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CAPÍTULO 4
Curitiba, 2019
SUMÁRIO
4.1 INTRODUÇÃO
A gestão ou gerenciamento de materiais consiste na integração das funções de
suporte desde os fornecedores até os clientes finais, compreende o abastecimento
contínuo (suprimento) dos itens que entram nas empresas, sejam para fabricação
dos produtos ou para subsidiar todas as ações que dependam de materiais para
serem realizadas como matéria prima, materiais de escritório, embalagens, etc. A
figura 4.1-1 ilustra a logística do gerenciamento de materiais. A finalidade da gestão
de materiais é otimizar os investimentos em estoques, pois os custos que a
empresa possui para funcionar, nada mais são do que o capital empregado em
mercadorias ou produtos que estão sujeitos a degradação, depreciação ou
vencimento.
O uso eficiente dos meios de planejamento e controle (P&C) (coordenação
da logística de materiais) é o objetivo desta atividade e com isto, é possível contribuir
para a maximização do lucro sobre o capital investido.
Para atender de forma eficaz aos clientes, isto é, que o fluxo de saída
corresponda à demanda, é necessário coordenar as atividades de transporte,
movimentação, fabricação, montagem, estocagem, venda, etc, que se encontram ao
longo da cadeia. Isto só será possível se houver uma troca de informações entre as
diferentes controláveis (pontos de controle) do sistema. Além disto, em razão da
variabilidade e da incerteza referentes às demandas dos clientes, aos prazos de
entrega e de fabricação, na prática, não é possível obter bons resultados somente
reagindo aos eventos à medida que ocorrem
A gestão dos fluxos de mercadorias ou materiais na rede exige um conjunto de
processos de planejamento e controle. A capacidade, o volume e a vazão são
elementos fundamentais de qualquer sistema de P&C, do qual a informação é a
matéria prima. Na prática podem ser adotados várias formas de gerenciamento,
dependendo de como é transmitida a informação pelo sistema e das decisões
tomadas em temos de P&C e das regras de gestão usadas
Os custos logísticos incorridos, a qualidade dos serviços prestados aos clientes
e, em particular, os tempos de ciclos da cadeia logística (venda, distribuição, produção
e suprimento) dependem diretamente da estratégia de gestão escolhida. Cada um dos
elos da cadeia corresponde a um ciclo de atividade que tem início por meio de um
evento desencadeador (p. ex., chegada de um cliente ao armazém, inclusão de um
pedido num sistema de gestão de estoques). Todas estas atividades exigem tempo e
o tempo total do ciclo depende diretamente dos métodos de operação implantados e
da estratégia da gestão utilizada.
Alguns comportamentos de gestão são problemáticos, algumas empresas
resolveram investigar o comportamento dos pedidos de produtos. Em certos casos a
variabilidade da Demanda na cadeia era maior quanto mais distante era o ponto de
consumo, isto é o chamado efeito chicote. Garcia et al. (2006) observam que quando
as decisões logísticas são tomadas de forma independente, o que ocorre é uma
variabilidade maior da demanda à medida que se percorre a cadeia logística no
sentido dos fornecedores. Quando um elo da cadeia não tiver informação sobre a
venda aos consumidores, ele deverá basear-se nos pedidos que foram transmitidos a
montante na cadeia para prever sua demanda, planejar a sua capacidade, controlar
seus estoques ou programar sua produção. A demanda artificial variável, se traduz
por estoques excessivos, capacidade insuficiente ou excedente, serviços de baixa
qualidade.
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
__________________________________________________________________________________________
No caso (2), utiliza-se com muita frequência, é a primeira que vem a mente dos
que não tem bom conhecimento de logística, já comentado. Neste caso, ocorre o
problema do efeito chicote, pedidos de forma isolada. Quando a informação se dá no
sentido dos fornecedores, cada elemento a jusante para se proteger emite estoques
desnecessários, aumentando a quantidade de itens desnecessários. O Varejista com
base na demanda do consumidor e informações de estoques a montante emite ordens
de serviço e elabora pedidos conforme visualiza somente os elementos da cadeia de
suprimentos mais próximos.
