Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Superior de Tecnologia em
Comércio Exterior
Bibliografia
ANGELO L. LUNARDI
Professor e consultor de Câmbio, Pagamentos Internacionais, Cartas de Crédito,
Garantias Bancárias e Incoterms. Milita na área de Câmbio e Comex desde
1970, com larga experiência na área internacional de instituições financeiras e
em empresas de comércio exterior. É autor de várias obras sobre Comex e
membro do UCP Consulting Group (UCP), Banking Commission da Câmara de
Comércio Internacional, Paris.
Apresentação
2
Índice
Apresentação,
Observação do autor,
APÊNDICE
3
Capítulo I
Ingressando no Comércio Exterior
A atividade de Comércio Exterior, como qualquer outra, deve ser planejada. Por ser atividade
de características peculiares, é correto afirmar que tal atividade deve ser precedida de um
rigorosíssimo planejamento. Mas, devido a circunstâncias diversas, muitas empresas
brasileiras, por vezes, simplesmente “atiram-se” ao Comércio Exterior: problemas no mercado
doméstico resultantes de planos e “pacotes” econômicos, retração da economia nacional,
especulação, ágio, … fatos que ocorrem independentemente da vontade do empresário. Ou
então, num passado não muito distante a corrida ao mercado externo se dava pela propaganda
oficial, cíclica e típica dos anos 80 e 90: “Exportar é o que importa!”, “Exportar é a solução!”, …
e lá iam outras tantas empresas atraídas pelo “canto da sereia”. Mas, hoje o contexto
econômico é outro e também os slogans: “Exportar é Inovar!”
Mas, o empresário – pequeno e médio, principalmente – muitas vezes não é alertado para os
riscos decorrentes das operações de comércio exterior, das suas particularidades, da sua
complexidade. Não observa que comprar ou vender no mercado externo é muito diferente de
praticar comércio em território verde-e-amarelo. No Comércio Exterior convive-se com
distâncias incalculáveis: distâncias geográficas; distâncias culturais; distâncias comerciais;
distâncias éticas e de costumes, assim como com distâncias regulamentares. O empresário
pode ser surpreendido com questões de natureza política como embargos econômicos,
moratórias e, até mesmo, por restrições de natureza religiosa.
É de importância capital que todo o empresário que se disponha a comerciar com o exterior
busque junto aos órgãos governamentais e empresas especializadas, informações mínimas
que lhe permitam conhecer as peculiaridades do negócio comercial que pretende realizar. Caso
contrário, ao invés de um negócio, poderá estar iniciando uma aventura! A propósito, é bom
lembrar o que alguém já disse:
4
devem ser banidas do vocabulário do profissional da área.
2.2. Idioma
Como o português não é idioma comercial, geralmente utilizamos o inglês que, a propósito, é o
idioma universal para o mundo dos negócios internacionais. O espanhol também vem sendo
bastante utilizado por nossos comerciantes, principalmente no âmbito do Mercosul. Devemos
atentar para duas questões muito importantes em relação ao idioma. A primeira refere-se às
expressões e palavras de um mesmo idioma, quando falado em mais de um país: nem sempre
têm o mesmo significado. A segunda refere-se, espeficicamente, ao idioma espanhol, por ser
um idioma extremamente perigoso, dada a sua semelhança gráfica com o português.
Um dos problemas em uma disputa judicial entre partes domiciliadas em países diferentes é
identificar qual a lei supletiva a ser utilizada. Utilizar “costumes e práticas uniformes”,
particularmente aqueles originários da Câmara de Comércio Internacional – Paris, será uma
alternativa para reduzir incertezas e conflitos e, conseqüentemente, reduzir as perspectivas de
disputas e, certamente, eliminar custos desnecessários.
5
2.5. Contratos Comerciais
Com vistas a dar proteção aos vendedores e compradores contra os riscos comerciais,
políticos e técnicos, é comum que os contratos de compra e venda no comércio exterior sejam
amparados por instrumentos de pagamento ou instrumentos de garantia que assegurem o
pagamento ao fornecedor ou o fornecimento ao comprador.
A presença do Governo nas operações domésticas se faz de forma muito tênue. Nas
operações de comércio exterior, o empresário geralmente sente a mão forte dos órgãos
governamentais. Normas restritivas à importação são uma constante, principalmente nos
países do chamado Terceiro Mundo. Controles rígidos também para as exportações acabam
tornando a operação excessivamente burocrática.
Bons negócios comerciais não podem ser realizados com alguns países em virtude de
bloqueios, sanções econômicas ou boicotes aos quais o Brasil formalizou sua adesão.
Alguns governos estrangeiros têm feito exigências de exportadores brasileiros no que tange ao
cumprimento de normas de proteção ambiental e de respeito aos direitos humanos,
particulamente ao que se refere à exploração do trabalho escravo e do trabalho de crianças.
O importador, ou seja, aquele que coloca o produto no mercado interno, é responsável pelo
atendimento às exigências governamentais domésticas.
Cabe, ainda, destacar que o profissional deve tomar cuidados quanto a assuntos relacionados
com sexo, senso de humor, linguagem corporal, comida, bebida, dentre outros.
Em poucas palavras, na sua obra Marketing Internacional para Brasileiros, o professor Carnier
– tratando do planejamento estratégico – nos dá uma lição completa: “… É entender o que se
passa no mercado em que atuamos ou iremos atuar, conhecendo todos os detalhes atinentes
ao comportamento de nossos consumidores, nossos concorrentes, suas estratégias e
estudando atitudes que deveremos tomar para não sermos surpreendidos, de um momento
para outro.” Após citar uma série de exemplos, continua o professor Carnier: “ … Esta é a
principal razão de apregoarmos a importância do planejamento de nossos negócios no exterior,
do estabelecimento de um modelo econômico e estratégico voltado à internacionalização do
setor público e privado brasileiro, pois esta é a realidade de todos os países.”
6
É indispensável que se faça um análise de mercados potenciais, busque-se informações sobre
consumo, concorrência, mecanismos de proteção ao produtor interno, leis e costumes, práticas
de distribuição, termos e condições de venda praticados etc. Paralelamente, é importante
lembrar que eu não vendo o que quero; vendo o que o consumidor quer comprar.
Geralmente pode ser observado que, tanto os pequenos como os grandes problemas que
surgem no curso das operações de compra e venda de bens, têm a sua origem na negociação
comercial. Certamente, diriam, não é necessário ser muito inteligente para fazer tal
observação. Bem, com isso todos concordamos. Todos concordam com o óbvio.
Mas, por que, então, os problemas persistem e não são evitados? Como evitar falhas na
execução dos contratos ou falhas no seu pagamento?
Vendo as questões tão-somente com olhos de operador de comércio exterior, sem entrar na
seara dos operadores do direito, façamos um breve passeio pelos caminhos da “oferta” dos
bens que se pretende vender. Bem poderia o exportador iniciar pela propaganda e marketing,
criando necessidade de consumo, expondo sua marca e seu produto no mercado, fazendo uma
oferta genérica utilizando-se, para tanto, dos mais variados veículos de comunicação. Mas,
vamos direto à questão: a uma oferta determinada ou específica, nominal e direta, uma oferta
firme.
Muitas vezes tratada como um papel destituído de qualquer importância, a fatura pro forma
constitui-se numa oferta determinada ou específica, pois se refere a uma operação de
características particulares; é nominal e direta, pois é dirigida a uma pessoa física ou jurídica; e
é uma oferta firme, pois o ofertante, exceto ressalva em contrário, não pode retirar a oferta.
Não há dúvida de que somente se estará pronto para identificar a essencialidade dos termos e
condições de uma pro forma se o ofertante estiver conscientizado da sua importância. Para
isso, é necessário ir adiante.
