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AULA 4

METODOLOGIAS HÍBRIDAS
DE GERENCIAMENTO DE
PROJETOS

Prof. Luiz Fernando Nunes


TEMA 1 – FERRAMENTAS DO DISCIPLINED AGILE

O que é Disciplined Agile (DA)?


É um conjunto de ferramentas que possibilita a tomada de decisões nas
organizações. Disciplined Agile (DA) também pode ser definido como um
framework híbrido que tem a capacidade de adotar práticas alinhadas à estratégia
do negócio responsáveis por oferecer o direcionamento de qual abordagem deve
ser utilizada no momento oportuno.
O Disciplined Agile (DA) se solidifica em métodos como Extreme
Programming (XP), Kanban, Scrum e todos os conceitos de modelos ágeis.

Figura 1 – Disciplined Agile

Fonte: elaborado com base em Ambler; Lines, 2016.

Segundo Ambler e Lines (2016), o foco do DA está na entrega e nos fatores


sistêmicos que afetam o ciclo de vida de entrega. Esse ciclo de vida do sistema
vai da concepção inicial do produto e passa por todas as etapas até a entrega,
envolvendo toda a operação e suporte.
Com o DA, a organização poderá agilizar seus processos empresariais,
pois uma empresa ágil possui a capacidade de antecipar e responder de forma
rápida às mudanças que o mercado, cultura e toda estrutura organizacional
poderá gerar de impacto. Esse processo envolve um trabalho de mindset que
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fortalece a aprendizagem nos processos principais aliados à cultura ágil para
promover a inovação em todo negócio.
O DA aplica estratégias ágeis e lean em todos os processos da tecnologia
da informação, unificando atividades como arquitetura, data manager, governança
de tecnologia entre outros aspectos. Também vale ressaltar o contexto do DevOps
como fator cultural promovendo a conexão entre o desenvolvimento de TI,
operação e fatores relacionados à segurança de informação.
O Disciplined Agile Delivery (DAD) é a junção de todos os aspectos para
entregar soluções do início ao fim, de maneira ágil e simples.
O DA, como abordagem, é uma esfera de contexto que possibilita a
unificação entre conceitos ágeis e gerenciamento tradicional, incluindo
gerenciamento de risco e governança.
O toolkit do Disciplined Agile:

• Otimiza o engajamento do time ágil;


• Amplia a agilidade nas organizações;
• Acelera a entrega de valor.

Perspectivas do Disciplined Agile:

• Mindset;
• Pessoas;
• Fluxos;
• Práticas.

O Disciplined Agile também possui princípios, compromissos, diretrizes e


perspectivas.
Princípios:

• Encantar os clientes;
• Ser incrível;
• O contexto;
• Ter opções;
• Otimizar o fluxo;
• Se organizar em torno de produtos/serviços;
• Reconhecimento da organização.

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Compromissos:

• Criar segurança psicológica e abraçar a diversidade;


• Acelerar a realização de valores;
• Colaborar proativamente;
• Tornar visível todo o trabalho e fluxo de trabalho;
• Aprimorar previsibilidade;
• Manter o volume de trabalho de acordo com a capacidade;
• Constante evolução.

Diretrizes:

• Validar nossos aprendizados;


• Aplicar Design Thinking;
• Criar relacionamentos pela cadeia de valor;
• Criar ambientes que promovam a alegria;
• Mudar cultura pelo desenvolvimento do sistema;
• Criar equipes semiautônomas e auto-organizadas;
• Adotar medidas para aprimorar resultados;
• Promover e otimizar ativos da organização.

Perspectivas do Disciplined Agile – Fluxo:

• Agile – adotar as práticas e mentalidade ágil;


• Continuous Delivery Agile – trabalhar com entregas contínuas agregando
valor ao cliente;
• Team of teams – trabalho com grandes equipes ágeis. Para isso, podemos
utilizar, com o DA, práticas como SAFe, LeSS e Nexus;
• Lean/continuous flow;
• Continuous delivery learn;
• Lean startup.

Perspectivas do Disciplined Agile – Pessoas:

• Team Lead;
• Product Owner;
• Team Member;
• Architecture Owner.

