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Segunda-feira, 21 de Abril de 2014 I Série- N. 0 74

I I

DIARIO DA REPUBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Preço deste número- Kz: 280,00
Toda a correspondência, quer oficial, quer ASSINATURA O preço de cada linha publicada nos Diários
relativa a anúncio e assinaturas do «Diário Ano da República !." e 2." série é de Kz: 75.00 c para
da República», deve ser dirigida à Imprensa
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Nacional - E.P., em Luanda, Rua Henrique de
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«Imprensa». A 3." série Kz: 115 470.00 da Imprensa Nacional - E. P.

SUMÁRIO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Presidente do República Decreto Presidencial n." 82/14


Decreto Presidencial n. 0 82/14: de 21 de Abril
Aprova o Regulamento de Utilização Geral dos Recursos Hídricos.
Considerando a necessidade de regulamentação da Lei
- Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente
Decreto Presidencial.
n. 0 6/02, de 21 de Junho -- Lei de Águas, tendo em vista a
correcta utilização dos recursos hídricos, no quadro de um
Ministérios do Economia, desenvolvimento sustentável do País;
dos Finanças e dos Transportes Considerando que a utilização dos recursos hídricos deve
Despacho Conjunto n. 0 970/14: obedecer a um conjunto de instrumentos de planeamento e
Determina que a alteração das tarifas a que se refere o artigo 13. 0 do de gestão, que garantam a sua utilização sustentável, bem
Decreto Executivo Conjunto n.0 132/11, de 9 de Setembro não se como a sua protecção, preservação, conservação, valorização
restringe aos produtos da Cesta Básica. e controlo, observados os objectivos globais e estratégicos de
Ministério do Geologia e Minas desenvolvimento sócio-económico do País;
Tornando-se imperioso estabelecer um quadro regulamentar
Despacho n." 971/14:
Exonera Marcelina Augusto Camuto da Costa do cargo de Secretária de utilização geral dos recursos hídricos, consentâneo com as
Geral deste Ministério. exigências de governança da água, nas suas dimensões social,
Despacho n. 0 972/14: económica, ecológica, espacial e cultural;
Exonera Carlos Alberto Cavuquila das funções de Director do Gabinete Tendo em conta a necessidade de se materializar as dis-
das Negociações das Concessões Mineiras deste Ministério. posições constantes do artigo 79. 0 da Lei n. 0 6/02, de 21 de
Despacho n." 973/14: Junho - Lei de Águas;
Exonera Augusto António Cordeiro da Silva Neto das funções de Director- O Presidente da República decreta, nos termos da alínea I)
·Adjunto do Gabinete do Ministro. do artigo 120.0 e do n. 0 3 do artigo 125.0 , ambos da Constituição
Despacho n." 974/14: da República de Angola, o seguinte:
Nomeia Augusto António Cordeiro da Silva Neto para as funções de
ARTIGO 1.0
Director do Gabinete do Ministro. (Aprovação)
Despacho n.o 975/14: É aprovado o Regulamento de Utilização Geral dos
Nomeia Carlos Alberto Cavuquila para as funções de Director do Gabinete Recursos Hídricos, anexo ao presente Diploma e que dele é
Jurídico deste Ministério.
parte integrante.
Ministério do Hotelorio e Turismo ARTIGO 2. 0
(Revogação)
Despacho n." 976/14:
Desvincula Francisco Gaspar Sampaio, Técnico Médio Principal de É revogada toda a legislação que contrarie o disposto no
1." Classe, para efeitos de reforma. presente Decreto Presidencial.
1890 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 3. 0 7. «Beneficiários de infra-estruturas hidráulicas» :


(Dúvidas e omissões)
- todas as pessoas singulares e colectivas que
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e obtém, directa ou indirectamente, vantagens da
aplicação do presente Diploma são resolvidas pelo Presidente construção, exploração, manutenção e conservação
da República. de infra-estruturas hidráulicas.
ARTIG04. 0 8. «Captação de água»: - utilização de um certo
' (Entrada em vigor)

O presente Decreto Presidencial entra em vigor na data


volume de água superficial ou subterrânea, sub-
traído do meio hídrico, independentemente da
da sua publicação. forma de extracção e da finalidade.
Apreciado em Conselho de Ministros, em Luanda, 9. «Caudal»: - volume de água que passa numa dada
aos 26 de Fevereiro de 2014. secção de um curso de água por unidade de tempo.
Publique-se. IO. «Concessão»: - transferência temporária, mediante
contrato de concessão do Estado para uma pessoa
Luanda, aos I O de Abri I de 20 14. colectiva dos direitos de utilização dos recursos
O Presidente da República, JosÉ EDUARDO DOS SANTOS. hídricos por sua conta e risco.
11. «Contaminação das águas» : - introduyão de
REGULAMENTO DE UTILIZAÇÃO elementos, em concentrações nocivas, inCluindo
GERAL DOS RECURSOS HÍDRICOS organismos patogénicos, substâncias tóxicas e
radioactivas, nos cursos de água, lagos, lagoas,
CAPÍTULO I pântanos, nascentes, albufeiras, zonas estuarinas
Disposições Gerais e outros corpos de água.
12. «Contrato de concessão»: - acordo de vontade
ARTIGO 1. 0
(Objccto) entre o Estado e uma pessoa colectiva, indepen-
dentemente da sua natureza, através do qual é
O presente Diploma define o regime de utilização geral dos
definida a concessão.
recursos hídricos, incluindo os mecanismos de planeamento,
13. «Corpos de água»:- massas de água que, além de
gestão e de retribuição económica e financeira.
serem consideradas como um veículo ou substân-
ARTIGO 2. 0 cia que possa ser usada ou consumida, constituem
(Âmbito de aplicação)
um ambiente propício à vida.
O presente Diploma é aplicável às águas superficiais e 14. «Curso de água»: - conjunto unitário de água
subterrâneas, nomeadamente os cursos de água, lagos, lagoas, superficial e subterrânea que, normalmente, flui
pântanos, nascentes, albufeiras, zonas estuarinas e outros por gravidade, para um términus comum, não
corpos de água, sem prejuízo dos respectivos leitos, margens podendo ser interrompido, de forma natural , nem
e adjacências. no espaço nem no tempo.
ARTIGO 3. 0 15. «Drenagem»: - escoamento natural ou artificial de
(Definições)
água de um terreno para uma superfície receptora,
Para efeitos do presente Diploma, entende-se por: situada a uma quota inferior.
I. «Águas pluviais»: - águas de precipitação que 16. «Efluentes»: - quantidades de água, com as res-
escoam e se armazenam na superfície e no subsolo. pectivas maténas e energias, que são emitidas das
2. «Águas subterrâneas». - águas que se encontram fronteiras territoriais duma activ idade e lançadas
no subsolo. num curso de água superficial ou subterrâneo após
3. «Águas superficiais»: - todas as águas, com excep- a sua utilização.
ção das águas subterrâneas e das águas costeiras. 17. «Entidade concedente»:- Presidente da República
4. «Albufeira»: - represa artificial, criada por inter- e Ministro de Tutela.
posição de um obstáculo impermeável num curso 18. «Entidade licenciadora»: - órgão de administração I!

de água, que acumula grandes massas distintas e de bacia hidrográfica.


significativas de águas pluviais. 19. «Lago»: - massa de água lêntica superficial
5. «Aquíferos»: - formações permeáveis que contêm considerável.
e transmitem água subterrânea em quantidade e 20. «Lagoa» : - pequeno reservatório natural de água
profundidade adequadas ao seu aproveitamento. lêntica superficial.
6. «Bacia hidrográfica»: - área geográfica receptora 21. «Leito»: - depressão de terreno onde escoa um
das águas pluviais, que formam o escoamento curso de água ou rio.
superficial que alimenta o leito de um curso de 22. «Licença»: - acto administrativo, nos termos do
água ou rio . qual o órgão de administração da bacia hidrográfica
I SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DC 2014 1891

atribui às pessoas singulares ou colectivas o direito 35. «Título de utilização dos recursos hídricos»: -
de utilização dos recursos hídricos. licença ou concessão, que confere o direito de
23. «Linhas de água»: - cursos ou corpos de água utilização dos recursos hídricos.
intermitentes com traçado bem definido. 36. «Tutela»: - Departamento Ministerial auxiliar
24. «Margens»: - terreno que ladeia um curso de água, do Presidente da República, responsável pelos
lago, lagoa, albufeira ou outros corpos de água. recursos hídricos.
25. «Ministro de Tutela»: - Titular do Departamento 37. «Unidade do ciclo hidrológico». - circuito reno-
Ministerial au)):iliar do Presidente da Repúblíca, vável de água, que obedece à sucessão das fases
responsável pelos recursos hídricos. da troca natural entre a terra e a atmosfera, tais
26. «Nascentes»: - águas subterrâneas artesianas que, como a evaporação, a evapotranspiração, a con-
na origem, se conservam próprias para consumo densação, em forma de nuvem, a precipitação, a
humano. infiltração e a acumulação no solo e no subsolo.
27. «Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica»: 38. «Usos comuns». - toda a utilização dos recursos
- pessoa colectiva de direito público, que tem por
hídricos que, não carecendo de licença ou conces-
fim assegurar, no âmbito da administração indirecta
são, se realiza de forma livre, natural, gratuita e
do Estado, as actividades de planeamento e ges-
de acordo com o regime tradicional de utilização
tão de recursos hídricos no âmbito de uma bacia
dos recursos hídricos de necessidades domésticas,
hidrográfica ou conjunto de bacias hidrográficas.
pessoais e familiares, sem produzir alterações
28. «Pântano»: - terreno encharcado por água sem
significativas do seu caudal nem da sua qualidade.
escoamento.
39. «Usos decorrentes do direito de aproveitamento da
29. «Plano de água»: - superfície plana de água con-
terra»:- toda a utilização dos recursos hídricos
finada ou não, onde se podem exercer actividades
resultante da titularidade, nos termos da legislação
ou parquear veículos, equipamentos, embarcações,
em vigor, do direito de aproveitamento de terrenos
flutuações ou estruturas flutuantes.
em cujo interior corram, livremente, as águas de
30. «Plano Geral de Desenvolvimento e Utilização de
nascentes ou existam águas subterrâneas, lagos,
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica»: -
instrumento de planeamento que visa a valoriza- lagoas ou pântanos.
ção, protecção e gestão equilibrada dos recursos 40. «Usos privativos»: - toda a utilização dos recursos
hídricos no âmbito de uma bacia hidrográfica, de hídricos que se realiza mediante título de utilização
acordo com as estratégias e programas de desen- dos recursos hídricos.
volvimento regional e sectoriais aprovados pelo 41. «Utilização dos recursos hídricos»: - todo o uso
Titular do Poder Executivo. consumptivo ou não consumptivo dos recursos
31. «Plano Nacional de Recursos Hídricos»: - ins- hídricos, que altere ou tenha impacto sobre o
trumento de planeamento que, baseado nos Pla- estado dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos,
nos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de nascentes, albufeiras, zonas estuarinas e outros
Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas, visa corpos de água, incluindo os seus leitos, margens
a valorização, protecção e gestão equilibrada dos e adjacências, assim como qualquer ocupação
recursos hídricos à escala nacional, de acordo com no meio hídri co, independentemente do seu fim.
as estratégias e programas de desenvolvimento 42. «Zonas estuarinas»: - parte territorial de um rio,
nacional aprovados pelo Titular do Poder Executivo. geralmente larga, onde o escoamento fluvial é
32. <<Recursos Hídricos»: - recursos em águas disponí- influenciado pela maré.
veis ou potencialmente disponíveis, em quantidade
CAPÍTULO 11
e qualidade, num local e momento apropriado,
Planeamento e Gestão de Recursos Hídricos
com excepção das águas costeiras, para satisfazer
uma demanda identificada. SECÇÃO I
Planeamento de Recursos Hídricos
33. «Tarifa»: - prestação pecuniária devida aos titu-
lares de direitos de exploração de infra-estruturas ARTIGO 4. 0
(Planos de recursos hídricos)
hidráulicas por quaisquer pessoas singulares ou
colectivas, beneficiárias das melhorias produzidas I. Os recursos hídricos estão sujeitos a um processo de
por aquelas. planeamento integrado, visando a sua valorização, protecção e
34. «Taxas»: - prestação pecuniária devida ao Estado gestão equilibrada, de acordo com as estratégias e programas
ou outro ente público pela utilização dos recursos de desenvolvimento nacional, regional e sectoriais aprovados
hídricos. pelo Titular do Poder Executivo.
1892 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Os planos de recursos hídricos são os seguintes: 2. Os Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de


