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Escola Estadual de

Educação Profissional - EEEP


Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Curso Técnico em Cerâmica

Introdução Geral à
Tecnologia Cerâmica
Governador
Cid Ferreira Gomes

Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho

Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia

Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar

Assessora Institucional do Gabinete da Seduc


Cristiane Carvalho Holanda

Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC


Andréa Araújo Rocha
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ


SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
ÍNDICE
1.0 INTRODUÇÃO 8
2.0 ORIGEM DA CERAMICA 9
3.0 ORIGEM DA CERAMICA NO BRASIL 10
4.0 EVOLUÇÃO DA CERAMIC 12
5.0 CERAMICA NA ATUALIDADE 14
6.0 DEFINIÇÃO DE PRODUTO CERAMICO 18
7.0 CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTO CERAMICO 18
7.1 CERAMICA VERMELHA 20
7.2 MATERIAIS DE REVESTIMENTO 20
7.3 CERAMICA BRANCA 20
7.1 CERAMICA VERMELHA 20
7.2 MATERIAIS DE REVESTIMENTO 20
7.3 CERAMICA BRANCA 20
7.4 MATERIAIS REFRATÁRIOS 21
7.4.1 CARACTERISTICAS DOS MATERIAIS REFRATÁRIOS 21
7.5 ISOLANTES TÉRMICOS 22
7.6 FRITAS E CORANTES 22
7.7 ABRASIVOS 23
7.8 VIDRO, CIMENTO E CAL 23
7.9 CERAMICA DE ALTA TECNOLOGIA/CERAMICA AVANÇDA 23
8.0 MATERIAS PRIMAS CERAMICA 24
8.1 AS ARGILAS COMO MATERIA PRIMA CERAMICA 24
8.1.1 INTRODUÇÃO 25
8.1.2 TIPOS DE ARGILAS 25
8.1.2.1 ARGILA NATURAL 25
8.1.2.2 ARGILA REFRATÁRIA 25
8.1.2.3 CAULIM OU ARGILA DA CHINA 25
8.1.2.4 ARGILA DE BOLA(BALL-CLAY) 25
8.1.2.5 ARGILA PARA GRÊS 25
8.1.2.6 ARGILAS VERMELHAS 25
8.1.2.8 ARGILAS EXPANDIDAS 26
8.1.3 CARACTERISTICAS DO MATERIAL(ARGILA) 26
8.1.4 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA 26
8.1.4.1 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA FARMACEUTICA 27
8.1.4.2 USO DA ARGILA N A INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL 27
8.1.4.3 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA DE IMPERMEABILIZANTES 27
8.1.4.4 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA DE TRATAMENTO DE SOLOS 27
8.1.4.5 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA PETROLÍFERA 27
8.1.4.6 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA DE RAÇÕES 27
8.1.4.7 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA DO VINHO 27
8.1.4.8 USO DA ARGILA NA INDUSTRIA COSMÉTICA 27
8.2 O TALCO COMO MATERIA PRIMA CERAMICA 27
8.2.1 DEFINIÇÃO 27
8.2.2 CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL(TALCO) 28
8.2.3 USO DO TALCO NA INDUSTRIA 28
8.2.3.1 INDUSTRIA COSMÉTICA E FARMACEUTICA 28
8.2.3.2 INDUSTRIA DE CERAMICA BRANCA 28
8.2.3.3 INDUSTRIA DE INSETICIDAS 28
8.2.3.4 INDÚSTRIA DE TINTAS 28
8.2.3.5 INDÚSTRIA DA BORRACHA 28
8.2.3.7 INDÚSTRIA DE MATERIAL DE TRANSPORTE 29
8.2.3.8 INDÚSTRIA DE PRODUTOS ASFÁLTICOS 29
8.3 O CALCARIO E SEU USO COMO MATÉRIA PRIMA 29
8.3.1 DEFINIÇÃO 29
8.3.2 TIPOS DE CALCÁRIO 29

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8.3.3 CARCTERISTICAS DO MATERIAL(CALCARIO) 30


8.3.4 USO DO CALCÁRIO NA INDUSTRIA 30
8.4 OS FELDSPATOS E SEU USO COMO MATERIA PRIMA CERAMICA 30
8.4.1 DEFINIÇÃO 30
8.4.2 USO DO FELDSPATO NA INDUSTRIA 31
8.5 CAULIM E SEU USO COMO MATERIA PRIMA CERAMICA 31
8.5.1 DEFINIÇÃO 31
8.5.2 CARACTERÍSTICAS 31
8.5.3 USO DO CAULIM NA INDÚSTRIA 32
8.6 BETONITAS 33
8.6.1 DEFINIÇÃO 33
8.6.2 CARACTERISTICAS DO MATERIAL 33
9.0 ENSAIOS TECNOLÓGICOS FEITOS EM MATERIAIS CERAMICOS PARA DETERMINA- 34
ÇÃO DAS SUAS PROPRIEDADES
10.0 ARGILOMINERAIS 34
10.1 INTRODUÇÃO 34
10.2 COMPOSIÇÃO DOS ARGILOMINERAIS EM TERMOS GRANULOMÉTRICOS 35
10.3 FRAÇÃO ARGILA DO SOLO 35
10.4 ARGILOMINERAL 35
10.5 FILOSSILICATOS 36
10.6 FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO ARGILOMINERAL 37
10.7 PRINCIPAIS ARGILOMINERAIS 37
10.7.1 CAULINITA 37
10.7.2 HALOISITA 37
10.7.3 CRISOTILA 38
10.7.4 ESMETITAS 38
10.7.5 ILITA OU MICA HIDRATADA 39
10.7.6 CLORITA 39
10.7.7 VERMICULITA 39
10.8 SISTEMA ARGILA-ÁGUA 40
10.9 IMPORTANCIA DO AGILO MINERAL E DOS IONS ABSORVIDOS 41
10.10 CÁTIONS ABSORVIDOS NAS PROPRIEDADES DO SOLO 41
10.11 CLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS(ARGILOMINERAIS) 41
10.12 TIPOS DE MATERIAS PRIMAS ARGILOMINERAIS 42
11.0 CERAMICA BRANCA 42
11.1 DEFINIÇÃO 42
11.2 CLASSIFICAÇÃO DAS CERAMICAS BRANCAS 43
11.3 MATÉRIAS PRIMAS(PARA CERÃMICAS BRANCAS) 45
11.4 PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO 46
11.4.1 PREPARAÇÃO DA MATERIA PRIMA, ESTOCAGEM E TRANSPORTE PARA O PROCESSO 46
11.4.2 PREPARAÇÃO DA MASSA 47
11.4.3 MOAGEM 47
11.4.4 FORMAÇÃO DA PEÇA 50
11.4.5 SECAGEM 54
11.4.6 ESMALTAÇÃO E DECORAÇÃO 57
11.4.7 QUEIMA 59
11.4.8 ACABAMENTO 61
11.4.9 CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM 62
11.5 FLUXOGRAMAS DE FABRICAÇÃO 63
12.0 CERAMICA VEREMLHA 70
12.1 INTRODUÇÃO 70
12.2 PROCESSO TECNOLÓGICO 70
12.2.1 PROCESSO PRODUTIVO DA CERAMICA VEREMLHA 70
12.2.2 ETAPAS DE FABRICAÇÃO DA CERAMICA VEREMLHA 70
12.2.3 TIPOS DE SECAGEM 74
12.2.4 QUEIMA 74
12.2.5 ESTOCAGEM E EXPEDIÇÃO 75
12.2.6 FLUXOGRAMA DE FABRICAÇÃO 76
13.0 MATERIAIS REFRATÁRIOS 77
13.1 CARACTERÍSTICAS 77
13.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AS PROPRIEDADES QUÍMICAS 77
13.3 CARACTERISTICAS QUANTO A POROZIDADE 77
13.4 RESISTENCIA A MODIFICAÇÃO DE TEMPERATURA E A CONDUTIVIDADE TÉRMICA 78
13.5 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS REFRATÁRIOS 78
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ESCOLA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

ENSINO MÉDIO INTEGRADO À


EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO

EM CERÂMICA

APOSTILA DE INTRODUÇÃO GERAL À TECNOLOGIA CERÂMICA

ANTÔNIO WILLIAMS DE LIMA BRITO

AGOSTO/2011

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EMENTA DA DISCIPLINA

INTODUÇÃO GERAL A TECNOLOGIA CERÂMICA

Introdução, Definição e Conceitos Gerais; Preparação das matérias primas; Cominui-


ção; Fracionamento Granulométrico; Conformação; Processamento Térmico. Acabamen-
to. Classificação dos Produtos Cerâmicos. Cerâmica Estrutural; Cerâmica Branca; Cerâ-
mica de Revestimento; Refratários; Isolantes Térmicos; Cerâmicas Especiais; Cimento;
Vidro; Abrasivos; Associações Técnicas e Publicações; Geologia de Matérias-Primas.
Matérias-Primas Cerâmicas Plásticas e Não Plásticas: Argila; Definição; Estrutura de Ar-
gilominerais; Caulinita; Montimorilonita; Ilita; Clorita; Vermiculita; Argilomineral de Ca-
mada Mista; Substituições Isomórficas e Troca de Cátions em Argilominerais. Proprieda-
des das Argilas; Plasticidade; Resistência Mecânica; Retratação de Secagem e Queima;
Viscosidade e Tixotropia; Comportamento Térmico das Argilas; Uso das Argilas; Sílica;
Sílica Cristalina; Sílica Amorfa; Transformações da Sílica; Zonas e Estabilidade das Dife-
rentes Variedades da Sílica; Feldspato; Feldspatóides; Filitos; Talco; Pirofilita; Carbonato
de Cálcio; Dolomita; Magnésia; Cromita; Andalusita - Cianita - Silaminita.

Cerâmica Branca: Definição; Classificação; Matérias- Primas e Formulação de Massas;


Comportamento Térmico das Massas de Cerâmica Branca; Processos de Fabricação; Sa-
nitários; Isoladores Elétricos de Porcelana para Alta Tensão; Isoladores Elétricos de Por-
celana para Baixa Tensão. Porcelana de Faiança de Mesa; Porcelana de Osso;

Cerâmica Vermelha: Definição; Principais Produtos; Matérias-Primas; Influência dos


Diferentes Componentes de Argilas sobre a Moldagem Secagem e Queima dos Produtos;
Caulinita; Ilita; Montmorilonita; Quartzo; Compostos de Ferro; Matérias orgânicas; Sais
Solúveis; Carbonatos; Outros Minerais; Comportamento Térmico das Argilas; Extração
das Argilas; Estocagem das Argilas; Processo de Fabricação de Produtos de Cerâmica
Vermelha; Preparação de Matéria-Prima e da Massa; Formação; Secagem; Queima;

Cerâmica de Revestimento: Introdução; Azulejos; Pisos, Pastilhas e Lajotas; Matérias-


Primas; Funções das Matérias-Primas nas Diferentes Massas Cerâmicas; Comportamento
Térmico das Massas para Cerâmica de Revestimento;

Processo de Fabricação; Azulejos; Pisos, Pastilhas e Lajotas.

1.0 INTRODUÇÃO
A cerâmica é o material artificial mais antigo produzido pelo homem: é produzido há
cerca de 10-15 mil anos. Do grego "kéramos” ("terra queimada" ou “argila queimada”), é
um material de grande resistência, frequentemente encontrado em escavações
arqueológicas.

