somente poderá ser exigido tal pagamento do Sacado quando
a instrução de cobrança, além de indicar que os mesmos correm por sua conta, também
informar que eles não poderão ser dispensados. Ex.: Charges for drawee’s account. Do not
waive charges ou expressões de efeito semelhante.

3.8. Agente ou Representante

O representante ou agente (do vendedor) é um intermediário entre vendedor e comprador. Seu


vínculo jurídico, assim como os seus poderes são limitados às suas relações com o seu
representado, o vendedor, porém, para as finalidades de cobrança, não se estendem aos
bancos.

Assim, se o Cedente (vendedor) nomear um representante para agir em seu nome, na


eventualidade de não pagamento e/ou de não aceite essa nomeação deve estar contida na
instrução de cobrança, indicando clara e plenamente os poderes desse representante.

FLUXO DA OPERAÇÃO – À VISTA

1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Embarque

3. Vendedor elabora documentos (que poderá, ou não, incluir uma letra de câmbio/saque)
e os entrega – em cobrança – para banco remetente, de sua confiança

4. Banco remetente encaminha documentos para banco cobrador (geralmente, um banco


indicado pelo próprio comprador, em seu país)

5. Banco cobrador apresenta documentos para pagamento

6. Comprador efetua o pagamento

7. Banco libera documentos ao comprador e remete pagamento ao banco remetente, que


paga ao vendedor

8. Comprador libera a mercadoria

FLUXO DA OPERAÇÃO – A PRAZO

1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Embarque

3. Vendedor elabora documentos (inclusive letra de câmbio) e os entrega – em cobrança


– para banco remetente, de sua confiança

4. Banco remetente encaminha documentos para banco cobrador (geralmente, um banco


indicado pelo próprio comprador, em seu país)

5. Banco cobrador apresenta documentos (letra de câmbio) para aceite

6. Comprador aceita, comprometendo-se a pagar no vencimento

7. Banco libera documentos ao comprador e avisa o aceite ao banco remetente

23
8. Comprador libera a mercadoria

9. Comprador, no vencimento, efetua o pagamento

4. Pagamento Antecipado (cash in advance)

O pagamento antecipado é aquele realizado, normalmente, antes do embarque dos bens. Em


se tratando de importação brasileira, em que os bens tenham sido admitidos em regime de
Entreposto Aduaneiro, permite-se o pagamento antecipado após o embarque, porém, antes da
nacionalização dos bens.

Para o exportador o pagamento antecipado é excelente! Deixa de correr riscos de não


pagamento e ainda conta com capital para produzir a mercadoria. Para o importador, no
entanto, é uma operação financeiramente onerosa e o deixa exposto ao risco de não receber
os bens.

Além de ser utilizado para eliminar riscos de não pagamento, também é exigido para constituir
“sinal de pagamento” (down payment) ou para financiar a produção do bem a ser exportado. É
também indicado como alternativa à Carta de Crédito, quando se tratar de operação de
pequeno valor, ou, também, para ganhar preferência de fornecimento.

É também modalidade utilizada nas importações e exportações brasileiras, desde que


respeitadas algumas disposições regulamentares, particularmente as impostos pelo Banco
Central do Brasil.

No caso das importações nacionais, o pagamento antecipado poderá ser realizado desde que
respaldados em operações comerciais já contratadas no exterior:

1. Deverá o importador estar de posse de uma fatura pro forma evidenciando a


condição de “pagamento antecipado” e a previsão para embarque ou
nacionalização dos bens.

2. Poderá ser realizado, em regra, com antecedência de até 180 dias em relação ao
embarque ou a nacionalização da mercadoria. Será admitida antecedência
superior a 180 dias quando se tratar de importação de máquinas ou equipamentos
com longo ciclo de produção ou bens adquiridos sob encomenda. Nestes casos
será admitida a antecedência de até 1080 dias.

3. Fica o importador responsável por comprovar o ingresso dos bens no país ou a


repatriar as divisas em caso de não embarque.

Será também admitido o pagamento antecipado para as exportações brasileiras, desde que o
embarque dos bens ocorra no prazo máximo de até 360 dias contados da contratação do
câmbio ou, para os casos de embarque em prazo superior a 360 dias, que a operação seja
registrada no Banco Central, no módulo ROF – Registro de Operações Financeiras.

Não ocorrendo o embarque dentro do prazo máximo acima, os valores recebidos a título de
pagamento antecipado poderão ser devolvidos ao exterior, ou ainda, por acordo entre as
partes, poderão ser convertidos em investimento de capital ou em empréstimo em moeda,
mediante o pertinente registro no Departamento de Capitais Estrangeiros, do Banco Central do
Brasil, nos termos da regulamentação vigente.

FLUXO DA OPERAÇÃO

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1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Comprador efetua o pagamento

3. Embarque

4. Vendedor elabora documentos e os remete diretamente ao comprador

5. Comprador libera a mercadoria

5. Crédito Documentário ou Carta de Crédito (documentary credit ou letter of


credit)

Apropriado para operações de alto risco comercial e/ou político, o Crédito Documentário ou
Carta de Crédito representa um dos mais seguros sistemas de pagamento das operações de
Comércio Exterior.

Instrumento através do qual um banco (Banco Emitente), a pedido e sob instruções do


importador (Tomador do Crédito), se compromete, em última análise, a efetuar o pagamento ao
exportador (Beneficiário). Trata-se de pagamento assegurado pelo banco desde que o
exportador (Beneficiário) cumpra uma série de termos e condições e comprove o seu
cumprimento, mediante a apresentação dos documentos indicados no próprio Crédito.

O banco do importador (Banco Emitente) emite o Crédito em favor do exportador (Beneficiário).


Este, após estar seguro da proteção do Crédito, embarca os bens e apresenta os documentos
ao banco para pagamento à vista ou a prazo. Em regra, é modalidade indicada para operações
com importadores e/ou país nos quais ainda não se possa confiar plenamente ou quando o
valor da operações supera limites operacionais admitidos em outras modalidades.

O Crédito Documentário, Carta de Crédito ou, simplesmente, crédito, é um instrumento


bancário de pagamento ou é uma obrigação bancária de pagamento condicional.

A Câmara de Comércio Internacional editou, em 1933, as primeiras Regras e Usos Uniformes


Relativos a Créditos Documentários, as quais, periodicamente, sofrem revisões em virtude do
desenvolvimento do comércio internacional. A última dessas revisões é a Revisão 2007, em
vigor desde 1º de julho de 2007, sob o título de Publicação 600 ou UCP 600.

A Publicação 600 é de aceitação universal, mas, para que produza efeito, é indispensável que
seja incorporada ao texto do Crédito, conforme estabelecido em seu Artigo 1º. Para esse efeito
o Crédito deve incorporar a seguinte declaração: “subject to the UCP Publication 600 2007
Revision, ICC/Paris”, ou qualquer outra de efeito semelhante. Nas transmissões via SWIFT,
como regra tal indicação é feita no CAMPO 40E da mensagem. Isto significa que as partes,
além de cumprirem o que determina o Crédito, também deverão observar o que estabelece o
referido corpo normativo.

O Crédito será honrado mediante a apresentação dos documentos exigidos, à vista ou a prazo.
Normalmente, fatura comercial, documento de transporte, documento de seguro, packing list,
certificados, saques etc. Daí a denominação “Crédito Documentário”.

O Crédito Documentário é compromisso irrevogável, podendo ser considerado um ótimo


instrumento de pagamento para o exportador. Para que o seja, no entanto, é necessário que
tenha sido emitido e/ou confirmado por um banco de primeira linha (first class bank), em país
que não ofereça risco de transferência; que estabeleça termos e condições que o Beneficiário
possa cumprir; e exija documentos que o Beneficiário possa fornecer.