Recebidas as faturas pro forma dos vários fornecedores e, comparadas entre si, o comprador
decide por uma delas, contata o fornecedor eleito e formaliza a confirmação do pedido. Em
alguns casos, não muitos, a pro forma e a confirmação do pedido dão origem a um terceiro
instrumento, o contrato de compra e venda, propriamente dito, o qual será o retrato fiel do que
foi acordado nos instrumentos que o antecederam. Neste caso, podemos dizer que a pro forma
e a confirmação do pedido são instrumentos pré-contratuais. Ocorre que, na maioria das vezes,
não é produzido o referido “terceiro instrumento” e, nestas circunstâncias, o contrato é, na
prática, representado pelos dois primeiros instrumentos, em conjunto: a fatura pro forma e a
respectiva confirmação do pedido.
7
evitar confusão e mal-entendido entre as partes.
Das várias condições, cabe aqui destaque para as condições de “entrega” dos bens,
representadas pelos Incoterms, pelos Revised, ou por outras práticas adotadas no mercado
internacional, assim como para as modalidades de pagamento e modalidades de garantia.
No que diz respeito aos Incoterms, verificar que eles permitem determinar, com exatidão, a
divisão de custos entre comprador e vendedor e, portanto, conhecer profundamente cada um
dos termos significa evitar surpresas com custos adicionais e inesperados. Com a mesma
exatidão, também determinam a divisão de riscos de perdas e/ou danos sobre os bens e, desta
maneira, permitem às partes identificarem, com precisão, o momento e local onde os riscos são
transferidos do vendedor para o comprador e, portanto, evidenciam a responsabilidade pela
contratação do seguro. Ao pactuarem a “entrega” as partes devem levar em conta, ainda, que
esta é uma condição do contrato comercial e, assim, regula, apenas, a relação entre comprador
e vendedor e não as relações deste com outros participantes da operação, como por exemplo,
transportador e segurador.
Optar por um fornecedor significa para o comprador, ainda que temporariamente, descartar a
oferta dos demais. Qual a segurança que temos sobre a execução do contrato? Falhas no
cumprimento de prazos, bens embarcados por erro, bens defeituosos, são, dentre outras,
situações que podem surpreender o comprador. Talvez isso pudesse ser evitado ou indenizado
se, por ocasião da negociação comercial tivesse o comprador exigido, do fornecedor, garantias
bancárias tais como performance bond, maintenance bond, advance payment bond.
Os vendedores, por sua vez, com vistas a se proteger contra a inadimplência, quer a originária
dos riscos comerciais, quer dos riscos políticos, necessitam de garantias de pagamento ou de
instrumentos de pagamento que lhes assegurem a liquidação tempestiva dos seus negócios.
Isto deve ser detalhadamente pactuado no contrato de compra e venda. Exigir um instrumento
de pagamento, como uma carta de crédito irrevogável não basta. É necessário qualificar o
Banco Emitente bem como o país de emissão ou de confirmação. Há que se estabelecer
características da carta de crédito como, por exemplo, em que local e com que banco ocorrerá
a “negociação” (se livremente negociável ou restrita), bem como a sua forma de utilização.
Além das condições gerais e particulares da operação de compra e venda, deverão as partes
estar atentas para o fato de que estão diante de um contrato internacional e que, portanto, a
sua execução ocorrerá no país do vendedor ou em terceiro país. Qualquer disputa sobre a
operação, como regra geral, tem início na escolha da lei supletiva aplicável.
Assim, com vistas a evitar disputas, ou facilitar a discussão e decisão sobre questões que
possam se originar da avença, as partes deverão pactuar, também, os regulamentos e
“práticas uniformes” internacionais aos quais a operação será submetida, em especial àqueles
originários da Câmara de Comércio Internacional, de Paris, que, se presume, sejam de domínio
comum e universal, e que passam a integrar o contrato que se estabelece.
preço;
8
condição de entrega (Incoterms);
condições de pagamento:
o moeda;
o prazo;
o modalidade;
o embarques parciais;
o transbordo etc.;
embalagem/apresentação;
documentação exigida; e,
5.1. Exportadores
Vendedores, que, em grande parte das operações, são os próprios fabricantes, produtores ou
fornecedores das mercadorias ou serviços exportados. Podem, também, ser apenas
comerciantes, representados pelas trading companies, comerciais exportadoras e
assemelhados.
5.2. Importadores
Compradores que podem ser o próprio consumidor final ou, como no caso dos exportadores,
podem ser apenas empresas comerciais agindo como intermediários da operação.
5.3. Transportadores
Que, particularmente quando se trata de comércio de bens tangíveis, são indispensáveis para o
seu deslocamento do local de produção para o local de consumo.
5.4. Seguradores
Considerando que os bens devem estar protegidos contra perdas e danos, também
comparecem na operação os seguradores, muito embora a sua participação, exceto nas
vendas CIP e CIF, não seja compulsória. Os seguradores podem participar, também,
objetivando assegurar a liquidez da operação, através do seguro de crédito à exportação.
9
5.5. Bancos
Os bancos estão presentes em, praticamente, 100% das operações de comércio exterior,
apresentando-se como participantes nas diversas fases do negócio, desde as mais simples e
comuns como em uma transferência de divisas, até as mais complexas como na estruturação
financeira da operação, particularmente exigida pelas grandes corporações e em operações
que envolvam grandes somas de dinheiro. Assim, podemos destacar, dentre outros, os
seguintes produtos e serviços bancários dirigidos aos operadores do comércio exterior:
10
comprado moedas estrangeiras, dentro das limitações da legislação brasileira.
11
Capítulo II
Análise de Riscos e Condições de Pagamento
Uma das dificuldades enfrentadas por aqueles que participam das operações de comércio
internacional está em conciliar os interesses do vendedor, de receber o preço ajustado, com os
do comprador, de receber os bens, conforme pactuado nos contratos de compra e venda.
O primeiro passo, certamente, será tomar providências no sentido de buscar informações sobre
os parceiros com os quais se pretende negociar, para que se possa, dentro de parâmetros
universalmente aceitos para avaliações da espécie, atribuir – ou não – algum crédito a eles.
Não raras vezes, no entanto, há que se buscar amparo na intervenção de terceiros para que as
operações sejam a contento liquidadas. “ A evolução dos negócios internacionais, como
sabemos, envolve cada vez mais a utilização de técnicas asseguradoras da boa consumação
dos entendimentos comerciais, exigindo, para esse fim, as garantias que chamamos
plurivincular, pela necessidade de intervenção de pessoas físicas e jurídicas, estas últimas
geralmente representadas por entidades bancárias”2.
Nos negócios internacionais as partes estarão à mercê dos chamados, genericamente, riscos
políticos. De decisões governamentais, por exemplo, no sentido de impedir pagamentos ao
exterior em decorrência de uma moratória ou de uma centralização cambial. Ou, a suspensão
da exportação de certos bens ou serviços.
Finalmente, como em qualquer outro negócio, há que se preocupar com o risco técnico ou de
qualificação profissional.
São os riscos representados pela pessoa do comerciante, aqui tomado em sentido lato,
podendo ser o comprador (importador), o vendedor (exportador) ou um banco.
A busca e, até mesmo, a análise dessas informações pode ser efetuada através de empresas
especializadas para esse fim. Não se deve, entretanto, desconsiderar as informações
fornecidas pelo próprio interessado e por fontes por ele indicadas.
2Irineu Strenger, prefácio de As Garantias Bancárias nos Contratos Internacionais, organizado por
Henry Lesguillons, Saraiva.
12
Uma questão difícil de ser analisada, porém extremamente importante, está relacionada com o
comportamento ético do comerciante. Há os que procuram obter vantagens em função de
pequenas falhas causadas pela outra parte, ainda que tais falhas não provoquem qualquer
conseqüência para o normal andamento da operação.
A análise do risco de não pagamento deve ser estendida aos bancos, quando estes se
apresentam nas operações, quer na qualidade de garantidores ou de emitentes de créditos
documentários (cartas de crédito). Não raras vezes, quando chamados a cumprir os seus
instrumentos, eles falham, ou porque não têm capacidade para cumprir o compromisso
assumido ou porque estão agindo de má-fé.