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
__________________________________________________________________________________________
1
http://sistemaserp.org/o-que-e-erp/
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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os APS é uma prova disto. A SAP oferece o seu próprio produto de planejamento
avançado como a (APO), advanced planner and optimizer, entre outras
Outros sistemas como (APS) Advanced Planning Systems, surgiram para
preencher lacunas.
Na gestão de materiais ganha destaque a função compras, pois o início do lucro
ou prejuízo começa no momento em que a compra é realizada, já que caso seja bem-
sucedida a economia auxiliará proporcionando um custo menor sobre o cálculo do
preço de venda e mais ou menos recursos para efetivação do trabalho na organização.
As atividades de gerenciamento de materiais complementam a gestão do
próprio processo produtivo. É necessário determinar os níveis de estoque a serem
mantidos, o tamanho dos lotes de compra e a freqüência de aquisição, para garantir
que o processo produtivo, e principalmente o mercado, não fique desabastecido.
As organizações precisam administrar vários tipos de materiais que são
necessários para a realização das suas atividades. A administração dos estoques
desses materiais é uma função rotineira, com maior ou menor representatividade
dentre as tarefas realizadas, dependendo do tipo de organização em questão. Nas
organizações industriais, por exemplo, os inventários são bastante representativos,
enquanto em determinadas empresas de serviços podem ser quase inexistentes,
restringindo-se, talvez, a material de limpeza e alguns poucos itens de escritório. Os
tipos de materiais comumente encontrados em organizações do tipo industrial são
matérias-primas, componentes, materiais em processo e produtos acabados ou
mercadorias. Além destes materiais, ligados ao processo produtivo, podem existir
outros tipos de materiais complementares, os quais também podem formar estoques
que precisam ser administrados, como peças de reposição para equipamentos e
materiais de manutenção, expediente, limpeza e segurança. A seguir, será explicado
em que consiste cada um desses materiais
9
Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
__________________________________________________________________________________________
Custo de estocagem
Os principais componentes de custo envolvidos na estocagem ou mobilização
de estoques de determinado volume de itens são:
• Custo do capital investido: talvez este seja o componente mais expressivo
do custo de estocagem. É representado pela falta de remuneração financeira
do capital, que permanece "empatado" em estoques. Juros pagos por
empréstimos eventualmente tomados para financiar a operação também
devem ser computados.
• Custo de utilização do espaço de armazenagem: estoques ocupam espaço
físico. Os custos associados a esta ocupação são, na maioria das vezes,
representados pelo custo interno por metro quadrado deste espaço ou pelo
aluguel externo, quando necessário.
• Custo de Manutenção dos Estoques
Além disto, danos ocorridos na movimentação e armazenagem dos
materiais, necessidade de prateleiras, iluminação, almoxarifes, segurança,
acréscimo nos custos de apólices de seguro, necessidade de condições
específicas (por exemplo, temperatura controlada ou necessidade de
refrigeração), cuidados especiais com materiais inflamáveis, entre outros,
também precisam ser levados em conta. Os custos de movimentação e
armazenagem não são facilmente quantificáveis, o que faz com que seu real
impacto sobre o resultado produtivo não seja, normalmente, levado em
consideração.
• Custo do risco de deterioração ou obsolescência: muitos materiais como
alimentos, tintas, adesivos etc., se deterioram com o passar do tempo e, por
isto, apresentam prazo de validade. Alguns materiais podem estar sujeitos à
corrosão ou perda de suas propriedades químicas ou físicas. Outros podem
se tornar obsoletos rapidamente, pelo surgimento de novos produtos ou
novas tecnologias mais modernas. Quanto maior o risco de deterioração ou
obsolescência, maior o custo envolvido na manutenção de estoques.
na prática pode ser difícil quando avaliamos, por exemplo, os custos de utilização de
armazenamento, podendo ter custos fixos ou semifixos.