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Perspectivas do Disciplined Agile – Práticas. O DAD é híbrido entre os
métodos existentes e fornece flexibilidade para usar várias abordagens.
Considera aspectos de iniciação e implementação (full delivery lifecycle). É
people-first, learning-oriented e Hybrid agile.
Perspectivas do Disciplined Agile – WoW:

• Estratégia da visão;
• Captura da visão;
• Níveis de detalhe da visão;
• Níveis de aceitação da visão;
• Formalidade da visão;
• Comunicar a visão.

“Precisamos estar prontos para evoluir nosso way of working (WoW)”. Para
propor agilidade nos negócios e utilizar o DA, é necessário escolher nosso próprio
caminho (way of working – WoW) adequado à nossa realidade. Veja, a seguir, os
cinco passos para escolher o WoW:

1. Analise o contexto;
2. Selecione o ciclo de vida;
3. Conecte os pontos e defina os objetivos do processo;
4. Faça as escolhas;
5. Praticar a melhoria contínua.

Figura 2 – Disciplined Agile – Toolkit

Fonte: elaborado com base em Ambler; Lines, 2016.

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TEMA 2 – SCALED AGILE FRAMEWORK (SAFe)

O Scaled Agile Framework (SAFe) é um framework escalável e configurável


que ajuda as organizações a entregarem os sistemas no prazo de entrega
sustentável mais curto, com a melhor qualidade e valor possíveis. Ele sincroniza
alinhamento, colaboração e entrega para várias equipes ágeis e programas de
escala ainda maior.
Segundo Knaster e Leffingwell (2019), SAFe® for Lean Enterprises é uma
base de conhecimento de princípios, práticas e competências comprovadas e
integradas para Lean, Agile e DevOps.
A liderança busca o entendimento e adota a mentalidade Lean e Agile no
SAFe, sua forma de pensar e operar, e propagam essa mentalidade entre o time
e organização. A mentalidade Lean-Agile é composta pelos seguintes conceitos:

• House of Lean (Casa do Lean);


• O Manifesto Ágil.

O SAFe reforça sete competências necessárias para que a agilidade em


negócios seja promovida de forma eficiente, sendo estas:

• Entrega de solução empresarial;


• Entrega ágil de produtos;
• Agilidade de equipe e técnica;
• Gerenciamento Enxuto de Portfólio;
• Agilidade Organizacional;
• Cultura de aprendizagem contínua.

Veja, a seguir, os Princípios do SAFe:

1. Ter uma visão econômica;


2. Aplicar pensamento sistêmico;
3. Assumir variabilidade; Opções de preservação;
4. Construir incrementalmente ciclos de aprendizagem rápidos e integrados;
5. Marcos Básicos na Avaliação Objetiva de Sistemas de Trabalho;
6. Visualizar e limitar WIP, reduzir tamanhos de lote e gerenciar comprimentos
de fila;
7. Aplicar cadência; sincronizar com planejamento entre domínios;
8. Desbloquear a motivação intrínseca dos trabalhadores do conhecimento;
9. Descentralizar a Tomada de Decisão.
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2.1 O Agile Release Train (ART)

O Agile Release Train (ART) é uma equipe de longa duração de equipes


Agile que, com outras partes interessadas, desenvolve e entrega soluções de
forma incremental usando uma série de iterações de comprimento fixo dentro de
um Programa Caixa de tempo de incremento (PI). O incremento do programa é
uma caixa de tempo fixo (padrão 10 semanas), alinhado a uma missão comum
por meio de um único backlog do programa que produz itens valiosos e avalia
soluções capazes de nível de sistema com frequência.
Cada ART é normalmente uma organização virtual (50-125 pessoas) que
planeja, compromete, e executa junto. Os ARTs são organizados em torno dos
fluxos de valor significativos da empresa e existem apenas para concretizar a
promessa desse valor, criando soluções que proporcionem benefícios ao usuário
final.
A filosofia de gerenciamento de projetos safe é ilustrada por um visual
abrangente, conhecido como Big Picture. Existem 2 versões do “Big Picture”: uma
visão de 3 níveis e uma visão de 4 níveis.
A visualização de 3 níveis é adequada para sistemas, produtos e serviços
menores. Os 3 níveis são:

1. Nível de portfólio;
2. Nível do programa;
3. Nível de equipe.

A visão de 4 níveis é ideal para organizações que implementam e mantêm


soluções grandes e complexas que precisam de centenas de profissionais. Essa
visão envolve:

1. Nível de portfólio;
2. Nível do fluxo de valor;
3. Nível do programa;
4. Nível de equipe.

2.2 SAFe – Nível de times

• Incrementos de software valiosos e totalmente testados a cada duas


semanas;
• Equipes multifuncionais capacitadas, auto-organizadas e autogerenciadas;

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• Os grupos operam sob a visão do programa, arquitetura e orientação de
experiência do usuário;
• Gerenciamento de projeto Scrum e práticas técnicas inspiradas no XP;
• Entrega de valor por meio de histórias de usuários.