O Crédito deve espelhar os termos e condições do negócio comercial, contemplando a


operação em todos os seus aspectos, ou seja, os de natureza financeira, posto que objetiva
assegurar um pagamento; os de natureza comercial, uma vez que tem por base uma transação

25
de compra e venda; e, os de natureza operacional, tendo em vista que o vendedor, para que
tenha o direito ao benefício do Crédito, é obrigado a promover entrega ou embarque de bens e
preparar documentos.

Assim sendo, todos os termos e condições relativos ao Crédito, especialmente aqueles que
podem gerar conflitos, deverão ser expressamente indicados no contrato comercial (fatura pro
forma ou em qualquer outro documento equivalente). Muitas vezes o exportador envia um draft
do Crédito ao importador, destacando-se referidos termos e condições.

5.1. Tipos de Crédito

Um Crédito sempre é irrevogável (irrevocable), ainda que não contenha tal indicação.
Conforme a Publicação 600, constitui um compromisso firme do Banco Emitente, desde que os
documentos estipulados sejam apresentados ao Banco Designado ou ao Banco Emitente e que
os termos e condições do Crédito sejam cumpridos. Sendo compromisso firme, não pode ser
emendado ou cancelado, a menos que todas as partes concordem.

A Emenda (aditivo) de um Crédito, salvo exceções previstas, deve seguir o mesmo caminho do
Crédito original, ou seja, deve transitar pelos mesmos bancos. Ao contrário do entendimento
geral, uma Emenda não serve apenas para alterar o Crédito (incluindo, excluindo ou
modificando condições). Pode, também, ter o caráter explicativo para termos e condições que
não pareçam muito claros.

Presume-se que uma Emenda, quando solicitada a sua emissão ao Emitente, já seja do
conhecimento do Beneficiário. Mas, esta é só uma presunção. Pode ocorrer de o Tomador
resolver, por conta própria, promover alguma alteração no Crédito que não seja do
conhecimento e nem do interesse do Beneficiário. Portanto, para que se solidifique a seriedade
do Crédito Irrevogável, uma Emenda não produz efeito automático. O seu efeito está
condicionado à aceitação pelas partes, a saber :

a) o Banco Emitente manifesta a sua aceitação ao emitir a Emenda;

b) o Banco Confirmador ao avisar a Emenda ao Beneficiário. Se o Confirmador


decide não confirmar a Emenda, tal fato deverá ser informado ao Emitente e ao
Beneficiário, sem demora;

c) o Beneficiário poderá manifestar a sua aceitação por meio de correspondência ao


Banco Avisador, nesse sentido, ou pela entrega de documentos, incorporando a
Emenda.

O crédito também pode ser confirmado.

O Crédito confirmado (confirmed credit) possui o compromisso de dois bancos. Uma


confirmação de um Crédito irrevogável por outro banco (o Banco Confirmador) por autorização
ou solicitação do Banco Emitente, constitui um compromisso firme do Banco Confirmador,
adicional ao do Banco Emitente, desde que os documentos estipulados sejam apresentados ao
Banco Confirmador ou a qualquer outro Banco Designado e que os termos e condições do
crédito sejam cumpridos, estabelece a Publicação 600, da CCI.

A confirmação representa para o Banco Confirmador a assunção das mesmas obrigações já


assumidas pelo Banco Emitente. É indispensável, pois, que um banco – antes de concordar em
adicionar a sua confirmação a um Crédito – verifique, com todo o rigor, os riscos em relação ao
Emitente e seu país. A confirmação presume concessão de crédito ao Emitente pelo
Confirmador e deve, portanto, estar amparada em limite operacional previamente estabelecido
entre tais bancos. Também, com o mesmo rigor, devem ser analisados os termos e condições
estabelecidos pelo Crédito, com vistas a se assegurar de sua exeqüibilidade.

A confirmação será indicada, pelo Confirmador, no próprio Crédito ou em instrumento


separado.

26
Um banco não deve confirmar qualquer Crédito, exceto quando autorizado ou solicitado pelo
Emitente. A confirmação gera direitos e obrigações na relação Emitente/Confirmador e também
na relação Confirmador/Beneficiário. Não poderá o Confirmador reclamar direitos ao Emitente
se, porventura, aquele efetuar o que se chama de confirmação silenciosa (silent confirmation),
ou seja, confirmação sem o conhecimento do Emitente.

As operações amparadas por Crédito emitidos com instrução para reembolso sob os
Convênios de Pagamentos e Créditos Recíprocos – CCR, são imunes a riscos de natureza
comercial e política, desde que cursadas regularmente, obedecendo-se as normas do próprio
CCR e respeitados os critérios e regulamentos, especialmente os limites, para as operações da
espécie. Assim sendo, poderá ser dispensada a confirmação desses Créditos, uma vez que o
competente reembolso é assegurado pelo banco central do país do Exportador/Beneficiário.

5.2. Despesas Bancárias

Em regra geral e conforme dispõe a Publicação 600, da CCI, as despesas relativas aos
Créditos são da responsabilidade de quem origina suas instruções, ou seja, do Tomador do
Crédito (importador). Observa-se, entretanto, que muitos Créditos indicam que as despesas
fora do país do importador, tais como despesas de “aviso”, negociação, confirmação etc., “são
de responsabilidade do Beneficiário”. Presume-se, obviamente, que o Beneficiário, por ocasião
da venda da mercadoria, concordou com tal condição. A questão principal, no entanto, reside
no fato de que – muitas vezes – o Beneficiário está assumindo, indevidamente, essas
despesas, posto que não houve nenhuma combinação anterior nesse sentido. Sempre que
alguma despesa deva correr por conta do Beneficiário, o crédito deve indicar esta condição.

FLUXO DA OPERAÇÃO – À VISTA

1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Comprador solicita a seu banco a emissão da carta de crédito (crédito)

3. Banco (emitente) emite o crédito (envia o crédito a um banco avisador, geralmente


indicado pelo vendedor)

4. Banco avisador avisa/entrega o crédito ao vendedor, beneficiário

5. Embarque

6. Vendedor elabora documentos e os entrega ao banco designado, geralmente o próprio


banco avisador

7. Banco designado analisa os documentos e os encaminha para banco emitente, para


pagamento

8. Banco emitente analisa os documentos. Banco emitente honra (paga) à vista ao


designado que, por sua vez, paga ao vendedor

9. Comprador efetua o pagamento ao banco emitente, que lhe entrega os documentos

10. Comprador libera a mercadoria

FLUXO DA OPERAÇÃO – A PRAZO

1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)

2. Comprador solicita a seu banco a emissão da carta de crédito (crédito)

3. Banco (emitente) emite o crédito (envia o crédito a um banco avisador, geralmente


indicado pelo vendedor)

27
4. Banco avisador avisa/entrega o crédito ao vendedor, beneficiário

5. Embarque

6. Vendedor elabora documentos e os entrega ao banco designado, geralmente o próprio


banco avisador

7. Banco designado analisa os documentos e os encaminha para banco emitente, para


aceite e pagamento no vencimento

8. Banco emitente analisa os documentos. Banco emitente honra (aceita) para


pagamento no vencimento ao designado que, por sua vez, efetuará o pagamento ao
vendedor

9. Comprador aceita, para pagamento futuro ao banco emitente, que lhe entrega os
documentos

10. Comprador libera a mercadoria

11. Comprador efetua o pagamento

COMPRA DA MERCADORIA
COMPRADOR: IMPORTADOR SA / SÃO PAULO
VENDEDOR: OSLO INSTRUMENTS / OSLO / NORUEGA

MERCADORIA: GOODS ...AS PER PROFORMA ...FOB/BERGEN

VALOR: EUR 161.500,00

TERMOS DE PAGAMENTO: CARTA DE CRÉDITO À VISTA

PORTO DE EMB.: BERGEN

PORTO DE DEST: SANTOS

EMB. PARCIAL: PERMITIDO

TRANSBORDO: PERMITIDO

EMBARQUE ATÉ: 05 DEZEMBRO 2011

APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS ATÉ: 21 DEZEMBRO 2011, MAS ATÉ


16 DIAS DO EMBARQUE

DOCUMENTOS: . FATURA
. DOCTO DE TRANSPORTE
. ETC.