Para que se busque a necessária segurança no que respeita à entrega (ou ao embarque) dos
bens, o comprador deverá proceder, no mínimo, à análise dos seguintes elementos: da
idoneidade do vendedor e suas referências; da sua capacidade de entrega; se ele é
produtor/fabricante ou se é apenas um “terceiro”, uma empresa comercial; seu histórico
(performance); e, ainda, de eventuais restrições governamentais que possam ser impostas pelo
país exportador sobre a exportação dos bens adquiridos.
Os riscos políticos são aqueles representados pelo país e não pela pessoa do comerciante.
São caracterizados por decisões governamentais e resultam no impedimento temporário de
remessa de divisas para o exterior. Podem ser a conseqüência de uma moratória declarada ou
de uma centralização cambial. Em qualquer destas situações, o comprador e o Banco Emitente
de um crédito documentário, daquele país, ficam impedidos de efetuar o pagamento de suas
obrigações.
Contra o risco político não há providências a serem tomadas, exceto as de natureza preventiva.
É risco intangível ou escondido. Tão perigoso quanto não conhecer a operação é negociar com
comerciante que não conhece os meandros, as “entranhas” do seu negócio e, por conseguinte,
não sabe administrá-lo.
Vale a pena refletir, novamente, sobre a afirmação mencionada no Capítulo I: “Conhecer o todo
não é apenas importante: é indispensável. Isto é globalização! Qualquer problema que ocorra
com a operação não será problema do Departamento Financeiro ou do Comercial ou do
Operacional: será um problema da empresa!”
O que se afirma no parágrafo acima deve ser aplicado a ambas as partes contratantes. Difícil,
mas não impossível, é saber se o seu parceiro está preparado para a empreitada que pretente
realizar. Temos afirmado constantemente, que para se fazer um levantamento cadastral
13
completo de um cliente ou de um fornecedor, ou de quem quer que seja, é necessário ser
meticuloso como os orientais. Avaliar a empresa e os seus dirigentes.
Tanto as exportações como as importações brasileiras podem ser realizadas para pagamento
em moeda estrangeira ou em moeda nacional.
A primeira, com relação ao mercado cambial brasileiro, uma vez que, tendo em vista o curso
forçado da moeda nacional no território brasileiro a operação de câmbio é indispensável para
efetivar a troca da moeda. Assim, ele será afetado pela política cambial adotada no país e,
mais amiúde, no momento em que realiza a sua operação de câmbio, pela oscilação da taxa
cambial, considerando que o Brasil, desde janeiro de 1999, adota o sistema de taxas flutuantes
de câmbio.
Um bom exemplo é o provocado pela valorização das diversas moedas em relação ao dólar
dos Estados Unidos.
Destarte, moeda e câmbio não podem ser vistos apenas como troca de moedas estrangeiras
por reais, ou vice-versa. É componente de preço de exportação ou de importação, porém, nem
sempre incluído nas “famosas” planilhas de formação de preço. Moeda e câmbio têm de ser
vistos como elementos que extrapolam as fronteiras da simples troca de moeda.
14
Feitas estas considerações de natureza normativa, o comerciante deverá avaliar algumas
questões de natureza financeira com vistas a verificar a conveniência, ou não, de comprar ou
vender à vista ou a prazo. Dentre elas, convém destacar: a capacidade ou o interesse do
vendedor e do comprador; a disponibilidade e fluxo de caixa; existência de recursos para
financiamento; custo dos recursos no mercado doméstico e no exterior; política cambial e taxas
de juros doméstico e internacional.
Adicionalmente aos fatores de natureza financeira, a decisão do vendedor deve também levar
em conta as implicações relacionadas com os riscos de não pagamento, sejam eles de
natureza comercial, política ou técnica. Em uma operação à vista geralmente os documentos
de embarque de que o comprador necessita para tomar posse da mercadoria só lhes são
entregues contra pagamento. Assim sendo, caso não ocorra o pagamento, alternativamente às
medidas judiciais cabíveis contra o comprador, o vendedor pode retomar a carga no porto ou
no local de destino para a qual foi despachada e, sendo possível, revendê-la a outro
interessado ou, até mesmo, retorná-la a seu país. Numa operação a prazo, entretanto, os
documentos de embarque são entregues ao comprador mediante promessa de pagamento
futuro, na maioria das vezes representada pelo aceite de um saque (cambial ou letra de
câmbio). Caso o comprador não resgate o saque no seu vencimento, restará ao vendedor o
recurso do protesto ou de uma ação judicial de cobrança contra o comprador inadimplente.
Nas operações com pagamento à vista, os documentos representativos dos bens são
entregues ao comprador mediante pagamento. Se o comprador não paga, não recebe os
documentos e, portanto, não tem acesso aos bens. Nas operações a prazo, os documentos
são entregues ao comprador contra o aceite de um saque (promessa de pagamento). Isto
permite, ao comprador o acesso aos bens antes do pagamento e, conseqüentemente,
representa maior risco para o vendedor.
Por fim, há que se respeitar práticas e costumes comerciais típicos de algumas operações. Se
tais bens são negociados em determinadas condições, obviamente que, quem tiver interesse
em negociá-los, deverá aderir a essas condições.
Remessa sem saque: o vendedor efetua o embarque e envia os documentos originais para o
comprador. Este providencia o desembaraço dos bens e, posteriormente, efetua o pagamento
15
ao vendedor.
Cobrança com garantia bancária ou aval bancário: operação semelhante à operação indicada
no item anterior, porém, incluindo um banco como garantidor da operação. Em caso de non-
performance pelo comprador, o banco paga.
16
Capítulo III
As Modalidades de Pagamento ou Modalidades
da Transação
Dentre as modalidades de pagamento utilizadas, somente uma prevê que o pagamento ocorra
antes do embarque: o pagamento antecipado. Todas as demais resultam em pagamento após
o embarque e representam aproximadament 90% do comércio internacional, no mundo todo.
Para encerrar este preâmbulo às modalidades, deve ficar esclarecido que este capítulo se
limitará a discutir as modalidades de pagamento propriamente ditas, reconhecidas
internacionalmente como tal. Portanto, não serão aqui discutidas as “modalidades” cartão de
crédito, espécie, cheque e traveller’s check que, na prática, são formas de entrega da moeda
estrangeira e não modalidades de pagamento.
Realizado o embarque dos bens, o vendedor envia todos os documentos originais diretamente
ao comprador, antes do pagamento, sem qualquer interferência bancária. O vendedor sequer
emite qualquer título representativo da dívida (saque ou qualquer outro instrumento) contra o
comprador.
Trata-se de operação de alto risco para o vendedor e, portanto, somente deve ser utilizada
quando o comprador for da mais absoluta confiança. Ele deve confiar integralmente no
comprador e em seu país. Deve estar seguro de que o comprador lhe pagará, após o
recebimento dos bens, conforme pactuado no contrato comercial.
Dado ao seu elevado risco de não pagamento, esta modalidade é utilizada com mais
freqüência nas operações realizadas entre companhias que tenham algum vínculo (matriz, filial,
coligadas etc.) ou com compradores tradicionais.
Outra vantagem para o comprador reside no fato de que somente estará providenciando o
pagamento após ter se assegurado do recebimento dos bens, conforme combinado.
FLUXO DA OPERAÇÃO
17
1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)
2. Embarque
FLUXO DA OPERAÇÃO
2. Embarque
3. Cobrança (collection)
Os documentos de que trata este título podem ser comerciais, como faturas comerciais,
conhecimentos de embarque, títulos de propriedade etc., ou financeiros, tais como notas
promissórias, letras de câmbio (saques), cheques e outros instrumentos semelhantes utilizados
para obter pagamento em dinheiro.