a) Plano Nacional de Recursos Hídricos; Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas devem conter
b) Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização o seguinte:
de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas. a) Um diagnóstico que inclui obrigatoriamente o seguinte:
i) O inventário das disponibilidades de recursos
ARTIGO 5. 0
(Elaboração dos planos de recursos hídricos) hídricos superficiais e subterrâneos, incluindo
o caudal sólido, com a sua caracterização
I. O Plano Nacional de Recursos Hídricos é elaborad9
quantitativa e qualitativa;
pelo Instituto Nacional de Recursos Hídricos. ii) O inventário e análise das utilizações dos
2. Os Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de recursos hídricos, actuais e futuras, incluindo
Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas são elaborados pelos as fontes poluidoras, com a sua caracterização
órgãos de administração da bacia hidrográfica correspondentes. quantitativa e qualitativa;
ARTIGO 6. 0 iii) O inventário dos ecossistemas aquáticos e
(Requisitos dos planos de recursos hídricos) zonas húmidas relevantes;
Os planos de recursos hídricos devem obrigatoriamente: iv) O inventário das infra-estruturas hidráulicas e
a) Basear-se numa abordagem conjunta e interligada de saneamento básico existentes e projectadas;
v) O inventário dos sítios de interesse patrimqnial
dos aspectos técnicos, económicos, culturais,
e arqueológico;
ambientais e institucionais de utilização dos
vi) O balanço das disponibilidades e necessidades
recursos hídricos; actuais e futuras, identificando as zonas e
b) Visar a racionalidade e sustentabilidade da utiliza- situações de carência;
ção dos recursos hídricos e a satisfação das várias vii) A identificação de zonas e situações de risco,
necessidades, articulando a procura e a oferta e nomeadamente cheias, secas, desertificação,
salvaguardando a preservação quantitativa e qua- salinização, erosão e contaminação;
litativa dos mesmos, bem como uma aplicação viii) A avaliação das situações de cheia e de seca.
económica dos recursos financeiros; b) Uma proposta de medidas e acções que inclui
c) Dar respostas de curto prazo através de programas obrigatoriamente:
i) A classificação dos cursos de água, lagos, lagoas,
de acções imediatas;
pântanos, nascentes, albufeiras e outros corpos
d) Envolver a participação de todos os interessados na
de água, em função das utilizações;
gestão e utilização dos recursos hídricos, nos ter-
ii) A classificação dos cursos de água, lagos, lagoas
mos do n. 0 2 do artigo I 0.0 do presente Diploma;
ou albufeiras navegáveis ou flutuáveis e não
e) Estar em articulação com o planeamento dos sectores
navegáveis nem flutuáveis;
de utilização, com o planeamento de ordenamento iii) As acções de protecção e valorização da
do território, com o planeamento de ordenamento rede hidrográfica;
da orla costeira, com o planeamento de desen- iv) As acções de protecção e valorização das
volvimento económico e com o planeamento de águas subterrâneas;
gestão ambiental. v) A previsão dos cursos de água, onde se aplica
ARTIGO 7. 0 a taxa de regularização;
(Conteúdo dos planos de recursos hídricos) vi) A definição de zonas a submeter a um ordena-
I. Os planos de recursos hídricos são constituídos por peças mento específico, nomeadamente albufeiras e
escritas e desenhadas e contêm obrigatoriamente o seguinte: zonas estuarinas;
a) Diagnóstico, incluindo inventários e análises da vii) A proposta de classificação das zonas de protecção;
situação; viii) A identificação e selecção de projectos de
infra-estruturas hidráulicas e de saneamento
b) Definição dos objectivos ambientais de curto, médio
básico a executar;
e longo prazos;
ix) As acções de regularização e controlo de
c) Proposta de medidas e acções, com análise de cená-
cheias e secas;
rios alternativos e com definição de prioridades
x) Os balanços sedimentológicos;
de utilização dos recursos hídricos de cada bacia, xi) As acções de mitigação correspondentes ao
tendo a captação de água para fins de consumo plano de gestão ambiental.
humano prevalência sobre quaisquer outras uti- c) A programação fisica, financeira e institucional que
lizações dos recursos hídricos; inclui obrigatoriamente:
d) Programação física, financeira e institucional de i) A calendarização das acções;
implantação das medidas e acções seleccionadas. ii) O investimento previsto e fontes de financiamento;
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iü) O cálculo de taxas e tarifas, tendo em conta iii) A definição de procedimentos administrativos
as acções de fomento hidráulico; e legais necessários à execução dos planos,
iv) As entidades responsáveis pela execução das realçando os critérios de fomento hidráulico;
medidas e pelo seu acompanhamento e controlo; iv) As entidades responsáveis pela execução das
v) A elaboração de uma rede de monitorização. medidas e pelo seu acompanhamento e controlo.
3. Os Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de 5. Os planos de recursos hídricos devem estabelecer, na
Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas Internacionais sua escala de hierarquização e prioridades de utilização dos
devem ter em conta os acordos ou convenções de que o Estatlo recursos hídricos, a captação de água para fins de consumo
Angolano seja parte no quadro dos cursos compartilhados humano como tendo prevalência sobre quaisquer outras
de água. utilizações dos recursos hídricos.
4. O Plano Nacional de Recursos Hídricos deve conter: ARTIGO 8. 0
a) Um diagnóstico que inclui obrigatoriamente: (Duração dos planos de recursos hídricos)
i) A síntese dos diagnósticos efectuados pelos I. O Plano Nacional de Recursos Hídricos tem a duração
Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização máxima de 15 anos.
de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas; 2. Os Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de
ü) A hierarquização dos problemas e potenciali- Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas têm a duração
dades identificados; máxima de I O anos.
iii) A hierarquização das necessidades identificadas 3. Sob proposta fundamentada do Instituto Nacional
de utilização dos recursos hídricos, quando de Recursos Hídricos, os prazos de duração dos planos de
sujeitas a transferências de caudais entre recursos hídricos, referidos nos números anteriores do presente
bacias hidrográficas. artigo, devem ser objecto de revisão antes da verificação da
b) Uma definição de objectivos que inclui respectiva caducidade.
obrigatoriamente:
ARTIGO 9. 0
i) A síntese, articulação e hierarquização dos (Aprovação dos planos de recursos hídricos)
objectivos definidos pelos Planos Gerais de
I. Os planos de recursos hídricos são objecto de aprovação
Desenvolvimento e Utilização de Recursos
pelo Titular do Poder Executivo, ouvido o Conselho Nacional
Hídricos das Bacias Hidrográficas;
de Águas.
ii) As formas de convergência entre os objectivos
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a classifi,.
da política de recursos hídricos e os objectivos
cação dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, nascentes,
globais da política económ ica, social e ambiental
albufeiras, zonas estuarinas e outros corpos de água é objecto
do País.
de aprovação pelo Ministro de Tutela, sob proposta do Instituto
c) Uma proposta de medidas e acções que inclui
Nacional dos Recursos Hídricos.
obrigatoriamente:
i) As medidas necessárias para a coordenação dos ARTIGO 10. 0
(Conselho Nacional de Águas e Conselhos das Bacias Hidrográficas)
diferentes Planos Gerais de Desenvolvimento
e Utilização de Recursos Hídricos das Bacias I. O Conselho Nacional de Águas e os Conselhos das
Hidrográficas e a selecção das alternativas aí Bacias Hidrográficas são órgãos de consulta do Titular do
apresentadas, em articulação com os diferentes Poder Executivo, no domínio do planeam ento nacional e
planos sectoriais, de ordenamento do território, regional dos recursos hídncos, respectivamente.
de ordenamento costeiro e de gestão ambiental; 2. O Conselho Nacional de Águas e os Conselhos das
ii) A definição de zonas e de vertentes de interven- Bacias Hidrográficas visam, respectivamente, assegurar, a
ção prioritária, a nível nacional, e de medidas nível nacional e regional, a coordenação e a articulação entre
e acções correspondentes; os diferentes órgãos da administração directa e indirecta do
iü) A definição de programas e projectos à escala Estado, ligados, directa ou indirectamente, ao planeamento,
nacional, nomeadamente a previsão e condições de gestão e utilização dos recursos hídricos, comunidades locais,
transferência de água entre bacias hidrográficas; organizações profissionais e económicas e diferentes tipos
iv) As medidas necessárias à articulação com de utilizadores, no contexto das bacias hidrográficas, quer
os Estados de uma mesma bacia hidrográ- nacionais, quer compartilhadas pelo Estado angolano.
fica, no planeamento e gestão dos cursos de 3. O Conselho Nacional de Águas e os Conselhos das
água partilhados. Bacias Hidrográficas são integrados, nos termos a aprovar pelo
d) A programação fisica, financeira e institucional que Titular do Poder Executivo, por representantes dos órgãos da
inclui obrigatoriamente: administração directa e indirecta do Estado, ligados, directa
i) A calendarização das acções à escala nacional; ou indirectamente, à gestão e utilização dos recursos hídricos,
ü) Os critérios de financiamento dos programas comunidades locais, organizações profissionais e económicas
e projectos nacionais e regionais; e de diferentes tipos de utilizadores.
1894 DIÁRIO DA REPÚBLICA

4. O Conselho Nacional de Águas e os Conselhos das f) Proceder ao registo e avaliação das utilizações dos
Bacias Hidrográficas são criados por Decreto Presidencial, recursos hídricos da bacia hidrográfica, para fins
que define as competências, composição, organização e de balanço hídrico;
funcionamento dos mesmos. g) Analisar e estudar as implicações de quaisquer utili-
5. Existe um Conselho da Bacia Hidrográfica para cada bacia
zações dos recursos hídricos da bacia hidrográfica
ou conjunto de bacias hidrográficas com afinidades entre si .
sobre o equilíbrio e harmonia ambiental, social e
SECÇÃO 11
económico, em razão da sua natureza, dimensão
Gestão dos Re~ursos Hídricos
ou localização;
ARTIGO 11. 0
(Princípios de gestão dos recursos hídricos)
h) Emitir parecer sobre os pedidos de concessão de
utilização dos recursos hídricos da bacia hidro-
A gestão dos recursos hídricos deve observar os seguin-
gráfica ou com estes relacionados, nos termos do
tes princípios:
a) Direito à água para os cidadãos; presente Diploma e demais legislação;
b) Unidade do ciclo hidrológico; i) Determinar ou aplicar, salvo disposição em contrá-
c) Unidade e coerência de gestão de bacias hidrográficas, rio, as medidas de mitigação dos efeitos adversos
como unidades físico-territoriais de planeamento de quaisquer utilizações dos recursos hídricos da
e gestão dos recursos hídricos; bacia hidrográfica;
d) Gestão integrada dos recursos hídricos; j) Planear e executar acções destinadas a prevenir e
e) Coordenação institucional e da participação das minimizar os efeitos de secas e cheias, em articu-
comunidades; lação com o órgão competente de protecção civil
f) Compatibilização da política de gestão de recursos a nível da região da bacia hidrográfica;
hídricos com as políticas de ordenamento do ter- k) Participar dos processos de avaliação de impacte
ritório e da orla costeira, gestão ambiental e de ambiental, nos termos da legislação em vigor;
desenvolvimento económico-social; I) Proceder à actos de limpeza, desassoreamento e deso-
g) Água como bem social, renovável, limitado e com bstrução dos cursos ou corpos de águas, sempre
valor económico; que as circunstâncias o exijam;
h) Promoção da participação dos sectores público e
m) Realizar as demais actividades, que decorram da lei .
privado na gestão, utilização e desenvolvimento
4. Os Órgãos de Administração das Bacias Hidrográficas
dos recursos hídricos;
devem, em matéria de planeamento e gestão de recursos
i) Relação entre poluição e responsabilização social e
hídricos, ter sempre em conta as implicações socioeconómicas,
financeira dos danos ambientais e ao ambiente.
culturais, ambientais e internacionais destes.
ARTIGO 12."
(Unidade básica de gestão de recursos hídricos) ARTIGO 13. 0
(Bacias hidrográficas)
1. A unidade básica de gestão dos recursos hídricos é a
Constituem bacias hidrográficas principais as que constam
bacia hidrográfica.
do anexo ao presente Diploma.
2. A gestão de uma bacia hidrográfica é assegurada por
um Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica. CAP ÍTULO 111
3. Cabe aos Órgãos de Administração das Bacias Hidrográficas: Utilização Geral dos Recursos Hídricos
a) Inventariar os recursos hídricos da bacia hidrográfica,
AWIIGO 14.0
bem como assegurar a conservação e protecção (Princípios de utilização dos recursos hídricos)
dos mesmos, incluindo as respectivas zonas de
1. A utilização dos recursos hídricos, independentemente
protecção;
do tipo e fim, deve observar os seguintes princípios:
b) Inventariar as necessidades de utilização dos recursos
a) Utilização racional e sustentável dos recursos hídricos;
hídricos, ao longo da bacia hidrográfica;
b) Prevenção, redução e supressão da poluição dos
c) Assegurar a aplicação do regime económico e finan-
ceiro de utilização geral dos recursos hídricos da recursos hídricos;
bacia hidrográfica, incluindo as acções de fomento c) Precaução contra quaisquer impactes ambientais;
hidráulico; d) Utilizador-pagador;
d) Elaborar e executar o Plano Geral de Desenvolvi- e) Poluidor-pagador;
mento e Utilização de Recursos Hídricos da Bacia f) Reconhecimento dos usos e costumes.
Hidrográfica; 2. Os usos e costumes, decorrentes da utilização dos
e) Licenciar, fiscalizar, acompanhar e controlar as utili- recursos hídricos no âmbito dos usos comuns, não devem ser
zações dos recursos hídricos da bacia hidrográfica; contrários ao disposto no presente Diploma.
0
I SÉRIE - N. 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1895

ARTIGO 15.0 e) O respeito pelas zonas de protecção;


(Tipos de utilização dos recursos hídricos)
f) O respeito pela prevalência dos usos comuns;
Os tipos de utilização dos recursos hídricos são os seguintes: g) o respeito pela protecção e preservação do ambiente.
a) Utilizações não-sujeitas a título; 2. Na falta dos planos referidos no número anterior, a
b) Utilizações sujeitas a título. atribuição de títulos de utilização dos recursos hídricos deve
ARTIGO 16. 0 basear-se numa análise conjunta e integrada de factores de
(Utilizações não sujeitas a título) ordem estritamente técnica, económica, ambiental e institu-
Não carecem de título de utilização dos recursos hídriéos: cional de utilização dos recursos hídricos.
a) Os usos comuns; ARTIG020.0
b) Os usos decorrentes do direito de aproveitamento (Pedidos de títulos de utilização dos recursos hídricos)

da terra; Os pedidos de títulos de utilização dos recursos hídricos


c) A navegação, flutuação, recreação e desportos; devem ser formulados pelos interessados, nos termos do
d) A pesca; presente Diploma, observando-se o seguinte:
e) A aquicultura comuna! e de investigação; a) Os pedidos de licença de utilização dos recursos hídri-
f) A constituição de direitos fundiários sobre leitos, cos são apresentados ao Órgão de Administração
margens e adjacências; da Bacia Hidrográfica correspondente, que. dispõe
g) As actividades geológico-mineiras. de um prazo máximo de 15 dias para apreciar e
ARTIGO 17. 0 decidir sobre a sua admissibilidade ou rejeição;
(Utilizações sujeitas a título) b) Os pedidos de concessão de utilização dos recursos
I. Carecem de título de utilização dos recursos hídricos hídricos são apresentados à Tutela, que dispõe de
os usos privativos. um prazo máximo de 30 dias para apreciar e decidir
2. Para efeitos do presente Diploma, constituem usos privativos: sobre a sua admissibilidade ou rejeição, ouvido
a) A captação de água; o Órgão de Administração de Bacia Hidrográfica
b) A rejeição de efluentes; correspondente.
c) A aquicultura comercial. ARTIGO 21. 0

(Correcção dos pedidos de títulos de utilização dos recursos hídricos)


CAPÍTULO IV
Em caso de os pedidos de títulos de utilização dos recurs~s
Títulos de Utilização dos Recursos Hídricos
hídricos serem apresentados deficiente ou insuficientemente,
SECÇÃO l a entidade competente, nos termos do artigo anterior, dev e
Disposições Gerais
arbitrar ao interessado um prazo máximo de I O dias para a
ARTIGO 18.0 sua correcção ou aperfeiçoamento.
(Títulos de utilização dos recursos hídricos)
ARTIGO 22. 0
I. Os títulos de utilização dos recursos hídricos são (Rejeição dos pedidos de títulos de utilização dos recursos hídricos)
os seguintes: I. A rejeição dos pedidos de títulos de utilização dos
a) As licenças; recursos hídricos deve fundar-se em razões de ordem estrita-
b) As concessões. mente legal ou de inconveniência, no quadro das exigências
2. Os títulos de utilização dos recursos hídricos devem ser de desenvolvimento e uti lização dos recursos hídricos das
anteriores à licença ou concessão da actividade que justifique bacias hidrográficas, devendo ser, formalmente, comunicada
a utilização dos recursos hídricos. ao interessado dentro do prazo estabelecido no artigo 20. do 0

ARTIGO 19. 0 presente Diploma.