Muitos autores mencionam que deve-se incluir os custos operacionais do
armazém, de energia elétrica, segurança, neste caso não, pois não varia em função
dos níveis de estoques, são custos fixos. Os custos de movimentação também, pois
é o mesmo até atingir um determinado nível de estoque.
Exemplo:
O setor de embalagens de uma fábrica, consome 1.000 unidades por mês.
Supondo que a empresa adquira a um custo de R$ 20,00 cada, que o frete
praticado é de R$ 40,00 por viagem e que o custo de oportunidade de captação
de recursos financeiros é da ordem de 5% ao mês, qual o tamanho do lote de
compra que minimiza o custo total?
𝐿𝐶 𝐷
𝐶𝑇 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 + Custo do Pedido = (𝑖𝑥𝑈𝑥 ) + (𝐶𝑃 𝑥 )
2 𝐿𝐶
𝐿𝐶 1000
𝐶𝑇 = 𝐶𝐸 + C𝑃𝑇 = (0,05𝑥20𝑥 ) + (40𝑥 )
2 𝐿𝐶
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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𝑑𝐶𝑇 1 𝐷
= 0 = (𝑖𝑥𝑈) − (𝐶𝑃 𝑥 2 ) 4.5
𝑑𝐿𝐶 2 𝐿𝐶
1 𝐷
(𝑖𝑥𝑈) = (𝐶𝑃 𝑥 2 ) 4.6
2 𝐿𝐶
2𝐶𝑃 𝐷
𝐿𝐸𝐶 = √ 4.7
𝑖𝑈
2𝐶𝑃 𝐷 2𝑥40,00𝑥1000
𝐿𝐸𝐶 = √ =√ = 282,84 283 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑖𝑈 0,05𝑥20
𝐷𝑥 𝑖𝑥 𝑈
𝑁𝐸𝑃 = √ 4.9
2𝑥𝐶𝑃
𝐷 = 𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
CP = Custo de 1 pedido
𝑖 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑜𝑢 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑜𝑟𝑡𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑈 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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283 1000
𝐶𝑇(𝐿𝐸𝐶) = (0,05𝑥20𝑥 ) + (40𝑥 ) = 282,84
2 283
O custo de cada pedido unitário deve ser reduzido em N2 vezes. Para reduzir o
lote econômico de compras pela metade, o custo de um pedido precisa ser reduzido
a um quarto do valor.
Exemplo:
A empresa de embalagem mencionada, deseja diminuir o lote de compra
de 283 unidades para 100 unidades, qual deveria ser o custo de cada pedido
para que 100 unidades representassem o novo lote econômico de compra?
Exemplo:
Uma empresa regional pretende comercializar 450 toneladas de papel no
próximo ano para diversos distribuidores, a demanda mensal é constante e a
empresa paga R$3500,00 por bobina de uma tonelada de papel, a taxa de
manutenção destes estoques foi estimada em 10% ao ano e o custo de frete é
de R$ 1.300,00 por entrega. Pergunta-se:
2𝐶𝑃 𝐷 2𝑥1300𝑥450
𝐿𝐸𝐶 = √ → =√ → 𝐿𝐸𝐶 = 58 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠
𝑖𝑈 0,10𝑥3500
𝐷 450
𝑁𝐸𝐶 = = = 8 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑔𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑛𝑜
𝐿𝐸𝐶 58
365
𝐼𝑁𝑇 = = 46 𝑑𝑖𝑎𝑠
8
Giro do Estoque
Outro parâmetro fundamental é o giro do estoque IG, definido como a demanda
por período dividida pelo estoque médio. Este é um indicador de desempenho usado
em muitas empresas.