2.3 SAFe – Nível de programa

• Equipe de equipes ágeis de auto-organização e autogerenciamento;


• Trabalho, incremento do sistema a cada duas semanas;
• Alinhado a uma missão comum por meio de um único backlog;
• Dimensões e estimativas de sprint comuns;
• Cadência de planejamento de liberação face a face para colaboração,
alinhamento, sincronização e avaliação;
• Entrega de valor por meio de recursos e benefícios.

2.4 SAFe – Nível do fluxo de valor

Este nível suporta o desenvolvimento de soluções grandes e complexas,


as quais precisam de vários ARTs sincronizados e têm um foco mais forte na
intenção da solução e no contexto da solução. Fornecedores e partes
interessadas adicionais contribuem para o nível do Fluxo de Valor. As principais
funções são:

• Release Train Engineer – Chief Scrum master para a release train;


• Product management – possui, define e prioriza o Product Backlog;
• System Architect – fornece orientação arquitetônica e capacitação técnica
para todo o time;
• Equipe do sistema – fornece processos e ferramentas para integrar e
avaliar ativos antecipadamente e frequentemente;
• Business Owner – principais partes interessadas do Agile Release Train.

Release Planning:

• 2 dias a cada 8-12 semanas;


• Todos pessoalmente, se possível;
• Cada equipe apresenta objetivos da PI, que são breves resumos em termos
de negócios do que cada equipe pretende entregar ao final do PI;

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• Há um Programa Quadro que lista todos os recursos, os marcos, as
dependências e as datas de entrega previstas de todas as equipes em um
PI.

SAFe Portfólio:

• Estratégia centralizada, execução descentralizada;


• Orçamento enxuto e ágil capacita os tomadores de decisão;
• Sistemas Kanban fornecem visibilidade de portfólio e limites de WIP
architecture;
• A arquitetura empresarial é um cidadão de primeira classe. Métricas
objetivas suportam governança e Kaizen;
• Descrição de valor via Business and Architectural Epics.

Figura 3 – SAFe: configuração essencial

Fonte: elaborado com base em Knaster; Leffingwell, 2019.

TEMA 3 – SCRUM DE SCRUMS

3.1 Scrum escalado

Segundo Jeff Sutherland, é o framework escalado mais antigo, considerado


uma técnica ágil para integrar o trabalho de várias equipes Scrum, as quais podem
conter normalmente de três a nove membros. O framework permite que as

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equipes se comuniquem entre si, o que garante que a saída do produto pela
equipe seja integrada com as saídas de outras equipes.

Figura 4 – Backlog de apenas um time Scrum

Figura 5 – Backlog Scrum de Scrums (Scrum Escalado)

O Scrum escalado pode realizar:

• Identificação e remoção de impedimentos;


• Integração do trabalho em todos os níveis;
• Inspeção e adaptação de um incremento integrado;

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• Remoção de dependências.

Scrum de Scrums e características:

• Técnica ágil para grandes equipes;


• São criadas equipes escaladas de até nove membros;
• Há equipes fazendo Daily Scrum of Scrums e representantes fazendo uma
Daily Scrum of Scrums Geral;
• Cada time precisa de um Product Owner, porém cada PO pode atender de
forma eficiente até dois times;
• Pode-se implementar o papel como chefe de donos de produto;

Quando existe a coordenação de várias equipes, são realizados alguns


eventos diariamente, duas vezes por semana ou, desde que haja um acordo, uma
vez por semana. Cada equipe possui um Scrum Master ou outro membro da
equipe que participa sendo seu representante. Caso em algum momento haja
algum contexto técnico, é solicitado um membro com tais características para
responder.