(Condições gerais de atribuição dos títulos 2. Da decisão negatória de pedidos de títulos de utilização
de utilização dos recursos hídricos)
dos recursos hídricos cabe reclamação ou recurso, nos termos
I. Sem prejuízo dos requisitos exigíveis para cada utili- da legislação em vigor.
zação dos recursos hídricos prevista no presente Diploma, a 3. Em caso de o interessado concordar com as razões
atribuição de títulos de utilização dos recursos hídricos deve, da decisão negatória invocadas pela entidade competente,
também, observar as seguintes condições: pode corrigir as falhas ou incorrecções do pedido e voltar a
a) O respeito pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos; apresentá-lo, nos termos do artigo anterior.
b) O respeito pelos Planos Gerais de Desenvolvimento ARTIGO 23. 0
e Utilização de Recursos Hídricos das Bacias (Pedido de várias utilizações)
Hidrográficas; Sempre que um pedido implique mais de uma utilização,
c) O respeito pelos Planos de Ordenamento do Território; os processos para a atribuição dos títulos correspondentes
d) O respeito pelos Planos de Ordenamento de Albu- de utilização dos recursos hídricos devem ser instruídos de
feiras Classificadas; forma individualizada.
1896 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 24." 2. A falta de correcção das insuficiências ou irregulari-


(Prioridade de utilização)
dades do pedido, no prazo máximo de I O dias, é susceptível
I. Em matéria de utilizações não sujeitas a título, os usos de indeferimento, que deve ser notificado ao interessado no
comuns têm prevalência sobre quaisquer outros usos. prazo máximo de 5 dias.
2. Sempre que se verifique qualquer incompatibilidade entre ARTIGO 27."
os usos comuns e os usos privativos dos recursos hídricos, os (Auscultação pública)
primeiros gozam de prevalência sobre os segundos. A atribuição de títulos de utilização dos recursos hídricos,
3. Sem prejuízo do disposto no número anterior, no caso que careçam de estudos de impacte ambiental, fica obrigato-
de se verificar pedidos conflituosos de utilização dos recursos riamente sujeita à auscultação pública prévia, nos termos da
hídricos, a entidade competente para atribuição do título legislação em vigor.
correspondente deve respeitar as prioridades de utilização
SECÇÃO 11
estabelecidas no Plano Geral de Desenvolvimento e Utilização Licenças
de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica.
ARTIGO 28."
ARTIG025 ." (Objecto das licenças)
(Esclarecimento de pedidos)
· As licenças de utilização dos recursos hídricos têm por
I. As entidades competentes para atribuição de títulos
objecto os seguintes usos privativos:
de utilização dos recursos hídricos devem, sempre que o
a) A captação de água, sempre que as estações de
julguem necessário:
bombagem implantadas nas margens tenham um
a) Solicitar ao requerente, a título complementar, infor-
caudal inferior a 15 litros por segundo ou se usem
mações técnicas ou outras, incluindo as relativas
canais de rega e valas de drenagem com caudal
à sua idoneidade financeira;
inferior a 50 litros por segundo;
b) Promover inquéritos públicos sobre os dados cons- b) A rejeição de efluentes que estejam dentro de I /5 dos
tantes do pedido, fixando-se o prazo máximo parâmetros de depuração de um curso de água, lago,
de 15 dias para obtenção de contribuições ou lagoa, pântano, albufeira ou outro corpo de água;
reclamações dos interessados; c) A aquicultura semi-intensiva.
c) Propor alterações ou o aperfeiçoamento das propostas
ARTIGO 29."
apresentadas, com vista ao seu melhoramento ou (Competência para atribuição das licenças)
harmonização, face às disponibilidades hídricas e A atribuição de licenças compete aos Órgãos de Administração
aos direitos ou interesses pré-constituídos. das Bacias Hidrográficas.
2. O fornecimento, por parte do requerente, de informações
ARTIGO 30."
deliberadamente inexactas, é susceptível de responsabilidade (Prazo das licenças)
criminal , sem prejuízo das demais responsabilidades, nos
As licenças são atribuídas por um período de até 15 anos,
termos da legislação em vigor.
podendo ser renovadas, sempre que as circunstâncias o justifiquem.
ARTIG026."
ARTIGO 31."
(Indeferimento de pedidos)
(Conteúdo das licenças)
I. Os pedidos de utilização dos recursos hídricos são
I. As licenças devem conter, obrigatoriamente, para além
susceptíveis de indeferimento quando se verifique uma das
dos direitos e deveres dos respectivos titulares, os seguin-
seguintes circunstâncias:
tes elementos:
a) Falta ou insuficiência de disponibilidades hídricas
a) Identificação do seu titular;
ou quando não se justifiquem pelas necessidades
b) Indicação da finalidade da utilização;
a satisfazer, em respeito aos planos aprovados; c) Localização exacta da utilização;
b) A susceptibilidade de as utilizações requeridas com- d) Identificação das obras e suas características técni-
prometer a protecção qualitativa ou quantitativa cas, se for caso disso;
dos recursos hídricos, para além dos limites apro- e) Prazo da licença;
vados para o respectivo curso ou corpo de água; f) Valor do seguro de responsabilidade civil, se for
c) Sejam incompatíveis com os Planos Gerais de Desen- caso disso;
volvimento e Utilização de Recursos Hídricos das g) Obrigatoriedade do cumprimento das normas de
Bacias Hidrográficas aprovados; qualidade;
d) Das utilizações requeridas resultarem prejuízos de h) Obrigatoriedade de pagamento da taxa de utilização.
direitos ou interesses de terceiros legitimamente 2. Sem prejuízo dos elementos referidos no número anterior,
protegidos; os Órgãos de Administração das Bacias Hidrográficas devem
e) Sejam incompatíveis com as exigências de protec- definir os modelos de licenças, de acordo com as especificidades
ção ambiental. de cada utilização dos recursos hídricos.
I SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1897

3. Os modelos de licenças referidos no número anterior ARTIGO 35. 0


(Extinção das licenças)
estão sujeitos à aprovação do Ministro de Tutela, nos termos
da legislação em vigor. As licenças extinguem-se por:
ARTIGO 32. 0
a) Caducidade;
(Direitos dos titulares de licenças) b) Revogação.
Os direitos dos titulares de licenças são os seguintes: ARTIGO 36. 0
(Caducidade das licenças)
a) Utilizar os recursos hídricos, nos termos e condi~ões
definidos no respectivo título, sem prejuízo do I. As causas de caducidade das licenças são as seguintes:
interesse público; a) O decurso do prazo;
b) Realizar as obras que se julguem necessárias, nos b) A morte ou extinção do titular da licença, sem prejuízo
termos e condições definidos no respectivo título; da sua transmissibilidade, mediante autorização da
c) Ocupar, temporariamente, terrenos vizinhos ou entidade licenciadora, desde que se mantenham as
constituir servidões, nos termos da lei, sem pre- condições que tenham presidido à sua atribuição ;
juízo de indemnização dos titulares de direitos ou c) A superveniente desnecessidade de utilização dos
interesses legitimamente protegidos. recursos hídricos ou o esgotamento destes, verifi-
ARTIGO 33. 0
cada uma queda acentuada e irreversível do. caudal,
(Deveres dos titulares de licenças) ou ainda a degradação das suas características.
Os deveres dos titulares de licenças são os seguintes: 2. Constitui, igualmente, causa de caducidade da licença
a) Utilizar os recursos hídricos dentro dos limites e a desistência do seu titular ou a suspensão da utilização dos
condições definidos no respectivo título; recursos hídricos por um período superior a 180 dias.
3. Sempre que a caducidade das licenças ocorra por
b) Adoptar, no exercício da utilização dos recursos
decurso do prazo, devem os respectivos titulares, nas condi-
hídricos, as medidas necessárias à segurança de
ções que lhes sejam fixadas pelo Órgão de Administração da
pessoas e bens;
Bacia Hidrográfica correspondente, remover as instalações
c) Constituir seguro de responsabilidade civil, se for
desmontáveis, revertendo, gratuitamente, para o Estado todas
caso disso, sempre que for imposto pelo Órgão
as obras executadas e as instalações fixas.
de Administração da Bacia Hidrográfica corres-
ARTIGO 37."
pondente, em razão da natureza e características (Revogação de licenças)
da utilização dos recursos hídricos;
I. As licenças são revogáveis, a todo o tempo, sempre que
d) Actuar com inteira transparência de procedimentos
ocorra uma das seguintes circunstâncias:
no exercício da utilização, adoptando as normas
a) lncumprimento das obrigações estabelecidas no
de boa utilização internacionalmente aceitáveis;
respectivo título;
e) Permitir e facilitar a fiscalização da utilização dos
b) Abuso de direito ou violação de direitos e interesses
recursos hídricos às entidades competentes;
legalmente protegidos de terceiros;
f) Notificar, previamente, o Órgão de Administração da
c) Não início da utilização do recurso no prazo máximo
Bacia Hidrográfica correspondente da desistência
de 90 dias;
ou impossibilidade do exercício da utilização dos
d) Interesse público em destinar os recursos hídricos
recursos hídricos;
a outros usos privativos;
g) Garantir a minimização dos impactes ambientais;
e) Força maior, incluindo secas, chei as ou outras cala-
h) Pagar, pontualmente, as taxas e os encargos ineren-
midades naturais de efeitos prolongados.
tes à licença;
2. As circunstâncias previstas nas alíneas d) e e) do número
i) Cumprir as demais obrigações decorrentes da lei ou
anterior apenas determinam a revogação da licença quando
do respectivo título. as necessidades não possam ser satisfeitas com a simples
ARTIG034. 0 requisição de parte dos caudais licenciados.
(Revisão das licenças)
3. A requisição de parte dos caudais, bem como a revogação
As causas de revisão das licenças são as seguintes: da licença, com fundamento na alínea d) do n. 0 I do presente
a) A alteração significativa das circunstâncias de facto artigo, implicam para o Estado o dever de reparar os prejuízos
existentes à data da sua atribuição e determinan- daí resultantes, nos termos da legislação em vigor.
tes desta; ARTIGO 38. 0
b) A verificação de circunstâncias de força maior, (Reversão de bens)
incluindo secas, cheias e outras calamidades Extinta a licença, os bens não removíveis implantados sobre
naturais de efeitos prolongados; o domínio público revertem para o Estado, salvo manifestação
c) A pedido do titular da licença. em contrário deste.
1898 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO 111 sem prejuízo de indemnização dos titulares de


Concessões
direitos ou interesses legalmente protegidos;
ARTIGO 39. 0 c) Requerer, nos termos da legislação em vigor, expro-
(Objecto das concessões)
priações, sem prejuízo de indemnização dos titulares
As concessões têm por objecto todos e quaisquer usos
de direitos ou interesses legitimamente protegidos;
t privativos dos recursos hídricos nas condições não previstas
no artigo 28. 0 do presente Diploma. d) Utilizar os bens de domínio público ou privativo

ARTlG040.0
do Estado, necessários à realização do objecto
(Prazo das concessões) da concessão, devendo, para o efeito, obter título
As concessões de utilização dos recursos hídricos são bastante, nos termos da legislação em vigor;
atribuídas por um período até 50 anos, podendo ser renovadas e) Preferir na venda ou dação em cumprimento de prédio
sempre que as circunstâncias o justifiquem . rústico ou urbano existente na área de exploração,
ARTIG041. 0 desde que a aquisição dessa propriedade se mostre
(Competência para atribuição das concessões)
indispensável à exploração e não exista sobre o
As atribuições das concessões são atribuídas às seguin-
imóvel outro direito de preferência, nos termos
tes entidades:
a) Ao Titular do Poder Executivo a atribuição de da legislação em vigor;
concessões de utilização dos recursos hídricos f) Exercer os demais direitos, nos termos da legislação
que implicam a captação de caudais iguais ou em vigor ou do contrato de concessão.
superiores a 2000 litros por segundo ou a reten- ARTIG044. 0
ção de volumes de água iguais ou superiores (Deveres do concessionário)
a 500.000.000 metros cúbicos; São deveres do concessionário:
b) Ao Ministro de Tutela a atribuição das demais a) Manter a concessão em estado de contínua explora-
concessões. ção, a menos que a suspensão tenha sido prévia e
ARTIG042. 0 devidamente autorizada;
(Contrato de concessão)
b) Fazer o aproveitamento do recurso, segundo normas
I. O contrato de concessão deve incluir, obrigatoriamente, técnicas adequadas e em harmonia com o interesse-
para além dos direitos e obrigações recíprocos das partes contra-
público e as exigências de boa técnica ambiental;
tantes, do objecto e prazo de validade, os seguintes elementos:
c) Apresentar à entidade concedente os elementos de
a) As condições técnicas, económicas e financeiras de
informação relativos ao conhecimento do recurso,
utilização dos recursos hídricos;
de natureza técnica, económica e financeira, sem
b) A localização exacta da utilização,
c) Os bens integrantes da concessão e formas de os prejuízo dos demais, nos termos da legislação
utilizar; em vigor;
d) A localização das obras hidráulicas; d) Apresentar, pontualmente, nos termos do contrato
e) O fundo de renovação das instalações e dos de concessão ou da legislação em vigor, os rela-
equipamentos; tórios inerentes à utilização dos recursos hídricos;
f) O valor da caução; e) Pagar, pontualm e nte, nos termos do contrato de
g) O seguro das instalações e de responsabilidade civil; concessão ou legislação em v igor, as taxas de
h) Outras condições exigidas pela entidade concedente, utilização dos recursos hídricos;
nos termos da legislação em vigor. f) Abster-se de quaisquer actos ou actividades sus-
2. Sem prejuízo do número anterior, o contrato de concessão ceptíveis de inviabilizar as utilizações julgadas
deve incluir as condições de prorrogação, se for caso disso, o prioritárias, nos termos do presente Diploma;
programa de trabalhos e o plano de investimentos e demais lil
g) Abster-se de quaisquer actos ou actividades suscep-
condições estabelecidas pela entidade concedente, nos termos
tíveis de exaustar ou degradar os recursos hídri-
da legislação em vigor.
cos ou de provocar qualquer impacte ambiental
ARTIGO 43. 0
(Direitos do concessionário)
significativo;
h) Permitir e facilitar a fiscalização das entidades com-
São direitos do concessionário:
a) Explorar a concessão, nos termos do respectivo petentes do Estado;
contrato; i) Não ceder, alienar ou onerar, no todo ou em parte, a
b) Ocupar, temporariamente, terrenos vizinhos e consti- concessão, sem autorização da entidade concedente;
tuir, nos termos da legislação em vigor, servidões, j) Constituir seguro dos bens da concessão;
I SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1899

k) Responder por danos resultantes do incumprimento ARTIG049. 0


(Revogação das concessões)
ou cumprimento defeituoso das suas obrigações;
I. Constituem causas de revogação das concessões:
I) Pagar, de forma justa, pronta e adequada, as indem-
a) O não cumprimento das obrigações ou dos prazos
nizações que sejam devidas por constituição de
estabelecidos na concessão;
servidões ou expropriações;
b) O abuso do direito ao uso da água ou a violação
m) Garantir, de forma permanente, a qualidade da água, de direitos e interesses legalmente protegidos
através de anál,ises periódicas de laborató6os de terceiros;
especializados, nos termos da legislação em vigor; c) O não início da exploração da concessão no prazo
n) Cumprir as demais obrigações que decorram da de 180 dias;
legislação em vigor ou do contrato de concessão. d) A interrupção permanente da exploração da conces-
ARTIG045. 0 são, durante 12 meses consecutivos, por motivos
(Revisão das concessões) imputáveis ao concessionário;
I. As concessões podem ser revistas: e) O impedimento ao exercício da fiscalização por
parte do Estado;
a) Por alteração dos pressupostos que tenham deter-
f) A inquinação das águas restituídas para alét;n dos
minado a sua atribuição;
valores fixados.
b) Por circunstâncias de força maior, incluindo secas, 2. O acto revogatório é susceptível de impugnação, nos
cheias ou outras calamidades naturais de efeitos termos da legislação em vigor.
prolongados; ART IGO 50. 0
c) A pedido do concessionário. (Rescisão das concessões)