𝐷 2𝐷 (𝑖𝑈)
𝐼𝐺 = =√
𝐿𝐸𝐶 𝐶𝑃
( 2 )
Exemplo:
Suponha que uma empresa sediada na Região Metropolitana de Curitiba
compra seus produtos de fornecedores distintos do Rio de Janeiro, consumindo
mensalmente 300 sacos do produto A, a um custo de R$ 200,00 por saca, 250
sacas de B, que custam R$ 285,00 a saca e 200 toneis de C, a um custo de R$
380,00. A empresa adquire um frete fixo do Rio de Janeiro a RMC, no valor de
R$ 900,00 por viagem (correspondente a R$ 100,00 por cada coleta e R$ 800,00
pelo traslado). Supondo que o custo de oportunidade seja de 22% ao ano, há
duas opções: fazer os pedidos independente ou das três matérias-primas
conjuntamente.
Solução
𝐷𝑥 𝑖𝑥 𝑈
𝑁𝐸𝑃 = √ 4.9
2𝑥𝐶𝑃
Como devem ser feitos aproximadamente 16 pedidos por ano para todos os
materiais, a quantidade adquirida (Lote de compra) para cada um dos itens de material
será a demanda anual dividida pelo número de pedidos, desta forma:
300𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐴 = = 225 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐴
16
2500𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐵 = = 188 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 𝐵
16
200𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐶 = = 150 𝑡𝑜𝑛é𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝐶
16
Convém observar que o custo fixo de transporte dos três itens de material foi
calculado como sendo o custo total de R$ 1.100,00 dividido por três, afinal os três
itens são transportados no mesmo caminhão. Poderia ter sido utilizado algum outro
critério para o rateio deste custo entre as três matérias primas, mas, no fim das contas,
isto não interferiria no custo total logístico, que é a soma dos custos totais individuais,
como mostrados a seguir.
O custo logístico total para pedidos agregados:
𝐶𝑇𝐴𝐺 = 𝐶𝑇𝐴 + 𝐶𝑇𝐵 + 𝐶𝑇𝐶 = 𝑅$ 10816,67 + 𝑅$ 11744,79 + 𝑅$ 12136,67 = 𝑅$34698,12
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SUMÁRIO
4.1 INTRODUÇÃO
A gestão ou gerenciamento de materiais consiste na integração das funções de
suporte desde os fornecedores até os clientes finais, compreende o abastecimento
contínuo (suprimento) dos itens que entram nas empresas, sejam para fabricação
dos produtos ou para subsidiar todas as ações que dependam de materiais para
serem realizadas como matéria prima, materiais de escritório, embalagens, etc. A
figura 4.1-1 ilustra a logística do gerenciamento de materiais. A finalidade da gestão
de materiais é otimizar os investimentos em estoques, pois os custos que a
empresa possui para funcionar, nada mais são do que o capital empregado em
mercadorias ou produtos que estão sujeitos a degradação, depreciação ou
vencimento.
O uso eficiente dos meios de planejamento e controle (P&C) (coordenação
da logística de materiais) é o objetivo desta atividade e com isto, é possível contribuir
para a maximização do lucro sobre o capital investido.
Para atender de forma eficaz aos clientes, isto é, que o fluxo de saída
corresponda à demanda, é necessário coordenar as atividades de transporte,
movimentação, fabricação, montagem, estocagem, venda, etc, que se encontram ao
longo da cadeia. Isto só será possível se houver uma troca de informações entre as
diferentes controláveis (pontos de controle) do sistema. Além disto, em razão da
variabilidade e da incerteza referentes às demandas dos clientes, aos prazos de
entrega e de fabricação, na prática, não é possível obter bons resultados somente
reagindo aos eventos à medida que ocorrem
A gestão dos fluxos de mercadorias ou materiais na rede exige um conjunto de
processos de planejamento e controle. A capacidade, o volume e a vazão são
elementos fundamentais de qualquer sistema de P&C, do qual a informação é a
matéria prima. Na prática podem ser adotados várias formas de gerenciamento,
dependendo de como é transmitida a informação pelo sistema e das decisões
tomadas em temos de P&C e das regras de gestão usadas
Os custos logísticos incorridos, a qualidade dos serviços prestados aos clientes
e, em particular, os tempos de ciclos da cadeia logística (venda, distribuição, produção
e suprimento) dependem diretamente da estratégia de gestão escolhida. Cada um dos
elos da cadeia corresponde a um ciclo de atividade que tem início por meio de um
evento desencadeador (p. ex., chegada de um cliente ao armazém, inclusão de um
pedido num sistema de gestão de estoques). Todas estas atividades exigem tempo e
o tempo total do ciclo depende diretamente dos métodos de operação implantados e
da estratégia da gestão utilizada.