Figura 6 – Scrum de Scrums

A reunião é muito semelhante à Daily Scrum. Nessa reunião, cada


representante de um time deve responder às seguintes questões:

• O que a sua equipe conquistou desde nosso último encontro?


• Que problemas que afetaram negativamente sua equipe ocorreram?
• O que sua equipe deseja realizar antes de nos encontrarmos novamente?
• Qual resultado de sua equipe em sprints futuros você acha que pode estar
interferindo no trabalho de outras equipes?

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• Sua equipe vê algum problema de interferência vindo do trabalho de outras
equipes?

O grande objetivo da reunião do Scrum de Scrums é garantir a


coordenação e integração de várias equipes, eliminando assim os impedimentos
que atrapalham o desenvolvimento do produto, e conduzir os itens do backlog de
maneira mais adequada.
Para controlar todos os itens de cada backlog do produto, é importante
mencionar que o Scrum de Scrums possui um Product Owner para realizar o
gerenciamento de cada item e conduzir a integração com os elementos das
demais equipes.

TEMA 4 – NEXUS FRAMEWORK®

Nexus é um framework para desenvolver e sustentar iniciativas de


desenvolvimento de software e produtos em escala. Ele usa o Scrum como bloco
de construção.
Nexus é um framework que consiste em funções, eventos, artefatos e
técnicas que unem e entrelaçam o trabalho de aproximadamente três a nove
equipes Scrum trabalhando em um único Product Backlog para construir um
incremento integrado que atenda a uma meta.

Figura 7 – Scrum de Scrums

Fonte: elaborado com base em scrum.org.

A Equipe Nexus é composta por um Product Owner, responsável pela


manutenção do Product Backlog, e um Scrum Master que tem como principal

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atribuição garantir que todas as práticas do Nexus sejam entendidas e praticadas
de forma coerente. Os demais participantes do time Nexus são responsáveis pela
execução das boas práticas com a integração e automação das equipes de
desenvolvimento. O Nexus possui as seguintes etapas:

• Refinamento e detalhamento do Product Backlog;


• Reunião Nexus de Planejamento da Sprint;
• Desenvolvimento dos trabalhos na Sprint;
• Nexus Daily Scrum;
• Reunião Nexus diária da Sprint;
• Reunião Nexus da retrospectiva da Sprint.

TEMA 5 – CONEXÃO ENTRE OS MODELOS

Para entender a conexão entre os modelos escalados e o contexto para


projetos, segundo o criador do Framework Less, Craig Larman, existem os
seguintes pré-requisitos para adotar um método ágil de escalonamento (Visual
Paradigm):

• Todas essas equipes devem ser estruturadas como equipes Scrum


multifuncionais e auto-organizadas;
• As equipes dividem os requisitos verticalmente nos menores incrementos
possíveis que podem ser implantados de maneira independente;
• As equipes também devem se concentrar na excelência técnica, com
integração contínua e testes de regressão automatizados;
• No final de cada sprint, as equipes devem ter um produto potencialmente
implantável.

Alguns itens como maturidade e desenvolvimento do time são importantes


para realizar um trabalho com os métodos escalados.

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REFERÊNCIAS

COMPARISON of Scaling Agile Frameworks: Which one Should you Choose?.


Visual Paradigm. Disponível em: <https://www.visual-
paradigm.com/scrum/scaling-agile-frameworks-comparison/>. Acesso em: 14 abr.
2021.

KERZNER, H. Gerenciamento de Projetos. São Paulo: Blucher, 2015.

KNASTER, R.; LEFFINGWELL, D. Safe® 4.5 Distilled: Applying the Scaled Agile
Framework® for Lean Enterprises. Scaled Agile, Inc, 2019.

LINES, M.; AMBLER, S. W. Choose Your WoW!: a disciplined agile delivery


handbook for optimizing your Way of Working. PMI, 2020.

MASSARI, V. Gerenciamento ágil de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2014.

PMI – Project Management Institute. Guia Ágil. Newtown Square: PMI, 2017.

RUBIN, K. S. Scrum Essencial: um guia prático para o mais popular processo


ágil. Rio de Janeiro: Alta books, 2017.

SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. The Scrum Guide – The definitive guide to


Scrum: the rules of the game. 2017. Disponível em:
<https://scrumguides.org/docs/scrumguide/v2017/2017-Scrum-Guide-US.pdf>.
Acesso em: 14 abr. 2021.

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