Quando saiu das cavernas e se tornou um agricultor, o homem encontrou a necessidade de


buscar abrigo, mas também notou que precisaria de vasilhas para armazenar a água, os
alimentos colhidos e as sementes para a próxima safra. Tais vasilhas deveriam ser
resistentes, impermeáveis e de fácil fabricação. Estas facilidades foram encontradas na

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argila, deixando pistas sobre civilizações e culturas que existiram milhares de anos antes
da Era Cristã.

A cerâmica é uma atividade de produção de artefatos a partir da argila, que se torna muito
plástica e fácil de moldar quando umedecida. Depois de submetida a uma secagem para
retirar a maior parte da água, a peça moldada é submetida a altas temperaturas (ao redor
de 1.000ºC), que lhe atribuem rigidez e resistência mediante a fusão de certos
componentes da massa e, em alguns casos, fixando os esmaltes na superfície.

Essas propriedades permitiram que a cerâmica fosse utilizada na construção de casas,


vasilhames para uso doméstico e armazenamento de alimentos, vinhos, óleos, perfumes,
na construção de urnas funerárias e até como superfície para escrita.
A cerâmica pode ser uma atividade artística, em que são produzidos artefatos com valor
estético, ou uma atividade industrial, em que são produzidos artefatos para uso na
construção civil e na engenharia.
Hoje em dia, além de sua utilização como matéria-prima constituinte de diversos
instrumentos domésticos, da construção civil e como material plástico nas mãos dos
artistas, a cerâmica é também utilizada na tecnologia de ponta, mais especificamente na
fabricação de componentes de foguetes espaciais, devido à sua durabilidade.

2.0 ORIGEM DA CERAMICA

A cerâmica é muito antiga, sendo que peças de argila cozida foram encontradas em diver-
sos sítios arqueológicos. No Japão, as peças de cerâmica mais antigas conhecidas por ar-
queólogos foram encontradas na área ocupada pela cultura Jomon, há cerca de 8 mil anos,
talvez mais.

Antes do final do período Neolítico (ou da Pedra polida), que compreendeu, aproximada-
mente, de 26 mil AC até por volta de 5 mil AC, a habilidade na manufatura de peças de
cerâmica deixou o Japão e se espalhou pela Europa e Ásia, não existindo, entretanto, um
consenso sobre como isto ocorreu.

Na China e no Egito, por exemplo, a utilização da cerâmica remonta a mais de 5 mil


anos. Nas tumbas dos faraós do Antigo Egito, vários vasos de cerâmica continham vinho,
óleos e perfumes para fins religiosos.

Um dos grandes exemplos da antiga arte cerâmica chinesa está expressa pelos guerreiros
de Xian. Lá os arqueólogos encontraram em 1974 o túmulo do imperador Chi-Huand-di,
que nasceu por volta do ano 240 AC. Para decorá-lo, foi feita a réplica, em terracota, de
um exército de soldados em tamanho natural. Terracota é o termo empregado para a argila
modelada e cozida em forno.

Muitas culturas, desde seus primórdios, desenvolveram estilos próprios que, com o passar
do tempo, consolidavam tendências e evoluíam no aprimoramento artístico. Estudiosos
confirmam ser, realmente, a cerâmica a mais antiga das indústrias. Ela nasceu no momen-
to em que o homem começou a utilizar o barro endurecido pelo fogo. Desse processo de
endurecimento, obtido casualmente, multiplicou-se e evoluiu até os dias de hoje.

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A cerâmica passou a substituir a pedra trabalhada, a madeira e mesmo as vasilhas feitas


de frutos como o choco ou a casca de certas cucurbitáceas (porungas, cabaças e catutos).

As primeiras cerâmicas de que se tem notícia são da pré-história: vasos de barro, sem asa,
que tinham cor de argila natural ou eram escurecidas por óxidos de ferro.

A cerâmica para a construção e a cerâmica artística com características industriais só sur-


giu na Antiguidade em grandes centros comerciais. Mais recentemente, passou por uma
vigorosa etapa após a Revolução Industrial.

3.0 ORIGEM DA CERAMICA NO BRASIL


No Brasil, há mais de 2000 anos, antes mesmo da sua “descoberta” pelos portugueses, já
existia a atividade de fabricação de cerâmicas, representada por potes, baixelas e outros
artefatos cerâmicos.

A cerâmica mais elaborada foi encontrada na Ilha de Marajó; do tipo marajoara, tem sua
origem na avançada cultura indígena da Ilha. Entretanto, estudos arqueológicos indicam
que a presença de uma cerâmica mais simples ocorreu na região amazônica, há mais de
5000 anos atrás.
No que tange à cerâmica vermelha, as escassas e imprecisas informações referem-se à
uti-lização no período Colonial, a partir de técnicas de produção rudimentares
introduzidas pelos jesuítas, que necessitavam de tijolos para construção de colégios e
conventos.

A partir de 1549, com a chegada de Tomé de Sousa ao país, é estimulada a produção


mate-rial de construção para o desenvolvimento de cidades mais bem planejadas e
elaboradas.
Em 1575 há indícios do uso de telhas na formação da vila que viria a ser a cidade de São
Paulo/SP. E foi a partir desse estímulo que começa a se desenvolver a atividade cerâmica

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de forma mais intensa, sendo as olarias o marco inicial da indústria em São Paulo. Com
maior concentração nas últimas décadas do século XIX, a produção nas olarias se dava
por meio de processos manuais, e em pequenos estabelecimentos, e tinham como produto
final tijolos, telhas, tubos, manilhas, vasos, potes e moringas, os quais eram
comercializados localmente.

A primeira grande fábrica de produtos cerâmicos do Brasil foi fundada em São Paulo, em
1893, por quatro irmãos franceses, naturais de Marselha, com o nome de
“Estabelecimentos Sacoman Frères”, posteriormente alterado para “Cerâmica Sacoman
S.A.”, a qual encerrou suas atividades em 1956. O nome das telhas conhecidas por
“francesas” ou “marselhesas” é devido à origem destes empresários.

Nos últimos anos do século XIX e início do XX houve um processo de especialização nas
empresas cerâmicas, o que gerou uma separação entre olarias (produtoras de tijolos e
telhas) e “cerâmicas” (produtoras de itens mais sofisticados, como manilhas, tubos,
azulejos, louças, potes, talhas etc.).

4.0- A EVOLUÇÃO DA CERAMICA


A picareta dos arqueólogos, ao remexer entre os sedimentos que os séculos acumularam
no solo do Velho Mundo, encontra com freqüência, entre os resíduos das palafitas e das
casas, fragmentos de terracota e cacos de vasos ou de ânforas cozidos em fogo que se
apagou há milhares de anos.

A história da cerâmica confundiu-se – em certo sentido – com a própria história da


civilização: os vasos, as taças ou as ânforas são, em muitos casos, os únicos elementos
sobre os quais podemos reconstruir os hábitos, a religião e até as mudanças de povos já
desaparecidos.

A arte da cerâmica prosperou entre quase todos os povos ao mesmo tempo, refletindo nas
formas e nas cores o ambiente e a cultura em que viveram. Nas primeiras peças decora-
das, os motivos artísticos eram geralmente o dia a dia destas comunidades: a caça, os ani-
mais, a luta, etc.

Do calor do sol aos fornos utilizados atualmente para tornar as peças mais firmes, a histó-
ria da cerâmica percorreu e auxiliou no cotidiano de todos os povos. Da Era Neolítica aos
dias de hoje, os artistas continuam com seus dedos ágeis transformando blocos de argila e
criando novas utilidades para a população.

A cerâmica, tanto de uso comum como artístico, é produzida hoje por toda parte, seja em
grandes estabelecimentos, ou por pequenos artesãos. Os sistemas são fundamentalmente
os mesmos, mas é inegável que a experiência técnica adquiriu tamanha perfeição, que
permite resultados extraordinários.

Com exceção da fabricação de tijolos e telhas (comumente utilizadas na construção desde


a Antiguidade na Mesopotâmia), desde muito cedo a produção cerâmica dá importância
fundamental à estética, já que seu produto, na maioria das vezes, se destinava ao comér-
cio. No Mediterrâneo, algum trabalhador desconhecido inventou o aparelho que permitia
fazer vasos perfeitos, de superfície lisa e espessura uniforme, num tempo relativamente

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breve. Esta roda de madeira movida por um pedal foi criada aproximadamente em 2 mil
AC.

Os gregos continuaram por muitos séculos produzindo as melhores peças de cerâmica do


Mundo Mediterrâneo, mesmo quando as margens deste mar foram tornadas colônias ro-
manas. Ainda hoje perdura a fama dos vaseiros de Atenas e Samos, de onde seus inúme-
ros pratos e taças de delicado acabamento se caracterizavam por ter o fundo negro ou azul
e desenhos escarlate. De outro lado, os gregos foram durante o domínio romano os artífi-
ces mais apreciados, não só na cerâmica, mas também na ourivesaria, na pintura e em
qualquer outro ramo de arte. O bom gosto, a filosofia, a literatura havia se imposto aos
rudes conquistadores latinos, que acabaram assimilando, instintivamente, a milenar cultu-
ra da Hélade na antiga Grécia.

Com a prosperidade da cerâmica, cada povo descobriu seu estilo próprio e, com isso, sur-
giram novas técnicas. Foi assim que os artífices chineses, desde a metade do terceiro mi-
lênio AC, criaram objetos de design, pintados e esmaltados. Foram justamente eles os pri-
meiros a usar, a partir do segundo século antes da nossa era, um finíssimo pó branco, o
caulim, que permite fabricar vasos translúcidos e leves. Nasce, então, a porcelana.

A difusão da porcelana não foi notável antes do século XVIII. Com a utilização da porce-
lana, a cerâmica alcançou níveis elevados de sofisticação. Na China, a porcelana desen-
volveu-se, dando origem a produtos de decoração e utilização à mesa.
Também na Itália existia um florescente artesanato: os etruscos, em meados do segundo
milênio AC, já fabricavam vasos esmaltados de grande qualidade. Cerâmicas etruscas or-
namentavam, além das gregas e persas, as mansões dos patrícios romanos: as formas bi-
zarras, os esmaltes vivos e brilhantes, os vagos desenhos ornamentais. Na Itália, os cera-
mistas continuaram a trabalhar com velhos sistemas etruscos e gregos ainda durante a
Idade Média. No início do Renascimento havia produtos manufaturados em Gubbio, Vol-
terra, Faenza, Deruto e Montelupo. Em todas estas cidades, desenvolveram-se indústrias
bem distintas, cada qual com estilo e técnica próprios: os sistemas de cozimento e de es-
maltar, a composição dos vernizes, tudo era mantido em rigoroso segredo. Basta lembrar,
entre os ceramistas italianos, Luca e Andrea Della Robbia, que criaram baixo-relevos de
terracota vidrada e pintada, que se vêem em quase toda parte, nas paredes das vilas e dos
castelos da região central da Itália.
A escola de Faenza ganhou tanta celebridade que deu seu nome a todos os objetos de
cerâmica que, da Itália, se difundiam pela Europa: daí o nome “faiança” em português, e
o “faience”, lembrando o nome da cidade romana.