Alguns comportamentos de gestão são problemáticos, algumas empresas
resolveram investigar o comportamento dos pedidos de produtos. Em certos casos a
variabilidade da Demanda na cadeia era maior quanto mais distante era o ponto de
consumo, isto é o chamado efeito chicote. Garcia et al. (2006) observam que quando
as decisões logísticas são tomadas de forma independente, o que ocorre é uma
variabilidade maior da demanda à medida que se percorre a cadeia logística no
sentido dos fornecedores. Quando um elo da cadeia não tiver informação sobre a
venda aos consumidores, ele deverá basear-se nos pedidos que foram transmitidos a
montante na cadeia para prever sua demanda, planejar a sua capacidade, controlar
seus estoques ou programar sua produção. A demanda artificial variável, se traduz
por estoques excessivos, capacidade insuficiente ou excedente, serviços de baixa
qualidade.
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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No caso (2), utiliza-se com muita frequência, é a primeira que vem a mente dos
que não tem bom conhecimento de logística, já comentado. Neste caso, ocorre o
problema do efeito chicote, pedidos de forma isolada. Quando a informação se dá no
sentido dos fornecedores, cada elemento a jusante para se proteger emite estoques
desnecessários, aumentando a quantidade de itens desnecessários. O Varejista com
base na demanda do consumidor e informações de estoques a montante emite ordens
de serviço e elabora pedidos conforme visualiza somente os elementos da cadeia de
suprimentos mais próximos.
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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http://sistemaserp.org/o-que-e-erp/
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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os APS é uma prova disto. A SAP oferece o seu próprio produto de planejamento
avançado como a (APO), advanced planner and optimizer, entre outras
Outros sistemas como (APS) Advanced Planning Systems, surgiram para
preencher lacunas.
Na gestão de materiais ganha destaque a função compras, pois o início do lucro
ou prejuízo começa no momento em que a compra é realizada, já que caso seja bem-
sucedida a economia auxiliará proporcionando um custo menor sobre o cálculo do
preço de venda e mais ou menos recursos para efetivação do trabalho na organização.
As atividades de gerenciamento de materiais complementam a gestão do
próprio processo produtivo. É necessário determinar os níveis de estoque a serem
mantidos, o tamanho dos lotes de compra e a freqüência de aquisição, para garantir
que o processo produtivo, e principalmente o mercado, não fique desabastecido.
As organizações precisam administrar vários tipos de materiais que são
necessários para a realização das suas atividades. A administração dos estoques
desses materiais é uma função rotineira, com maior ou menor representatividade
dentre as tarefas realizadas, dependendo do tipo de organização em questão. Nas
organizações industriais, por exemplo, os inventários são bastante representativos,
enquanto em determinadas empresas de serviços podem ser quase inexistentes,
restringindo-se, talvez, a material de limpeza e alguns poucos itens de escritório. Os
tipos de materiais comumente encontrados em organizações do tipo industrial são
matérias-primas, componentes, materiais em processo e produtos acabados ou
mercadorias. Além destes materiais, ligados ao processo produtivo, podem existir
outros tipos de materiais complementares, os quais também podem formar estoques
que precisam ser administrados, como peças de reposição para equipamentos e
materiais de manutenção, expediente, limpeza e segurança. A seguir, será explicado
em que consiste cada um desses materiais
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Capítulo 4 Gerenciamento de Materiais
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Custo de estocagem
Os principais componentes de custo envolvidos na estocagem ou mobilização
de estoques de determinado volume de itens são:
• Custo do capital investido: talvez este seja o componente mais expressivo
do custo de estocagem. É representado pela falta de remuneração financeira
do capital, que permanece "empatado" em estoques. Juros pagos por
empréstimos eventualmente tomados para financiar a operação também
devem ser computados.