Quanto aos documentos que a compõem, a cobrança pode ser documentária (documentary
collection), ou seja, cobrança de documentos comerciais acompanhados, ou não, de
documentos financeiros, ou cobrança limpa (clean collection), incluindo, apenas, documentos
financeiros.
18
b) a prazo, isto é, os documentos serão entregues ao sacado contra aceite de um
saque ou letra de câmbio (draft ou bill of exchange), “D/A – documents against
acceptance”.
O vendedor deve levar em conta que os bancos envolvidos no procedimento de cobrança são
apenas intermediários do processo e, portanto, não respondem pelo sucesso da operação.
Responsabilizam-se apenas pelo fiel cumprimento das instruções recebidas da parte que lhes
confiou a cobrança. Por conseguinte, conclui-se que não deverão ser conduzidas operações
nesta modalidade enquanto o vendedor não tiver informações que lhe permitam confiar no
comprador e em seu país.
Esta operação é disciplinada pela Publicação nº 522, Regras Uniformes para Cobrança, da
Câmara de Comércio Internacional – CCI, Paris, em vigor desde 1º de janeiro de 1996. Para
que produzam efeito, todavia, é necessário que tais regras estejam incorporadas à “instrução
de cobrança” (carta-remessa). 3
Esta modalidade pode ser utilizada, indistintamente, tanto nas exportações brasileiras como
nas importações nacionais.
A entrega dos documentos ao Banco Remetente, pelo cedente (vendedor, exportador) deve ser
capeada de borderô apropriado, indicando, dentre outros, os seguintes elementos:
19
f) instruções específicas sobre as despesas de cobrança, se houver;
g) havendo comissão a ser paga a agente no exterior, indicar, com clareza, seu valor
ou percentual, nome do agente, seu endereço e domicílio bancário;
Embora o art. 4º da Publicação 522 estabeleça que os bancos não têm qualquer obrigação de
examinar os documentos que lhes são confiados, cabe observar que a legislação nacional de
certa forma os responsabiliza nesse sentido. Ao examinar as cobranças que estão vinculadas a
operações de câmbio, percebe-se que a lei brasileira impõe aos bancos autorizados a operar
em câmbio a responsabilidade pela verificação documental dos negócios de comércio exterior,
tanto na exportação, como na importação.
Os bancos devem disponibilizar os documentos ao Sacado da forma que estes lhes são
apresentados, estando impedidos, pois, de neles acrescentarem qualquer informação.
Tanto o borderô, elaborado pelo Cedente, como a instrução de cobrança, emitida pelo Banco
Remetente, devem conter instruções claras e precisas quanto a prazo, período e condições
para liberação dos documentos ao Sacado.
Expressões como first (primeira), prompt (pronta), immediate (imediata) e similares não devem
ser utilizadas em relação a prazos e períodos dentro dos quais os documentos devam ser
retirados pelo Sacado. Se o forem, serão desconsiderados.
Conforme disposto no art. 7º, da Publicação 522, em uma cobrança para pagamento à vista, os
documentos comerciais serão entregues ao Sacado contra pagamento. Entretanto, quando a
cobrança for a prazo, isto é, incluir um saque para pagamento futuro, a instrução da cobrança
deve mencionar se os documentos deverão ser entregues contra aceite (D/A – documents
against acceptance) ou contra pagamento (D/P – documents against payment).
Semelhantemente com o que ocorre nas operações amparadas por crédito documentário, em
uma cobrança todas as partes intervenientes, especialmente os bancos, levam em
20
consideração apenas os documentos e não os bens, serviços ou outras performances a que
eles possam se referir.
Assim sendo, a não ser nos casos expressa e previamente acordados, os bancos jamais se
responsabilizarão pelos bens. Por essa razão, a menos que autorizado por um banco, os bens
não devem ser despachados para o seu endereço e nem a ele consignados.
Os bancos intervenientes em uma cobrança – cada um na sua função – não respondem por
atos praticados por terceiros ou por ocorrências das quais não participaram ou para elas
contribuiram.
Assim, não serão responsabilizados por documentos que, embora relacionados no borderô ou
na instrução de cobrança, não chegaram às suas mãos. Também não assumem obrigação ou
responsabilidade quanto à falsificação, efeito legal, suficiência ou forma de quaisquer
documentos. Não respondem pelas informações nele constantes e, muito menos, pelos bens
por ele representados. Também não respondem pela boa-fé, atos ou omissões solvência,
reputação ou desempenho de terceiros, quaisquer que sejam.
3.5. Pagamento
Como valor cobrado entende-se valor disponível para remessa imediata. Isto significa que, se a
cobrança for pagável em moeda local, ou seja, a moeda do país de pagamento (ex.: uma
operação pagável em US$, nos EUA), os documentos somente poderão ser entregues ao
Sacado se os US$ puderem ser transferidos imediatamente. Em se tratando de pagamento
exigível em moeda estrangeira, ou seja, outra que não a do país de pagamento (ex.: operação
pagável em DM, na Itália), os documentos somente poderão ser entregues ao Sacado se,
neste caso, os DM puderem ser prontamente disponibilizados para transferência.
Embora incomuns, pagamentos parciais serão admitidos para as cobranças “limpas”, dentro
dos limites da legislação do país de pagamento. No caso das cobranças documentárias,
somente serão aceitos pagamentos parciais se autorizados na instrução de cobrança.
A letra de câmbio é título de crédito emitido pelo vendedor (Sacador), contra o comprador
(Sacado), representando o valor ou o montante da operação comercial. Pode ser à vista ou a
prazo. Conforme ensina João Eunápio Borges, “a letra de câmbio cria-se pelo saque, completa-
se pelo aceite (ou, eventualmente, a intervenção), transfere-se pelo endosso e é garantida pelo
21
aval.”4 Em resumo, é uma ordem de pagamento que o Sacador dá ao Sacado.
Com vistas a facilitar nosso estudo, optamos por utilizar a palavra saque como denominação do
título e não como o ato de sacar.
Se emitido à vista, será apresentado para pagamento. Se a prazo, para aceite. O aceite nada
mais é que uma declaração cambial assinada no próprio título, através da qual o Sacado
concorda com a ordem de pagar que lhe foi dada pelo Sacador. Assume, assim, a qualidade de
devedor principal e direto, prometendo pagar no vencimento.
Segundo estabelece o art. 22, da Publicação 522, o Banco Apresentador não é responsável
pela verificação da autenticidade de qualquer assinatura ou do poder de qualquer signatário
para firmar o aceite. Responde apenas pelos aspectos formais, ou seja, se o aceite foi dado de
forma correta e completa. Poderá ser lançado no anverso ou no verso do título. Sendo no
anverso, basta a assinatura do Sacado. No verso, a assinatura deve ser precedida da palavra
“aceite” ou “por aceite”.5
O saque poderá ser protestado por falta de pagamento ou por falta de aceite.
Os bancos, no entanto, não têm obrigação de promover o protesto ou outro medida legal
alternativa, exceto quando devidamente instruídos pela parte da qual eles receberam a
cobrança.
Tais instruções devem ser precisas e inequívocas. Não existindo a figura do protesto no país
do Sacado, o Cedente deve diligenciar com vistas a obter informações sobre as medidas
alternativas e, neste sentido, dar instruções ao Banco Remetente. Deve, ainda, o Cedente
verificar os prazos legais para protesto vigentes na localidade onde o título deva ser protestado.
Quaisquer despesas e/ou encargos contraídos pelos bancos deverão ser ressarcidos pelo
Cedente. Aos bancos é reservado o direito de solicitar que o Cedente lhe remeta
antecipadamente o valor dessas despesas e/ou encargos.
As despesas bancárias podem ser divididas em dois grupos principais. As tarifas de serviços,
cobradas pelos bancos por serviços prestados a seus clientes. Normalmente, são taxas fixas,
cobradas do cliente, sem considerar o seu valor da operação. As comissões, cobradas em
virtude do risco ou pelo agenciamento de negócios são, em regra, cobradas do cliente a partir
de um cálculo que leva em conta o valor da operação, o seu prazo e a qualidade do cliente.