DESPESAS: TODAS AS DESPESAS BANCÁRIAS FORA DO BRASIL


POR CONTA DO BENEFICIÁRIO

28
IMPORT DOCUMENTARY LETTER OF CREDIT

BANCO EMITENTE S.A.


SÃO PAULO SP BRAZIL
.

27: Sequence of Total


1/1
40A: Form of Documentary Credit
IRREVOCABLE
20: Documentary Credit Number
H043339
31C: Date of Issue
110303
40E: Applicable Rules
UCPURR LATEST VERSION
31D: Date and Place of Expiry
110521NORWAY
50: Applicant
IMPORTADOR ...... SA
SAO PAULO SP – BRAZIL
59: Beneficiary - Name & Address
OSLO INSTRUMENTS AS
POSTBOOKS ……
OSLO - NORWAY
32B: Currency Code, Amount
Currency : EUR (EURO)
Amount : #161.500,#
39B: Maximum Credit Amount
NOT EXCEEDING
41A: Available With...By... - FI BIC
DNBANOKKXXX
DNB NOR BANK ASA
OSLO NO
BY PAYMENT
43P: Partial Shipments
ALLOWED
43T: Transhipment
ALLOWED
44E: Port of Loading
BERGEN - NORWAY
44F: Port of Dischrge
SANTOS
44C: Latest Date of Shipment
111205
45A: Descriptn of Goods &/or Services
GOODS………………………… AS PER PROFORMA INVOICE NR. ……….
INCOTERMS 2010: FOB.
46A: Documents Required
1) 3/3 ORIGINALS PLUS 03 COPIES OF CLEAN ON
BOARD OCEAN BILL OF LADING, ISSUED TO THE ORDER OF …………………

29
AND NOTIFY THE SAME AS CONSIGNEE, MARKED TOTAL FREIGHT COLLECT
SHOWING ITS VALUE IN FIGURES AND WORDS.
2) 03 ORIGINALS PLUS 03 COPIES OF SIGNED COMMERCIAL INVOICE,
SPECIFYING FOB OR FCA AMOUNT, SHOWING FULL DESCRIPTION OF
GOODS, UNIT PRICE, AMOUNT OF GOODS AND PAYMENT TERMS.
3) PACKING LIST IN 03 ORIGINALS PLUS 03 COPIES.
47A: Additional Conditions
1) INSURANCE WILL BE COVERED BY APPLICANT IN BRAZIL.
2) AN EQUIVALENT USD.100,00 FEE WILL BE DEDUCTED FROM
PAYMENT FOR EACH SET OF DISCREPANT DOCUMENTS PRESENTED.
3) NUMBER OF THIS LETTER OF CREDIT MUST BE STATED ON COMMERCIAL
INVOICE AND B/L.
4) THE FOLLOWING BANKING CHARGES ARE FOR APPLICANT'S ACCOUNT:
.ADVISING: USD 100,00 (EQUIV IN EUR)
.CONFIRMATION: 0,50 PCT P.A. MIN USD 185,00 (EQUIV IN EUR)
.NEGOTIATION: 0,125 PCT FLAT, MIN USD 185,00 MAX USD 350,00
(EQUIV IN EUR)
71B: Charges
ALL BANKING CHARGES OUTSIDE BRAZIL
ARE FOR BENEFICIRAY'S ACCOUNT
48: Period for Presentation
DOCUMENTS MUST BE PRESENTED
WITHIN 16 DAYS AFTER ISSUANCE
OF THE TRANSPORT DOCUMENT BUT
WITHIN THE VALIDITY OF THIS CREDIT
49: Confirmation Instructions
CONFIRM
53A: Reimbursing Bank - FI BIC
XXXXXXMMXXX
BANCO DE MADRID S.A.
(ALL SPAIN BRANCHES)
MADRID ES
78: Instr to Payg/Accptg/Negotg Bank
1) WHETHER ALL TERMS AND CONDITIONS ARE COMPLIED WITH, PLEASE
CLAIM REIMBURSEMENT ON THE 5TH WORKING DAY AFTER YOUR IMMEDIATE
TESTED MESSAGE TO US INFORMING AMOUNT OF THE DOCUMENTS,
SHIPMENT AND NEGOTIATION DATES, COMMERCIAL INVOICE AND B/L
NUMBERS, AND CONFIRMING THAT SHIPPING DOCUMENTS ARE BEING
REMITTED TO US BY SPECIAL COURIER TO OUR OFFICE AT …………………………
ALSO INFORMING COURIER'S COMPANY AND NUMBER.
2) PLEASE ADVISE BENEFICIRY URGENTLY UNDER ADVISE TO US.

30
Capítulo IV
Mercado de Câmbio no Brasil
“O comércio internacional (o mais importante) e os movimentos de capitais e moedas
internacionais, são a base das operações de câmbio. Tomemos um simples exemplo: caso um
exportador suíço venda uma máquina a um importador japonês, para levar a cabo a operação
será preciso trocar os bens, de que dispõe o negociante japonês, por francos suíços, moeda
desejada pelo fornecedor da máquina. Ou, se os bancos continentais quiserem colocar o
excesso de fundos no mercado de eurodólar, em lugar de em seus respectivos mercados
domésticos, terão que comprar dólares com suas moedas locais. A observação do economista
francês Gaetan Pirou, de que ‘as operações de cãmbio são o resultado da coexistência entre o
internacionalismo do comércio e o nacionalismo das moedas’, descreve de modo competente,
por fim, a origem mais antiga dessa atividade. Por conseguinte, no dia em que o mundo vier a
ter uma única moeda, assistirá ao desaparecimento das operações de câmbio.” (Câmbio e
Operações no Mercado Financeiro. Swiss Bank Corporation, Zurique – 1978)

Etmologicamente, como nos ensina Fernando G. M. Cavalcanti, em Comércio Exterior e


Contrato de Câmbio de Exportação, Freitas Bastos:

“O português CÂMBIO (de CAMBIAR, dos séculos XII-XIII, latim tard.


‘CAMBIARE’, latin ‘CAMBIRE’ (trocar, permutar, palavra de origem gaulesa) significa
TROCA no século XII e TROCA DE DINHEIRO, no século XIII, esse segundo sentido
por influência do italiano, ‘CAMBIO’ (troca, troca de dinheiro), do século XVI, latim
tard. ‘CAMBIARE’ (trocar), origem do espanhol ‘CAMBIAR’, de 1068”.

Câmbio = Troca
Para os fins aqui previstos, é compra e venda de moedas estrangeiras ou de papéis que as
representem. Moeda, na definição dos economistas modernos, como registra Bruno Ratti, em
Comércio Internacional e Câmbio, “é um bem instrumental que facilita as trocas e permite a
medida ou a comparação de valores”.

Dentre os papéis que representam a moeda e que são utilizados regularmente no comércio
internacional, podemos citar: cheques, traveller’s checks, ordens de pagamentos, letras de
câmbio (saques), cartas de crédito, etc.

Desta distinção entre a moeda e os papéis que as representam, surge a seguinte classificação:
Câmbio Manual, ou câmbio local, quando a troca se faz com o dinheiro presente, ou dinheiro
“ao vivo”, com a moeda em espécie. Aqui se incluem, também, as operações realizadas com
traveller’s checks. Câmbio Sacado, ou câmbio trajetício, quando a troca se dá com o dinheiro
ausente, através de papéis que representem a moeda.

Segundo Vidari, “O câmbio manual é uma simples permuta; o câmbio trajetício, porém, é uma
verdadeira operação de crédito, porque quem dá o dinheiro corre o risco de ver mal empregada
sua confiança”, registra Fernando G. M. Cavalcanti, em Comércio Exterior e Contrato de
Câmbio de Exportação, Freitas Bastos.