As cerâmicas de Faenza e a Maiólica assemelham-se bastante. O tipo de cerâmica branca


denominada “Maiólica” tem a superfície lisa e vidrada. Seu nome deriva de uma ilha do
arquipélago das Baleares (hoje Majorca), onde os árabes implantaram uma indústria flo-
rescente. Em Sévres e em Capodimonte, são fabricadas graciosas e delicadas estatuetas
que, às vezes, assumem excepcional valor artístico pela perfeição do acabamento ou pela
raridade do desenho.
A cerâmica, hoje, extrapola o cotidiano para auxiliar nas Ciências: na medicina, vem sen-
do utilizada na prótese de ossos e dentária; na pecuária australiana, reveste os chips inje-
tados dentro do animal, possibilitando uma contagem mais precisa e segura; os dentistas,
nas obturações; algumas empresas fabricam facas com lâminas de porcelana; é ainda o

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material utilizado quando existe a necessidade de um produto resistente a altas temperatu-


ras, como é o caso do trem bala no Japão, onde a cerâmica é colocada nos trilhos.
Da mesma forma, com o progressivo desenvolvimento industrial, os revestimentos cerâ-
micos para utilização em paredes e pisos deixaram de ser privilégio dos recintos religio-
sos e dos palácios, tornando-se acessíveis a todas as classes sociais. Eles trouxeram para
as paredes externas das casas o colorido e o luxo das paredes internas. Deixaram de figu-
rar apenas em obras monumentais e passaram também para as fachadas dos pequenos so-
brados comerciais e residenciais e, até mesmo, de pequenas casas térreas.

5.0- CERAMICA NA ATUALIDADE


A cerâmica, que é praticamente tão antiga quanto a descoberta do fogo, mesmo utilizando
os antigos métodos artesanais, pode produzir artigos de excelente qualidade. Nos últimos
anos, acompanhando a evolução industrial, a indústria cerâmica adotou a produção em
massa, garantida pela indústria de equipamentos, e a introdução de técnicas de gestão,
incluindo o controle de matérias-primas, dos processos e dos produtos fabricados.

A indústria cerâmica na atualidade pode ser subdivida em setores que possuem caracterís-
ticas bastante individualizadas e com níveis de avanço tecnológico distintos.

Cerâmica Vermelha: Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empre-


gados na construção civil (tijolos, blocos, telhas, elementos vazados, lajes, tubos cerâmi-
cos e argilas expandidas) e também utensílios de uso doméstico e de adorno. As lajotas
muitas vezes são enquadradas neste grupo, porém o mais correto é em Materiais de Re-
vestimento.

Cerâmica Branca: Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constitu-


ídos por um corpo branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e in-
color e que eram assim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéti-
cas e/ou técnicas. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enqua-
drados neste grupo passaram a ser fabricados, sem prejuízo das características para uma
dada aplicação, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela co-
loração.

Dessa forma, é mais adequado subdividir este grupo em:


• Louça sanitária
• Louça de mesa
• Isoladores elétricos para alta e baixa tensão
• Cerâmica artística (decorativa e utilitária)
• Cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e mecânico.

Materiais Refratários: Este grupo compreende uma diversidade de produtos que têm
como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e
de operação dos equipamentos industriais, que em geral envolvem esforços mecânicos,
ataques químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar
estas solicitações e em função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos inúmeros ti-
pos de produtos, a partir de diferentes matérias-primas ou mistura destas. Dessa forma,
podemos classificar os produtos refratários quanto à matéria-prima ou componente quí-
mico principal em: sílica, sílico-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesianocromítico, cro-
mítico-magnesiano, carbeto de silício, grafita, carbono, zircônia, zirconita, espinélio e ou-

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tros.
Isolantes Térmicos: Os produtos deste segmento podem ser classificados em:

a) Refratários isolantes que se enquadram no segmento de refratários,


b) Isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos como vermiculita expan-
dida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de vidro e lã de rocha, que são ob-
tidos por processos distintos ao do item a) e que podem ser utilizados, dependendo do
tipo de produto até 1100ºC.
c) Fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes às citadas
no item b), porém apresentam composições tais como sílica, sílica-alumina, alumina e
zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilização de 2000º C
ou mais.

Fritas e Corantes: Estes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos seg-
mentos cerâmicos que requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é
um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de
diferentes matérias-primas. É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a quei-
ma, adquire aspecto vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética, tor-
nar a peça impermeável, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar ou-
tras características.

Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos obtidos a


partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são fabricados por em-
presas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção envol-
ve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem. Os corantes são adicionados aos
esmaltes (vidrados) ou aos corpos cerâmicos para conferir-lhes colorações das mais di-
versas tonalidades e efeitos especiais.
Abrasivos: Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos se-
melhantes aos da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico. Entre os produtos
mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio eletrofundido e o carbeto de silício.
Vidro, Cimento e Cal: São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particu-
laridades, são muitas vezes considerados à parte da cerâmica.

Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmica Avançada: O aprofundamento dos conhecimentos


da ciência dos materiais proporcionou ao homem o desenvolvimento de novas tecnologi-
as e aprimoramento das existentes nas mais diferentes áreas, como aeroespacial, eletrôni-
ca, nuclear e muitas outras e que passaram a exigir materiais com qualidade excepcional-
mente elevada. Tais materiais passaram a ser desenvolvidos a partir de matérias-primas
sintéticas de altíssima pureza e por meio de processos rigorosamente controlados. Estes
produtos, que podem apresentar os mais diferentes formatos, são fabricados pelo chama-
do segmento cerâmico de alta tecnologia ou cerâmica avançada. Eles são classificados, de
acordo com suas funções, em: eletroeletrônicos, magnéticos, ópticos, químicos, térmicos,
mecânicos, biológicos e nucleares. Os produtos deste segmento são de uso intenso e a
cada dia tende a se ampliar. Como alguns exemplos, podemos citar: naves espaciais, saté-
lites, usinas nucleares, materiais para implantes em seres humanos, aparelhos de som e de
vídeo, suporte de catalisadores para automóveis, sensores (umidade, gases e outros), fer-
ramentas de corte, brinquedos, acendedor de fogão, etc.

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Revestimentos Cerâmicos: As placas cerâmicas são constituídas, em geral, de três cama-


das: a) o suporte ou biscoito, b) o engobe, que tem função impermeabilizante e garante a
aderência da terceira camada, e c) o esmalte, camada vítrea que também impermeabiliza,
além de decorar uma das faces da placa.

O corpo cerâmico compõe-se de matérias-primas naturais, argilosas e não argilosas. Os


materiais argilosos são formados de uma mistura de diversos tipos e características de ar-
gilas para dar a composição desejada e são a base do biscoito. Os materiais não argilosos,
quartzo, feldspato e caulim, servem para sustentar o corpo cerâmico ou promover a fusão
da massa e os materiais sintéticos são utilizados para a produção de engobes e esmaltes e,
servem para fazer a decoração dos revestimentos.

Estes revestimentos são usados na construção civil para revestimento de paredes, pisos,
bancadas e piscinas de ambientes internos e externos. Recebem designações tais como:
azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, etc. A tecnologia do porcelanato trouxe
produtos de qualidade técnica e estética refinada, que em muitos casos se assemelham às
pedras naturais.

6.0- DEFINIÇÃO DE PRODUTO CERAMICO


Cerâmica compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos, obtidos geralmente
após tratamento térmico em temperaturas elevadas.

7.0- CLASSIFICAÇÃO
Para classificar um produto cerâmico deve-se levar em consideração o emprego dos seus
produtos, natureza de seus constituintes, características texturais do biscoito (massa base),
além de outras características cerâmicas, técnicas e econômicas.
A tabela à frente relaciona os setores cerâmicos, bem como seus produtos, as respectivas
matérias-primas utilizada e seu processo de fabricação.
A partir da matéria-prima utilizada, identificam-se as cerâmicas tradicionais (ou
silicáticas) de base argilosa, tais como cerâmica estrutural ou vermelha, cerâmica branca
e de revestimentos.

Tabela 1 - Principais setores cerâmicos, matérias-primas e processo de fabricação

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O setor cerâmico é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em sub-setores ou


segmentos em função de diversos fatores como matérias-primas, propriedades e áreas de
utilização. Dessa forma, a seguinte classificação, em geral, é adotada.

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7.1- CERAMICA VERMELHA


Os produtos da cerâmica vermelha caracterizam-se pela cor vermelha de seus produtos,
representados por tijolos, blocos, telhas, tubos, lajes para forro, lajotas, vasos
ornamentais, agregados leve de argila expandida e outros.
No que se refere à matéria-prima, o setor de cerâmica vermelha utiliza basicamente argila
comum, em que a massa é tipo monocomponente - só argila -, e pode ser denominada de
simples ou natural.

A obtenção da massa busca é obtida, em geral, com base na experiência acumulada,


visando uma composição ideal de plasticidade e fusibilidade, facilitando o manuseio e
propiciando resistência mecânica na queima.

7.2- Materiais de Revestimento(Placas Cerâmicas)

São aqueles materiais, na forma de placas usados na construção civil para revestimento
de paredes, pisos, bancadas e piscinas de ambientes internos e externos. Recebem desig-
nações tais como: azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, etc.

7.3- Cerâmica Branca

Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo-


branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que eram as-
sim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas.
Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste grupo
passaram a ser fabricados , sem prejuízo das características para uma dada aplicação, com
matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração.

Dessa forma é mais adequado subdividir este grupo em:

• louça sanitária
• louça de mesa
• isoladores elétricos para alta e baixa tensão
• cerâmica artística (decorativa e utilitária).
• cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e mecâ-
nico.

7.4- Materiais Refratários

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Este grupo compreende uma diversidade de produtos, que têm como finalidade suportar
temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação dos equipa-
mentos industriais, que em geral envolvem esforços mecânicos, ataques químicos, varia-
ções bruscas de temperatura e outras solicitações. Para suportar estas solicitações e em
função da natureza das mesmas, foram desenvolvidos inúmeros tipos de produtos, a partir
de diferentes matérias-primas ou mistura destas. Dessa forma, podemos classificar os pro-
dutos refratários quanto a matéria-prima ou componente químico principal em: sílica, síli-
co-aluminoso, aluminoso, mulita, magnesianocromítico, cromítico-magnesiano, carbeto
de silício, grafita, carbono, zircônia, zirconita, espinélio e outros.

7.4.1- Características do material refratário

Alta refratariedade capacidade de suportar altas temperaturas sem deformar; Estabilidade


mecânica; Estabilidade química; Estabilidade dimensional; Estabilidade ao choque térmi-
co; Baixa condutividade térmica ; Baixa permeabilidade;

7.5- Isolantes Térmicos

Os produtos deste segmento podem ser classificados em:

a) refratários isolantes que se enquadram no segmento de refratários,


b) isolantes térmicos não refratários, compreendendo produtos como vermiculita expandi-
da, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de vidro e lã de rocha, que são obti-
dos por processos distintos ao do item a) e que podem ser utilizados, dependendo do tipo
de produto até 1100 ºC e
c) fibras ou lãs cerâmicas que apresentam características físicas semelhantes as citadas no
item b), porém apresentam composições tais como sílica, sílica-alumina, alumina e zircô-
nia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilização de 2000º C ou
mais.

7.6- Fritas e Corantes

Estes dois produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos cerâmicos
que requerem determinados acabamentos. Frita (ou vidrado fritado) é um vidro moído,
fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias-
primas. É aplicado na superfície do corpo cerâmico que, após a queima, adquire aspecto
vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética, tornar a peça impermeá-
vel, aumentar a resistência mecânica e melhorar ou proporcionar outras características.

Corantes constituem-se de óxidos puros ou pigmentos inorgânicos sintéticos obtidos a


partir da mistura de óxidos ou de seus compostos. Os pigmentos são fabricados por em-
presas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção envol-

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ve a mistura das matérias-primas, calcinação e moagem. Os corantes são adicionados aos


esmaltes (vidrados) ou aos corpos cerâmicos para conferir-lhes colorações das mais di-
versas tonalidades e efeitos especiais.

7.7- Abrasivos

Parte da indústria de abrasivos, por utilizarem matérias-primas e processos semelhantes


aos da cerâmica, constituem-se num segmento cerâmico. Entre os produtos mais conheci-
dos podemos citar o óxido de alumínio eletrofundido e o carbeto de silício.