• Custo de utilização do espaço de armazenagem: estoques ocupam espaço
físico. Os custos associados a esta ocupação são, na maioria das vezes,
representados pelo custo interno por metro quadrado deste espaço ou pelo
aluguel externo, quando necessário.
• Custo de Manutenção dos Estoques
Além disto, danos ocorridos na movimentação e armazenagem dos
materiais, necessidade de prateleiras, iluminação, almoxarifes, segurança,
acréscimo nos custos de apólices de seguro, necessidade de condições
específicas (por exemplo, temperatura controlada ou necessidade de
refrigeração), cuidados especiais com materiais inflamáveis, entre outros,
também precisam ser levados em conta. Os custos de movimentação e
armazenagem não são facilmente quantificáveis, o que faz com que seu real
impacto sobre o resultado produtivo não seja, normalmente, levado em
consideração.
• Custo do risco de deterioração ou obsolescência: muitos materiais como
alimentos, tintas, adesivos etc., se deterioram com o passar do tempo e, por
isto, apresentam prazo de validade. Alguns materiais podem estar sujeitos à
corrosão ou perda de suas propriedades químicas ou físicas. Outros podem
se tornar obsoletos rapidamente, pelo surgimento de novos produtos ou
novas tecnologias mais modernas. Quanto maior o risco de deterioração ou
obsolescência, maior o custo envolvido na manutenção de estoques.
na prática pode ser difícil quando avaliamos, por exemplo, os custos de utilização de
armazenamento, podendo ter custos fixos ou semifixos.
Muitos autores mencionam que deve-se incluir os custos operacionais do
armazém, de energia elétrica, segurança, neste caso não, pois não varia em função
dos níveis de estoques, são custos fixos. Os custos de movimentação também, pois
é o mesmo até atingir um determinado nível de estoque.
Exemplo:
O setor de embalagens de uma fábrica, consome 1.000 unidades por mês.
Supondo que a empresa adquira a um custo de R$ 20,00 cada, que o frete
praticado é de R$ 40,00 por viagem e que o custo de oportunidade de captação
de recursos financeiros é da ordem de 5% ao mês, qual o tamanho do lote de
compra que minimiza o custo total?
𝐿𝐶 𝐷
𝐶𝑇 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 + Custo do Pedido = (𝑖𝑥𝑈𝑥 ) + (𝐶𝑃 𝑥 )
2 𝐿𝐶
𝐿𝐶 1000
𝐶𝑇 = 𝐶𝐸 + C𝑃𝑇 = (0,05𝑥20𝑥 ) + (40𝑥 )
2 𝐿𝐶
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𝑑𝐶𝑇 1 𝐷
= 0 = (𝑖𝑥𝑈) − (𝐶𝑃 𝑥 2 ) 4.5
𝑑𝐿𝐶 2 𝐿𝐶
1 𝐷
(𝑖𝑥𝑈) = (𝐶𝑃 𝑥 2 ) 4.6
2 𝐿𝐶
2𝐶𝑃 𝐷
𝐿𝐸𝐶 = √ 4.7
𝑖𝑈
2𝐶𝑃 𝐷 2𝑥40,00𝑥1000
𝐿𝐸𝐶 = √ =√ = 282,84 283 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
𝑖𝑈 0,05𝑥20
𝐷𝑥 𝑖𝑥 𝑈
𝑁𝐸𝑃 = √ 4.9
2𝑥𝐶𝑃
𝐷 = 𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜
CP = Custo de 1 pedido
𝑖 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑗𝑢𝑟𝑜𝑠 𝑜𝑢 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑜𝑟𝑡𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑈 = 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙
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283 1000
𝐶𝑇(𝐿𝐸𝐶) = (0,05𝑥20𝑥 ) + (40𝑥 ) = 282,84
2 283
O custo de cada pedido unitário deve ser reduzido em N2 vezes. Para reduzir o
lote econômico de compras pela metade, o custo de um pedido precisa ser reduzido
a um quarto do valor.