Não se deve confundir essas despesas com os juros. Estes se referem à remuneração do
capital e são derivados de empréstimos e financiamentos, ou atrasos no pagamento.
Na operação de cobrança estão presentes as tarifas de serviço, cobradas pelos bancos local e
do exterior.
Quando a Publicação 522, em seu artigo 16, estabelece que “os valores cobrados (menos
encargos e/ou desembolsos e/ou despesas, quando houver) deverão ser prontamente
colocados à disposição da parte da qual a cobrança foi recebida, …”, fica claro que, salvo
disposição em contrário, as despesas desta operação podem ser cobradas do Cedente
(vendedor). Este entendimento é ratificado pelos artigos 20 e 21, quando, ao tratar de juros e
despesas, admitem: “… e se o sacado se recusar a pagar esses juros” e “…os encargos e/ou
as despesas de cobrança correm por conta do sacado e este se recusa a pagá-los, …”.
22
Tomando como base os citados artigos 20 e 21, mesmo que a instrução de cobrança indique
que os juros e/ou despesas e/ou encargos correm por conta do Sacado, ele continua com o
direito de recusar o pagamento. Somente poderá ser exigido tal pagamento do Sacado quando
a instrução de cobrança, além de indicar que os mesmos correm por sua conta, também
informar que eles não poderão ser dispensados. Ex.: Charges for drawee’s account. Do not
waive charges ou expressões de efeito semelhante.
2. Embarque
3. Vendedor elabora documentos (que poderá, ou não, incluir uma letra de câmbio/saque)
e os entrega – em cobrança – para banco remetente, de sua confiança
2. Embarque
23
8. Comprador libera a mercadoria
Além de ser utilizado para eliminar riscos de não pagamento, também é exigido para constituir
“sinal de pagamento” (down payment) ou para financiar a produção do bem a ser exportado. É
também indicado como alternativa à Carta de Crédito, quando se tratar de operação de
pequeno valor, ou, também, para ganhar preferência de fornecimento.
No caso das importações nacionais, o pagamento antecipado poderá ser realizado desde que
respaldados em operações comerciais já contratadas no exterior:
2. Poderá ser realizado, em regra, com antecedência de até 180 dias em relação ao
embarque ou a nacionalização da mercadoria. Será admitida antecedência
superior a 180 dias quando se tratar de importação de máquinas ou equipamentos
com longo ciclo de produção ou bens adquiridos sob encomenda. Nestes casos
será admitida a antecedência de até 1080 dias.
Será também admitido o pagamento antecipado para as exportações brasileiras, desde que o
embarque dos bens ocorra no prazo máximo de até 360 dias contados da contratação do
câmbio ou, para os casos de embarque em prazo superior a 360 dias, que a operação seja
registrada no Banco Central, no módulo ROF – Registro de Operações Financeiras.
Não ocorrendo o embarque dentro do prazo máximo acima, os valores recebidos a título de
pagamento antecipado poderão ser devolvidos ao exterior, ou ainda, por acordo entre as
partes, poderão ser convertidos em investimento de capital ou em empréstimo em moeda,
mediante o pertinente registro no Departamento de Capitais Estrangeiros, do Banco Central do
Brasil, nos termos da regulamentação vigente.
FLUXO DA OPERAÇÃO
24
1. Compra/venda – fatura pro forma e sua aceitação (contrato)
3. Embarque
Apropriado para operações de alto risco comercial e/ou político, o Crédito Documentário ou
Carta de Crédito representa um dos mais seguros sistemas de pagamento das operações de
Comércio Exterior.
A Publicação 600 é de aceitação universal, mas, para que produza efeito, é indispensável que
seja incorporada ao texto do Crédito, conforme estabelecido em seu Artigo 1º. Para esse efeito
o Crédito deve incorporar a seguinte declaração: “subject to the UCP Publication 600 2007
Revision, ICC/Paris”, ou qualquer outra de efeito semelhante. Nas transmissões via SWIFT,
como regra tal indicação é feita no CAMPO 40E da mensagem. Isto significa que as partes,
além de cumprirem o que determina o Crédito, também deverão observar o que estabelece o
referido corpo normativo.
O Crédito será honrado mediante a apresentação dos documentos exigidos, à vista ou a prazo.
Normalmente, fatura comercial, documento de transporte, documento de seguro, packing list,
certificados, saques etc. Daí a denominação “Crédito Documentário”.
25
de compra e venda; e, os de natureza operacional, tendo em vista que o vendedor, para que
tenha o direito ao benefício do Crédito, é obrigado a promover entrega ou embarque de bens e
preparar documentos.
Assim sendo, todos os termos e condições relativos ao Crédito, especialmente aqueles que
podem gerar conflitos, deverão ser expressamente indicados no contrato comercial (fatura pro
forma ou em qualquer outro documento equivalente). Muitas vezes o exportador envia um draft
do Crédito ao importador, destacando-se referidos termos e condições.
Um Crédito sempre é irrevogável (irrevocable), ainda que não contenha tal indicação.
Conforme a Publicação 600, constitui um compromisso firme do Banco Emitente, desde que os
documentos estipulados sejam apresentados ao Banco Designado ou ao Banco Emitente e que
os termos e condições do Crédito sejam cumpridos. Sendo compromisso firme, não pode ser
emendado ou cancelado, a menos que todas as partes concordem.
A Emenda (aditivo) de um Crédito, salvo exceções previstas, deve seguir o mesmo caminho do
Crédito original, ou seja, deve transitar pelos mesmos bancos. Ao contrário do entendimento
geral, uma Emenda não serve apenas para alterar o Crédito (incluindo, excluindo ou
modificando condições). Pode, também, ter o caráter explicativo para termos e condições que
não pareçam muito claros.
Presume-se que uma Emenda, quando solicitada a sua emissão ao Emitente, já seja do
conhecimento do Beneficiário. Mas, esta é só uma presunção. Pode ocorrer de o Tomador
resolver, por conta própria, promover alguma alteração no Crédito que não seja do
conhecimento e nem do interesse do Beneficiário. Portanto, para que se solidifique a seriedade
do Crédito Irrevogável, uma Emenda não produz efeito automático. O seu efeito está
condicionado à aceitação pelas partes, a saber :
26
Um banco não deve confirmar qualquer Crédito, exceto quando autorizado ou solicitado pelo
Emitente. A confirmação gera direitos e obrigações na relação Emitente/Confirmador e também
na relação Confirmador/Beneficiário. Não poderá o Confirmador reclamar direitos ao Emitente
se, porventura, aquele efetuar o que se chama de confirmação silenciosa (silent confirmation),
ou seja, confirmação sem o conhecimento do Emitente.
As operações amparadas por Crédito emitidos com instrução para reembolso sob os
Convênios de Pagamentos e Créditos Recíprocos – CCR, são imunes a riscos de natureza
comercial e política, desde que cursadas regularmente, obedecendo-se as normas do próprio
CCR e respeitados os critérios e regulamentos, especialmente os limites, para as operações da
espécie. Assim sendo, poderá ser dispensada a confirmação desses Créditos, uma vez que o
competente reembolso é assegurado pelo banco central do país do Exportador/Beneficiário.
Em regra geral e conforme dispõe a Publicação 600, da CCI, as despesas relativas aos
Créditos são da responsabilidade de quem origina suas instruções, ou seja, do Tomador do
Crédito (importador). Observa-se, entretanto, que muitos Créditos indicam que as despesas
fora do país do importador, tais como despesas de “aviso”, negociação, confirmação etc., “são
de responsabilidade do Beneficiário”. Presume-se, obviamente, que o Beneficiário, por ocasião
da venda da mercadoria, concordou com tal condição. A questão principal, no entanto, reside
no fato de que – muitas vezes – o Beneficiário está assumindo, indevidamente, essas
despesas, posto que não houve nenhuma combinação anterior nesse sentido. Sempre que
alguma despesa deva correr por conta do Beneficiário, o crédito deve indicar esta condição.