2. Sempre que a revisão ocorra por imperativos de interesse I. A entidade concedente pode rescindir o contrato sempre
público, o concessionário tem direito à indemnização, nos que o concessionário incorra em violação culposa e grave dos
respectivos deveres.
termos da legislação em vigor.
2. O concessionário pode rescindir o contrato nas seguin-
3. As despesas, incluindo as provenientes da substituição
tes situações:
da totalidade ou de parte dos caudais atribuídos para outros a) Por circunstâncias de força maior que se mantenham
de origem diversa, são repartidas entre os novos beneficiários. para além dos prazos previstos no contrato de
ARTIG046. 0 concessão;
(Transmissão das concessões)
b) Por actos ou decisão dos poderes públicos, que lesem ,
As concessões são transmissíveis, mediante prévia auto- de forma grave e comprovada, os seus direitos.
rização da entidade concedente, desde que se mantenham as 3. O concessionário tem direito à indemnização, nos casos
condições que presidiram à sua atribuição. de rescisão por violação culposa dos deveres do Estado, como
concedente, ou por acto dos poderes públicos.
ARTIG047. 0
(Extinção das concessões) ARTIGO 51. 0
(Reversão de bens das concessões)
As concessões extinguem-se:
a) Por caducidade; Extintas as concessões, independentemente da respectiva
causa, revertem para o Estado todas as instalações e bens que
b) Por acordo das partes
as integram, nos termos e condições defi nidos no contrato de
c) Por revogação ou rescisão.
concessão ou legislação em vigor.
ARTIGO 48. 0
(Caducidade das concessões) ARTIGO 52.0
(Resgate das concessões)
As concessões caducam :
I. A entidade concedente pode proceder ao resgate sempre
a) Por decurso do prazo estabelecido no respectivo que, por manifesto interesse público, existir necessidade de
contrato de concessão; disponibilizar os recursos hídricos concedidos para outros fins,
b) Com a extinção do concessionário, nos termos da sem prejuízo do direito à indemnização do concessionário,
legislação em vigor; nos termos da legislação em vigor.
2. O resgate pode ocorrer apenas depois de decorrido um
c) Por superveniente necessidade de utilização dos
terço do prazo da concessão.
recursos hídricos ou esgotamento destes, com
3. O resgate deve ser notificado ao concessionário com
a verificação de uma queda acentuada e irre- a antecedência de um ano, data a partir da qual deve manter
versível do caudal, ou pela degradação das suas inalteráveis, salvo autorização em contrário, os contratos
características. celebrados por força da concessão.
1900 DIÁRIO DA REPÚBLICA

CAPÍTULO V 2. Podem, igualmente, nos termos e condições do número


Utilizações não Sujeitas a Título anterior, os titulares do direito de aproveitamento dos terrenos
SECÇÃO I
utilizar as águas pluviais não abrangidas nas zonas de proteéção.
Usos Comuns 3. Dos usos permitidos por força do presente artigo deve
ser previamente informada o Órgão de Administração da Bacia
ARTIGO 53. 0
(Usos comuns) Hidrográfica da área respectiva, através de notificação em
I. Para efeitos do presente Diploma, constituem usos comuns~ impresso próprio disponibilizado para o efeito.
a) A captação de água para satisfação de necessidades ARTIGO 56.0
(Volumes permitidos)
domésticas, pessoais e familiares;
b) A captação de água para rega de culturas de I. Para efeitos do artigo anterior, independentemente do
subsistência; fim a que se destine, a utilização ou acumulação artificial
c) O abeberamento e pastagem de gado sem fins estri- das águas, sem prejuízo dos usos comuns e de direitos de
tamente comerciais. terceiros legalmente protegidos, não deve ser superior a
2. Os usos comuns são livres e gratuitos e realizam-se de 100 metros cúbicos por mês.
acordo com o regime tradicional e natural de utilização das . 2. No caso de a utilização referida no número anterior
águas, não carecendo de quaisquer formalidades administra- abranger as águas subterrâneas, o caudal máximo de exploração
tivas ou contratuais. é fixado em 2 metros cúbicos por dia.
3. Para efeitos da alínea c) do n. 0 I do presente artigo, ARTIGO 57 .0
(Limites e restrições)
entende-se por abeberamento e pastagem de gado, sem fins
estritamente comerciais, a que se destina estritamente a uma I. Os titulares do direito de aproveitamento dos terrenos
população animal sob regime tradicional de utilização dos ora referidos não devem desviar os recursos hídricos dos seus
recursos hídricos. leitos, introduzir alterações às suas margens e adjacências,
ARTIGO 54. 0
embaraçar o curso das águas ou exceder os volumes definidos
(Limites e restrições) no artigo anterior ou violar os termos e condições definidos pelo
I. Os usos comuns estão sujeitos aos limites de utilização Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
dos recursos hídricos fixados pelo Órgão de Administração 2. Sempre que a utilização ou acumulação artificial de
da Bacia Hidrográfica correspondente, que devem velar pela água seja superior aos volumes estabelecidos no artigo anterior
sua conformidade com o regime tradicional de utilização fica sujeita ao regime de licenças ou concessões, nos termos ·
dos mesmos. do presente Diploma.
2. Os titulares dos usos comuns não devem introduzir 3. Os titulares do direito de aproveitamento dos terrenos
alterações às margens e adjacências ou desviar os recursos não devem impedir as comunidades rurais do exercício do
hídricos dos seus leitos ou exceder os limites e condições de direito aos usos comuns, devendo manter e garantir, nos termos
utilização estabelecidos pelo Órgão de Administração da Bacia da legislação em vigor, os atravessadouros correspondentes,
Hidrográfica correspondente, nos termos do número anterior. segundo o direito consuetudinário preexistente, para acesso
SECÇÃO 11
do gado a pastagens ou fontes de água e outras utilidades
Usos Decorrentes do Direito de Aproveitamento da Terra tradicionais, no caso de exi stirem ou virem a ex istir vedações
nos mesmos.
ARTIGO 55. 0
(Titulares do direito de uso da água) 4. Sem prejuízo do n. 0 I do presente arti go, os titulares do
direito de aproveitamento dos terrenos devem manter em bom
I. São titulares do direito de uso da água, de forma livre e
gratuita, sem necessidade de licença ou concessão, para fins estado de conservação as margens e adjacênc ias, procedendo
exclusivamente agrícolas, sem carácter estritamente comercial, à sua limpeza e desobstrução, sempre que as circunstâncias
e de satisfação de necessidades domésticas, todas as pessoas o exijam, nos termos e condições definidos pelo Órgão de
singulares ou colectivas que exercem, nos termos da legislação Administração da Bacia Hidrográfica correspondente, e
em vigor, o direito de aproveitamento dos seguintes terrenos: abster-se de executar obras ou trabalhos que alterem a largura
a) Terrenos em cujo interior existam lagos, lagoas ou e a disposição dos leitos.
pântanos; SECÇÃO 111
Navegação, Flutuação, Recreação e Desportos
b) Terrenos em cujo interior corram livremente águas
de nascentes, que não transponham os limites dos ARTIGO 58. 0
(Princípio geral)
mesmos ou não se lancem num curso de água;
c) Terrenos em cujo interior existam águas subterrâneas, I. Sem prejuízo da legislação em vigor e dos limites e
não incluídas em zonas de protecção, desde que se restrições decorrentes do presente Diploma, a navegação,
não perturbe o regime ou a qualidade das mesmas; flutuação, recreação e desportos, sem fins estritamente comer-
d) Terrenos que circundam lagos, lagoas ou pântanos. ciais, nos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras,
I SÉRIE' - N. 0 74 - DE21 DEABRILDE2014 1901

zonas estuarinas e outros corpos de água, são livres e gratuitos, perturbem o normal funcionamento e a qualidade dos corpos
não carecendo de quaisquer formalidades administrativas de água, nos termos e condições estabelecidos pelo Órgão de
inerentes à utilização dos recursos hídricos junto do Órgão Administração da Bacia Hidrográfica correspondente, não
de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente. sendo permitida a construção de locais de atracação ou de
2. Para efeitos do número anterior, entende-se por nave- qualquer outra natureza, susceptível de alterar ou modificar
gação, flutuação, recreação e desportos, sem fins estritamente significativamente as margens e leitos dos cursos de água,
comerciais, as que são realizadas para fins de satisfaçã~ de lagos, lagoas, pântanos, albufeiras e outros corpos de água.
necessidades propriamente domésticas, pessoais, familiares ARTIGO 61. 0
e comunitárias. (Pedidos de parecer para navegação, flutuação, recreação e desportos)
/
3. Sem prejuízo da legislação em vigor, a atribuição de Para efeitos do n. 0 3 do artigo 58. 0 do presente Diploma,
títulos de exploração das actividades de navegação, flutuação, os pedidos de parecer devem ser formulados pelas entidades
recreação e desportos, com fins estritamente comerciais, competentes com os seguintes elementos:
através de embarcações atracadas ou fundeadas, com ou sem a) Identificação completa do requerente;
meios de locomoção próprios, nos cursos de água, lagos, b) Finalidade da pretensão;
lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuarinas e outros corpos c) Duração da utilização pretendida;
de água, carece de parecer vinculativo prévio do Órgão de d) Indicação da área, zona ou percursos onde se pre-
Administração da Bacia Hidrográfica correspondente, nos tende exercer a actividade;
termos do presente Diploma. e) Tipo de serviço a prestar;
4. Estão, igualmente, abrangidos no número anterior: f) Projecto com indicação do número, dimensão e
a) As peças soltas flutuantes, que, pela sua dimensão e características do material flutuante e respectiva
características, não sejam consideradas comple- memória descritiva;
mentos de usos recreativos, nos termos e condi- g) Troço do curs o ou corpo de água que se pretende
ções definidos pelos Órgãos de Administração da utilizar;
Bacia Hidrográfica; h) Relação de obstáculos existentes, nomeadamente
b) A instalação de estruturas flutuantes, nomeadamente açudes, barragens, captações e suas características;
jangadas, piscinas, cais, balizagem e sinalização, i) Sistemas a utilizar para a transposição;
qualquer que seja a sua finalidade. j) Formas de sinalização e de segurança a adoptar.
5. Exceptuam-se do número anterior as instalações flu- ARTIGO 62. 0
tuantes da aquicultura. (Prazo para emissão de parecer para navegação, flutuação,
recreação e desportos)
ARTIGO 59. 0
(Requisitos gerais) O prazo para emissão de parecer, pelo Órgão de Administração
da Bacia Hidrográfica, é de 15 dias, a contar da data da recepção
As actividades referidas no artigo anterior, independente-
do pedido correspondente.
mente da natureza comercial ou não, apenas são permitidas
desde que não afectem: SECÇÃO IV
Pesca
a) A compatibilidade com outros usos titulados ou
legalmente protegidos; A RTIGO 63. 0
(Pr incípio geral)
b) A qualidade da água;
c) A integridade dos leitos, das margens e dos ecossis- I. Sem prejuízo da legislação em vigor e dos limites e
temas em presença; restrições decorrentes do presente Diploma, o exercício da
d) A integridade de infra-estruturas hidráulicas e equi- pesca de subsistência, investigação científica, recreativa e
pamentos titulados; desportiva, incluindo actividades conexas, nos cursos de água,
e) A fauna e a flora. lagos, lagoas, pântanos, albufeiras e outros corpos de água, é
ARTIG060. 0 livre e gratuito, não carecendo de quaisquer formalidades admi-
(Limites e restrições) nistrativas inerentes à utilização dos recursos hídricos junto do
I. A navegação, flutuação, recreação e desportos, sem Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
fins estritamente comerciais, deve ser feita com base em 2. Sem prejuízo da legislação em vigor, a atribuição
embarcações e estruturas flutuantes de natureza tradicional, de direitos de pesca artesanal, industrial e semi-industrial,
sem recurso a motor, ou, caso exista, que não ultrapasse a incluindo actividades conexas, carecem de parecer vinculativo
potência de 50 cv. prévio do Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica
2. A navegação, flutuação, recreação e desportos, sem fins correspondente, inerente à utilização dos recursos hídricos,
estritamente comerciais, devem ser realizados de modo que não nos termos do presente Diploma.
1902 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 64. 0 ARTIG067. 0


(Requisitos gerais) (Prazo para emissão de parecer para pesca)

O exercício da pesca, independentemente da sua natureza O prazo paraemissão de parecer, pelo Órgão de Administração
e fim , incluindo actividades conexas, com excepção da pesca da Bacia Hidrográfica é de 15 dias, a contar da data da recepção
de investigação científica, nos cursos de água, lagos, lagoas, do pedido correspondente.
pântanos, albufeiras e outros corpos de água, só pode ser SECÇÃO V
permitido desde que: Aquicultura Comuna! c de Investigação
a) Não altere o regime e a funcionalidade dos cursO's
ARTIGO 68. 0
de água; (Princípio geral)
b) Não afecte o equilíbrio natural e o funcionamento Sem prejuízo da legislação em vigor e dos limites e restrições
dos ecossistemas;
decorrentes do presente Diploma, a utilização dos cursos de
c) Não prejudique as espécies da flora e da fauna;
água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras e outros corpos de
d) Não prejudique a navegação ou outros usos titulados
água, para o estabelecimento da aquicultura comuna! ou de
ou legalmente protegidos.
investigação, incluindo actividades conexas, é livre e gratuita,
ARTIG065. 0
não carecendo de quaisquer formalidades administrativas
(Limites e restrições)
inerentes à utilização dos recursos hídricos junto do Ó.rgão
I. A pesca de subsistência, nos cursos de água, lagos,
de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
lagoas, pântanos, albufeiras e outros corpos de água, deve
ARTIGO 69."
ser desenvolvida sob o regime tradicional ou com recurso (Requisitos gerais)
a meios que não impliquem a utilização de embarcações a A utilização dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos,
motor ou de apetrechos não consentâneos com a sua natureza albufeiras e outros corpos de água, para o estabelecimento
e fim, nos termos e condições estabelecidos pelo Órgão de da aquicultura comuna!, com excepção da aquicultura de
Administração da Bacia Hidrográfica correspondente. investigação, apenas pode ser permitida em caso de não afectar:
2. O exercício da pesca recreativa e desportiva, nos a) O regime e a funcionalidade das correntes;
b) O equilíbrio natural e o funcionamento dos
cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras e outros
ecossistemas;
corpos de água, deve observar o disposto no artigo 60. 0 do
c) As espécies da flora e da fauna;
presente Diploma.
d) Os usos titulados ou legalmente protegidos.
3. Sem prejuízo do dever de observância de determinados
ARTIGO 70."
condicionalismos impostos pelo Órgão de Administração da (Limites e restrições)
Bacia Hidrográfica correspondente, nomeadamente de segurança, I. Sem prejuízo da legislação em vigor, a utilização dos
a pesca de investigação científica não está sujeita a quaisquer cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras e outros
limites ou restrições, nos termos do presente Diploma. corpos de água para o estabelecimento da aquicultura comuna!,
ARTIGO 66. 0 incluindo actividades conexas, deve ser desenvolvida para fins
(Pedidos de parecer para pesca) de consumo próprio, nos termos e condições definidos pelo
Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
Para efeitos do n.0 2 do artigo 63. 0 , os pedidos de parecer
2. Sem prejuízo do dever de observância dos condicio-
devem ser instruídos com os seguintes elementos:
nalismos impostos pelo Órgão de Administração da Bacia
a) Identificação completa do requerente;
Hidrográfica correspondente, nomeadamente de segurança e
b) Finalidade da pretensão; preservação ambiental, a utilização dos cursos de água, lagos,
c) Duração da utilização pretendida; lagoas, pântanos, albufeiras e outros corpos de água, para o
d) Sistema e regime de pesca; estabelecimento da aquicultura de investigação, incluindo
e) Condições e características das embarcações; actividades conexas, não está sujeito a quaisquer limites ou
f) Projectos das instalações; restrições, nos termos do presente Diploma.
g) Condições e características das rejeições; SECÇÃO VI
Constituição de Direitos Fundiários
h) Plano ou estudo específico, em caso de ausência de
ARTIGO 71."
planos aprovados, que definam a localização espe-
(l>rincípio geral)
cífica das instalações associadas em terra firme;
I. Sem prejuízo da legislação em vigor, a constituição
i) Formas de delimitação e sinalização do estabeleci-
de direitos fundiários, independentemente do fim a que se
mento das instalações associadas em terra firme; destinem, sobre os leitos, margens e adjacências dos cursos
j) Condicionantes de natureza ambiental, nos termos de água, lagos, lagoas, pântanos, nascentes, albufeiras e outros
da legislação em vigor. corpos de água, carece de parecer vinculativo prévio do Órgão
I SÉRIE- N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1903