Ainda, com relação às moedas, cabe ressaltar que enquanto algumas têm aceitação
internacional, outras não. Aquelas que são aceitas, sem restrições no mercado internacional –
as chamadas moedas fortes – são denominadas moedas conversíveis ou arbitráveis. As
demais, ou sejam, as que sofrem restrições no mercado internacional, são aqui denominadas
de inconversíveis ou não arbitráveis, ou, ainda, de conversibilidade restrita.

Registre-se, também, a existência da chamada moeda de convênio ou “adotiva”. Trata-se de


uma moeda conversível, de terceiro país, adotada por outros países para viabilizar suas

31
relações comerciais e financeiras. Um caso típico é o que ocorre no CCR – Convênio de
Pagamentos e Créditos Recíprocos, da ALADI, onde se adotou o dólar dos Estados Unidos
(US$).

A seguir, algumas das principais moedas conversíveis:

ATS Xelim Austríaco

AUD Dólar Australiano

BRL Real (embora não conversível, indicamos para mostrar sua identificação
internacional)

CAD Dólar Canadense

CHF Franco Suíço

DKK Coroa Dinamarquesa

EUR Euro

GBP Libra Esterlina

JPY Iene

NOK Coroa Norueguesa

SEK Coroa Sueca

USD Dólar dos Estados Unidos

A despeito do internacionalismo dessas operações, cada país, considerando fatores políticos e


econômicos particulares, estabelecem normas e critérios específicos para conduzir suas
operações, criando, assim, um mercado de câmbio próprio. Ao extrapolar fronteiras, é
estabelecido o mercado internacional. A seguir, alguns dos principais centros financeiros:

NEW YORK – SAN FRANCISCO – LONDON – FRANKFURT


CINGAPURA – TOKYO – HONG KONG

O Brasil, que hoje caminha para a liberdade cambial, já permite que parte das receitas de
exportação sejam mantidas em moeda estrangeira no exterior. Permite, ainda, a constituição
de disponibilidades no exterior, por meio de transferências financeiras. Assim, qualquer pessoa
física ou jurídica pode efetuar transferências para o exterior em moedas estrangeiras ou em
moeda nacional.

1. Generalidades sobre o Mercado Cambial Brasileiro

1.1. Participantes do Mercado Cambial Brasileiro

Ao Banco Central do Brasil, na qualidade de órgão do Governo Federal, compete promover a


execução das políticas monetária e cambial do país. No que respeita à área cambial, dentre
outras, são as seguintes as suas funções:

 autorizar/credenciar instituições (bancárias ou não) a operar no mercado;

 estabelecer normas de funcionamento do mercado;

 monitorar e fiscalizar o mercado;

32
 intervir no mercado, buscando o seu equilíbrio a partir da política cambial adotada;

 zelar pelas reservas cambiais do país.

Participam do mercado de câmbio os seguintes agentes:

 Banco Central do Brasil (realizando operações com as instituições financeiras).

 Bancos autorizados

 Instituições não-bancárias credenciadas

 Clientes (pessoas física e jurídica).

1.2. Taxas de Câmbio e Taxas de Juros

Enquanto que em uma operação doméstica ao se falar em taxas, certamente, estará sendo
feita referência a taxas de juros, no mercado de câmbio pode significar, ainda, o preço da uma
moeda em relação à outra.

a) Taxa Cambial ou Taxa de Câmbio: A taxa cambial é o preço de uma moeda


estrangeira, em moeda nacional. É a relação entre duas moedas, sendo que uma
é a moeda nacional. Ex.: US$ 1,00 = R$ 2,4310.

b) Taxa de Compra e Taxa de Venda: Taxa de compra é aquela praticada pelos


agentes autorizados para compra de moedas estrangeiras. A taxa de venda, um
pouco mais elevada que a taxa de compra, é utilizada para as vendas feitas por
esses agentes. Ex.: Banco compra US$ 1 por R$ 2,4250 e vende a mesma moeda
por R$ 2,4310.

c) Paridade: Na prática, entende-se por paridade a relação entre duas moedas


estrangeiras. Pode-se dizer que a paridade (par) é o preço de uma moeda
estrangeira em outra moeda estrangeira. A paridade, em regra, é o preço de uma
unidade do Dólar dos Estados Unidos em outra moeda estrangeira. Ex.: US$ 1 =
JPY 86,9700. Algumas moedas, como o Euro e a libra esterlina, tem a paridade
apresentada de maneira inversa, ou seja, uma unidade daquelas moedas em
relação a unidades variáveis do Dólar dos Estados Unidos. Ex.: GBP 1 = US$
1,6158. Da mesma maneira que a taxa de câmbio, a paridade apresenta cotações
para compra e venda. (OBS.: as taxas e paridades aqui indicadas são do dia
03.01.2014)

d) Taxas Pronta e Futura: Taxa pronta (spot) é o preço de uma moeda para
liquidação (entrega da moeda) em até dois dias úteis, ou, como se diz no
mercado, em até D+2 (dia da contratação mais dois dias úteis). Taxa futura
(forward) é o preço futuro da moeda ou preço da moeda para liquidação no futuro,
em prazo superior a D+2. Em função da expectativa de valorização ou
desvalorização da moeda negociada, a taxa futura pode ser apresentada com
prêmio ou desconto, respectivamente. No Brasil, independente do prazo para
liquidação da operação de câmbio, sempre é utilizada a taxa pronta. Se as partes
contratam uma operação para liquidação futura, tem que ser utilizado o recurso do
prêmio ou bonificação para compensar eventuais diferenças entre a taxa pronta e
a taxa futura. Em operações “a termo”, entre bancos, pratica-se a taxa futura, ou
seja, a taxa fixada para o dia da liquidação da operação.

e) Taxas Fixas: Entende-se por taxa fixa aquela previamente estabelecida pelo
governo, desconsiderando-se, pois, qualquer efeito da oferta e procura.

33
f) Banda Cambial: A partir de março de 95, o Governo adotou o sistema de
“bandas”, ou seja, apesar de não se fixar (rigidamente) um preço para compra e
para venda, foi estabelecido um piso mínimo e um teto máximo, permitindo-se,
nesse intervalo, flutuações sem a interferência governamental, em regra. Trata-se
de um sistema híbrido, que vigorou no Brasil até janeiro de 99.

g) Taxas Livres ou Flutuantes: Taxas livres ou flutuantes são aquelas cujo preço
das moedas flutua em função da oferta e procura. O mercado livremente busca o
equilíbrio da taxa cambial. A despeito de ser permitida livre pactuação entre as
partes, o mercado, em si, pode sofrer interferências do BACEN, conforme já vimos
anteriormente.

h) Taxa de Juros: Como regra geral, o mercado utiliza como parâmetro, para as
operações de empréstimos e financiamentos em moedas estrangeiras, a taxa de
juros praticada no Mercado Interbancário de Londres: a taxa LIBOR (London
Interbank Offered Rate) ou a taxa do mercado americano, a PRIME (taxa
preferencial), bem mais elevada que a LIBOR. Em quaisquer dos casos, no
entanto, a taxa utilizada é acrescida de um diferencial, o spread. Em menor escala
são utilizadas taxas prefixadas.

1.3. Taxa de Câmbio no Mercado de Taxas Livres

São livremente pactuadas entre as partes as taxas de câmbio pelas quais se contratem
operações de compra e venda de moedas estrangeiras, para liquidação pronta ou futura.

Nas operações para liquidação pronta, as taxas de câmbio devem espelhar o exato valor da
transação, vedados quaisquer pagamentos a título de compensação por resultados financeiros,
prêmios, bonificações ou comissões. Excetua-se desta exigência a cobrança de tarifas relativas
à execução dos serviços decorrentes da operação.

 Nas operações para liquidação futura é facultado o pagamento de prêmios ou


bonificações.