5. Embarque
27
4. Banco avisador avisa/entrega o crédito ao vendedor, beneficiário
5. Embarque
9. Comprador aceita, para pagamento futuro ao banco emitente, que lhe entrega os
documentos
COMPRA DA MERCADORIA
COMPRADOR: IMPORTADOR SA / SÃO PAULO
VENDEDOR: OSLO INSTRUMENTS / OSLO / NORUEGA
TRANSBORDO: PERMITIDO
DOCUMENTOS: . FATURA
. DOCTO DE TRANSPORTE
. ETC.
28
IMPORT DOCUMENTARY LETTER OF CREDIT
29
AND NOTIFY THE SAME AS CONSIGNEE, MARKED TOTAL FREIGHT COLLECT
SHOWING ITS VALUE IN FIGURES AND WORDS.
2) 03 ORIGINALS PLUS 03 COPIES OF SIGNED COMMERCIAL INVOICE,
SPECIFYING FOB OR FCA AMOUNT, SHOWING FULL DESCRIPTION OF
GOODS, UNIT PRICE, AMOUNT OF GOODS AND PAYMENT TERMS.
3) PACKING LIST IN 03 ORIGINALS PLUS 03 COPIES.
47A: Additional Conditions
1) INSURANCE WILL BE COVERED BY APPLICANT IN BRAZIL.
2) AN EQUIVALENT USD.100,00 FEE WILL BE DEDUCTED FROM
PAYMENT FOR EACH SET OF DISCREPANT DOCUMENTS PRESENTED.
3) NUMBER OF THIS LETTER OF CREDIT MUST BE STATED ON COMMERCIAL
INVOICE AND B/L.
4) THE FOLLOWING BANKING CHARGES ARE FOR APPLICANT'S ACCOUNT:
.ADVISING: USD 100,00 (EQUIV IN EUR)
.CONFIRMATION: 0,50 PCT P.A. MIN USD 185,00 (EQUIV IN EUR)
.NEGOTIATION: 0,125 PCT FLAT, MIN USD 185,00 MAX USD 350,00
(EQUIV IN EUR)
71B: Charges
ALL BANKING CHARGES OUTSIDE BRAZIL
ARE FOR BENEFICIRAY'S ACCOUNT
48: Period for Presentation
DOCUMENTS MUST BE PRESENTED
WITHIN 16 DAYS AFTER ISSUANCE
OF THE TRANSPORT DOCUMENT BUT
WITHIN THE VALIDITY OF THIS CREDIT
49: Confirmation Instructions
CONFIRM
53A: Reimbursing Bank - FI BIC
XXXXXXMMXXX
BANCO DE MADRID S.A.
(ALL SPAIN BRANCHES)
MADRID ES
78: Instr to Payg/Accptg/Negotg Bank
1) WHETHER ALL TERMS AND CONDITIONS ARE COMPLIED WITH, PLEASE
CLAIM REIMBURSEMENT ON THE 5TH WORKING DAY AFTER YOUR IMMEDIATE
TESTED MESSAGE TO US INFORMING AMOUNT OF THE DOCUMENTS,
SHIPMENT AND NEGOTIATION DATES, COMMERCIAL INVOICE AND B/L
NUMBERS, AND CONFIRMING THAT SHIPPING DOCUMENTS ARE BEING
REMITTED TO US BY SPECIAL COURIER TO OUR OFFICE AT …………………………
ALSO INFORMING COURIER'S COMPANY AND NUMBER.
2) PLEASE ADVISE BENEFICIRY URGENTLY UNDER ADVISE TO US.
30
Capítulo IV
Mercado de Câmbio no Brasil
“O comércio internacional (o mais importante) e os movimentos de capitais e moedas
internacionais, são a base das operações de câmbio. Tomemos um simples exemplo: caso um
exportador suíço venda uma máquina a um importador japonês, para levar a cabo a operação
será preciso trocar os bens, de que dispõe o negociante japonês, por francos suíços, moeda
desejada pelo fornecedor da máquina. Ou, se os bancos continentais quiserem colocar o
excesso de fundos no mercado de eurodólar, em lugar de em seus respectivos mercados
domésticos, terão que comprar dólares com suas moedas locais. A observação do economista
francês Gaetan Pirou, de que ‘as operações de cãmbio são o resultado da coexistência entre o
internacionalismo do comércio e o nacionalismo das moedas’, descreve de modo competente,
por fim, a origem mais antiga dessa atividade. Por conseguinte, no dia em que o mundo vier a
ter uma única moeda, assistirá ao desaparecimento das operações de câmbio.” (Câmbio e
Operações no Mercado Financeiro. Swiss Bank Corporation, Zurique – 1978)
Câmbio = Troca
Para os fins aqui previstos, é compra e venda de moedas estrangeiras ou de papéis que as
representem. Moeda, na definição dos economistas modernos, como registra Bruno Ratti, em
Comércio Internacional e Câmbio, “é um bem instrumental que facilita as trocas e permite a
medida ou a comparação de valores”.
Dentre os papéis que representam a moeda e que são utilizados regularmente no comércio
internacional, podemos citar: cheques, traveller’s checks, ordens de pagamentos, letras de
câmbio (saques), cartas de crédito, etc.
Desta distinção entre a moeda e os papéis que as representam, surge a seguinte classificação:
Câmbio Manual, ou câmbio local, quando a troca se faz com o dinheiro presente, ou dinheiro
“ao vivo”, com a moeda em espécie. Aqui se incluem, também, as operações realizadas com
traveller’s checks. Câmbio Sacado, ou câmbio trajetício, quando a troca se dá com o dinheiro
ausente, através de papéis que representem a moeda.
Segundo Vidari, “O câmbio manual é uma simples permuta; o câmbio trajetício, porém, é uma
verdadeira operação de crédito, porque quem dá o dinheiro corre o risco de ver mal empregada
sua confiança”, registra Fernando G. M. Cavalcanti, em Comércio Exterior e Contrato de
Câmbio de Exportação, Freitas Bastos.
Ainda, com relação às moedas, cabe ressaltar que enquanto algumas têm aceitação
internacional, outras não. Aquelas que são aceitas, sem restrições no mercado internacional –
as chamadas moedas fortes – são denominadas moedas conversíveis ou arbitráveis. As
demais, ou sejam, as que sofrem restrições no mercado internacional, são aqui denominadas
de inconversíveis ou não arbitráveis, ou, ainda, de conversibilidade restrita.
31
relações comerciais e financeiras. Um caso típico é o que ocorre no CCR – Convênio de
Pagamentos e Créditos Recíprocos, da ALADI, onde se adotou o dólar dos Estados Unidos
(US$).
BRL Real (embora não conversível, indicamos para mostrar sua identificação
internacional)
EUR Euro
JPY Iene
O Brasil, que hoje caminha para a liberdade cambial, já permite que parte das receitas de
exportação sejam mantidas em moeda estrangeira no exterior. Permite, ainda, a constituição
de disponibilidades no exterior, por meio de transferências financeiras. Assim, qualquer pessoa
física ou jurídica pode efetuar transferências para o exterior em moedas estrangeiras ou em
moeda nacional.
