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INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO – INFISTA

HERMENÊUTICA

José Augusto Scudilio Junior

SÃO CARLOS
Maio/2023
José Augusto Scudilio Junior

Trabalho apresentado ao curso do


Instituto de Filosofia Santo Tomás de
Aquino em disciplina Hermenêutica.

Professor: Padre Marcos Eduardo Coró.

SÃO CARLOS
Maio/2023

ROMANTISMO PRIMEVO, HERMENEUTICA E DESCONTRUTIVISMO


Derrida em sua fundamentação, apoia-se na compreensão crítica de Husserl,
sobre a consciência do tempo, na sua primeira investigação lógica, de expressão e
significação, onde a primeira não possuí indício de significação total, ou seja, se refere
como sinal, que contém sempre sinal de algo ausente, de algo que se mostra como o
agora, no presente. Sinal seria o mesmo que ideal, enquanto palavra que deve ser
interpretada como tal. Diante disso, apresenta indagações como se “é possível pensar o
tempo a partir do agora que passou e do agora que está presente?”
O capítulo o autor discorre que o diálogo representa uma experiência superior,
na medida em que ultrapassa “o caráter sempre meu”, do ser-aí, de um caráter que é
desenvolvido pela analítica existencial heideggeriana, e a sua decadência no mundo.
Esse conflito, visa se emancipar da “antiga influência de Heidegger, uma influência que
ele já tinha experimentado ... e que procurou constantemente reter em certo sentido em
uma demarcação em relação a Husserl”.
O autor afirma, sobre a plurissignificância apresentada por Derrida, como
fundamento importante no que se refere a capacidade de compreender, “quem
compreende precisa compreender de maneira diversa, se ele efetivamente quiser
compreender”. Neste sentido afirma que nenhum escrito pode ser lido sem ser
compreendido, ou seja, ir a fundo no entendimento em uma entonação, modulação,
daquilo que antecipa ao sentido do todo. Somente deste modo, aquilo que é escrito
pode “voltar a falar”, ou seja, toda atualização do signo, do que fora escrito, exige
sempre e em todos os casos a interpretação no sentido da compreensão.
A arte da hermenêutica assim, não consiste em afirmar algo, como um método
fixado em explicitamente afirmar que o autor está querendo dizer algo, mas, é como ele
afirma “a arte de acolher aquilo que ele queria propriamente ter dito”. Com o
Romantismo primevo, proporcionado pela virada dialógica da hermenêutica, isso se
torna mais claro.
É necessário, nesse processo de construção, dar voz aos conceitos e as
expressões conceituais, reconduzindo-os a partir do contexto que estão inseridos, por
seus caracteres linguísticos originários.
Heidegger apontou sobre isso que as cunhagens conceituais gregas eram
palavras da língua viva e detinham em toda a precisão conceitual uma multiplicidade
ou uma pluri-posicionalidade de elementos significativos que sempre continuam
concomitantemente falando mesmo que no pano de fundo. Ou seja, a presença por si
subsistente, é representada como um tipo derivado de compreensão originária do ser-aí.
Com a virada Hermenêutica da fenomenologia, Derrida retoma o conceito de
écriture, para estabelecer relação e extrair a essência do sinal, buscando a superação da
fixação trivial de palavra e significação, da intensão de fala e sentido da mesma. Em
vista de combater a falsa pluralidade de interpretações. Sendo necessário dar liberdade
do conceito de palavra ao seu sentido próprio em dimensão gramatical.
“A palavra é aquilo que diz algo, para além da diferenciação entre frases,
elementos frasais, palavras...”, nisto se apresenta a virada Hermenêutica, que vai para
além do que está escrito no presente, para além das palavras que são representações
simbólicas da expressão da língua falada, mas, busca ir além, na espiritualidade da
escrita, além do que está aí, escrito.
Conforme descreve, relata essa relação como uma “conexão com o ‘ouvido
interior’, ao qual corresponde uma espécie de ‘entonação interior’, duas instancias que
não se confundem”. Ou seja, se faz em olhar para o signo como uma palavra que se
manifesta, que fala. Tanto a leitura quanto a fala se Co pertencem, uma não pode trazer
o sentido amplo se a outra não for expressada, e só podem ser devidamente
compreendidas se o olhar para o todo, como as suas partes constituintes for abrangente e
ir para além daquilo que está ali no aparente.
Neste ponto, é importante considerar a virada hermenêutica na busca não de um
sentido concreto, de uma ciência pronta e delimitada a favorecer qualquer tipo de
compreensão, significados corretos dos signos, formas etc. Mas, olhar para além da
identidade aparente, na autenticidade do que se mostra, naquilo que pretende ser
apresentado pelo autor ao interlocutor, para isso é necessário aproximação, mas também
distanciamento do texto, para que dele se extraía aquilo que lhe é próprio. Como uma
arte, que nunca é ou se basta para ela mesma, mas, está em constante diálogo com
aqueles que a apreciam, tomam ciência e a partir do processo hermenêutico podem
extrair aquilo que de modo singelo lhe foi pensado e expressado, como também,
possibilita ir além da realidade propriamente aparente.

REFERENCIA
Romantismo primevo, hermenêutica e desconstrutivismo. Hermenêutica em
Retrospectiva. 1987.

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