de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente, nos g) Distância ao nível de pleno armazenamento, quando
termos do presente Diploma. em terrenos marginais e albufeiras;
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os direitos h) Tipo de materiais a utilizar;
fundiários sobre os leitos, margens e adjacências dos cursos de i) Tipo de pavimento e cobertos, se for caso disso;
água, lagos, lagoas, pântanos, nascentes, albufeiras e outros j) Estudo de impacto ambiental, nos termos da legis-
cursos de água, integrados, nos termos da legislação em vigor,
lação em vigor.
no regime de terrenos rurais comunitários, ficando apenas
2. Sem prejuízo do número anterior, sempre que a cons-
sujeitos aos limites, restriçõys e condicionalismos impostos pelo
tituição de direitos fundiários se destine à realização de
Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
infracestruturas hidráulicas, os pedidos de parecer devem ser
ARTIGO 72. 0
(Requisitos gerais) formulados, igualmente, com os seguintes elementos:
a) Perfil longitudinal da linha de água, em extensão
I. A constituição de direitos fundiários sobre os leitos,
margens e adjacências dos cursos de água, lagos, lagoas, representativa para montante e para jusante do
pântanos, nascentes, albufeiras e outros corpos de água apenas local da obra, com implantação do local da obra,
pode ser permitida em casos de não afectar: indicação dos níveis de pleno armazenamento e
a) As condições de funcionalidade da corrente, o escoa- de máxima cheia;
mento e o espraiamento das cheias; b) Estudo hidrológico, com recurso a dados das e'stações
b) Os ecossistemas em presença, nomeadamente zonas hidrométricas e pluviométricas, para determinação
húmidas, sistemas dunares e zonas lagunares; da distribuição de caudais e do caudal modular,
c) A integridade biofísica e paisagística do meio, dos e indicação de qual a metodologia seguida na
leitos e das margens; determinação do caudal de cheia;
d) A diversidade e interesse ecológico e arqueológico; c) Estudo hidráulico;
e) Os lençóis subterrâneos; d) Determinação dos consumos de água a montante
f) Os usos principais das águas, quer sejam titulados e a jusante do aproveitamento, para cálculo dos
ou apenas legalmente protegidos; caudais aproveitáveis e determinação do caudal
g) O respeito por planos existentes, nos termos da do projecto, em função da distribuição de caudais;
legislação em vigor; e) Dimensionamento estrutural;
h) A segurança de obras marginais ou de transposição
f) Descrição das instalações existentes, condições de
dos leitos;
conservação e das obras previstas, em caso de
i) A fauna e a flora.
recuperação;
2. Sem prejuízo do número anterior, a constituição de direitos
g) Medidas preventivas para evitar ou mitigar as conse-
fundiários sobre os leitos, margens e adjacências dos cursos de
quências de desastres, tanto na fase de construção
água, lagos, lagoas, pântanos, nascentes, albufeiras e outros
corpos de água não deve implicar movimentações de terra, das instalações, quanto na fase de exploração.
susceptíveis de alterar a secção de vazão, a configuração dos 3. Para efeitos do número anterior, constituem infra-
cursos de água ou de quaisquer corpos de água, ou provocar -estruturas hidráulicas:
o agravamento dos riscos naturais, designadamente de erosão. a) Barragens;
ARTIG073. 0 b) Diques marginais de defesa contra cheias;
(Pedidos de parecer para constituição de direitos fundiários) c) Açudes;
I. Para efeitos do n. 0 I do artigo 71. 0 do presente Diploma, d) Canais e valas de drenagem;
os pedidos de parecer devem ser formulados pelas entidades e) Sistemas de saneamento para aglomerados popula-
competentes com os seguintes elementos: cionais e para equipamentos de natureza social,
a) Identificação completa do requerente; comercial, turística ou industrial;
b) Finalidade da pretensão; f) Pontes.
c) Duração da utilização pretendida; 4. No caso de aproveitamentos abrangidos pelas normas
d) Planta, à escala apropriada, com indicação da loca- relativas à segurança de barragens, o projecto deve obedecer
lização exacta da utilização pretendida; às normas internacionais vigentes.
e) Memória descritiva com as áreas a ocupar e com
ARTIGO 74. 0
a apresentação das características gerais destas, (Prazo para emissão de parecer para constituição
nomeadamente a vegetação circundante, configura- de direitos fundiários)
ção topográfica e a descrição geológica do terreno; O prazo para emissão de parecer, pelo Órgão de Administração
f) Projecto da obra e da rede exterior de águas e de da Bacia Hidrográfica, é de 15 dias, a contar da data da recepção
drenagem ou esgotos, em caso disso; do pedido correspondente.
1904 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 75. 0 c) O equilíbrio dos ecossistemas;


(Obrigatoriedade de limpeza e desobstrução)
d) Os lençóis subterrâneos;
I. Os titulares de direitos fundiários sobre os leitos, e) As áreas agrícolas adjacentes ou próximas;
margens e adjacências dos cursos de água, lagos, lagoas, f) O uso das águas pluviais para diversos fins, incluindo
pântanos, nascentes, albufeiras, zonas estuarinas e outros as instalações de captação, represamento, deriva-

• corpos de água, devem manter em bom estado de conser-


vação as parcelas de terrenos correspondentes, proceden~o
ção e bombagem;
g) A integridade dos leitos, margens e ecossistemas
à sua limpeza e desobstruçãb, sempre que as circunstâncias contíguos;
o exijam, nos termos e condições definidos pelos Órgãos de h) A segurança de obras marginais e de transposição
Administração da Bacia Hidrográfica correspondentes, com dos leitos;
vista à consolidação das margens e protecção contra a erosão i) A fauna e flora aquática e marginal.
e cheias, melhoria da drenagem e funcionamento da corrente, ARTIGO 78.0
(Pedidos de parecer para actividades geológico-mineiras)
manutenção da diversidade e interesse ecológico, minimização
dos cortes de meandros e da artificialização das margens e I. Os pedidos de parecer para a atribuição de direitos
prevenção de impactes na fauna e na flora e de implicações mineiros devem ser formulados pelas entidades competentes
negativas no nível freático . com os seguintes elementos:
2. Para efeitos do número anterior, sempre que se verifi- a) Identificação do requerente;
b) Título de aproveitamento da terra;
que a necessidade de limpeza e desobstrução, os Órgãos de
c) Finalidade da pretensão;
Administração da Bacia Hidrográfica correspondentes devem
d) Duração da utilização pretendida;
notificar os titulares dos direitos fundiários sobre as parcelas
e) Definição exacta do local da utilização pretendida;
de terrenos abrangidos.
f) Modo de execução da extracção;
3. Da notificação prevista no número anterior devem constar
g) Técnicas e meios a utilizar;
as acções de limpeza e desobstrução a realizar.
h) Medidas de min imização de impacte ambiental ;
4. No caso de os titulares dos direitos fundiários sobre os
i) Quantidade máxima a extrair;
terrenos hidráulicos abrangidos não observarem o disposto
j) Plano de extracção;
nos números anteriores do presente artigo, os Órgãos de
k) Local de deposição dos materiais extraídos e res-.
Administração da Bacia Hidrográfica podem executar, a suas pectivo destino;
expensas, as acções de limpeza e desobstrução exigíveis, sem I) Identificação e quantificação dos efluentes a produ-
prejuízo do direito de regresso contra os titulares de direitos zir, os meios e a forma de tratamento e o destino
fundiários sobre as parcelas de terrenos abrangidos. final dos resíduos;
5. No caso de se tratar de um curso ou corpo de água m) Estudo de impacte ambiental, nos termos da legis-
inserido num aglomerado populacional, cabe aos respectivos lação em vigor.
Órgãos da Administração Local do Estado assegurar a sua 2. Sem prejuízo do número anterior, independentemente
limpeza e desobstrução.
de regulamentação específica, os pedidos de parecer para a
SECÇÃO VII atribuição de direitos mineiros de águas minero-medicinais
Actividades Geológico-Mineiras
devem incluir as condições previstas nos 11.0 ' 3 e 4 do artigo 83.0
ARTIGO 76. 0 do presente Diploma.
(Princípio geral)
ARTI GO 79. 0
A atribuição, nos termos da legislação em vigor, de direitos (Prazo para emissão de parecer para actividades geológico-mineiras)
mineiros sobre os leitos, margens e adjacências dos cursos de O prazo para emissão de parecer, pelo Órgão de Administração
água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuarinas e da Bacia Hidrográfica, é de 30 dias, a contar da data da recepção
outros corpos de água, carece de parecer vinculativo prévio do do pedido correspondente.
Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente,
nos termos do presente Diploma. CAPÍTULO VI
Utilizações Sujeitas a Título
ARTIGO 77. 0
(Requisitos gerais) SECÇÃO I
Os direitos mineiros, a que se refere o artigo anterior, podem Captação de Água

ser atribuídos em caso de não afectarem significativamente: ARTIGO 80. 0


a) A funcionalidade das correntes, a navegação, a flu- (Princípio geral)
tuação e as estruturas flutuantes, o escoamento e A captação de água para quaisquer fins definidos no artigo
o espraiamento das cheias; seguinte, com excepção do disposto nas alíneas a) e b) do
b) O equilíbrio das praias e da faixa litoral; artigo 53. 0 do presente Diploma, carece de licença ou concessão.
I SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1905

ARTIGO 81. 0 b) Para fins da actividade agro-pecuária - a superfície


(Finalidades da captação de água)
a irrigar, tipos de solos e culturas, tipos de fertili-
Para efeitos do presente Diploma, a captação de água, zantes e produtos de protecção de culturas, número
com ou sem retenção, compreende as seguintes finalidades: e tipo de população animal, com a indicação do
a) Consumo humano; respectivo sistema de exploração;
b) Actividade agro-pecuária; c) Para fins da actividade industrial- a natureza da acti-
c) Actividade industrial; vidade, a descrição das instalações e equipamentos,
d) Actividade de r,rodução de energia hidroeléctrica; local exacto de implantação das obras, matérias-
e) Quaisquer ouros fins permitidos por lei. -primas a utilizar, a identificação e quantificação
ARTIGO 82. 0 dos efluentes a produzir, meios de tratamento a
(Requisitos gerais)
utilizar e destino final dos resíduos;
Sem prejuízo do disposto no artigo 19. 0 do presente Diploma, d) Para fins da actividade de produção de energia
a atribuição de licença ou concessão de captação de água, hidroeléctrica - características da barragem, defi-
independentemente da finalidade, depende da verificação das nição do local exacto de implantação das obras,
disponibilidades hídricas, da inexistência de incompatibilidades altura da barragem e da queda de água, potência
com outras utilizações já tituladas ou previstas nos planos dos a instalar e energia a produzir anualment~, tipo de
recursos hídricos. equipamento de produção e sua eficiência, regime
ARTIGO 83. 0 de exploração e formas de restituição da água.
(Pedidos de títulos de captação de água)
3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores e
I . Os pedidos de Iicença ou concessão de captação de água independentemente de regulamentação específica, os pedidos
devem ser instruídos com os seguintes elementos: de licença ou concessão de captação de águas subterrâneas
a) Identificação completa do requerente; devem indicar:
b) Título de aproveitamento da terra; a) Os trabalhos a executar, quer se trate de prospecção,
c) Identificação da fonte de captação de água e da área pesquisa ou captação propriamente dita;
geográfica de localização da utilização pretendida; b) A profundidade, diâmetros e métodos de perfuração
d) Objecto da utilização, regime de exploração previsto, e natureza dos materiais de revestimento a utilizar;
com indicação do caudal máximo instantâneo e c) As normas técnicas de execução dos furos e conser-
do volume mensal a extrair; vação dos aquíferos a utilizar;
e) Duração da utilização pretendida; d) Os tipos, posição e material dos tubos ralos;
f) Características dos meios e equipamentos a utilizar e) A profundidade dos níveis estático e dinâmico e
para a captação, derivação ou bombagem da água; respectivos caudais;
g) Método de medição do volume de água a extrair ou f) Os tipos de ensaios de caudal a realizar e o controlo
a derivar e de medição dos efluentes; físico-químico e bacteriológico da qualidade da
h) Método de medição dos caudais extraídos e de con- água prospectada e a captar;
trolo do nível de água quando a situação assim g) A profundidade para colocação do sistema de
o imponha; extracção;
i) Plantas e croquis dos aproveitamentos, descargas, h) A posição, granulometria e natureza do maciço fil-
obras, equipamentos e instalações propostos, trante e outros preenchi-mentos do espaço anular;
bem como a localização do prédio beneficiário; i) O Caudal e regime de exploração pretendidos;
.J) Estudo de impacte ambiental, nos termos da legis- j) Os cuidados a tomar nas explorações das captações .
lação em vigor. 4. Os trabalhos referidos na alínea a) do número anterior
2. Para além dos elementos referidos no número anterior, os devem observar os seguintes princípios:
pedidos de licença ou concessão de captação de água devem, a) Na execução do poço ou furo, seja qual for a sua
em razão da finalidade, indicar: finalidade, deve proceder-se de tal modo que não
a) Para fins de consumo humano: haja poluição química ou bacteriológica da água
i) Número da população a beneficiar e respectiva dos aquíferos a explorar, quer por infiltração de
evolução demográfica, em função do horizonte do águas de superfície ou de escorrências, quer por
projecto, para o caso de abastecimento público; mistura de águas subterrâneas de má qualidade;
ü) Declaração da entidade competente da admi- b) Os poços ou furos de pesquisa e captação de águas
nistração local do Estado, probatória da impos- são sempre que possível, munidos de dispositivos
sibilidade de integração num sistema público que impeçam o desperdício de água;
de abastecimento de água, para o caso de c) No caso de a pesquisa resultar negativa ou existir
abastecimento particular. necessidade de substituição da captação em virtude
1906 DIÁRIO DA REPÚBLICA