Nas operações de câmbio interbancárias a termo, a taxa de câmbio é livremente pactuada


entre as partes e deve espelhar o preço negociado da moeda estrangeira para a liquidação da
operação de câmbio.

Embora livremente pactuadas entre as partes, as taxas de câmbio devem guardar


razoabilidade com aquelas praticadas no mercado no dia em que a operação tenha sido
realizada. Taxas que se distanciem dessa realidade podem caracterizar evasão cambial ou
sonegação fiscal ou, de qualquer forma, dano ao patrimônio público e, portanto, sujeitam as
partes às penalidades e sanções previstas na legislação em vigor.

1.4. Operações Prontas e Operações Futuras

As operações de câmbio podem ser contratadas para liquidação (ou entrega) pronta, isto é, em
até 2 dias úteis, ou para liquidação (ou entrega) futura, ou seja, em prazo superior a 2 dias
úteis.

 contrato “pronto” ou para liquidação “pronta”

F................................|............................L

D+0.........................D+1.......................D+2

34
 contrato “futuro” ou para liquidação “futura”

F.......................|........................|............................L

D+0 D+1 D+2 D+N

F – Fechamento

D+0 – dia do fechamento

D+1 – 1º dia útil seguinte

D+2 – 2º dia útil seguinte

D+N – dia da liquidação do contrato futuro

L – Liquidação

Por liquidação entende-se o cumprimento das obrigações pelas partes contratantes: a entrega
da moeda estrangeira, pelo vendedor, e o pagamento do contravalor em moeda nacional, pelo
comprador.

É muito importante observar que, enquanto as operações bancárias, em geral, fixam


vencimento “em” determinada data, as operações de câmbio evidenciam vencimento para “até”
uma data estipulada, podendo, em conseqüência, ser liquidadas antes da data prevista.

A contratação de operações prontas ocorre por ocasião do vencimento de um direito ou de uma


obrigação. Já as futuras, com antecedência em relação a tais vencimentos, objetivando, em
regra, algum benefício ou proteção em relação à valorização ou desvalorização cambial, ou,
ainda, conforme o caso, evitar alguma penalidade.

As operações de câmbio contratadas para liquidação pronta deverão, entretanto, ser liquidadas
imediatamente, ou seja, no próprio dia da contratação, quando:

a) a entrega da moeda estrangeira se fizer através de espécie ou traveller’s cheques;


ou

b) se tratar de operação de câmbio simplificado de exportação.

1.5. A Realização das Operações Básicas do Mercado

O mercado de câmbio realiza, basicamente, as seguintes operações:

a) Operações entre banco (ou outro agente autorizado) e cliente: o banco


compra e vende de/para clientes, como por exemplo, exportadores, importadores
e outros recebedores e remetentes de moedas estrangeiras. Este conjunto de
operações constituem o que costumamos denominar de mercado primário.

b) Operações entre bancos: é o chamado mercado interbancário, onde, como o


próprio nome explica, os bancos compram e vendem entre si. É o que dá liquidez
ao mercado de câmbio.

c) Operações entre banco e Banco Central: neste caso o banco compra ou vende
do/para o Banco Central. Normalmente estas operações são realizadas pelos
bancos dealers, através dos leilões de compra e venda realizados pelo BACEN.

d) Operações entre banco e banqueiro, no exterior: conhecidas pelo nome de

35
arbitragens de moedas, estas operações visam simplesmente a troca de ativos em
diferentes moedas estrangeiras, não envolvendo, pois, a moeda nacional.

1.6. Posição de Câmbio

Entende-se por Posição de Câmbio a soma algébrica de todas as operações de compra e


venda realizadas por uma Instituição, independente do número de suas Carteiras operadoras,
ou, em outras palavras, a situação líquida de compras e vendas de moedas estrangeiras
efetuadas pelo banco, num dado momento. A posição de câmbio, nos bancos, pode
apresentar-se nivelada: quando o volume de compras e de vendas se equivalem; comprada:
quando o volume de compras é maior do que o de vendas; ou vendida: quando o volume de
vendas é maior que o volume de compras.

Tendo em vista que ficar “comprado” ou “vendido” significa para o banco, operação
especulativa, esta situação deve, pois, decorrer de uma decisão estratégica da instituição,
originária de sua alta administração. Normalmente, a decisão de ficar “vendido” objetiva o
“encaixe” de R$, gerando para o banco o chamado “custo da posição vendida”, ou seja, o efeito
de uma desvalorização cambial mais o custo do empréstimo em moeda estrangeira necessário
para suportar a posição nessa situação. Em contrapartida, o banco obtém a receita da
aplicação dos Reais captados no mercado.

Na posição comprada o efeito é inverso. Especula-se com uma eventual valorização cambial.
Faz-se “estoque” de moeda estrangeira contra “desencaixe” de R$. Não se pode entretanto
falar efetivamente em aplicação da moeda estrangeira “estocada”, uma vez que a posição
“comprada” não representa, necessariamente, disponibilidade: o banco pode estar “comprado”
com contratos para liquidação futura. Da mesma forma deve ser entendida a posição vendida.
O banco pode estar “vendido” com contratos futuros e, portanto, ainda não ter ocorrido o
desencaixe da moeda estrangeira. Em resumo, a posição representa, tão-somente, o balanço
entre compras e vendas, mas não o cash-flow da instituição.

Exceto nos casos de operações a termo realizadas no mercado interbancário, a posição da


instituição é sensibilizada na data do registro da operação da operação de câmbio.

Não há limite para as posições de câmbio comprada ou vendida dos bancos e caixas
econômicas autorizadas a operar. Embora não exista limite para a posição comprada para as
demais instituições, sua posição vendida é limitada a zero.

2. Contratos de Câmbio

O contrato de câmbio é o instrumento próprio firmado entre o vendedor e o comprador de


moedas estrangeiras, no qual se registram todas as características da operação, bem como as
condições pactuadas entre as partes, vendedor e comprador.

Sob o aspecto jurídico, o contrato de câmbio é bilateral e sinalagmático: comprador e vendedor


têm obrigações recíprocas. O vendedor, de entregar a moeda estrangeira vendida; o
comprador, de pagar o contravalor em moeda nacional. É consensual, pois depende da
vontade das partes. É oneroso, pois dele resultam obrigações patrimoniais para as partes. É
comutativo, de vez que cada uma das partes recebe uma contraprestação mais ou menos
equivalente.

As operações de câmbio são classificadas em dois grupos distintos. O das vendas, quando o
vendedor é a instituição autorizada ou credenciada. O das compras, quando o comprador é a
instituição autorizada ou credenciada. Um contrato de câmbio de exportação, por exemplo, é
um contrato de compra, pois o comprador é a instituição autorizada.

Desde 03.10.2011, por força da Circular BACEN 3.545, de 04.07.2011, os contratos de câmbio
passaram a ser editados pelo próprio agente autorizado, sendo formalizados mediante a
utilização de formulário-padrão que se encontra no ANEXO 1 à CIRCULAR BACEN 3.691.

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3. Intervenção do Corretor de Câmbio

É facultativa a interveniência de Sociedades Corretoras quando da contratação de operações


de câmbio de qualquer natureza, independentemente do valor da operação. Ocorrendo a
interveniência, o valor da corretagem pago ao corretor será livremente pactuado entre as
partes.

A Sociedade Corretora é obrigada a manter cadastro atualizado de seus clientes, sob pena de
ter suspensa a sua autorização para operar no mercado.

Observar que o corretor de câmbio também atua como vendedor e comprador de câmbio,
dentro das limitações regulamentares.

4. Responsabilidades dos Bancos nas Operações de Câmbio

Conforme dispõe o já citado RMCCI em seu título 1, Capítulo 6, “Os agentes autorizados a
operar no mercado de câmbio devem certificar-se da qualificação de seus clientes, mediante a
realização, entre outras providências julgadas pertinentes, da sua identificação, das avaliações
de desempenho, de procedimentos comerciais e de capacidade financeira, devendo organizar
e manter atualizados ficha cadastral e documentos comprobatórios em meio físico ou
eletrônico, observado que neste caso seja permitido ao Banco Central do Brasil poder verificar
o arquivo de imediato e sem ônus.”