32
intervir no mercado, buscando o seu equilíbrio a partir da política cambial adotada;
Bancos autorizados
Enquanto que em uma operação doméstica ao se falar em taxas, certamente, estará sendo
feita referência a taxas de juros, no mercado de câmbio pode significar, ainda, o preço da uma
moeda em relação à outra.
d) Taxas Pronta e Futura: Taxa pronta (spot) é o preço de uma moeda para
liquidação (entrega da moeda) em até dois dias úteis, ou, como se diz no
mercado, em até D+2 (dia da contratação mais dois dias úteis). Taxa futura
(forward) é o preço futuro da moeda ou preço da moeda para liquidação no futuro,
em prazo superior a D+2. Em função da expectativa de valorização ou
desvalorização da moeda negociada, a taxa futura pode ser apresentada com
prêmio ou desconto, respectivamente. No Brasil, independente do prazo para
liquidação da operação de câmbio, sempre é utilizada a taxa pronta. Se as partes
contratam uma operação para liquidação futura, tem que ser utilizado o recurso do
prêmio ou bonificação para compensar eventuais diferenças entre a taxa pronta e
a taxa futura. Em operações “a termo”, entre bancos, pratica-se a taxa futura, ou
seja, a taxa fixada para o dia da liquidação da operação.
e) Taxas Fixas: Entende-se por taxa fixa aquela previamente estabelecida pelo
governo, desconsiderando-se, pois, qualquer efeito da oferta e procura.
33
f) Banda Cambial: A partir de março de 95, o Governo adotou o sistema de
“bandas”, ou seja, apesar de não se fixar (rigidamente) um preço para compra e
para venda, foi estabelecido um piso mínimo e um teto máximo, permitindo-se,
nesse intervalo, flutuações sem a interferência governamental, em regra. Trata-se
de um sistema híbrido, que vigorou no Brasil até janeiro de 99.
g) Taxas Livres ou Flutuantes: Taxas livres ou flutuantes são aquelas cujo preço
das moedas flutua em função da oferta e procura. O mercado livremente busca o
equilíbrio da taxa cambial. A despeito de ser permitida livre pactuação entre as
partes, o mercado, em si, pode sofrer interferências do BACEN, conforme já vimos
anteriormente.
h) Taxa de Juros: Como regra geral, o mercado utiliza como parâmetro, para as
operações de empréstimos e financiamentos em moedas estrangeiras, a taxa de
juros praticada no Mercado Interbancário de Londres: a taxa LIBOR (London
Interbank Offered Rate) ou a taxa do mercado americano, a PRIME (taxa
preferencial), bem mais elevada que a LIBOR. Em quaisquer dos casos, no
entanto, a taxa utilizada é acrescida de um diferencial, o spread. Em menor escala
são utilizadas taxas prefixadas.
São livremente pactuadas entre as partes as taxas de câmbio pelas quais se contratem
operações de compra e venda de moedas estrangeiras, para liquidação pronta ou futura.
Nas operações para liquidação pronta, as taxas de câmbio devem espelhar o exato valor da
transação, vedados quaisquer pagamentos a título de compensação por resultados financeiros,
prêmios, bonificações ou comissões. Excetua-se desta exigência a cobrança de tarifas relativas
à execução dos serviços decorrentes da operação.
As operações de câmbio podem ser contratadas para liquidação (ou entrega) pronta, isto é, em
até 2 dias úteis, ou para liquidação (ou entrega) futura, ou seja, em prazo superior a 2 dias
úteis.
F................................|............................L
D+0.........................D+1.......................D+2
34
contrato “futuro” ou para liquidação “futura”
F.......................|........................|............................L
F – Fechamento
L – Liquidação
Por liquidação entende-se o cumprimento das obrigações pelas partes contratantes: a entrega
da moeda estrangeira, pelo vendedor, e o pagamento do contravalor em moeda nacional, pelo
comprador.
As operações de câmbio contratadas para liquidação pronta deverão, entretanto, ser liquidadas
imediatamente, ou seja, no próprio dia da contratação, quando:
c) Operações entre banco e Banco Central: neste caso o banco compra ou vende
do/para o Banco Central. Normalmente estas operações são realizadas pelos
bancos dealers, através dos leilões de compra e venda realizados pelo BACEN.
35
arbitragens de moedas, estas operações visam simplesmente a troca de ativos em
diferentes moedas estrangeiras, não envolvendo, pois, a moeda nacional.
Tendo em vista que ficar “comprado” ou “vendido” significa para o banco, operação
especulativa, esta situação deve, pois, decorrer de uma decisão estratégica da instituição,
originária de sua alta administração. Normalmente, a decisão de ficar “vendido” objetiva o
“encaixe” de R$, gerando para o banco o chamado “custo da posição vendida”, ou seja, o efeito
de uma desvalorização cambial mais o custo do empréstimo em moeda estrangeira necessário
para suportar a posição nessa situação. Em contrapartida, o banco obtém a receita da
aplicação dos Reais captados no mercado.
Na posição comprada o efeito é inverso. Especula-se com uma eventual valorização cambial.
Faz-se “estoque” de moeda estrangeira contra “desencaixe” de R$. Não se pode entretanto
falar efetivamente em aplicação da moeda estrangeira “estocada”, uma vez que a posição
“comprada” não representa, necessariamente, disponibilidade: o banco pode estar “comprado”
com contratos para liquidação futura. Da mesma forma deve ser entendida a posição vendida.
O banco pode estar “vendido” com contratos futuros e, portanto, ainda não ter ocorrido o
desencaixe da moeda estrangeira. Em resumo, a posição representa, tão-somente, o balanço
entre compras e vendas, mas não o cash-flow da instituição.
Não há limite para as posições de câmbio comprada ou vendida dos bancos e caixas
econômicas autorizadas a operar. Embora não exista limite para a posição comprada para as
demais instituições, sua posição vendida é limitada a zero.
2. Contratos de Câmbio
As operações de câmbio são classificadas em dois grupos distintos. O das vendas, quando o
vendedor é a instituição autorizada ou credenciada. O das compras, quando o comprador é a
instituição autorizada ou credenciada. Um contrato de câmbio de exportação, por exemplo, é
um contrato de compra, pois o comprador é a instituição autorizada.
Desde 03.10.2011, por força da Circular BACEN 3.545, de 04.07.2011, os contratos de câmbio
passaram a ser editados pelo próprio agente autorizado, sendo formalizados mediante a
utilização de formulário-padrão que se encontra no ANEXO 1 à CIRCULAR BACEN 3.691.
36
3. Intervenção do Corretor de Câmbio
A Sociedade Corretora é obrigada a manter cadastro atualizado de seus clientes, sob pena de
ter suspensa a sua autorização para operar no mercado.
Observar que o corretor de câmbio também atua como vendedor e comprador de câmbio,
dentro das limitações regulamentares.
Conforme dispõe o já citado RMCCI em seu título 1, Capítulo 6, “Os agentes autorizados a
operar no mercado de câmbio devem certificar-se da qualificação de seus clientes, mediante a
realização, entre outras providências julgadas pertinentes, da sua identificação, das avaliações
de desempenho, de procedimentos comerciais e de capacidade financeira, devendo organizar
e manter atualizados ficha cadastral e documentos comprobatórios em meio físico ou
eletrônico, observado que neste caso seja permitido ao Banco Central do Brasil poder verificar
o arquivo de imediato e sem ônus.”
37
Capítulo V
Operações de Câmbio de Exportação
Presume-se que, antes de contratar câmbio, o exportador já tenha – pelo menos – vendido a
mercadoria. No entanto, é sabido que, principalmente as grandes empresas exportadoras,
contratam câmbio previamente ao embarque, em grandes lotes, os denominados “contratos
“jumbo”, baseados na sua capacidade de venda e não em vendas já realizadas.
Também não ocorre a contratação de câmbio quando o exportador, mesmo tendo efetuado sua
operação em moeda estrangeira, opta por manter no exterior os recursos de suas exportações.
b) a critério das partes, mediante crédito em conta mantida no exterior por banco
autorizado a operar no mercado e câmbio no País, na forma da regulamentação em vigor.
Salvo em casos de operações de valor que não exceda a US$ 10 mil ou equivalente
em outras moedas estrangeiras, é vedado o pagamento a terceiros. Admite-se, também o
pagamento a terceiros, quando se tratar de parcela referente a comissão de agente.
38
O exportador, ao seu livre arbítrio, poderá contratar o câmbio prévia ou posteriormente ao
embarque da mercadoria, respeitadas, no entanto, algumas limitações que lhe são impostas.