de erro técnico, a empresa executora dos trabalhos 4. Qualquer anomalia grave no funcionamento das insta-
é responsável pelo entulhamento da perfuração e lações ou acidente, com influência nas condições de rejeição
restituição do terreno à situação inicial; de efluentes, deve ser comunicada pelo utilizador ao Órgão
d) Afastamento mínimo de I00 metros entre as captações de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente,
de diferentes utilizadores de um mesmo aquífero, no caso de licenças, ou à Tutela, no caso de concessões, no
salvo autorização expressa e tecnicamente fun- prazo de 48 horas, a contar da sua ocorrência, sob pena de
damentada do Órgão de Administração da Bacia caducidade da licença ou concessão, sem prejuízo de demais
Hidrográfica correspondente. responsabilidades, nos termos do presente Diploma e demais
legislação aplicável.
SECÇÃO li
Rejeição de Efluentes ARTIGO 86. 0
(Pedidos de títulos de rejeição de efluentes)
ARTIGO 84.0
(Princípio geral) Os pedidos de licença ou concessão para rejeição de
efluentes devem ser instruídos com os seguintes elementos:
I. Sem prejuízo de parecer prévio dos órgãos competen-
a) Identificação do requerente;
tes de saúde pública, a rejeição de efluentes, nos cursos de
água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuarinas ou b) Finalidade da pretensão;
outros corpos de água, incluindo as respectivas margens ou c) Duração da utilização pretendida;
adjacências, carece de licença ou concessão, nos termos do d) Caudal rejeitado;
presente Diploma. e) Valor dos parâmetros fixados para a descarga;
2. A atribuição de licença ou concessão de rejeição de f) Identificação das águas superficiais ou aquíferos onde
efluentes, em solo agrícola, florestal ou em solo não abrangido se realiza ou para onde se encaminha, em caso de
no perímetro de protecção dos recursos hídricos, depende ser vertida em solo;
das entidades competentes em matéria de terras, florestas g) Planta, à escala apropriada, com indicação das redes
ou ambiente. de drenagem dos efluentes e a localização da
3. A atribuição de licença ou concessão de rejeição de estação ou estações de tratamento de efluentes e
efluentes deve observar as exigências de natureza ambiental do ponto, ou pontos de descarga, bem como das
e de saúde pública, bem como obedecer ao grau de depuração captações de águas superficiais ou subterrâneas
dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras, zonas existentes nas proximidades;
estuarinas ou outros corpos de água. h) Descrição sumária das instalações fabris, matérias-
4. A entidade licenciadora ou concedente da actividade -primas utilizadas, processos de fabrico e produtos
de rejeição de efluentes nos cursos de água, lagos, lagoas, fabricados, capacidade de produção instalada, tipo
pântanos, albufeiras, zonas estuarinas ou outros corpos de de tratamento a adoptar, destino final e eventual
água, incluindo as respectivas margens ou adjacências, pode reutilização do ef'luente, no caso de efluentes pro-
proceder, nos termos do presente Diploma, à revisão das suas
venientes de actividades industriais ou mineiras;
condições se, durante a vigência da licença ou concessão,
i) Descrição sumária dos edificios, número de quartos
ocorrerem alterações substanciais e permanentes na compo-
ou de fogos, actividades económicas e população
sição qualitativa e quantitativa dos efluentes brutos ou após
máxima a serv ir, tipo de tratamento a adoptar,
tratamento, em consequência, nomeadamente, de substituição
destino final e eventual reutilização do efluente,
de matérias-primas, de modificações nos processos de fabrico
no caso de reje ição de efluentes urbanos;
ou de aumento da capacidade de produção que a justifiquem.
j) Descrição sumária ctas explorações (ti po e dimensão),
ARTIGO 85. 0
(Requisitos gerais) tipo de tratamento a adoptar, destino final e even-
tual reutilização do efluente, no caso de rejeição de
I. A utilização de emissários submarinos, em substituição
efluentes provenientes de explorações pecuárias;
do grau adequado de tratamento de etluentes, é proibida
k) Descrição sumária das instalações (tipo e dimen-
em estuários.
2. A utilização de efluentes adequadamente tratados para são), tipo de tratamento a adoptar, destino final e
a recarga de aquíferos deve ser objecto de autorização pelo eventual reutilização do efluente, para o caso de
Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente. rejeição de efluentes provenientes de quaisquer
3. A qualidade do aquífero, após recarga, deve ser equiva- outras actividades económicas ou serviços não
lente à qualidade definida para as águas superficiais, segundo contemplados nas alíneas anteriores;
as normas de qualidade das águas para produção de água I) Periodicidade das descargas propostas, tendo em
potável, nos termos da legislação aplicável, ou, na sua falta, conta o regime hidrológico do meio receptor;
de normas de qualidade das águas subterrâneas destinadas m) Dimensionamento dos órgãos que compõem a esta-
ao consumo humano. ção de tratamento e respectivos desenhos;
I SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1907

n) Caracterização quantitativa e qualitativa bruta do aqui cultura comercial, incluindo actividades conexas, carece
efluente bruto e após tratamento; de licença ou concessão, nos termos do presente Diploma.
o) Sistema de autocontrolo que se propõe adaptar, ARTIGO 89."
especificando-se o tipo de equipamento, parâ- (Requisitos gerais)

metros a analisar, métodos analíticos, precisão As licenças ou concessões de estabelecimento de activi-


dos resultados; dades de aquicultura comercial apenas podem ser atribuídas
p) Sistemas de segurança previstos para fazer façe a desde que:
situações de emergência ou de acidente, quando a) Não altere o regime e a funcionalidade das correntes;
necessários; b) Não afecte o equilíbrio natural e funcionamento
q) Estudo de impacte ambiental, nos termos da legis- dos ecossistemas;
lação em vigor; c) Não prejudique as espécies da flora e da fauna;
r) Outros elementos considerados apropriados, tendo d) Não prejudique a navegação ou outros usos titulados
em conta a especificidade da actividade económica ou legalmente protegidos.
requerida, quando necessários, e do meio receptor,
ARTIGO 90."
nomeadamente procedimentos técnicos a adaptar (l'edidos de títulos para estabelecimento de actividades
para minimizar os efeitos decorrentes da rejeição. de aquicultura comercial)

ARTIGO 87." Os pedidos de licenças ou concessões de estabelecimento


(Autocontrolo, inspecção c fiscalização das rejeições de efluentes) de actividades de aquicultura comercial devem ser instruídos
I. O titular de licença ou concessão de rejeição de etluentes com os seguintes elementos:
deve instalar um sistema de autocontrolo adequado à rejeição a) Identificação completa do requerente;
efectuada, cujas características, procedimentos e periodicidade b) Finalidade da pretensão;
de envio de registos à entidade outorgante do título fazem c) Duração da utilização pretendida;
parte integrante do conteúdo do mesmo. d) Sistemas e regime de produção;
2. Os encargos decorrentes da instalação e exploração do
e) Projecto das instalações;
sistema de autocontrolo são da responsabilidade do titular de
f) Estimativa de volumes de água a utilizar;
licença ou concessão.
g) Condições e características das rejeições;
3. O titular de licença ou concessão deve manter um registo
h) Plano ou estudo específico, no caso de ausênc'ia
actualizado dos valores do autocontrolo, para efeitos de ins-
de planos aprovados, que definam a localização
pecção ou fiscalização por parte das entidades competentes.
4. A existência de um sistema de autocontrolo não isenta específica do estabelecimento da actividade de
a administração de proceder às acções de inspecção ou fis- aqui cultura;
calização que entender mais apropriadas. i) Formas de delimitação e s inalização dos
5. Compete às entidades responsáveis pela fiscalização estabelecimentos;
e pela inspecção da qualidade da água assumir os encargos j) Estudo de impacte ambiental, nos termos da legis-
lação em vigor.
inerentes à execução dessas acções de controlo, sem prejuízo
dos encargos serem suportados pelo titular de licença ou CAPÍTULO VII
concessão, quando se demonstre que as condições de outorga Regime Económico e Financeiro de Utilização
do título não estejam a ser cumpridas. Geral dos Recursos Hídricos
6. No caso de os resultados das análises efectuadas pelos SECÇÃO I
laboratórios das entidades que procederam às acções de Disposições Gerais

inspecção ou de fiscalização serem, sobre a mesma amostra, ARTIGO 91."


manifestamente diferentes dos resultados apresentados pelo (l>rincípio geral)

titular de licença ou concessão, deve recorrer-se a um terceiro I. Os titulares de licenças ou concessões de utilização
laboratório de idoneidade técnica e científica reconhecida, dos recursos hídricos estão sujeitos, nos termos do presente
constituindo os boletins de análise deste último prova para Diploma, ao pagamento de taxas de utilização dos recursos
todos os efeitos previstos no presente Diploma. hídricos, destinadas à sua protecção, preservação, conservação,
SECÇÃO li I planeamento e gestão.
Aquicultura Comercial 2. Os beneficiários de obras de infra-estruturas hidráulicas,
ARTIGO 88." quer em águas superficiais, quer em águas subterrâneas, estão
(Princípio geral) sujeitos ao pagamento de tarifas, destinadas a compensar o
A uti Iização dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, investimento realizado e os custos de exploração, manutenção
albufeiras e outros corpos de água, para o estabelecimento da e conservação das referidas infra-estruturas.
1908 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. Sem prejuízo da legislação em vigor, estão, igualmente, K = C0 x c, x C2 x C3


sujeitos ao pagamento de taxas de utilização dos recursos em que :
hídricos, nos termos do artigo I 23. 0 do presente Diploma: K = valor final de cada metro cúbico de água,
a) Os titulares de direitos de extracção de inertes, nos em Kwanza;
leitos, margens e adjacências dos cursos de água, C 0 = valor básico de cada metro cúbico de água,
lagos, lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuari- em Kwanza;

nas e outros corpos de água; C, = coeficiente sectorial;

b) Os titulares de diréitos de pesca artesanal, semi-


c2 = coeficiente de disponibilidade;
-industrial e industrial, nos cursos de água, lagos,
c3 = coeficiente de intensidade.
4. Para o cálculo de (K) são considerados os factores
lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuarinas e
relevantes em função das características específicas da
outros corpos de água;
captação e do meio hídrico, sendo o valor inicial de (C 0), em
c) Os titulares de direitos de estabe lecimento da aqui-
Kwanza, fixado, conjuntamente, pelos Ministros de Tutela e
cultura comercial;
das Finanças, nos termos da legislação em vigor.
d) Os titulares de direitos de exploração das activi-
S. Os Ministros de Tutela e das Finanças podem alterar
dades de navegação, recreação e desportos, com o valor de (C 0), sempre que razões de política económica
fins estritamente comerciais, incluindo estrutu- o justifiquem.
ras flutuantes, nos cursos de água, lagos, lagoas, 6. O coeficiente sectorial (C) diz respeito ao sector uti-
pântanos, albufeiras, zonas estuarinas e outros lizador, sendo crescente em função da mais-valia associada
corpos de água; à utilização da água.
e) Os titulares de direitos fundiários sobre os leitos,
margens e adjacências dos cursos de água, lagos, O coeficiente C, assume os seguintes valores:
lagoas, pântanos, albufeiras, zonas estuarinas e Sectores Ulilizadores Mais-Val ia Associada Valor de C 1

outros corpos de água. I - Produção hidroeléctrica Elevada I ,5

ARTIGO 92. 0 2 - Actividades turísticas Intermédia 1,0


(Tipos de taxas de utilização dos recursos hídricos) 3- Actividades industriais e mineiras Média 0,75

Sem prejuízo do disposto no n. 0 3 do artigo anterior, a 4 - Aclividades agrícolas e uso doméstico Reduzida 0,5
utilização dos recursos hídricos compreende os seguintes
tipos de taxas: 7. O coeficiente de disponibilidade (C 2 ) diz respeito ao
a) Taxa de captação de água; balanço entre as disponibilidades e as necessidades de cada
b) Taxa de rejeição de efluentes. bacia hidrográfica no período mais seco do ano.

CAPÍTULO VIII O coeficiente C 2 assume os seguintes valores:


Taxas e Tarifas
Relação disponibi Iidades/Necessidades Valor de C,
SECÇÃO I < 1,5 1.5
Taxa de Captação de Água
1,5 <5
ARTIGO 93n >5 0,5
(Cálculo da taxa de captação de água)

I. A taxa de captação de água é calculada de acordo com 8. O coeficiente de intensidade (C) diz respeito aos volumes
a seguinte fórmula: captados unitariamente por cada utilizador, comparados com
T = Va x K os recomendados pelo Plano Geral de Desenvolvimento e
em que: Utilização de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica para
T = valor da taxa em K wanza; cada tipo de utilização.
Va = volume de água;
O coeficiente C 3 assume os seguintes valores:
K = valor composto de cada metro cúbico de água
Relação volumes unitários
em Kwanza. Valor de C,
reais/volumes unitários recomendados
2. O volume de água (V.) é igual ao número de metros >I I ,5
cúbicos de água captados, retidos, subtraídos ou desviados ~ I I
para fins de consumo humano ou de qualquer outra activi- <I 0,5
dade económica.
3. O factor (K), valor atribuído a cada metro cúbico de 9. A variação dos parâmetros e critérios de determinação do
água, é calculado de acordo com a seguinte fórmula: facto r (K) é fixada, conjuntamente, pelos Ministros de Tutela
l SÉRIE - N. 0 74 - DE 21 DE ABRIL DE 2014 1909

e das Finanças, mediante proposta do Instituto Nacional de ARTIGO 96."