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Capítulo V
Operações de Câmbio de Exportação

Para as finalidades deste capítulo e observando, portanto, apenas as questões cambiais, a


exportação compreende:

a venda da mercadoria ou serviço para um residente ou domiciliado no exterior:

o envio da mercadoria para o exterior ou que o resultado do serviço se dê no exterior: e

o pagamento efetuado por residente ou domiciliado no exterior (legítimo devedor no


exterior) ao exportador (seu legítimo credor no País), ou a pessoa diversa do
exportador em casos específicos.

Presume-se que, antes de contratar câmbio, o exportador já tenha – pelo menos – vendido a
mercadoria. No entanto, é sabido que, principalmente as grandes empresas exportadoras,
contratam câmbio previamente ao embarque, em grandes lotes, os denominados “contratos
“jumbo”, baseados na sua capacidade de venda e não em vendas já realizadas.

O processo completo de uma exportação envolve procedimentos de natureza comercial,


administrativa, aduaneira, financeira e cambial, como na importação. Estes procedimentos são,
obrigatoriamente registrados e controlados pelo Governo Federal através do SISCOMEX –
Sistema Integrado de Comércio Exterior. Da mesma maneira que na importação, o contrato de
câmbio de exportação é registrado no SISTEMA CÂMBIO, do Banco Central.

Ressalte-se que é permitido ao exportador realizar suas operações em qualquer moeda,


inclusive em moeda nacional: R$. Neste caso, não há que se falar em operação de câmbio.

Também não ocorre a contratação de câmbio quando o exportador, mesmo tendo efetuado sua
operação em moeda estrangeira, opta por manter no exterior os recursos de suas exportações.

1. Condições Gerais e Preceitos Básicos

O recebimento do valor em moeda estrangeira decorrente de exportações deve


ocorrer:

a) mediante crédito do correspondente valor em conta no exterior mantida em banco


pelo próprio exportador; ou

b) a critério das partes, mediante crédito em conta mantida no exterior por banco
autorizado a operar no mercado e câmbio no País, na forma da regulamentação em vigor.

É admitido o recebimento, também, mediante utilização de cartão de crédito, vale


postal ou em espécie, observadas regras estabelecidas na regulamentação vigente.

Salvo em casos de operações de valor que não exceda a US$ 10 mil ou equivalente
em outras moedas estrangeiras, é vedado o pagamento a terceiros. Admite-se, também o
pagamento a terceiros, quando se tratar de parcela referente a comissão de agente.

2. Quando Contratar o Câmbio?

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O exportador, ao seu livre arbítrio, poderá contratar o câmbio prévia ou posteriormente ao
embarque da mercadoria, respeitadas, no entanto, algumas limitações que lhe são impostas.

2.1. Pagamento pelo Importador Antes do Embarque

No pagamento antecipado, geralmente a contratação é para liquidação pronta. O embarque da


mercadoria, como regra geral, deverá ocorrer em até 360 dias da contratação do câmbio.
Define-se como “Pagamento Antecipado de Exportação” a aplicação de recursos em moeda
estrangeira na liquidação de contratos de câmbio de exportação, anteriormente ao embarque
das mercadorias. Para as operações de “câmbio simplificado” são aplicadas regras especiais.

Tais antecipações de recursos podem ser efetuadas pelo importador ou por qualquer pessoa
jurídica do exterior.

Quando pactuado para que o embarque das mercadorias ou a prestação dos serviços ocorra
em prazo superior a 360 contados data do pagamento antecipado:

 a operação deverá ser registrada no módulo ROF – Registro de Operação


Financeira; e

 deverá ocorrer o efetivo ingresso dos recursos no País.

2.2. Pagamento pelo Importador Após o Embarque

Se a exportação for realizada para pagamento pelo importador após o embarque, o exportador
poderá fechar câmbio futuro, prévia ou posteriormente ao embarque. Um contrato de câmbio
futuro pode ser celebrado com a antecedência de até 360 dias em relação ao embarque das
mercadoria ou da prestação dos serviços. E a sua liquidação deve ocorrer até o último dia útil
do 12º mês subseqüente ao do embarque da mercadoria ou da prestação dos serviços.

3. Por que Contratar o Câmbio Antes ou Após o Embarque?

Se o exportador necessita de capital de giro, seja para fabricar a mercadoria a ser exportada,
seja para atender a qualquer necessidade da sua empresa, poderá tomar empréstimos no
mercado doméstico, em Reais, ao custo de Reais, obviamente. Além de ser um capital caro,
nem sempre o exportador conta com sua disponibilidade no mercado, particularmente quando
considerados os prazos e condições desejados. Se entender que será melhor contratar o
câmbio após o embarque (na entrega dos documentos ou por ocasião do pagamento, pelo
importador), poderá fazê-lo. Enfim, respeitados os prazos definidos pelo BACEN, o exportador
deverá administrar a oportunidade para a contratação do câmbio.

3.1. Opção do Exportador

Antecipando a venda da moeda estrangeira a ser recebida pela exportação a ser realizada, o
exportador pode solicitar, ao banco comprador do câmbio, o ACC – Adiantamento sobre o
Contrato de Câmbio, ou seja, uma antecipação em moeda nacional por conta da moeda
estrangeira vendida a termo.

Normalmente, os recursos destinados ao adiantamento são captados pelos bancos no exterior


e repassados para os exportadores. Em regra, os componentes financeiros de um ACC são os
seguintes:

a) (-) juros externos (base de captação do banco, no exterior, acrescido de um


spread – margem);

b) (+/-) correção cambial, posto que o exportador, ao vender a moeda estrangeira,


estará fixando o seu preço;

c) outros componentes.

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Nem sempre, entretanto, o exportador está necessitando de dinheiro. Mesmo assim, pode ser
interessante tomar um ACC, desde que lhe seja apresentada uma oportunidade para aplicação
no mercado financeiro nacional, a qual lhe proporcione rentabilidade líquida final acima dos
custos gerados pelo ACC, o que normalmente ocorre, em conseqüência das elevadas taxas de
juros praticadas no Brasil.

Os exportadores que tomam adiantamento e os bancos que o concedem não devem esquecer-
se, entretanto, de que tal adiantamento deve ter a sua concessão e utilização voltadas para o
fim precípuo de apoio financeiro à exportação. A exportação, por conseqüência, deverá ter sua
efetivação comprovada.

Caso o exportador entenda que, por qualquer razão, não seja conveniente realizar a
contratação do câmbio ou, diante de dificuldades que o impossibilitem realizar a contratação,
ele poderá optar fazê-la após o embarque da mercadoria.

4. Entrega da Moeda Nacional ao Exportador

A entrega da moeda nacional pelo banco ao exportador pode ser efetuada por pagamento ou
por adiantamento. Por pagamento, ocorre na ocasião da liquidação do contrato de câmbio,
simultânea à entrega da moeda estrangeira ao banco. Entretanto, o exportador, como vimos
anteriormente, pode solicitar um adiantamento ao banco.

O adiantamento pode ser concedido pelo banco antes ou após a entrega dos documentos ao
banco atestando o embarque das mercadorias ou a prestação dos serviços. Em regra, o
exportador, pela utilização do adiantamento, paga juros (“deságio”) ao banco; quando não
ocorre o adiantamento (operação “travada”), normalmente o banco paga um “prêmio” ao
exportador, uma forma, para este, de manter seu capital atualizado e, por vezes, até auferir
algum rendimento.

A concessão de adiantamento para as exportações de serviços está restrita às situações


previstas na Portaria MDIC 210/12, transcrita nesta apostila.