Tais antecipações de recursos podem ser efetuadas pelo importador ou por qualquer pessoa
jurídica do exterior.
Quando pactuado para que o embarque das mercadorias ou a prestação dos serviços ocorra
em prazo superior a 360 contados data do pagamento antecipado:
Se a exportação for realizada para pagamento pelo importador após o embarque, o exportador
poderá fechar câmbio futuro, prévia ou posteriormente ao embarque. Um contrato de câmbio
futuro pode ser celebrado com a antecedência de até 360 dias em relação ao embarque das
mercadoria ou da prestação dos serviços. E a sua liquidação deve ocorrer até o último dia útil
do 12º mês subseqüente ao do embarque da mercadoria ou da prestação dos serviços.
Se o exportador necessita de capital de giro, seja para fabricar a mercadoria a ser exportada,
seja para atender a qualquer necessidade da sua empresa, poderá tomar empréstimos no
mercado doméstico, em Reais, ao custo de Reais, obviamente. Além de ser um capital caro,
nem sempre o exportador conta com sua disponibilidade no mercado, particularmente quando
considerados os prazos e condições desejados. Se entender que será melhor contratar o
câmbio após o embarque (na entrega dos documentos ou por ocasião do pagamento, pelo
importador), poderá fazê-lo. Enfim, respeitados os prazos definidos pelo BACEN, o exportador
deverá administrar a oportunidade para a contratação do câmbio.
Antecipando a venda da moeda estrangeira a ser recebida pela exportação a ser realizada, o
exportador pode solicitar, ao banco comprador do câmbio, o ACC – Adiantamento sobre o
Contrato de Câmbio, ou seja, uma antecipação em moeda nacional por conta da moeda
estrangeira vendida a termo.
c) outros componentes.
39
Nem sempre, entretanto, o exportador está necessitando de dinheiro. Mesmo assim, pode ser
interessante tomar um ACC, desde que lhe seja apresentada uma oportunidade para aplicação
no mercado financeiro nacional, a qual lhe proporcione rentabilidade líquida final acima dos
custos gerados pelo ACC, o que normalmente ocorre, em conseqüência das elevadas taxas de
juros praticadas no Brasil.
Os exportadores que tomam adiantamento e os bancos que o concedem não devem esquecer-
se, entretanto, de que tal adiantamento deve ter a sua concessão e utilização voltadas para o
fim precípuo de apoio financeiro à exportação. A exportação, por conseqüência, deverá ter sua
efetivação comprovada.
Caso o exportador entenda que, por qualquer razão, não seja conveniente realizar a
contratação do câmbio ou, diante de dificuldades que o impossibilitem realizar a contratação,
ele poderá optar fazê-la após o embarque da mercadoria.
A entrega da moeda nacional pelo banco ao exportador pode ser efetuada por pagamento ou
por adiantamento. Por pagamento, ocorre na ocasião da liquidação do contrato de câmbio,
simultânea à entrega da moeda estrangeira ao banco. Entretanto, o exportador, como vimos
anteriormente, pode solicitar um adiantamento ao banco.
O adiantamento pode ser concedido pelo banco antes ou após a entrega dos documentos ao
banco atestando o embarque das mercadorias ou a prestação dos serviços. Em regra, o
exportador, pela utilização do adiantamento, paga juros (“deságio”) ao banco; quando não
ocorre o adiantamento (operação “travada”), normalmente o banco paga um “prêmio” ao
exportador, uma forma, para este, de manter seu capital atualizado e, por vezes, até auferir
algum rendimento.
Neste caso o câmbio, como regra, é contratado no momento ou após a entrega dos
documentos ao banco. Vale dizer, pois, que a mercadoria já foi embarcada (ou que os serviços
já foram prestados). Normalmente, é concedido no dia da contratação do câmbio.
40
O exportador paga deságio (juros) pela utilização do adiantamento.
Existe, também, a concessão do ACE com base em contrato de câmbio fechado previamente
ao embarque das mercadorias (ou da prestação dos serviços). Neste caso, os Reais ficam
retidos no banco pelo período que vai da data da contratação do câmbio até o dia da entrega
dos documentos. Esta operação é conhecida por “R$ na entrega”, “R$ contra documento” ou
“travado na entrega”, resultando para o exportador:
A entrega dos documentos é condição livremente pactuada entre as partes. O banco poderá
dispensar o exportador da entrega dos documentos originais, exigindo, neste caso, a
apresentação de simples cópia da documentação. Ou, ainda, apenas exigir que o exportador
lhe entregue uma declaração indicando quais documentos amparam referido contrato de
câmbio.
A boa prática recomenda que os documentos sejam enviados para o exterior através dos
bancos autorizados a operar em câmbio. O banco, a quem o exportador entregou a
documentação, promoverá a remessa dos mesmos ao exterior seguindo as instruções para
Cobrança ou, quando for o caso, instruções contidas em Cartas de Crédito.
41
partes. Como na maioria das vezes, altera a estrutura e risco das operações, devem ter a sua
negociação condicionada à análise de risco e rentabilidade.
42
Capítulo VI
Operações de Câmbio de Importação
O pagamento das importações brasileiras deve ser processado em estrita consonância com os
dados da operação comercial a que se vincule, indicados na documentação pertinente,
inclusive aquelas informações prestadas na Declaração de Importação registradas no
SISCOMEX.
Deve ser observado, também, que as remessas para o exterior, em pagamento das
importações, somente podem ser efetuadas:
Com vistas a facilitar a identificação e entendimento dos critérios, normas e práticas aplicáveis
à contratação e liquidação do câmbio para pagamento de importação, as operações serão
agrupadas, como segue:
43
nacional da operação de câmbio deve ser efetuado mediante débito em conta mantida pelo
comprador do câmbio junto ao banco vendedor da moeda estrangeira, por cheque de sua
emissão, ou, através de transferências financeiras de outro estabelecimento bancário
decorrente de débito à conta corrente do comprador da moeda estrangeira.
Com vistas a evitar dificuldades na repatriação das divisas, é prudente que o importador,
previamente a qualquer remessa a título de pagamento antecipado, verifique a qualidade de
seus fornecedores, beneficiários de tal pagamento, bem como a legislação do país exportador,
aplicável às operações da espécie.
Quando necessário, deve condicionar que o pagamento antecipado somente será realizado se
o fornecedor oferecer uma garantia que assegure a devolução do adfiantamento remetido. Isto
pode ser obtido através de uma advance payment bond, garantia bancária cujo objetivo é o de
assegurar, ao remetente (importador), a devolução de qualquer antecipação de pagamento.
44
número da respectiva DI – Declaração de Importação. Não estando disponível a respectiva DI,
poderá o banco dar curso na operação mediante apresentação dos documentos comerciais –
fatura comercial e documento de transporte. Os pagamentos de operações com prazo de
pagamento superior a 360 dias estão condicionados a registro no módulo ROF – Registro de
Operações Financeiras, no Banco Central.
Apenas com vistas a adequá-las aos regulamentos nacionais, as operações financiadas são
apresentadas em dois grupos:
A não ser pelos seus aspectos regulamentares, é possível afirmar que esses dois grupos
seguem as mesmas práticas de mercado e, portanto, se fundem num objetivo comum que é o
financiamento propriamente dito. Por essa razão, serão apresentados num único bloco,
fazendo-se, apenas, referências às peculiaridades das operações de médio e longo prazos.
4.2. Financiadores
As importações poderão financiadas pelo próprio fornecedor estrangeiro ou por qualquer outra
pessoa jurídica do exterior.
No entanto, posto não ser uma empresa financeira, nem sempre está disposto a financiar. Se o
faz, não será por prazos muito longos. Em regra, realizam financiamentos de curto prazo.
45
7. Aplicação (vinculação) de contratos de câmbio a DI – Declaração de Importação
Atenção:
46
APÊNCICE
Regulamentação do
1.O título da circular, assim como o título dos capítulo deverá ser letras em
tamanho diferente do texto
47