7.8- Vidro, Cimento e Cal

São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades, são muitas
vezes considerados à parte da cerâmica.

7.9- Cerâmica de Alta Tecnologia/Cerâmica Avançada

O aprofundamento dos conhecimentos da ciência dos materiais proporcionaram ao ho-


mem o desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramento das existentes nas mais
diferentes áreas, como aeroespacial, eletrônica, nuclear e muitas outras e que passaram a
exigir materiais com qualidade excepcionalmente elevada. Tais materiais passaram a ser
desenvolvidos a partir de matérias-primas sintéticas de altíssima pureza e por meio de
processos rigorosamente controlados. Estes produtos, que podem apresentar os mais dife-
rentes formatos, são fabricados pelo chamado segmento cerâmico de alta tecnologia ou
cerâmica avançada. Eles são classificados, de acordo com suas funções, em: eletroeletrô-
nicos, magnéticos, ópticos, químicos, térmicos, mecânicos, biológicos e nucleares. Os
produtos deste segmento são de uso intenso e a cada dia tende a se ampliar. Como alguns
exemplos, podemos citar: naves espaciais, satélites, usinas nucleares, materiais para im-
plantes em seres humanos, aparelhos de som e de vídeo, suporte de catalisadores para au-
tomóveis, sensores (umidade, gases e outros), ferramentas de corte, brinquedos, acende-
dor de fogão, etc.

8.0- MATÉRIAS PRIMAS CERÂMICAS

8.1− AS ARGILAS COMO MATÉRIAS-PRIMAS CERÂMICAS

8.1.1-Definição: As argilas são rochas sedimentares compostas de grãos muito finos de


silicatos de alumínio, associados a óxidos que lhes dão tonalidades diversas, pode ser en-
contrada próxima de rios, muitas vezes formando barrancos nas margens é da família dos
minerais filossilicáticos hidratados, aluminosos de baixa cristalinidade sua dimensões no
geral são partículas menores do que 1/256 mm ou 4 µm de diâmetro. A argila diivide-se
em dois tipos: argilas primárias, originadas da decomposição do solo por ações físico-quí-

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micas do ambiente natural, através dos anos, apresentando-se normalmente na forma de


pó; argilas secundárias, decorrentes da sedimentação de partículas transportadas através
das chuvas e dos ventos, que se apresentam na forma pastosa ou de lama.

JAZIDA DE ARGILA

8.1.2-TIPOS DE ARGILA

8.1.2.1. Argila natural: É uma argila que foi extraída e limpa, e que pode ser utilizada
em seu estado natural, sem a necessidade de adicionar outras substâncias.

8.1.2.2. Argila refratária: Argila que adquire este nome em função de sua qualidade de
resistência ao calor. Suas características físicas variam, umas são muito plásticas finas,
outras não. Apresentam geralmente alguma proporção de ferro e se encontram associadas
com os depósitos de carvão. São utilizadas nas massas cerâmicas dando maior plasticida-
de e resistência em altas temperaturas, bastante utilizadas na produção de placas refratári-
as que atuam como isolantes e revestimentos para fornos.

8.1.2.3. Caulim ou argila da china: Argila primária, utilizada na fabricação de massas


para porcelanas. É de coloração branca e funde a 1800°C - pouco plástica, deve ser mol-
dada em moldes ou formas pois com a mão é impossível.

8.1.2.4. Argilas de bola (Ball-Clay): São argilas secundárias muito plásticas, de cor azu-
lada ou negra, apresenta alto grau de contração tanto na secagem quanto na queima. Sua

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grande plasticidade impede que seja trabalhada sozinha, fica pegajosa com a água. É adi-
cionada em massas cerâmicas para proporcionar maior plasticidade e tenacidade à massa.
Vitrifica aos 1300°C.

8.1.2.5. Argilas para grês: Argila de grão fino, plástica, sedimentária e refratária - que
suporta altas temperaturas. Vitrificam entre 1250 - 1300°C. Nelas o feldspato atua como
material fundente. Após a queima sua coloração é variável, vai do vermelho escuro ao ro-
sado e até mesmo acinzentado do claro ao escuro.

8.1.2.6. Argilas vermelhas: São plásticas com alto teor de ferro resistem a temperaturas
de até 1100°C porém fundem em uma temperatura maior e podem ser utilizadas com vi-
drados para grês. Sua coloração é avermelhada escuro quando úmida chegando quase ao
marrom, quando biscoitada a coloração se intensifica para o escuro de acordo com seu li-
mite de temperatura de queima.

8.1.2.7. Bentonite: Argila vulcânica muito plástica, contém mais sílica do que alumínio,
se origina das cinzas vulcânicas. Apresenta uma aparência e tato gorduroso, pode aumen-
tar entre 10 e 15 vezes seu volume ao entrar em contato com a água. Adicionada a argilas
para aumentar sua plasticidade. Funde por volta de 1200°C.

8.1.2.8. Argilas expandida: A argila expandida é produzida em grandes fornos rotativos,


utilizando argilas especiais que se expandem a altas temperaturas (1100oC), transforman-
do-as em um produto leve, de elevada resistência mecânica, ao fogo e aos principais am-
bientes ácidos e alcalinos, como os outros materiais cerâmicos. Suas principais caracterís-
ticas são: leveza, resistência, inércia química, estabilidade dimensional, incombustibilida-
de, além de excelentes propriedades de isolamento térmico e acústico.

8.1.3- CARACTERISTICAS DO MATERIAL(ARGILA)

Hidroplasticidade: adquire plasticidade ao adiciona-se com a água.

Granulometria: Apresenta dimensão granulométrica muito pequena na faixa de 2


micron. A granulometria é uma das características mais importantes da argila, in-
fluenciando diretamente na resistência, plasticidade da pasta e permeabilidade dos
materiais cerâmicos.

Elevada superfície especifica: essa propriedade é muito importante, pois se torna


mais reativa.

Sonoridade: a argila tem a propriedade de emitir sons, através de pequenos bati-


mentos após a cozedura.

Impermeabilidade: Após cozimento e vidrada a peça se tona mais impermeável.

Resistência - é a propriedade que as argilas adquirem após a secagem e depois da


cozedura, de não sofrer deformações do seu aspecto, resistindo ao calor e à corro-
são.

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8.1.4-USO DA ARGILA NA INDÚSTRIA

Temos o uso da argila em muitos ramos da indústria, que utilizam o material de acordo
com sua propriedade de interesse a atividade tais como:

8.1.4.1. Indústria Farmacêutica: devido a argila ser rica em sais minerais (ferro,
silício e magnésio), que lhe conferem propriedades terapêuticas, assim é usada
para tratamento para cicatrizante e desintoxicação celular.

8.1.4.2. Indústria da Construção Civil: Há uso de argila expandida como agre-


gado em concreto leve, devido sua baixa densidade. A impermeabilidade também
é interessante, assim o uso de argila para elaborar telhas cerâmicas, que possuem
resistência mecânica satisfatória a sua solicitação. A capacidade de manter suas
propriedades em altas temperaturas é interessante para elaboração de fornos rotati-
vos com capacidade de até 1.500°C. Industria da Construção civil. É Usado para
sustentação de terra, na forma de lodo bentonítico, nas fundações.

8.1.4.3. Industria de Impermeabilizantes. Usado como selantes

8.1.4.4.Industria de tratamento de Solos.Utilizado para melhorar a condutivida-


de dos sola e melhora o aterramento elétrico.

8.1.4.5. indústria petrolífera. ligada com água para fabricar lodos de perfuração.

8.1.4.6. Industria de Rações. Para eliminação de toxinas de alimentos.

8.1.4.7. indústria do vinho. como clarificante protêico,

8.1.4.8. Industria de Cosmeticos. Na elaboração de aromatizantes

8.2− O TALCO E SEU USO COMO MATÉRIA-PRIMA CERÂMICA

8.2.1-Definição

O talco é o mineral mais macio e com menor dureza encontrado no planeta trata-se de
um silicato hidratado de magnésio

8.2.2- CARACTERISTICA DO MATERIAL

1. Macia e Baixa Dureza

2. Organofílicos

3. Inertes

4. Hidro-repelentes

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8.2.3- USO DO TALCO NA INDÚSTRIA

8.2.3.1. Industria Cosmética e Farmacêutica: Os usos cosméticos do talco são


naturais, devido à sua estabilidade, boa adesão, textura e resistência à umidade.
Por ser inodoro, é um bom vetor para perfumes devido à sua estrutura lamelar e
natureza inerte. Também é utilizado na fabricação de sabonetes, onde desempenha
o papel de preenchimento, além de adicionar firmeza à massa.

8.2.3.2. Indústria de Cerâmica Branca. As principais propriedades para o uso


deste minério nessa industria são as características físico-quimicas, resistência a
flexão, absorção de água, porosidade, cor, coeficientes de dilatação térmica e re-
tração de queima.

8.2.3.3. Industria de Inseticidas. Utilizado como carga inerte, é utilizado por


apresentar boa fluidez e não decantando.

8.2.3.4. Industria de Tintas. O talco é usado como pigmento, para elaborar tintas.

8.2.3.5. Industria de Borracha. Utilizado como agente de pulverização para lu-


brificar os moldes e evitar que as superfícies se liguem durante a manufatura dos
produtos, e na produção de borrachas semiduras para válvulas.

8.2.3.6. Industria do Papel. As principais propriedades que definem o uso do tal-


co no fabrico de papel são: geometria das partículas, densidade do mineral, caráter
abrasivo do mineral, alvura do mineral, reologia de dispersões do mineral. Além
da melhoria da qualidade do papel, o uso de minerais na fabricação traz benefícios
significativos. O maior teor de mineral no papel implica na diminuição da quanti-
dade de fibras celulósicas necessárias com diminuição do corte de árvores, e eco-
nomia de energia na secagem do papel.

8.2.3.7. Indústria de material de transporte. O talco é utilizado no setor de ma-


terial de fricção, como auxiliar corretivo - lonas, pastilhas, sapatas de freio, platôs
e outros materiais para as indústrias automobilísticas, ferroviárias e máquinas
agrícolas.

8.2.3.8. Produtos Asfálticos. é usado como carga inerte na fabricação de membra-


nas impermeabilizantes.

8.3− O CALCÁRIO E SEU USO COMO MATÉRIA-PRIMA

8.3.1-Definição

São rochas sedimentares que contêm minerais com quantidades acima de 30% de carbo-
nato de cálcio (aragonita ou calcita) As principais impurezas que contém o calcário são as
sílicas, argilas, fosfatos, carbonato de magnésio, gipso, glauconita, fluorita, óxidos de fer-
ro e magnésio, sulfetos, siderita,sulfato de ferro dolomita e matéria orgânica entre outros.
A coloração do calcário passa do branco ao preto, podendo ser cinza claro ou cinza escu-
ro. Os calcários, na maioria das vezes, são formados pelo acúmulo de organismos inferio-

Cerâmica - Introdução geral à tecnologia cerâmica 19


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res ou precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos, principalmente em


meio marinho. Também podem ser encontrados em rios, lagos e no subsolo (cavernas).

8.3.2-Tipos de calcários:

1. Marga: Quando possui uma quantidade de argila entre 35 e 50%.

2. Caliche: Calcário rico em carbonato de cálcio formado em ambientes semi-áridos.

3. Tufo: Calcário esponjoso encontrado em águas de fonte devido à precipitação da


carbonato de cálcio associado com matéria orgânica resultante da decomposição
de vegetais.