O valor do adiantamento deve ser consignado no próprio contrato de câmbio, mediante


averbação do seguinte teor: “para os fins e efeitos da artigo 75 (e seus parágrafos) da Lei nº
4.728, de 14/07/65, averba-se por conta deste contrato de câmbio o adiantamento de
…………………”. Esta cláusula, a critério das partes (comprador e vendedor do câmbio),
poderá ser acrescida da seguinte expressão: “operação vinculada à utilização de crédito obtido
junto ao (indicar o nome do banqueiro no exterior, país, cidade)”.

4.1. ACC – Adiantamento sobre Contrato de Câmbio

Celebrado o contrato de câmbio, o adiantamento pode ser concedido a qualquer tempo, a


critério das partes. Geralmente, é concedido no dia da contratação do câmbio (ou no dia útil
seguinte), e resulta para o exportador em pagamento do “deságio” (juros) pelo período de sua
utilização. O deságio é pago ao banco na entrega dos documentos ou na liquidação e,
normalmente, é calculado sobre o valor em moeda estrangeira e tendo como base taxas de
juros internacionais.

O valor do adiantamento não poderá, em qualquer hipótese, exceder ao contravalor em moeda


nacional do contrato de câmbio a que se refira. Deve, também, ficar entendido que o seu prazo
está limitado àquele previsto no referido contrato para a entrega dos documentos ou para a
liquidação do contrato, conforme se trate, respectivamente, de adiantamento em fase anterior
ou posterior à entrega dos documentos ao banco comprador do câmbio.

4.2. ACE – Adiantamento sobre Cambiais Entregues

Neste caso o câmbio, como regra, é contratado no momento ou após a entrega dos
documentos ao banco. Vale dizer, pois, que a mercadoria já foi embarcada (ou que os serviços
já foram prestados). Normalmente, é concedido no dia da contratação do câmbio.

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O exportador paga deságio (juros) pela utilização do adiantamento.

Existe, também, a concessão do ACE com base em contrato de câmbio fechado previamente
ao embarque das mercadorias (ou da prestação dos serviços). Neste caso, os Reais ficam
retidos no banco pelo período que vai da data da contratação do câmbio até o dia da entrega
dos documentos. Esta operação é conhecida por “R$ na entrega”, “R$ contra documento” ou
“travado na entrega”, resultando para o exportador:

a) no recebimento de um prêmio pago pelo banco por ocasião da entrega dos


documentos, caso o contrato de câmbio tenha sido celebrado previamente ao
embarque. Normalmente calculado do dia do fechamento do câmbio até o dia da
entrega dos documentos (dia da concessão do adiantamento). Referido prêmio,
pactuado no dia da contratação do câmbio, poderá ser estabelecido com base em
correção cambial ou em qualquer indexador utilizado no mercado financeiro.

b) no pagamento de “deságio” pelo período da utilização do adiantamento (da


concessão até a efetiva liquidação do contrato de câmbio), que é pago ao banco
por ocasião da sua concessão (entrega dos documentos) ou no final, conforme
pactuado. Em regra, é calculado sobre o valor em moeda estrangeira e tem como
base taxas de juros internacionais.

4.3. Trava de Câmbio, Câmbio Travado ou “R$ contra ME”

Neste caso o banco só entrega os R$ ao exportador por ocasião do recebimento da moeda


estrangeira, ou seja, na liquidação do contrato de câmbio. O exportador, em regra, perceberá
um prêmio pago pelo banco, pelo período que vai da contratação do câmbio até a sua efetiva
liquidação, no momento em que esta ocorre (a sua base de cálculo e remuneração é
semelhante ao prêmio visto anteriormente).

5. Entrega (Apresentação) dos Documentos ao Banco

Entregar os documentos ao banco significa, tão-somente, comprovar a realização da


exportação. Equivocamente este evento tem sido confundido com “negociação do câmbio” ou
com “negociação de documentos”. A negociação do câmbio nada mais é que a sua
contratação, o seu fechamento. Já a negociação dos documentos ocorre, apenas, quando o
banco “compra” os seus direitos, sem regresso contra os sacadores, o que acontece nas
operações de câmbio de exportação contratadas para entrega da moeda estrangeira sob a
forma carta de crédito ou títulos e valores.

A entrega dos documentos é condição livremente pactuada entre as partes. O banco poderá
dispensar o exportador da entrega dos documentos originais, exigindo, neste caso, a
apresentação de simples cópia da documentação. Ou, ainda, apenas exigir que o exportador
lhe entregue uma declaração indicando quais documentos amparam referido contrato de
câmbio.

6. Remessa dos Documentos para o Exterior – Via Banco e Direta

A boa prática recomenda que os documentos sejam enviados para o exterior através dos
bancos autorizados a operar em câmbio. O banco, a quem o exportador entregou a
documentação, promoverá a remessa dos mesmos ao exterior seguindo as instruções para
Cobrança ou, quando for o caso, instruções contidas em Cartas de Crédito.

Se os documentos forem remetidos pelo exportador diretamente ao importador, deve ser


observado que tal prática não coloque em risco a boa liquidação da operação.

8. Alteração e Regularização de Contratos

Os contratos de câmbio podem ser alterados, prorrogados, cancelados, transferidos para a


posição especial ou baixados na posição cambial. Cada um desses eventos, no entanto, tem
regulamentação específica e, exceto a baixa na posição cambial, depende do consenso das

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partes. Como na maioria das vezes, altera a estrutura e risco das operações, devem ter a sua
negociação condicionada à análise de risco e rentabilidade.

Observe-se que, embora sejam costumeiras, as alterações contratuais, principalmente aquelas


que prorrogam o vencimento para entrega dos documentos ou para liquidação do contrato,
ensejam repactuação de condições e isto, nem sempre, pode significar um bom negócio para
as duas partes contratantes – comprador e vendedor.

42
Capítulo VI
Operações de Câmbio de Importação

O prazo para pagamento da importação é uma condição negociada entre vendedor e


comprador da mercadoria. Assim, comprar à vista ou a prazo é uma decisão alicerçada na
análise de alguns elementos da operação, em especial os de natureza financeira. No que
respeita à contratação do câmbio, bem como ao prazo para liquidação do respectivo contrato, é
possível afirmar-se que o importador leva em conta os mesmos elementos, porém dentro de
certas limitações impostas pela legislação vigente.

O pagamento das importações brasileiras deve ser processado em estrita consonância com os
dados da operação comercial a que se vincule, indicados na documentação pertinente,
inclusive aquelas informações prestadas na Declaração de Importação registradas no
SISCOMEX.

Deve ser observado, também, que as remessas para o exterior, em pagamento das
importações, somente podem ser efetuadas:

a) em benefício do legítimo credor externo;

b) de acordo com as condições faturadas e obedecendo a condição de compra


negociada (Incoterm ou não); e,

c) nos limites da Declaração de Importação.

Admite-se o pagamento em moeda estrangeira diferente da pactuada originalmente na


operação comercial, sempre que esta circunstância for aceita pelo credor, observando-se a
correlação paritária das moedas, compatível com o mercado internacional. A paridade a ser
utilizada para a conversão da moeda será a do dia do pagamento ou a do dia do desembolso,
no caso de operações financiadas por terceiros, ou, ainda, a de uma data previamente
pactuada entre as partes.

Os contratos de câmbio destinados ao pagamento das importações poderão ser celebrados,


com os agentes autorizados, para liquidação pronta ou futura. No caso de operações futuras, o
prazo máximo admitido entre o fechamento e a liquidação será de até 360 dias, limitado ao
vencimento da obrigação no exterior.

Com vistas a facilitar a identificação e entendimento dos critérios, normas e práticas aplicáveis
à contratação e liquidação do câmbio para pagamento de importação, as operações serão
agrupadas, como segue:

a) importações com pagamento antecipado;

b) importações com pagamento à vista; e,

c) importações com pagamento a prazo.