(Beneficiários de infra-estruturas hidráulicas)
Recursos Hídricos.
1O. Se a água captada directamente do meio hídrico, I. Para efeitos do presente Diploma, são beneficiários
apresentar um elevado grau de poluição, no momento da de obras de infra-estruturas hidráulicas todas as pessoas
fisicas ou jurídicas que, independentemente da sua natureza
atribuição do título correspondente de utilização dos recursos
pública ou privada, beneficiam, directa ou indirectamente,
hídricos, susceptível de torná-la inadequada à finalidade
da sua existência.
da actividade, pode, a pedido do utilizador e a expensas do
2. Os beneficiários de obras de infra-estruturas hidrául icas
Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica, ser feitá uma podem ser:
avaliação da qualidade da água captada. a) Directos - todas as pessoas singulares e colectivas
li. No caso referido no número anterior, se o grau de que, independentemente da sua natureza pública ou
poluição se revelar manifestamente elevado, em razão da privada, utilizam as águas das represas artificiais
qual idade mínima exigível, nos termos da legislação em vigor, ou das águas a jusante, e aqueles que se abaste-
e de efeitos prolongados, a taxa a pagar pode ser objecto de cem de um aquífero recarregado artificialmente;
redução, na proporção dos custos em que incorra o utilizador. b) Indirectos - todas as pessoas singulares e colectivas
que, independentemente da sua natureza pública
SECÇÃO 11
Taxa de Rejeição de Efluentes ou privada, fundam os respectivos títulos de utili-
zação dos recursos hídricos na existência de uma
ARTIGO 94."
(Cálculo da taxa de rejeição de efluentcs)
regularização de caudais.
ARTIG097."
1. A taxa de rejeição de etluentes é calculada de acordo (Estrutura da tarifa)
com a seguinte fórmula:
A estrutura da tarifa de utilização de infra-estruturas hidráu-
licas deve ser estabelecida de modo a permitir a recuperação
T = Z::•pi x ki dos custos de investimentos, operação e conservação das
i= I instalações e equipamentos, tendo em atenção a localização
em que: das infra-estruturas e a capacidade contributiva média dos
T = valor da taxa em K wanza; beneficiários das obras de infra-estruturas hidráulicas.
Pi = quantidade anual rejeitada do parâmetro poluente;
CAPÍTULO IX
Ki = custo do tratamento da unidade da carga Medições e Avaliações, Pagamento e Cobrança de Taxas
poluente (i), com base na melhor tecnologia
SECÇÃO I
conhecida e disponível. Medições e Avaliações
2. No caso de os utilizadores efectuarem tratamento de
ARTIGO 98."
etluentes, o valor da taxa a pagar é reduzido em função da (Determinação de volume)
eficiência desse tratamento relativamente aos parâmetros taxados.
1. A determinação do volume de água captada e restituída
3. O valor do factor (ki), que pode ser distinto para os pode ser feita por medição directa ou indi recta.
diferentes rios ou troços destes, é determinado e revisto, em 2. A medição directa permite a avaliação da quantidade
cada caso, de acordo com as previsões dos planos de recursos efectivamente captada e restituída pelo utilizador, em qualquer
hídricos da bacia hidrográfica correspondente, respeitantes à momento, e implica a instalação de instrumento adequado.
qualidade das águas. 3. A licença ou concessão de utilização dos recursos hídri-
4. Em cada ano são definidos, conjuntamente, pelos cos pode estabelecer a obrigatoriedade de medição directa,
Ministros de Tutela e das Finanças, os valores de (ki) para cada quer devido à dimensão da utilização, quer ao seu potencial
parâmetro poluente (i), ouvido o Departamento Ministerial impacte no meio hídrico.
competente em matéria do ambiente. 4. Quando não sejam realizadas medições directas das
quantidades captadas e restituídas, a determinação destas
SECÇÃO 111
Tarifas é efectuada segundo critérios estabelecidos pela Tutela,
sob proposta do Instituto Nacional de Recursos Hídricos,
ARTIGO 95."
(Regime de aplicação de tarifas)
em articulação com o Órgão de Administração da Bacia
Hidrográfica correspondente.
As tarifas são aplicadas em razão das melhorias produzidas 5. Sempre que se torne necessário uma determinação
pelas infra-estruturas sobre os regadios, abastecimento de qualitativa, sujeita ou não à medição, recorre-se a um processo
água à população, fornecimento de energia, aproveitamentos de avaliação, cujos critérios são estabelecidos pelo Ministro
industriais e quaisquer outras utilizações que se sirvam dos de Tutela, sob proposta do Instituto Nacional de Recursos
caudais beneficiados ou melhorados pelas obras hidráulicas, Hídricos, em articulação com o Órgão de Administração da
independentemente da natureza jurídica do dono destas. Bacia Hidrográfica correspondente.
1910 DIÁRIO DA REPÚBLICA

SECÇÃO 11 c) Os valores declarados não correspondam aos efectivos;


Pagamento e Cobrança de Taxas
d) O sujeito passivo não possua registos ou estes não
ARTIGO 99." tenham sido realizados e actualizados devidamente,
(Declarações c Avaliações) nos termos e condições do disposto no n. 0 2 do
I. O apuramento dos valores e parâmetros de base, aplica- artigo anterior.
dos no cálculo das taxas de utilização dos recursos hídricos, 2. Sempre que o Órgão de Administração da Bacia
é feito com base nas condições estabelecidas nas licenças ou Hidrográfica correspondente, altere os valores declarados pelo
concessões correspondentes, <;JU nas declarações apresentadas sujeito passivo ou proceda à respectiva fixação, deve aquele
pelos sujeitos passivos, ou com base ainda nas avaliações feitas. ser notificado da decisão e dos respectivos fundamentos.
2. Quando ocorram medições directas ou avaliações, 3. Os valores são considerados efectivos a partir do
os sujeitos passivos devem apresentar mensalmente, uma momento em que o declarante receba notificação expressa
declaração que contenha os seguintes elementos, reportados
dos mesmos, por parte do Órgão de Administração da Bacia
ao mês anterior:
Hidrográfica correspondente.
a) Volume de água captada;
4. Da decisão que altere ou fixe valores de base para cálculo
b) Volume de água restituída;
dataxa de utilização dos recursos hídricos cabe recurso ao
c) Volume de materiais retirados na limpeza e desobs-
titular de Tutela.
trução das linhas de água;
d) Volume de inertes extraídos; ARTIGO I 02."
(Pagamento de taxas)
e) Zonas de expansão da actividade;
f) Carga poluente rejeitada; I. As taxas de utilização dos recursos hídricos são pagas até
g) Área do terreno ou plano de água ocupados; ao dia 31 de Março do ano seguinte àquele a que disser respeito
h) Número de operações de navegação efectuadas, refe- ou, nos casos previstos no artigo anterior, no prazo de 15 dias
rida a tonelagem e ou os passageiros transportados. a contar da notificação do respectivo montante por parte do
3. A declaração é de modelo oficial, com os respectivos Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente.
anexos, aprovado pelo titular de Tutela, sob proposta do Instituto 2. As taxas de utilização dos recursos hídricos são pagas
Nacional de Recursos Hídricos, em articulação com o Órgão junto do Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica.
de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente. 3. O pagamento é efectuado mediante a apresentação dos
4. A declaração é entregue, até ao dia I Odo mês seguinte impressos de modelo a aprovar pelos Ministros de Tutela e
àquele a que disser respeito, ao Órgão de Administração da das Finanças.
Bacia Hidrográfica correspondente. 4. Quando as taxas de utilização dos recursos hídricos não
ARTIGO I 00." sejam pagas dentro do prazo fixado no n. 0 I do presente artigo,
(Rcgisto)
são objecto de correcção fiscal, nos termos da legislação em
I. Os titulares de licenças ou concessões de utilização dos vigor, sem prejuízo de multa correspondente, nos termos do
recursos hídricos, sujeitos a medições directas ou a avaliações, presente Diploma.
ficam obrigados a registar, em livro próprio, os volumes de ARTIGO I 03. 0
água captados e restituídos e a carga poluente rejeitada, bem (Cobrança de taxas)
como os elementos constantes da declaração ou avaliações I. A liquidação e cobrança das taxas de utilização dos
referidas no artigo anterior. recursos hídricos compete ao Órgão de Administração da
2. Os registos são efectuados quinzenalmente com a Bacia Hidrográfica.
indicação dos respectivos valores diários. 2. O não pagamento da taxa de utili zação dos recursos
3. O livro de registo é de modelo oficial, previamente hídricos implica a cobrança coerciva da mesma mediante
numerado e autenticado pelo Órgão de Administração da processo de execução fiscal.
Bacia Hidrográfica correspondente.
ARTIGO 101."
CAPÍTULO X
(Valor de base) Ocupação, Expropriação e Servidão
I. Os Ministros de Tutela e das Finanças, sob proposta do ARTIGO I 04. 0
Instituto Nacional de Recursos Hídricos, procedem à fixação (Ocupação temporária de terrenos)

dos valores de base para cálculo da taxa, quando: i. A ocupação de terrenos privados que se mostre neces-
a) Não existe medição directa; sária, nos termos e condições da licença ou concessão de
b) Não tendo sido apresentada a declaração prevista utilização dos recursos hídricos, à execução de trabalhos
no n. 0 2 do artigo 99. 0 do presente Diploma, o não pode prescindir, nos termos do presente Diploma, do
sujeito passivo não a apresente, no prazo máximo consentimento dos respectivos proprietários, que têm direito
de 15 dias, após notificação do Órgão de Admi- a uma indemnização justa, pronta, adequada e a que lhes
nistração da Bacia Hidrográfica correspondente, seja prestada caução destinada a cobrir eventuais prejuízos
para o efeito; daí decorrentes.
I SÉRIE - N. 0 74- DE 21 DE ABRIL DE 2014 19ll

2. Na falta de consentimento referido no número anterior, dos recursos hídricos, e solicitar informações e
pode o titular dos direitos de utilização dos recursos hídricos esclarecimentos necessários;
interpelá-lo para que, no prazo de 15 dias, lhe comunique as c) Fiscalizar a execução de obras, a sua conservação
razões da recusa ou as condições que exige. e segurança;
3. De posse da comunicação do proprietário, ou silêncio d) Fiscalizar as condições de exploração de licenças
deste, dentro do prazo fixado no número anterior, pode o titular e concessões, nos termos do presente Diploma;
do direito de utilização dos recursos hídricos, com parecer e) Determinar a suspensão ou demolição de obras,
prévio da entidade que outorgar o respectivo título, reqúerer o encerramento de estabelecimentos e de fon-
o suprimento judicial do consentimento.
tes de poluição e a cessação de actividades não
4. Se, decorridos 30 dias sobre a data da proposição do
autorizadas;
pedido de suprimento, não seja possível proferir sentença,
f) Fiscalizar o cumprimento das condições de utilização
deve o juiz, a requerimento do respectivo titular dos direitos
dos recursos hídricos, quer seja titulada ou não,
de utilização dos recursos hídricos, arbitrar uma renda e uma
estabelecidas pelas entidades competentes, nos
caução provisórias.
termos do presente Diploma.
ARTIGO 105.0
(Período de ocupação) 3. Os custos de demolição das obras, construídas sem
licença ou concessão, ou contrariando o estabelecid'o nestes
A ocupação temporária prevista no artigo anterior deve
títulos e daí resultar prejuízo para conservação, regularização e
cessar no prazo de 30 dias a contar da data em que se extinguiu
o título que a legitimou, salvo o disposto no artigo seguinte. regime dos cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, nascentes,
albufeiras e outros corpos de água e das águas subterrâneas ou
ARl'IGO I 06. 0
(Expropriação de terrenos) que cause prejuízo a terceiros, são suportados pelo infractor.
I. É permitida a expropriação por utilidade pública dos ARTIGO 109. 0
(Protecção c preservação do ambiente)
terrenos necessários à exploração, quando nisso se reconheça
existir interesse relevante para a economia nacional ou regional. I. As entidades referidas no n. 0 I do artigo anterior devem
2. A expropriação pode ser operada a favor do Estado ou velar para que os titulares dos direitos de utilização dos recursos
do concessionário, nos termos da legislação em vigor. hídricos tomem as providências adequadas à minimização e
ARTIGO 107. 0
mitigação do impacte ambiental das respectivas utilizaçõ.es,
(Servidão administrativa)
sem prejuízo da observância das recomendações do Instituto
O prédio no qual se localize uma exploração dos.recursos
Nacional de Recursos Hídricos e dos Órgãos de Administração
hídricos ou actividades a esta inerente e, bem assim, os prédios
da Bacia Hidrográfica ou ainda de Tutela e das que dimanam
vizinhos podem ser objecto de servidão administrativa, nos
dos órgãos competentes da administração ambiental.
termos da legislação em vigor.
2. Aos titulares dos direitos de utilização dos recursos
CAPÍTULO XI hídricos são, em geral, interditas as seguintes actividades:
Fiscalização e Contravenções
a) Efectuar directa ou indirectamente despej os que
SECÇÃO I ultrapassem a capacidade de auto-depuração dos
Fiscalização
corpos de água;
ARTIGO 108.0
b) Acumular resíduos sól idos, líquidos ou quaisquer
(Regime geral)
substâncias em locais e condições que contaminem
I. A utilização dos recursos hídricos, incluindo os respec-
ou criem perigo de contaminação dos recursos
tivos leitos, margens e adjacências, está sujeita à fiscalização
da Tutela, do Instituto Nacional dos Recursos Hídricos e dos hídricos;
Órgãos de Administração da Bacia Hidrográfica, sem prejuízo c) Exercer quaisquer actividades que impliquem ou
da fiscalização ambiental e das demais entidades, nos termos possam implicar a degradação ou poluição dos
da legislação em vigor. recursos hídricos;
2. Compete às entidades referidas no número anterior, d) Efectuar qualquer alteração ao regime, caudal ,
o seguinte:
qualidade e uso dos recursos hídricos, susceptí-
a) Fiscalizar quaisquer actividades de utilização dos
vel de pôr em causa a saúde pública, os recursos
recursos hídricos, visando assegurar a sua racio-
naturais, o ambiente em geral, a segurança e a
nalização e sustentabilidade, nos termos da licença
ou concessão outorgada; soberania nacional;
b) Inspeccionar locais, edificios, materiais, equipamen- e) Realizar quaisquer actividades nas zonas de protec-
tos, documentos e registos, inerentes à utilização ção dos recursos hídricos.
1912 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 110." c) A execução de obras, infra-estruturas ou trabalhos


(Zonas de protccção dos recursos hídricos)
de natureza diversa, culturas ou plantações, nos
I. Constituem zonas de protecção dos recursos hídricos, leitos, margens e zonas protegidas, sem licença
nos termos do presente Diploma, os leitos, margens e zonas
ou concessão correspondente;
adjacentes dos cursos de águas até uma distância de 200 metros.
d) A extracção ou depósito de materiais nos cursos de
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, podem,
água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras, zonas
nos termos da legislação em vigor, ser definidas distâncias
superiores, sob proposta do ln~tituto Nacional dos Recursos· estuarinas e outros corpos de água, seus leitos e
Hídricos, em articulação com os Órgãos de Administração da margens, sem licença ou concessão correspondente;
Bacia Hidrográfica, em função das características do recurso e) A extracção ou depósito de materiais nas zonas
e das condições técnicas da utilização pretendida, bem como protegidas;
de outras razões que o justifiquem. f) O não acatamento das proibições ou restrições esta-
ARTIGO 111.0 belecidas no presente Diploma ou das condições
(Proibições c condicionamentos nas zonas
de protccção dos recursos hídricos) nele impostas;
g) A modificação das características das licenças ou
I. Fica vedado, nas zonas de protecção dos recursos hídricos,
concessões de utilização dos recursos hídri~os,
nos termos do presente Diploma e demais legislação aplicável :
a) Construir habitações, infra-estruturas, edificios ou sem prévia e expressa autorização das entidádes
qualquer outro tipo de edificações susceptíveis de competentes;
provocar a degradação das margens, do regime de h) A extracção de inertes em áreas distintas das consa-
escoamento ou da qualidade da água; gradas no respectivo título de licença ou concessão,
b) Instalar estabelecimentos industriais ou comerciais, a utilização de equipamentos ou meios de acção
matadouros ou cercas de gado; não autorizados e omissão total ou parcial dos
c) Instalar sepulturas ou fazer escavações; volumes de inertes extraídos;
d) Instalar entulheiras ou escombreiras resultantes da i) A destruição ou alteração total ou parcial de infra-
actividade mineira; -estruturas hidráulicas ou outras inerentes aos
e) Introduzir animais, depositar ou enterrar lixo, subs-
recursos hídricos, ou de materiais necessários
tâncias tóxicas ou dejectos de qualquer tipo,
à conservação, manutenção, construção ou lim-
incluindo os de origem hospitalar, ou estabelecer
peza daquelas, sem a observância das condições
aterros sanitários;
impostas pelo Órgão de Administração da Bacia
f) Instalar canalizações e reservatórios de hidrocarbo-
Hidrográfica correspondente;
netos ou das águas residuais;
g) Estabelecer terrenos de cultura e espalhar estrume, j) A inobservância das normas de qualidade, nos termos
fertilizantes, pesticidas ou qualquer outro produto da legislação em vigor;
destinado à fertilização dos solos ou à protecção k) O não acatamento da proibição de lançar, depositar
das culturas, susceptíveis de provocar a degradação ou qualquer outra forma de introduzir na água
das margens e prejudicar o escoamento das águas resíduos que contenham substâncias susceptívei s
ou da sua qualidade. de alterar as características ou tomar impróprias
2. A construção de qualquer obra, numa zona de pro- as águas e que contribuam para a degradação do
tecção dos recursos hídricos, deve observar o disposto no ambiente;
presente Diploma. l) A rejeição de efluentes, sem a respectiva licença ou
SECÇÃO li concessão, em local diferente do demarcado pelas
Contravenções
entidades competentes;
ARTIGO 112. 0
m) A rejeição de águas degradadas directamente para os 11
(Regime geral)
cursos de água, lagos, lagoas, pântanos, albufeiras
Constituem contravenções, nos termos do presente Diploma,
e outros corpos de água, sem qualquer mecanismo
sem prejuízo de qualquer outra forma de responsabilidade,
nos termos da legislação em vigor: que assegure a depuração destas;
a) Os actos de utilização não sujeitos a título, que cau- n) A inobservância das obrigações decorrentes da Iicença
sem danos aos recursos hídricos; ou concessão de utilização dos recursos hídricos;
b) A captação, retenção ou derivação de água, sem o o) O impedimento do exercício da fiscalização;
respectivo título, ou, caso o haja, a inobservância p) A inobservância das condições de utilização dos
do nele disposto; recursos hídricos definidas pelo presente Diploma;
I SÉRIE - N. 0 74- DE 21 DE ABRIL DE 2014 1913