4. Conquífero: Formado pela acumulação de esqueletos e conchas.

5. Giz: Calcário poroso de coloração branca formado pela precipitação de carbonato


de cálcio com microorganismos.

6. Travertino: São calcários densos encontrados em grutas e cavernas composta por


calcite, aragonite e limonite

7. Dolomita: Um mineral de Carbonato de cálcio e magnésio

8. Recifal: é um calcário de edificação que resulta da fixação de carbonato de cálcio


por seres vivos, nomeadamente os corais.

8.3.3-CARACTERISTICA DO MATERIAL

• Solúvel em Água

• Esquenta muito ao receber os raios solares

• Alta Permeabilidade

• Baixa resistência a fratura

8.3.4- USO DO CALCÁRIO NA INDÚSTRIA

1. Industria da Agricultura. É usado para corrigir a acidez do solo. Sempre que


o PH do solo for menor do que 5,5 no sistema plantio direto e 6,0 no sistema con-
vencional, ou saturação de bases for menor de 60% pode-se usar o calcário.

2. Industria do Cimento. O calcário é misturado junto a argila para formar o ci-


mento portland.

8.4− OS FELDSPATO E SEU USO COMO MATÉRIA-PRIMA CERÂMICA

8.4.1-Definição

Cerâmica - Introdução geral à tecnologia cerâmica 20


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Os feldspatos são silicatos de alumínio contendo diferentes proporções de cálcio, potássio


e sódio, é segundo ingrediente mais importante nas cerâmicas depois das argilas; aumen-
tam a resistência e durabilidade dos materiais-cerâmicos, são os constituintes principais
da maioria dos gnaisses e xistos e ocorrem também em muitas rochas geradas por meta-
morfismo termal, regional e dinâmico.

8.4.2- USO DO FELDSPATA NA INDUSTRIA

Os feldspatos possuem numerosas aplicações na indústria, devido ao seu teor em alcalis e


alumina, tais como na:

1. Industria de Fabricação do Vidro. reduzem a temperatura de fusão do quart-


zo, ajudando a controlar a viscosidade do vidro.

2. Industria de tinatas , Plásticos e Borracha. É usado nessa industria devido à


sua boa dispersibilidade, por serem quimicamente inertes, apresentarem pH está-
vel, alta resistência à abrasão e congelamento e pelo seu índice de refracção.

3.Industria Cerâmica. Muito utilizavel nesse tipo de industria já que atua como
fundente, pois seu ponto de fusão é menor do que a maioria do outros componen-
tes, servindo de cimento para as partículas das varias substâncias cristalinas, além
de outros aspectos, como as reações físico-químicas.

8.5- CAULIM E SEU USO COMO MATÉRIA-PRIMA CERÂMICA

8.5.1-Definição

Também conhecido como Caulino é um minério composto de silicatos hidratados de alu-


mínio, como a caulinita e a haloisita é formado essencialmente pela caulinita, apresentan-
do em geral cor branca ou quase branca, devida ao baixo teor de ferro. É um dos mais im-
portantes e provavelmente um dos seis minerais mais abundante do topo da crosta terres-
tre.

8.5.2- CARACTERISTICAS

• Desfloculação – é o ponto no qual o caulim (na forma de uma barbotina) mais se


aproxima de sua viscosidade mínima.

• Tixotropia - é o fenômeno de transformação sol-gel isoterma reversível, ou seja,


quanto mais afastada de sua viscosidade mínima está o caulim (na forma de bar-
botina), maior é a tendência de aumentar sua viscosidade com o tempo, podendo
em certos usos, atingir a forma de gel; no entanto, pela agitação volta ao estado fí-
sico inicial;

• Viscosidade – é o tempo, em segundos, para escoar volumes de 200 e 250 cm2 de


barbotina em viscosímetro de Mariotte;

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• Granulometria – é mais grosseira que as dos demais tipos de argila (menos que
0,2 microns);

• Cristalinidade – apresenta lamelas hexagonais bem cristalizadas;

• Densidade real – 2,6 g/cm3 ;

• Ponto de fusão – de 1.650 a 1.775ºC;

• Resistência mecânica – baixa em relação às outras argilas;

• Plasticidade – menos plástico que as demais argilas;

• Morfologia – apresenta partículas lamelares euédricas;

• pH – depende do poder de troca do íons e das condições de formação do caulim; é


medido com potenciômetro e oscila entre 4,3 e 7.

• Alvura – é a propriedade de medida da refletância do caulim, através de aparelhos


como o ZE (Zeiss Elrepho), o Photovolt e o GE/Reflectometer;

• Módulo de ruptura – medido em atmosferas a 80% de umidade relativa ;

• Abrasão – propriedade medida em termos de perda de peso em miligramas.

8.5.3- Uso do caulim na Industria:

1. Industria daCerâmicas. Devido sua boa plasticidade, alvura e resistência mecâ-


nica, muito utilizado como peças ornamentais.;

2. Industria de Tintas;

3. Industria de Borrachas;

4. Industria de Plásticos e;

5. Industria de Papel: É usado como carga na fabricação de papéis para imprimir e


escrever ou como revestimento de cartões, papel cuchê e outros;

6. Industria de Perticidas;

7. Industria de Rações e Adubos;

8. Industria Farmacêutica;

9. Industria de Alimentícios

8.6- Betonitas

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8.6.1- Definição

Argila vulcânica muito plástica, contém mais sílica do que alumínio, se origina das cin-
zas vulcânicas. Apresenta uma aparência e tato gorduroso, pode aumentar entre 10 e 15
vezes seu volume ao entrar em contato com a água. Adicionada a argilas para aumentar
sua plasticidade. Funde por volta de 1200°C, Podendo conter outras argilas em maior ou
menor proporção além de quartzo, feldspatos, pirita ou calcita. Forma-se geralmente por
alteração de cinzas vulcânicas. Contém muitas bases e ferro. Existe vário tipos de betoni-
tas, sua classificação dependerá dos elementos predominantes, tais como K, Na, Ca, e Al,
as mais conhecidas são as betonita sódica e a cálcacica.

8.6.2- Caracteristicas do material:

• Alto poder de inchamento, até 20 vezes seu volume inicial;

• elevada superfície (até 800 m²/g);

• capacidade de troca catiônica;

• Tixotropia.

9.0-Ensaio tecnológicos feitos em materiais cerâmicos para determinação das suas


propriedades

Nas matérias-primas:

• Ensaio de Compressão Triaxial de argilas com medidas de pressões neutrais

• Determinação da Plasticidade e Limite de liquidez e limite

Nos produtos:

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• Ensaio à compressão

• Ensaio a eflorescências

10.0- ARGILOMINERAIS

10.1- INTRODUÇÃO

Na Crosta terrestre, 10 elementos – compõem 99% da composição das rochas. São eles,

O (46.6); Si (28.2); Al (8.2); Fe (5.6); Ca (4.2), Na, K, Mg, Ti, P.

Os silicatos são os minerais mais abundantes (SiO4)-4

10.2- Composição em termos Granulométricos

• Pedregulhos

• Areia

• Silte

• Argila (argilo-minerais)

10.3- Fração Argila do Solo

Fração do solo com partículas inferior a 0.005mm (2µm)

Formado por substâncias inorgânicas e orgânicas argilo-minerais, outros minerais não ar-
gilosos (hidróxidos de Fe e Al, quartzo, mica, feldspatos, calcita) húmus e microrganis-
mos.

A fração argila é formada praticamente de argilominerais

Plasticidade em contato com a água

Dois solos com a mesma granulometria, partículas da mesma forma e estruturas seme-
lhantes podem apresentar comportamento distinto, devido a diferença da composição mi-
neralógica

Todo argilo-mineral é uma argila, mas nem toda a argila é um argilo-mineral

10.4 -argilomineral

Constituintes principais dos solos

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Silicatos hidratados de alumínio (Al4 [Si4O10] (OH)8)

Os argilo-minerais são formados basicamente porcamadas de sílica (SiO2) e hidróxido de


alumínio (Al2(OH)3)

Filossilicatos

Apresentam plasticidade, absorção de água e troca catiônica

Tamanho menor 2µm

A camada de sílica une-se a camada de alumina pela camada de oxigênio e hidroxila

São colóides eletronegativos com capacidade de

absorção de retenção de água

Troca de cátions e ânions

Susceptíveis de dispersão e floculação

Plasticidade, tenacidade no estado seco

Variação de volume conforme o teor de água

Ligação com substâncias orgânicas

As argilas podem ser classificadas em função do número de camadas em tetraédricas e


octaédricas

1:1 – uma tetraédrica e uma octaédrica

2:1 – duas tetraédricas e uma octaédrica

Os argilo-minerais mais comuns são: Caulinita, esmectitas e ilitas

10.5-Filossilicatos

A palavra filossilicato deriva do grego phylon, que significa folha; Possuem hábito acha-
tado ou em escamas;

Clivagem basal (001) proeminente à perfeita;As lamelas de clivagem (placas) são flexí-
veis, elásticas ou plásticas, raramente quebradiças.

10.6- FORMAS DE DETERMINAÇÃO DO ARGILO-MINERAL

• Química, capacidade de troca de cátions,

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• análise térmica diferencial,

• microscopia eletrônica e difração de raio-x

• Registro gráfico, Difratograma

10.7- PRINCIPAIS ARGILO-MINERAIS

10.7.1-Caulinita

Al4[Si4O10](OH)8

Empilhamento regular de camadas 1:1

Uma folha de sílica (SiO4) e uma folha de gibsita Al2(OH)6

Baixa capacidade de troca catiônica

Menor plasticidade entre as argilas devido a forte ligação entre as camada no plano de cli-
vagem

Fireclay mineral (argila refratária) é a caulinita malcristalizada

10.7.2- Haloisita

Estrutura cristalina semelhante a caulinita

Camadas sucessivas estão deslocadas aleatoriamente ao longo das direções dos eixos a e
b

Forma tubular

Duas formas de haloisitas:

Haloisita-2H2O (meta-aloisita) Al4[Si4O10](OH)8

Haloisita-4H2O (endelita) Al4[Si4O10](OH)8.4H2O

10.7.3-Crisotila

Forma polimorfa do mineral serpentina

Estrutura cristalina semelhante a caulinita

Apesar do aspecto fibroso e crisotila é um filossilicato lamelar Mg6Si4O10(OH)8

10.7.4-Esmectitas

Estrutura de duas folhas de silicato tetraédricas e uma

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folha octaédrica central (2:1)

Unidas por oxigênios comuns as folhas

Montmorilonita, beidelita, nontronita, volconscoíta, saponita, sauconita, hectorita

Substituição isomórficas do alumínio por silício no tetraedro

Substituição do alumínio, ferro e magnésio no octaedro

As camadas sucessivas são ligadas por ligações fracas

Moléculas de água ou moléculas polares de espessura variável

Quando a esmectitas (montmorilonita) são colocados em água, os cátions trocáveis se hi-


dratam e são mais susceptíveis a

trocas

A espessura interlamelar varia com a quantidade de água disponível e das moléculas pola-
res

Fórmula geral (1/2Ca,Na)0,7(Al,Mg,Fe)4(Si,Al)8O20(OH)4.nH2O

Substituição isomórfica

Fraca ligação entre as camadas, presença de água e a substituição isomórfica a clivagem


entre as camadas é fácil

Propriedades de plasticidade

Grandes variações nas propriedades físicas

Cátions Na, K, Li e NH4

10.7.5-Ilita ou mica-hidratada

Micas que gradam em direção a argilas

Fórmula geral: K1-1,5Al4[Si7-6,5Al1-1,5O20](OH)4

Estrutura semelhante a esmectita (2:1)