As “condições de pagamento” de uma única operação de importação poderá compreender


diversos prazos e múltiplas modalidades de pagamento. Exemplo: 10%, com pagamento
antecipado, 20%, à vista, na modalidade crédito e 70%, a prazo, na modalidade cobrança, com
aval bancário.

Finalmente, cabe lembrar que o pagamento, pelo importador, do contravalor em moeda

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nacional da operação de câmbio deve ser efetuado mediante débito em conta mantida pelo
comprador do câmbio junto ao banco vendedor da moeda estrangeira, por cheque de sua
emissão, ou, através de transferências financeiras de outro estabelecimento bancário
decorrente de débito à conta corrente do comprador da moeda estrangeira.

1. Importação com Pagamento Antecipado

O pagamento antecipado é aquele efetuado ao exportador estrangeiro anteriormente ao


embarque ou à nacionalização da mercadoria.

Considera-se o pagamento antecipado efetuado anteriormente ao embarque aquele referente à


mercadoria importada diretamente do exterior em caráter definitivo, inclusive sob o regime de
drawback, ou quando destinadas à admissão na Zona Franca de Manaus, em Área de Livre
Comércio ou em Entreposto Industrial. Anteriormente à nacionalização, aquele referente à
mercadoria admitida sob outros regimes aduaneiros especiais ou atípicos.

1.1. Liquidação do Câmbio

Os pagamentos antecipados de importação devem estar respaldados em operações comerciais


efetivamente já contratadas. Deve o importador apresentar ao banco a pertinente fatura pro
forma, contrato mercantil ou documento equivalente. Como regra, a antecipação em relação ao
embarque ou a nacionalização da mercadoria será de, no máximo, 180 dias. Admite-se prazo
maior, limitado a 1080 dias quando se tratar de operação sob encomenda cujo ciclo de
fabricação exceda a 180 dias e desde que tal prazo seja indicado em documento apropriado.

1.2. Repatriação das Divisas

Não ocorrendo o embarque ou a nacionalização da mercadoria até a data informada na


ocasião da liquidação do contrato de câmbio, deve o importador providenciar, no prazo de até
30 dias, a repatriação dos valores correspondentes aos pagamentos efetuados.

Com vistas a evitar dificuldades na repatriação das divisas, é prudente que o importador,
previamente a qualquer remessa a título de pagamento antecipado, verifique a qualidade de
seus fornecedores, beneficiários de tal pagamento, bem como a legislação do país exportador,
aplicável às operações da espécie.

Quando necessário, deve condicionar que o pagamento antecipado somente será realizado se
o fornecedor oferecer uma garantia que assegure a devolução do adfiantamento remetido. Isto
pode ser obtido através de uma advance payment bond, garantia bancária cujo objetivo é o de
assegurar, ao remetente (importador), a devolução de qualquer antecipação de pagamento.

2. Importação com Pagamento à Vista

O pagamento é efetuado após o embarque da mercadoria, porém antes do desembaraço


alfandegário da mercadoria importada diretamente do exterior em caráter definitivo, inclusive
sob o regime de drawback, ou quando destinadas à admissão na Zona Franca de Manaus, em
Área de Livre Comércio ou em Entreposto Industrial. É efetuado contra a apresentação dos
documentos de embarque, pelo importador.

2.1. Liquidação do Câmbio

A liquidação do contrato de câmbio deverá ocorrer anteriormente ao desembaraço alfandegário


mediante apresentação de cópia dos documentos de embarque da mercadoria. Em se tratando
de operações amparadas por carta de crédito a liquidação poderá ocorrer ao amparo de aviso
de negociação expedido pelo banco negociador dos documentos, no exterior

3. Importação com Pagamento a Prazo

A liquidação de contratos de câmbio para pagamento de importação a prazo será realizada


após a realização do desembaraço alfandegário. O importador deverá informar ao banco o

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número da respectiva DI – Declaração de Importação. Não estando disponível a respectiva DI,
poderá o banco dar curso na operação mediante apresentação dos documentos comerciais –
fatura comercial e documento de transporte. Os pagamentos de operações com prazo de
pagamento superior a 360 dias estão condicionados a registro no módulo ROF – Registro de
Operações Financeiras, no Banco Central.

4. Operações Financiadas (até e acima de 360 dias)

As operações de importação são realizadas para pagamento antecipado, para pagamento à


vista ou para pagamento a prazo. Para as finalidades deste trabalho, todas as operações a
prazo serão consideradas operações financiadas.

Apenas com vistas a adequá-las aos regulamentos nacionais, as operações financiadas são
apresentadas em dois grupos:

a) operações de curto prazo, com prazo de pagamento de até 360 dias,


regulamentadas pela CIRCULAR BACEN 3.691/13; e

b) operações de longo prazo, com prazo de pagamento acima de 360 dias,


condicionadas à emissão do ROF – Registro de Operações Financeiras, reguladas
pela CIRCULAR BACEN 3.689/13.

A não ser pelos seus aspectos regulamentares, é possível afirmar que esses dois grupos
seguem as mesmas práticas de mercado e, portanto, se fundem num objetivo comum que é o
financiamento propriamente dito. Por essa razão, serão apresentados num único bloco,
fazendo-se, apenas, referências às peculiaridades das operações de médio e longo prazos.

4.1. Bens Financiáveis

Qualquer mercadoria ou serviço adquirido no exterior.

4.2. Financiadores

As importações poderão financiadas pelo próprio fornecedor estrangeiro ou por qualquer outra
pessoa jurídica do exterior.

4.2.1. Pelo Próprio Fornecedor

O fornecedor é, por assim dizer, o financiador natural.

No entanto, posto não ser uma empresa financeira, nem sempre está disposto a financiar. Se o
faz, não será por prazos muito longos. Em regra, realizam financiamentos de curto prazo.

4.2.2. Por Outras Pessoas Jurídicas no Exterior

Qualquer pessoa jurídica no exterior, especialmente os bancos e as agências de crédito,


podem financiar uma importação brasileira. Neste caso, o fornecedor recebe à vista do
financiador, que financia o importador. Geralmente esta modalidade de financiamento é
utilizada pelas companhias multinacionais e pelas grandes corporações nacionais, as quais são
conhecidas no exterior e, portanto, tem fácil acesso ao crédito externo.

4.2.3. Por Bancos Locais Autorizados a Operar em Câmbio

Trata-se de modalidade muito utilizada nas importações brasileiras. Os bancos locais


autorizados a operar em câmbio, financiam os importadores através de utilização de linhas de
crédito concedidas por banqueiros do exterior. A instituição, no exterior, doadora dos recursos,
efetua o pagamento à vista ao fornecedor e financia o banco local. Este repassa a linha de
crédito ao importador. Neste caso, o financiamento é registrado em nome do banco local, que
responde pela sua liquidação junto à instituição no exterior.

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7. Aplicação (vinculação) de contratos de câmbio a DI – Declaração de Importação

Exigência eliminada somente para operações de importação de pagamento antecipado,


pagamento à vista e de prazo até 360 dias, pela regulamentação de câmbio implementada a
partir da Lei 11.371/06 (Circular Bacen 3.325/06). (Veja, também, Comunicados do Bacen nº
16.225/07 e 20.503/11). As operações de pagamento a prazo superior acima de 360 dias
continuam sujeitas à vinculação de DI ao ROF e do ROF ao contrato de Câmbio.

Atenção:

As normas são dinâmicas!


Atualize-se antes de realizar suas operações!

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APÊNCICE

Regulamentação do

BANCO CENTRAL DO BRASIL E DO MDIC

Observação ao/à diagramador(a)

1.O título da circular, assim como o título dos capítulo deverá ser letras em
tamanho diferente do texto

2. Transcrever a seguinte circular:

CIRCULAR BACEN 3.691/13


http://www.bcb.gov.br/pre/normativos/circ/2013/pdf/circ_3691_v1_O.pdf

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