q) A fa lta de apresentação da declaração referida no CAPÍTULO XII


0 0
n. 2 do artigo 99. do presente Diploma; Disposições Transitórias e Finais
r) A falta de registo previsto no artigo I 00. 0 do pre- ARTIGO 116.0
(Situações jurídicas pré-constituídas)
sente Diploma;
s) A falta de pagamento das taxas previstas no presente Ficam ressalvados os direitos de utilização dos recursos
Diploma; hídricos existentes à data da entrada em vigor do presente
Diploma, devendo os mesmos ser objectos de regularização
t) O exercício da actividade em inobservância do pre-
no prazo máximo de 180 dias.
visto no artigo 122. 0 do presente Diploma.
ARTIGO 117.0
ARTIGO 113. 0 · (Obrigatoriedade de apresentação de declaração ou avaliação)
(Multas)
I. As pessoas singulares ou colectivas, abrangidas pelo
I. Os factos previstos no artigo anterior são puníveis, em disposto no artigo anterior, independentemente de a respectiva
Kwanza (Kz), com as seguintes multas: utilização ser titulada ou não, ficam obrigadas a apresentar a
a) Um valor mínimo igual a Kz: 13.640,00 e um máximo declaração ou avaliação prevista no artigo 99. 0 do presente
igual a Kz: 1.364.000,00 para os casos previstos . Diploma, até 120 dias após a publicação deste Diploma,
nas alíneas a), f), e q) do artigo anterior; com referência aos valores e parâmetros de base ~purados
b) Um valor mínimo igual a Kz: 40.920,00 e um no I semestre desse ano.
máximo igual a Kz: 2.728.000,00 para os casos 2. A partir da data referida no número anterior do pre-
previstos nas alíneas c), e),j), 1), m), n) e q) do sente artigo, a declaração deve ser entregue mensalmente,
artigo anterior; ficando os utilizadores igualmente sujeitos ao disposto no
presente Diploma.
c) Um valor mínimo igual a Kz: 66.440,00 e um máximo
ARTIGO 11 8.0
igual a Kz: 4.092.000,00 para os casos previstos
(Bacias hidrográficas sem órgãos de administração)
nas demais alíneas.
I. Cabe ao Instituto Nacional de Recursos Hídricos
2. As multas definidas nas alíneas anteriores são agrava-
assegurar as actividades de planeamento e gestão de recur-
das ao quádruplo quando os factos correspondentes sejam
sos hídricos, a nível das bacias hidrográficas, até à efectiva
praticados por um concessionário, ou para uma actividade criação e instalação dos Órgãos de Administração da Bacias
que requeira concessão. Hidrográficas correspondentes.
ARTIGO 114. 0 2. As bacias hidrográficas, que não venham a dispor de
(Sanções acessórias) Órgãos de Administração próprios, ficam sujeitas à jurisdição
Quando a gravidade da infracção o justifique, podem ser do Instituto Nacional de Recursos Hídricos, nos termos a
aplicadas as seguintes penas acessórias: definir pelo Titular do Poder Executivo.
a) A interdição do exercício da actividade causadora ARTIGO 119. 0
(Estudos de impactc ambiental)
dos factos;
Sem prejuízo do disposto no presente Diploma, a atribui ção
b) A privação do direito aos benefícios fiscais, econó-
de quaisquer títulos de uti Iização dos recursos hídricos, qual-
micos ou financeiros outorgados aos titulares de quer que seja a sua finalidade, está sujeita à aprovação prévia
licenças ou concessões de utilização dos recursos dos estudos de impacte ambiental correspondentes, sempre
hídricos; que a legislação em vigor assim o imponha, em razão da sua
c) O encerramento do estabelecimento ou demolição natureza, dimensão ou localização, que possa ter implicações
sobre o equilíbrio e harmonia ambiental e social.
das instalações causadoras ou ligadas à prática
ARTIGO 120. 0
da infracção; (Responsabilidade do poluidor)
d) A apreensão de equipamentos ou de meios de acção
1. Sempre que qualquer facto, em contravenção ao presente
utilizados na prática da infracção; Diploma, provoque a degradação ou poluição dos recursos
e) A cassação do alvará de exercício de actividade do hídricos, as entidades referidas no n. 0 I do artigo I 08. 0 do pre-
sujeito ou sujeitos da infracção. sente Diploma, podem intimar o infractor para que proceda,
ARTIGO 115.0 independentemente de culpa, à reconstituição da situação
(J>roccssos de contravenção e aplicação de multas anterior à infracção, fixando-lhe, concretamente, os trabalhos
c sanções acessórias) ou acções a realizar e o prazo para a sua execução.
O processo das contravenções e a aplicação de multas e 2. A intimação do infractor deve ser feita imediatamente
sanções acessórias compete aos Órgãos de Administração da após a verificação do facto, dispondo o mesmo de um prazo
Bacia Hidrográfica correspondentes, nos termos da legislação máximo de 3 dias a contar da data da sua notificação para se
em vigor. pronunciar sobre o conteúdo da mesma, independentemente
1914 DIÁRIO DA REPÚBLICA

das acções imediatas de minimização que devem ser reali- Titular do Poder Executivo, as receitas arrecadadas com o
zadas pelo Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica pagamento de taxas de utilização de recursos hídricos, bem
correspondente, sempre que a natureza e a dimensão do facto como as arrecadadas de multas resultantes de contravenções
poluidor o imponham.
ao disposto no presente Diploma nomeadamente:
3. Decorrido o prazo fixado, no número anterior, sem que
, a intimação seja cumprida, as entidades referidas no n. 0 I
do presente artigo podem proceder aos trabalhos ou acções
a) Instituto Nacional de Recursos Hídricos;
b) Órgãos de Administração das Bacias Hidrográficas;
necessários por conta do infr,actor. c) Fundo Nacional de Recursos Hídricos.
4. Constituem título executivo bastante os documentos que ARTIGO 125. 0
titulam as despesas realizadas nos termos do número anterior, (Prestação de caução)
quando não sejam pagas voluntariamente pelo infractor, no I. Os títulos de utilização dos recursos hídricos estão
prazo máximo de 30 dias a contar da data da sua notificação. sujeitos à prestação de caução, sob pena de caducidade, no
ARTIGO 121.0
prazo de 45 dias a contar da data da sua atribuição, a favor da
(Prazos de elaboração dos planos de recursos hídricos)
entidade licenciadora ou concedente, por depósito, garantia
I. Os Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização
bancária ou seguro-caução, no valor até 5% do investimento
de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas devem ser
concluídos no prazo máximo de 5 anos a contar da data da correspondente à implantação das infra-estruturas de utilização
aprovação do presente Diploma. dos recursos hídricos .
2. O Plano Nacional dos Recursos Hídricos deve ser 2. O valor da caução é fixado, em razão do critério da
concluído no prazo máximo de 3 anos a contar da data da especificidade, em cada modelo de licença de utilização dos
aprovação dos Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização
recursos hídricos, nos termos definidos por Decreto Executivo
de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas.
do Ministro de Tutela, exceptuando as concessões cujo valor
ARTIGO 122.0
(Eficácia jurídica dos títulos de direitos mineiros, é fixado no respectivo título contratual.
pesca, navegação, Hutuação, recreação e desportos ARTIGO 126. 0
e de constituição de direitos fundiários) (Contratos-programa)
I. Os títulos que outorgam, nos termos definidos no Os titulares de licença ou concessão de utilização dos
presente Diploma, direitos mineiros, bem como de exercício,
recursos hídricos ou de actividades que tenham relação directa
com carácter estritamente comercial, de direitos de pesca,
navegação, flutuação, recreação e desportos e de constituição com estes, ao abrigo do presente Diploma, podem ficar sujeitos
de direitos fundiários estão sujeitos a reg isto imediato do Órgão à celebração de contratos-programa, visando a execução de
de Administração da Bacia Hidrográfica correspondente. políticas públicas no âmbito da preservação, conservação e
2. Os titulares dos direitos ora referidos devem requerer utilização racional e sustentável dos recursos hídricos.
o seu registo junto do Órgão de Administração da Bacia ARTIGO 127. 0
Hidrográfica correspondente no prazo de I Odias a contar da (Incêndios ou calamidade pública)
data da sua outorga pela entidade competente.
I. Em casos urgentes de incêndios ou calamidade pública,
3. Os títulos, a que se refere o presente artigo, não produzem
é permitida a utilização livre e imediata das águas, nos termos
quaisquer efeitos jurídicos em caso de falta de registo junto do
competente Órgão de Administração da Bacia Hidrográfica. e condições definidos pelos Órgãos de Administração da

ARTIGO 123. 0
Bacia Hidrográfica correspondentes, em coordenação com as
(Taxas de utilização de recursos hídricos devidas pelos titulares de autoridades locais e serviços de protecção civil competentes.
direitos mineiros, pesca, aquicultura, navegação, Hutuação, recreação
e desportos e fundiários) 2. Sem prejuízo da legislação em vigor, sempre que as

Os Ministros de Tutela, das Finanças e dos demais sectores circunstâncias referidas no número anterior perdurem, as
de actividades, abrangidos no n. o 3 do artigo 91. o do presente autoridades locais podem determinar a requisição das águas
Diploma, devem, no prazo de 90 dias, a contar da data da sob regime de usos privativos e os termos e condições da sua
sua entrada em vigor, definir os mecanismos e a forma de utilização no interesse público.
determinação, fixação, pagamento e cobrança de taxas de 3. As autoridades locais, em coordenação com os serviços
utilização dos recursos hídricos, devidas pelos titulares de
de protecção civil competentes, devem definir, sem prejuízo
direitos mineiros, pesca, aquicultura, navegação, flutuação,
dos direitos de terceiros legalmente protegidos, as condições
recreação e desportos e fundiários.
de utilização das águas requisitadas, adequando-as às circuns-
ARTIGO 124. 0
(Receitas resultantes da cobrança de taxas e multas) tâncias dominantes.
Para fins de fomento hidráulico, podem ser afectados,
em parte, às seguintes entidades, nos termos a definir pelo O Presidente da República, JosÉ EDUARDO DOS SANTOS.
I SÉRIE - N."74 - DE21 DEABRILDE2014 1915

Anexo a que se refere o artigo 13."


MINISTÉRIOS DA ECONOMIA,
N." Bacias Hidrográficas Áreas (km')
DAS FINANÇAS EDOS TRANSPORTES
I Lubinda 668

2 Chiluando 4638

3 Lulondo 5 11 Despacho Conjunto n." 970/14


de21deAbril
4 Lucula 354

5 Zaire 289.206
O Decreto Executivo Conjunto n." 132/11 , de 9 de
6 Luculo 2.0 10
Setembro, alterou a Tabela IX - Armazenagem (carga
7 Sangc 693
geral) e a Tabela X - Armazenagem (contentares) a que
8 i ~ l1Cllllg3
se referem os n. "' 2 e 4 do artigo 13." do Regulamento
3.995

9 M'bridgc
de Tarifas Portuárias de Angola, aprovado pelo Decreto
18.937

lO Scmbo
Executivo Conjunto n° 323/08, de 16 de Dezembro;
4152

li
Tendo verificado algumas reclamações sobre a inobser-
Logc 13.482

12
vância do espírito e letra na norma do artigo 13." do Decreto
Uczo 1.392
Executivo Conjunto n." 132/ li , de 9 de Setembro, que altera
13 On;o 2.808
as Tabelas IX e X sobre a armazenagem de mercado,rias;
14 l.ó

15 Li f une
432

2.497
o
Convindo dissipar as dúvidas existentes sobre âmbito
de aplicação do Diploma;
16 Dandc 10.802
Nos termos do artigo 3." do Decreto Executivo Conjunto
17 Bcn~o 12.37 1
n." 323/08, de 16 de Dezembro, determina-se:
18 Cuanz.a 147.157
1." - A alteração das tarifas a que se refere o artigo 13."
19 Meng ucje 1.290
do Decreto Executivo Conjunto n." 132/ li, de 9 de Setembro,
20 Tanda 254
não se restringe aos produtos da Cesta Básica.
21 Longa 22.489
2." - O presente Despacho Conjunto entra em vigor na
22 Qucvc 23.169
data da sua publicação.
23 N'gunza 2.540

24 Quicombo
Publique-se.
5.510

25 Eva! 1386 Luanda, 21 de Abri I de 2014.


26 Balombo 5.087 O Ministro da Economia, Abrahào Pio dos Santos
27 Cuula 574 Gourgel.
28 Cuba I da Hanha 2.779 O Ministro das Finanças, Armando Manuel.
29 Catumbcla 16.640 O Ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás.
30 Cavaco 4.000

31 Coporolo

32 Equimina
I 5.495
MINISTÉRIO DA GEOLOGIA EMINAS
2.584

33 Catara 1.520

34 Carunjamba 2.738 Despacho n." 971/14


de 21 de Abril
35 I namangando 2.09 1

36 Bcntiaba 6.557 Por conveniência de serviço público;


37 Chapéu Armado 342 Em conformidade com os poderes delegados pelo Presidente
38 Mutiambo 1.821 da República, nos termos do artigo 137." da Constituição da
39 Giraul 4.619 República, conjugado com o artigo 32." do Decreto Legislativo
40 Bero 10.601 Presidencial n." 5/12, de 15 de Outubro, e das disposições
41 Flamingos 720
previstas no Decreto Presidencial n." 230/ 12, de 3 de Dezembro,
42 Cu roca 19.436
respectivamente, determino:
43 Cuncnc 94.003
I. É Marcelina Augusto Camuto da Costa exonerada
44 Cuvc lai 55.977
do cargo de Secretária Geral do Ministério da Geologia
45 Cubango 156.122
e Minas, para o qual havia sido nomeada por força do
46 Cuando 98360
Despacho n." 246114, de 27 de Janeiro.
47 Zambczc 148377
2. O presente Despacho entra imediatamente em vigor.
Litoral 25.3 14 Publique-se.
1.246.700 Luanda, 9 de Abril de 2014.
O Prestdente da República, Jost EDUARDO DOS SANTOS. O Ministro, Francisco Manuel Monteiro de Queiroz.

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