Difere por haver maior substituição do alumínio por sílica

Difere da muscovita por ter mais sílica e menos potássio

Potássio interlamelar impede a entrada de água na estrutura e cátions

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Não expansiva

10.7.6-Clorita

Estrutura cristalina da clorita é por camadas alternadas estruturais do tipo da mica (2:1) e
de brucita (MgOH)

O Mg é substituído por Al e Fe

Fórmula geral: (Mg,Al,Fe)12(Si,Al)8O20(OH)16

Pode ser encontrada nas rochas vulcânicas e metamórficas e como argilas em sedimentos
argilosos

10.7.7-Vermiculita

Apresenta semelhanças estruturais com clorita e montmorilonita

A água interlamelar existe como na montmorilonita e o mineral pode expandir até certo
limite

Biotita tratada com cloreto de magnésio em solução aquosa por longo período se transfor-
ma em vermiculita

Argila expansiva (+vermiculita)

10.8-Sistema argila-água

Fase dispersa é um sólido

Fase dispersante é um líquido (água)

Grau de dispersão:

Grosseiro: partículas diâmetro superior 0,1µm, não passam em filtro comum, visíveis ao
microscópio óptico

Coloidal: partículas diâmetro entre 0,1µm e 0,001µm, passam em filtros comuns, mas
não em ultra-filtros, invisíveis ao microscópio óptico, visíveis ao microscópio eletrônico,
sóis, gelatinas, géis

Dispersões moleculares: partículas diâmetro inferior 0,001mm, passam em ultra-filtros,


invisíveis ao microscópio eletrônico

10.9-Importância do argilo-mineral e dos íons absorvidos nas propriedades dos solos

• Capacidade de troca de íons que estão fixados na superfície, entre as

• camadas e dentro dos canais da estrutura cristalina

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• Podem ser trocados por reação química ou por outros íons na solução
aquosa

• Podem ser orgânicos e inorgânicos

• Sem alteração da estrutura cristalina

• Influem nas propriedades físico-químicas e tecnológicas

• Plasticidade, resistência mecânica e viscosidade

10.10- Cátions absorvidos nas propriedades dos solos

É resultado do desequilíbrio de cargas resultante da substituição isomórfica na estrutura


cristalina, das ligações quebradas nas arestas e da substituição de H e OH

Os íons trocáveis estão geralmente nas arestas

Nas esmectitas é devida a substituição isomórfica da camada tetraédrica

Na caulinita é devida a ligações quebradas

Nas ilitas e cloritas é devida a ligações quebradas e a troca de íons K

Cátions em ordem crescente em facilidade:

Li+, Na+, K+, Rb+, Cs+, Mg+2, Ca+2, Sr+2, Ba+2, H3O+

Matéria orgânica pode estar presente em argilas sob forma de partículas (madeira, folhas,
etc) ou sob forma de moléculas orgânica adsorvidas nas faces menores dos argilo-mine-
rais

Grande papel na propriedade de plasticidade (ball-clay)

10.11-Classificação das matérias primas(argilo-minerais)

• Naturais: obtidos através de operações físicas

– Argila, feldspato...

• Sintéticas: obtidos através de processos químicos, a partir de

– Matérias-primas naturais (magnesita, calcita...)

– Outras matérias-primas sintéticas (alumina, zircônia...)

10.12-Tipos de matérias-primas

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11.0-CERAMICA BRANCA

11.1-DEFINIÇÃO

São produtos cerâmicos obtidos através de argilas quase isentas de óxido de ferro,
apresentando cor branca, rósea ou creme claro quando queimadas a temperaturas usuais
de 950 ou 1250oC.
Contém, ainda, na sua composição: feldspato, caulim e quartzo, dando origem a louças
de pó-de-pedra porosas, com absorção de 15 a 20%, como os azulejos e a louça sanitária
e as louças de grés, com absorção de 1 a 2%, que são as mais usuais para pisos ou revesti-
mentos nas indústrias de cerâmicas de vanguarda, como as porcelanas.
A cerâmica branca geralmente apresenta uma cobertura que é um esmalte cerâmico
constituído de um vidro, um pigmento e um opacificante ou um vidrado.

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11.2- CLASSIFICAÇÃO DAS CERAMICAS BRANCA

a)- Cerâmica Branca(CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO USO)

Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo


branco e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e incolor e que eram as-
sim agrupados pela cor branca da massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas.
Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados neste grupo
passaram a ser fabricados , sem prejuízo das características para uma dada aplicação, com
matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração.
Dessa forma é mais adequado subdividir este grupo em:
 louça sanitária

 louça de mesa

 isoladores elétricos para alta e baixa tensão

 cerâmica artística (decorativa e utilitária).

 cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e mecâ-
nico.

O setor de cerâmica branca agrupa uma grande variedade de produtos, tais como lou-
ças e porcelanas (utilitárias e decorativas), sanitários e porcelana técnica, que se dife-
renciam, entre outros fatores, pela temperatura de queima e pela composição da mas-
sa, notadamente o tipo de fundente. A massa é do tipo composta, constituídas de
argilas plásticas de queima branca, caulins, quartzo e fundentes (feldspato, filito, ro-
chas feldspáticas, carbonatos).

b)- CERAMICA BRANCA(CLASSIFICAÇÃO QUANTO A ABSORÇÃO DE


AGUA)

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Uma classificação usual da cerâmica branca baseia-se no teor em peso da água absor-
vida pelo corpo cerâmico:

• denomina-se porcelana quando a absorção é zero (pode-se admitir até 0,5%);


• grês são designados os materiais com baixíssima absorção (geralmente entre
0,5% e 3%); e
• louça (ou faiança, maiólica, pó-de-pedra) refere-se os corpos mais porosos
(geralmente superior a 3%).

A cerâmica branca é agrupada em três principais subsetores, apesar da profusão


de termos e expressões para designar os seus produtos: porcelana, grês e faiança.

Entretanto, esta classificação não é apresentada com precisão quantitativa quanto


às suas características, sobretudo ao limite da absorção d’água.

11.3-MATÉRIAS PRIMAS(CERAMICA BRANCA)

MINERAÇÃO DE ARGILA BRANCA

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PORCELANAS:

As porcelanas são fabricadas com massas constituídas a partir de argilominerais (argila


plástica e caulim), quartzo e feldspato bastante puros, que são queimados a temperaturas
superiores a 1250 ºC. Os produtos apresentam porosidade próxima a zero e compreen-
dem a porcelana doméstica e de hotelaria (pratos, xícaras, jogos de chá etc.); porcelana
elétrica (isoladores e peças para componentes eletroeletrônicos); e porcelana técnica, que
apresentam elevada resistência física ou ao ataque químico.

GRÊS:

O grês é feito a partir de matérias-primas menos puras, podendo incluir rochas cerâmicas
como granito, pegmatito e filito como fundentes, ao invés de feldspato puro. Os produtos
são queimados por volta de 1250 ºC e apresentam absorção de água reduzida (geralmente
entre 0,5% e 3%).Os principais produtos são os artigos sanitários, também denominados
de louças sanitárias, que inclui as diversas
peças de lavatório e higiene.

FAIANÇA:

Os produtos faiança são compostos de massas semelhantes ao grês, mas usualmente po-
dem incorporar, diferentemente da composição do grês, fundentes carbonáticos, portado-
res dos minerais calcita e dolomita. As peças são fabricadas a temperaturas inferiores a
1250 ºC e caracterizam-se pela maior porosidade (> 3%) e menor resistência do que as
porcelanas e o grês. Seus produtos incluem aparelhos de jantar, aparelhos de chá, xícaras
e canecas, peças decorativas etc.

11.4- Principais Etapas do Processo Produtivo

11.4.1 Preparação da matéria-prima, estocagem e transporte para o processo.

Na indústria cerâmica tradicional, grande parte das matérias-primas utilizadas é natural e


obtida por mineração. Desta forma, a primeira etapa de redução de partículas e de homo-
geneização das matérias-primas é realizada na própria mineração, sendo que após esta
fase a matéria-prima ainda deve ser beneficiada (desagregada ou moída), classificada de
acordo com a granulometria e muitas vezes também purificada na indústria cerâmica.

O transporte de matérias-primas da mineração para o processamento é realizado por via


rodoviária ou ferroviária, porém, dependendo de suas características e de seu grau de pro-
cessamento, podem ainda permanecer estocadas em pátios a céu aberto, para maturação,
por cerca de seis meses. Durante esse tempo, ocorre a decomposição da matéria orgânica
presente na camada de solo, tornando a matéria-prima mais pura e homogênea para entra-
da no processo.

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Em alguns casos são utilizados armazéns para as matérias-primas, que são subdivididos
em boxes, silos de armazenamento e secagem.

Estocagem de matérias-primas

A transferência destas matérias-primas para o processo é feita por meio de gruas, correias
transportadoras, elevadores de cubeta, transportadores helicoidais, transpor-tadores pneu-
máticos e esteiras, de acordo com as características do material, como gra-nulometria, re-
sistência ao atrito e ao escoamento, temperatura, quantidade e espaço disponível, e ou-
tros.

O processo de fabricação, propriamente dito, tem início somente após essas operações.

11.4.2 Preparação da massa

As massas ou pastas cerâmicas são constituídas a partir da composição de duas ou mais


matérias-primas, além de aditivos e água.

Dessa forma, uma das etapas fundamentais do processo de fabricação de produtos cerâ-
micos é a dosagem das matérias-primas e aditivos, que deve seguir com rigor as formula-
ções de massas previamente estabelecidas. As matérias-primas devem ser adicionadas
em proporções controladas, bem misturadas e homogeneizadas, de modo a conseguir a
uniformidade física e química da massa.

Figura- dosagem para preparação da massa

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A garantia da homogeneidade da composição da massa depende do peso seco de cada


matéria-prima envolvida, sendo necessário portanto o controle de umidade dos compo-
nentes.

Os diferentes tipos de massas são preparados de acordo com a técnica a ser empregada
para dar forma às peças, e de modo geral podem ser classificadas em:

• Suspensão (também chamada de barbotina) é uma “solução” de argila para obtenção de


peças em moldes de gesso ou resinas porosas;

• Massas secas ou semi-secas, na forma sólida e granulada, para obtenção de peças por
prensagem;

• Massas plásticas, constituída de um sólido maleável, para obtenção de peças por extru-
são, seguida ou não de torneamento ou prensagem.

Figura – preparação da massa

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11.4.3 Moagem

O processo de trituração da matéria-prima na mineração fornece tamanhos de partícula


de, aproximadamente, 2mm. Porém, para conseguir uma maior redução de granulometria
(partículas de diâmetro de 1mm), faz-se necessário o uso de moinhos.

Desta forma, a massa cerâmica é encaminhada aos moinhos por meio de esteiras, geral-
mente por gravidade. Nos moinhos é realizada a moagem, juntamente com água, dando
origem à barbotina. Essa redução da granulometria serve para muitas aplicações, tais
como telhas, paredes, placas de revestimento, produtos refratários e louça de mesa.