Exemplo:
A empresa de embalagem mencionada, deseja diminuir o lote de compra
de 283 unidades para 100 unidades, qual deveria ser o custo de cada pedido
para que 100 unidades representassem o novo lote econômico de compra?
Exemplo:
Uma empresa regional pretende comercializar 450 toneladas de papel no
próximo ano para diversos distribuidores, a demanda mensal é constante e a
empresa paga R$3500,00 por bobina de uma tonelada de papel, a taxa de
manutenção destes estoques foi estimada em 10% ao ano e o custo de frete é
de R$ 1.300,00 por entrega. Pergunta-se:
2𝐶𝑃 𝐷 2𝑥1300𝑥450
𝐿𝐸𝐶 = √ → =√ → 𝐿𝐸𝐶 = 58 𝑡𝑜𝑛𝑒𝑙𝑎𝑑𝑎𝑠
𝑖𝑈 0,10𝑥3500
𝐷 450
𝑁𝐸𝐶 = = = 8 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑔𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑎𝑛𝑜
𝐿𝐸𝐶 58
365
𝐼𝑁𝑇 = = 46 𝑑𝑖𝑎𝑠
8
Giro do Estoque
Outro parâmetro fundamental é o giro do estoque IG, definido como a demanda
por período dividida pelo estoque médio. Este é um indicador de desempenho usado
em muitas empresas.
𝐷 2𝐷 (𝑖𝑈)
𝐼𝐺 = =√
𝐿𝐸𝐶 𝐶𝑃
( 2 )
Exemplo:
Suponha que uma empresa sediada na Região Metropolitana de Curitiba
compra seus produtos de fornecedores distintos do Rio de Janeiro, consumindo
mensalmente 300 sacos do produto A, a um custo de R$ 200,00 por saca, 250
sacas de B, que custam R$ 285,00 a saca e 200 toneis de C, a um custo de R$
380,00. A empresa adquire um frete fixo do Rio de Janeiro a RMC, no valor de
R$ 900,00 por viagem (correspondente a R$ 100,00 por cada coleta e R$ 800,00
pelo traslado). Supondo que o custo de oportunidade seja de 22% ao ano, há
duas opções: fazer os pedidos independente ou das três matérias-primas
conjuntamente.
Solução
𝐷𝑥 𝑖𝑥 𝑈
𝑁𝐸𝑃 = √ 4.9
2𝑥𝐶𝑃
Como devem ser feitos aproximadamente 16 pedidos por ano para todos os
materiais, a quantidade adquirida (Lote de compra) para cada um dos itens de material
será a demanda anual dividida pelo número de pedidos, desta forma:
300𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐴 = = 225 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝐴
16
2500𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐵 = = 188 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 𝐵
16
200𝑋12
𝐿𝐸𝐶𝐶 = = 150 𝑡𝑜𝑛é𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝐶
16
Convém observar que o custo fixo de transporte dos três itens de material foi
calculado como sendo o custo total de R$ 1.100,00 dividido por três, afinal os três
itens são transportados no mesmo caminhão. Poderia ter sido utilizado algum outro
critério para o rateio deste custo entre as três matérias primas, mas, no fim das contas,
isto não interferiria no custo total logístico, que é a soma dos custos totais individuais,
como mostrados a seguir.
O custo logístico total para pedidos agregados:
𝐶𝑇𝐴𝐺 = 𝐶𝑇𝐴 + 𝐶𝑇𝐵 + 𝐶𝑇𝐶 = 𝑅$ 10816,67 + 𝑅$ 11744,79 + 𝑅$ 12136,67 = 𝑅$34698,12
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