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O mercado oferece alguns tipos de moinhos, cada um com suas características específi-
cas:

• Moinho de Bolas: a massa cerâmica é introduzida em cilindros de aproxima-damente


2,0m de diâmetro e 2,5m de comprimento, que giram na posição horizontal, apoiados em
dois eixos nas extremidades. Na parte interna, se en-contram esferas (em geral, de alumi-
na de alta densidade), responsáveis pela moagem do material;

• Moinho de Rolos: são empregados extensamente na indústria pesada da argila para de-
sintegrar, aplainar e homogeneizar as partículas de argila. O equipamento consiste em ro-
los que giram verticalmente posicionados, operando dentro de um anel exterior ao equi-
pamento. A pressão é desenvolvida entre o rolo e o anel por ação centrífuga. A massa
cerâmica pode ser introduzida no moinho com ou sem água, até atingir a granulometria
necessária;

• Moinho de Martelos: o equipamento consegue redução de tamanho das par-tículas por


força de impacto. As matérias-primas no moinho são quebradas quando golpeadas por
martelos, que giram rapidamente em seu interior;

• Moinho Corredor de Borda: são apropriados para reduzir o tamanho das par-tículas de
matérias primas plásticas. As bandejas com base perfurada asseguram a definição dos ta-
manhos das partículas, enquanto que as bandejas molhadas têm a função de permitir o
controle de água no material.

11.4.4 Formação da Peça

Existem diversos processos para dar forma às peças cerâmicas, e a seleção de cada um
deles depende fundamentalmente das características do produto, tais como geometria e
dimensões deste, propriedades das matérias-primas, fatores econômicos e outros.

A transformação das matérias-primas em corpo de forma geométrica desejada pode ocor-


rer por meio de quatro processos principais:

• Colagem/Fundição em molde

Usada basicamente quando se tem produtos feitos à base de barbotina, como xícaras e
louça sanitária, esta técnica é realizada despejando-se a barbotina num molde de gesso,
onde permanece durante um certo tempo até que a água contida na suspensão seja absor-
vida pelo gesso do molde e as partículas sólidas se acomodem em sua superfície, forman-
do o que será posteriormente a parede da peça. O produto, assim formado apresentará
uma configuração externa que reproduz a forma interna do molde de gesso. Após a fundi-
ção, os moldes são submetidos à uma injeção de ar comprimido, para expelir a água de
seu interior e permitir que os mesmos sejam reutilizados.

Atualmente tem-se difundido a fundição sob pressão em moldes de resina porosa

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• Prensagem

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Consiste na conformação de massas granuladas com baixo teor de umidade por meio de
uma prensa, sendo usada primordialmente na produção de pisos e revestimentos, embora
não se restrinja a esta aplicação.

No caso específico da cerâmica de revestimento por via úmida, antes da prensagem, a


massa cerâmica, na forma de barbotina, passa pelo processo de atomização. Nesta etapa
de processo, a barbotina é encaminhada por tubulações até o atomizador (torre de seca-
gem), o qual consiste de um cilindro, dotado de bicos pulverizadores em sua periferia in-
terna, por onde são borrifadas as gotas da barbotina. O spray da solução se mistura a um
jato de ar quente (em torno de 700°C), obtido geralmente através da queima de gás natu-
ral, resultando numa massa granulada semi-seca que será encaminhada para prensagem

Existem diversos tipos de prensa que podem ser utilizadas, porém as mais utilizadas são:

- Prensa Mecânica: bastante empregada na manufatura de produtos cerâmicos, são carre-


gadas com um volume pré-ajustado de massa cerâmica, na qual é aplicada uma
pressão(geralmente de cima para abaixo) por pistões, dirigidos pela ação de um dispositi-
vo mecânico e ajudados por volantes;

- Prensa Hidráulica: mais modernas, as prensas hidráulicas podem fornecer elevada pro-
dutividade, consistência e fácil ajuste. Muitas são providas de unidades de controle ele-
trônico, que aferem a altura das unidades e ajustam automaticamente o ciclo para assegu-
rar a uniformidade do tamanho, permitindo ajustes para uma variedade de exigências, in-
clusive para dar formas a peças refratarias complexas;

- Prensa Isostática: promove uma prensagem uniforme em toda a superfície, exigida em


alguns produtos de alta qualidade com densidade uniforme. Na prensa isostática, moldes
da borracha são enchidos com a massa cerâmica que, em seguida, é submetida a uma
pressão isostática elevada, moldando o objeto.

O princípio da prensagem isostática também é aplicado para obtenção de materiais de re-


vestimento (placas cerâmicas), onde a parte superior da prensa é revestida por uma mem-
brana polimérica e uma camada interposta de óleo, que distribui a pressão de modo uni-
forme sobre toda a superfície a ser prensada.

Outra aplicação da prensagem isostática que vem crescendo, é a fabricação de determina-


das peças do segmento de louça de mesa.

• Extrusão

Nesta atividade, a massa plástica é colocada numa extrusora, também conhecida como
maromba, onde é compactada e forçada por um pistão ou eixo helicoidal, através de bocal
com determinado formato. Como resultado obtém-se uma coluna extrudada, com seção
transversal e com o formato e dimensões desejados.

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Em seguida essa coluna é cortada, obtendo-se desse modo peças como tijolos vazados,
blocos, tubos e outros produtos de formato regular, como no caso de alguns tipos de iso-
ladores elétricos.

A extrusão pode ser uma etapa intermediária do processo de formação, seguindo-se, após
corte da coluna extrudada, a prensagem como é o caso para a maioria das telhas, ou o tor-
neamento, como para os isoladores elétricos, xícaras e pratos, entre outros.

• Torneamento

Como descrito anteriormente, o torneamento em geral é uma etapa posterior à extrusão,


realizada em tornos mecânicos ou manuais, onde a peça adquire seu formato final.

11.4.5 Secagem

Após a etapa de formação, as peças em geral ainda contém grande quantidade de água,
proveniente da preparação da massa. Para evitar tensões e, consequentemente, defeitos
nas peças (como trincas, bolhas, empenos, etc) é necessário eliminar essa água de forma
lenta e gradual até um teor suficientemente baixo, de 0,8% a 1,5% de umidade residual.

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O calor de secagem é fornecido principalmente por queimadores a gás natural, atingindo


temperaturas de 170°C. É importante para a redução do consumo energético que a seca-
gem seja rápida, eficiente e de baixo desperdício, controlando as taxas de aquecimento,
circulação de ar, temperatura e umidade. A secagem pode ser realizadas em dois tipos de
secadores, verticais ou horizontais:

• Secador Vertical: as peças são introduzidas a uma temperatura de 100ºC, elevada gradu-
almente ao longo do forno. Na parte superior do equipamento há dois queimadores a gás
natural, que aquecem o ar a temperaturas que variam de 125ºC até 170°C, eliminando o
excesso de umidade das peças para aumentar sua resistência mecânica. O material que
deixa o secador vertical na mesma temperatura de sua entrada para evitar choque térmico
com o ar à temperatura ambiente. O ciclo de secagem vertical dura entre 35 e 50 minutos,
e a umidade residual da peça fica em torno de 2%;

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• Secador Horizontal: neste caso as peças são introduzidas em diversos planos no interior
do equipamento, e se movem horizontalmente por meio de roletes. O ar quente, que entra
em contracorrente com as peças, é produzido por queimadores situados nas laterais do
forno, sendo que a temperatura máxima desse tipo de instalação é maior do que no caso
dos secadores verticais, e os ciclos de secagem menores (entre 15 e 25 minutos);

Comparativamente os secadores verticais ocupam menos espaço, e operam de forma mais


flexível em relação às variações de umidade da peça, mas os secadores horizontais conso-
mem menos energia em função da melhor disposição das peças em seu interior e da me-
nor massa a ser aquecida.

11.4.6 Esmaltação e Decoração

Após a secagem, a maioria dos produtos recebe uma camada fina e contínua de um mate-
rial denominado esmalte ou vidrado, que após a queima adquire aspecto vítreo. Esta ca-
mada contribui para o aspecto estético, higiênico e melhora algumas das propriedades fí-
sicas, principalmente de resistência mecânica e elétrica.

A composição dos esmaltes (vidrados) é bastante variada, e sua formulação depende das
características do corpo cerâmico, das características finais do esmalte e da temperatura
de queima. Sua preparação ocorre na forma de uma suspensão aquosa, cuja viscosidade é
ajustada para cada tipo de aplicação.

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Os esmaltes (vidrados) podem ser do tipo cru, esmalte de fritas ou uma mistura de ambos:

- Esmalte cru: mistura de matérias-primas com granulometria fina, aplicado na forma de


suspensão à superfície da peça cerâmica. Na operação de queima se funde e adere ao cor-
po da peça, adquirindo o aspecto vítreo durante o res-friamento. Esse tipo de vidrado é
aplicado em peças que são queimadas em temperaturas superiores a 1200ºC, como sanitá-
rios e peças de porcelana.

- Esmalte de Fritas: diferem dos crus por terem em sua constituição um material denomi-
nado “frita”, composto vítreo insolúvel em água que é obtido por fusão e posterior resfri-
amento brusco de misturas controladas de matérias-primas. O processo de fritagem impli-
ca na insolubilização dos componentes solúveis em água após tratamento térmico, em ge-
ral entre 1300ºC e 1500ºC, quando ocorre a fusão das matérias-primas e a formação de
um vidro. Os esmaltes contendo fritas são utilizados em produtos submetidos a tempera-
turas inferiores a 1200ºC.

A aplicação dos esmaltes no corpo cerâmico pode ser realizada de diferentes maneiras, e
sua escolha depende da forma, tamanho, quantidade e estrutura das peças, incluindo tam-
bém o efeito que se deseja obter na superfície esmaltada. Entre estas técnicas po-demos
citar: imersão, pulverização, campânula, cortina, disco, gotejamento e aplicação em cam-
po elétrostático. Em muitas indústrias, e dependendo do segmento cerâmico, o setor da
esmaltação é totalmente automatizado.

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Muitos materiais também são submetidos a uma decoração, a qual pode ser feita por di-
versos métodos como serigrafia, decalcomania, pincel e outros. Nestes casos são utiliza-
das tintas que adquirem suas características finais após a queima das peças.

A decoração através de telas (silkscreen) é uma das técnicas mais difundidas, devido à fa-
cilidade da aplicação nas linhas de vitrificação. A técnica consiste em imprimir a decora-
ção por meio de uma ou mais telas que contém aberturas apenas na região do desenho a
ser reproduzido e por onde as tintas penetram pela força de um rolo, imprimindo assim a
figura desejada na superfície da cerâmica.

Outra forma de decoração bastante utilizada é a de rolo, que consiste numa seqüência de
três rolos por onde as peças passam e recebem a decoração.

11.4.7 Queima

Na operação de queima, conhecida também por sinterização, os produtos adquirem suas


propriedades finais, sendo de fundamental importância na fabricação dos produtos cerâ-
micos. Da eficiência desta etapa dependem o desenvolvimento das propriedades finais
destes produtos, as quais incluem seu brilho, cor, porosidade, estabilidade di-mensional,
resistência à flexão, ao gretamento, a altas temperaturas, à água, ao ataque de agentes quí-
micos, e outros. Em função desta importância é fundamental o projeto e a instalação cor-
reta dos fornos, a fim de garantir uma combustão eficiente.

O processo de queima ocorre em seguida à secagem e à esmaltação, sendo que a primeira


tem o papel de reduzir a umidade, prevenindo o excesso de água na peça e as conseqüen-
tes trincas provocadas pelo surgimento de bolhas de vapor. Desta forma, após a redução
da umidade e o recebimento da camada de esmalte, as peças são encaminhadas para for-
nos contínuos ou intermitentes e submetidas a um tratamento térmico entre 800ºC e
1.700ºC. A operação atua em três fases, que são: aquecimento da temperatura ambiente
até a temperatura desejada; patamar durante certo tempo na temperatura especificada e
resfriamento até temperaturas inferiores a 200ºC.

Em função do tipo de produto, o ciclo de queima nas três fases pode variar de alguns mi-
nutos até vários dias. Durante esse tratamento ocorre uma série de transformações em
função dos componentes da massa, tais como: perda de massa, desenvolvimento de novas
fases cristalinas, formação de fase vítrea e a soldagem dos grãos. Desta forma, em função

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do tratamento térmico e das características das diferentes matérias-primas, são obtidos


produtos para as mais diversas aplicações.

As reações provocadas nas várias etapas do ciclo de queima, constituem a base das segu-
intes conversões físicas e químicas:

- Até 100°C: eliminação da água livre não eliminada totalmente na secagem;

- ~ 200°C: elimina-se a água coloidal, que permanece intercalada entre as pequenas partí-
culas de argila;

- De 350 a 650°C: combustão das substancias orgânicas contidas na argila;

- De 450 a 650°C: decomposição da argila com liberação de vapor;

- ~ 570°C: rápida transformação do quartzo;

- Acima de 700°C: reações químicas da sílica com a alumina, formando sílico-aluminatos


complexos que dão ao corpo cerâmico suas características de dureza, estabilidade, resis-
tência física e química;

- De 800 a 950°C: carbonatos se decompõem e liberam CO2 ;

- Acima de 1000°C: os sílico-aluminatos que estão em forma vítrea começam amolecer,


assimilando as partículas menores e menos fundentes, dando ao corpo maior dureza,
compatibilidade e impermeabilidade.

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Os fornos utilizados, em geral, são do tipo contínuos (cameras hoffmann, tunel, rolamen-
to) ou intermitentes (periódicos).

11.4.8 Acabamento

Normalmente, a maioria dos produtos cerâmicos é retirada dos fornos, inspecionada e re-
metida ao consumo. No entanto, alguns produtos requerem processamento adicional para
atender a algumas características que não são possíveis de serem obtidas durante o pro-
cesso de fabricação. O processamento pós-queima recebe o nome genérico de acabamen-
to e pode incluir polimento, corte, furação, entre outros.

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11.4.9 Classificação e Embalagem

Ao deixarem o forno, as peças resfriadas e acabadas são classificadas e embaladas, finali-


zando o processo de fabricação. O controle de qualidade do produto considera sua regula-
ridade dimensional, aspecto superficial e características mecânicas e químicas. A análise
dos aspectos superficiais e das características mecânicas, tais como cor, trinca e empeno
das peças é feita visualmente por um técnico e, em função do defeito encon-trado, o pro-
duto é codificado e classificado numa linha pelos embaladores e, na outra, por um sistema
automatizado de embalagem. A análise dos aspectos dimensionais da peça é feita median-
te sistemas automáticos (equipamentos mecânicos).

Após passar pelo controle de qualidade o produto é acondicionado em pallets de madeira


e armazenado para comercialização.

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11.5- Fluxogramas Específicos Cerâmica Branca

A seguir são apresentados exemplos de fluxogramas específicos da etapa de fabricação de


alguns produtos do Setor Cerâmico. As operações apresentadas em cada caso representam
uma possibilidade de configuração e não são, necessariamente, a regra para todas as em-
presas do setor. Os fluxogramas incluem os principais aspectos ambientais, ou seja, as en-
tradas e saídas de matéria e energia do processo.

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12.0- CERAMICA VERMELHA

12.1- INTRODUÇÃO
Os produtos da cerâmica vermelha caracterizam-se pela cor vermelha de seus produtos,
representados por tijolos, blocos, telhas, tubos, lajes para forro, lajotas, vasos ornamen-
tais, agregados leve de argila expandida e outros.

12.2- PROCESSO TECNOLÓGICO

12.2.1- Processos produtivos da cerâmica vermelha:

• Processo da matéria-prima: Coleta, sazonamento, e estoque e mistura

• Processo de beneficiamento: Misturador, laminador e misturador

• Processo de fabricação: Extrusão, corte e prensa.

12.2.2- Etapas defabricação de cerâmica vermelha:

• Preparação da massa: O material é separado e formam-se montes de argila para


serem homogeneizados.

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EXTRAÇÃO DA ARGILA

• Caixão alimentador: Separação da quantidade necessária à produção, que em se-


guida é levada para os desintegradores.
CAIXÃO ALIMENTADOR

• Desintegradores: Nessa fase, a umidade deverá variar entre 16% e 25%, para evi-
tar perdade eficiência.

O Desintegrador é indicado quando a argila se apresenta em estado natural, com


baixa porcentagem de umidade e endurecida, formando torrões compactos e muito
resistentes à ação homogeneizadora normal da argila.

No Desintegrador são separados os pequenos corpos estranhos eventualmente


contidos na argila como também é executada uma pré-laminação, em se conside-
rando que a passagem mínima entre os cilindros é de apenas 2 a 3 mm.

Funcionamento: O Desintegrador compõe-se de 2 cilindros.


O cilindro maior (A), liso, gira, em baixa velocidade e tem a função de manter
uma alimentação constante de material. O cilindro menor (B) com facas, girando
em alta velocidade, quebra os torrões mais duros de argilas secas, ou semi-secas,
proporcionando um material uniforme e facilitando o trabalho das demais máqui-
nas usadas na fase de preparação para a extrusão.

DESINTEGRADOR

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• Misturador: No misturador, a mistura é homogeneizada.

A principal função do Misturador é a de misturar eficientemente os diversos tipos


de argilas empregadas na Indústria Cerâmica. Por este Processo pode-se misturar
vários tipos de argila numa só operação, promovendo também o umedecimento e
a homogeneização da massa.

A mistura correta tanto é útil para a argila repousada e antecipadamente umedeci-


da, como para aquela que é umedecida no próprio Misturador.

MISTURADOR

• Laminador: A massa é amassada em formato de lâminas, em seguida, levada à


maromba.

O Laminador Refinador é uma máquina importante no processo cerâmico e com-


plementa o trabalho do Misturador Horizontal, triturando a argila.

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Com o Laminador Refinador a argila, os pedriscos, grãos de pedras calcárias e


outros materiais semelhantes são fracionados, laminados e misturados à massa
cerâmica, melhorando a ação do vácuo.

O Laminador Refinador completa a homogeneização da argila, evita as perdas na


produção e proporciona produtos com melhor acabamento.

LAMINADOR

• Extrusora ou maromba: Campacta uma massa plástica, numa câmara de alta


pressão, a vácuo, contra o molde do formato desejado.
Possantes calcadores comprimem a argila previamente preparada, obrigando-a a
atravessar duas grelhas inclinadas e convergentes.
Ao passar pelas grelhas processa-se a retirada do ar da argila na câmara de vácuo
que é o espaço livre entre as grelhas e o caracol.
Abaixo das grelhas um jogo de caracóis, de passo variável, efetua a extrusão
através da boquilha configurando o produto cerâmico a ser produzido.

EXTRUSORA OU MAROMBA

• Cortador: Um fino cabo de aço corta a peça na dimensão desejada.


O cortador automático possui comandos elétricos e mecânicos independentes,
para acionamento dos cortes e dos ajustes com a velocidade de saída dos produtos
a serem cortados, permitindo a sua adaptação fácil e segura a qualquer maromba.
O corte se processa no sentido vertical, alternadamente, de cima para baixo e de
baixo para cima, com até 3 arames, de acordo com o tipo e comprimento do
produto a ser cortado.

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CORTADOR AUTOMÁTICO

• Secagem: Durante a secagem, o teor de umidade das peças é reduzido de uma


taxa de20 a 30% para 5%.

12.2.3- TIPOS DE SECAGEM:


• natural (exposição das peças ao ar livre); ou
• forçada (secadores intermitentes ou contínuos).

Na Cerâmica V.S. Mendes e Cia LTDA é utilizada o processo de secagem Natural,


onde as peças cerâmicas são colocadas em pátios externos expostos ao sol.

SECAGEM NATURAL AO SOL

12.2.4- Queima: Peças secas são submetidas aos fornos para adquirirem as características
e propriedades desejadas. A queima pode ser feita nos seguintes tipos de fornos:
• Chama direta – tipo caipira, garrafão e caieira;
• Chama reversível – tipo abóboda, Catarina, Corujinha e Paulista;
• Contínuos – do tipo Hoffman;
• Túnel;
• Plataforma (intermitentes);
• Vagão ou gaveta.

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Todos esses tipos podem usar como material de combustão: lenha,bagaço de cana, óleo
combustível, etc.

Na Cerâmica Campos LTDA é utilizado o forno tipo abóbora e utilizado como


combustível a “lenha proveniente da poda do cajueiro”.

FORNO

12.2.5- Estocagem e expedição: Depois de retirados do fornos as peças passam por uma
seleção, sendo retiradas as peças defeituosa para descarte.

ESTOCAGEM E EXPEDIÇÃO

12.2.6- FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CERÂMICA


VERMELHA

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13.0- MATERIAIS REFRATÁRIOS

13.1- CARACTERISTICAS

São materiais capazes de suportar altas temperaturas sem perca de suas propriedades físi-
co-químicas (resistência, condutividade térmica e elétrica).

• Pouco fundente;

• Suportam Elevadas temperaturas;

• Pequena vitrificação;

• Baixa porosidade;

• Alta resistividade térmica.

Com o objetivo de reduzir ao máximo a vitrificação, os aglutinantes são utilizados em


quantidades mínimas.

Nos refratários isolantes, quanto maior a porosidade, quanto maior a porosidade, maior a
eficiência.

13.2- CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO AS SUAS PROPRIEDADES QUÍMICAS

• Básicos: Magnesita (MgCO3) 3

• Ácidos: Sílica (SiO2)

• Neutros: Argila

13.3- CARACTERÍSTICAS QUANTO A POROZIDADE

• Quanto maior a porosidade, mais susceptível a ataques.

• Quanto menor, maior a condutividade térmica, a resistência e a capacidade calorí-


fica.

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13.4- RESISTÊNCIA A MODIFICAÇÕES DE TEMPERATURA E A CONDUTIVI-


DADE TÉRMICA

Os tijolos com menor expansão térmica, a textura mais grosseira são mais resistentes a rá-
pida mudança de temperatura.

Condutividade térmica: Quanto maior a condutividade térmica mais elevada a condutivi-


dade.

13.5- PROCESSO DE FABRICAÇÃO DOS REFRATÁRIOS

• Fabricação de refratários:

• Moagem;

• Peneiramento;

• Mistura;

• Prensagem e reprensagem;

• Secagem;

• Queima ou vitrificação.

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14.0-REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS

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Belo Horizonte: METAMIG.
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• Associação Brasileira de Cerâmicas
• Associação Nacional da Indústria Cerâmica. ANICER: Disponível em
http://www.anicer.com.br/dados.html>. Acesso em: 21 jun. 2004.
• Centro Cerâmico do Brasil. Apostila de Cerâmica Artística.
• Centro Cerâmico do Brasil. Apostila de Revestimento Cerâmico.
• COMIN (2005). Cerâmicas do Estado da Bahia: Caracterização Tecnológica,
Disponibilidade de Matérias-Primas, Diagnóstico Operacional e Cadastro.
Adalberto de Figueredo Ribeiro – Coordenador. Salvador SICM/SIM/COMIN.
(Série Estudos Técnicos de Geologia, Mineração, Tecnologia e Economia Mineral
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• Indústrias Brasileiras de Artigos Refratários http://www.ibar.com.br/
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estudo de caso em Santa Gertrudes, a nova capital da cerâmica brasileira.
• SHEREVE, R. N.; Indústrias de Processos Químicos, Guanabara (1997)
• SILVA, R. W. S.; MOTTA, J. F. M.; CABRAL JUNIOR, M. (Coord.) (2003).
Catálogo de matérias-primas cerâmicas da Bahia. Salvador: CBPM: IPT.

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Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

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