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LARANJA - CICLO IMPORTANTE DA BAIXADA FLUMINENSE

Os anos noventa do século XIX marcaram o início do cultivo de um produto


agrícola que proporcionou à Baixada Fluminense, em especial as terras de
Nova Iguaçu (que englobava ao que corresponde atualmente aos municípios
de Queimados, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Japeri, São João de Meriti,
Mesquita, Nilópolis, Duque de Caxias) um novo desenvolvimento econômico
para área. Tratava-se do plantio, cultivo e o beneficiamento da laranja.
Fatores de ordem geográfica, infra-estrutural e naturais faziam desta área um
lugar atrativo para o desenvolvimento da citricultura.

Geograficamente mais uma vez é apontada a proximidade ao Rio de Janeiro,


ao seu mercado consumidor e ao seu porto. Na questão infra-estrutural é
ressaltado o fato da área ser cortada pelo transporte ferroviário que permitia o
recebimento de mercadorias e matéria-prima, escoamento da produção e
acesso fácil ao porto por meio dos trilhos. Associado a infra-estrutura a
presença de grandes latifúndios decadentes que foram aos poucos retalhados
em sítios e chácaras destinados a citricultura. Houve o interesse político no
desenvolvimento dessa atividade agrícola demonstrada por Nilo Peçanha,
então presidente do Estado e da República em relação ao frete, ao transporte,
a conservação da laranja, como a isenção de direitos aduaneiros sobre frutas
entre o Brasil e Argentina. O mesmo ainda promoveu obras de drenagem e
recuperação das regiões pantanosas próximas aos rios Iguaçu, Sarapuí,
Inhomirim e Pilar, proporcionando a proliferação dos laranjais.

Já as condições naturais nas terras de Nova Iguaçu apresentavam-se


favoráveis, com solo do tipo argilo/arenoso, clima quente e úmido, grande parte
do seu território composto pelas abas, encostas e contrafortes da serra de
Madureira e pela região de morros que antecede a serra do Mar, essas
encostas possibilitaram o escoamento do excesso de água e a insolação
necessária à qualidade do fruto, ou seja, um quadro natural propício ao cultivo
da laranja.

Numa primeira fase os laranjais se localizaram nas zonas de morros, nos


contrafortes e mesmo nas encostas íngremes da serra de Madureira, porém
com a valorização da laranja, ela começou a lastrar-se pelas baixas colinas e
planície onde loteadores e cultivadores drenaram a planície com a abertura de
valetas, permitindo a ocupação pelos laranjais.

O plantio da laranja ocorria em pequenas propriedades e como já foi


mencionado anteriormente, as condições fundiárias nas terras de Nova Iguaçu
eram marcada pelos grandes latifúndios decadentes, tornando essas
propriedades alvo de fracionamento por firmas ou seus próprios proprietários
na época que a laranja desencadeava seu desenvolvimento e apogeu, período
compreendido entre 1920 e 1940.
O desenvolvimento e crescimento do cultivo da laranja encontraram nos
capitais um fator determinante, associado ao ambiente de incentivo e apoio a
citricultura. A presença dos investimentos dava-se da seguinte maneira,
segundo salienta SOARES:

“FInanciando a constituição de laranjais para obtenção da fruta para a


exportação, quer pela compra de grandes áreas para fragmentação e venda,
sob a forma de chácaras já plantadas com laranjeiras, quer pela aquisição e
plantio de imensas propriedades com laranjais, quer ainda, pela instalação em
certos pontos da região e, principalmente, na cidade, de packing-houses – os
barracões – para beneficiamento do produto. Os próprios elementos
tradicionais do município, possuidores de grandes propriedades improdutivas,
com o êxito da citricultura e, diante da crescente procura de terras para o
plantio de laranjeira, passaram a subdividi-las arrendá-las e, finalmente, eles
próprios começaram a constituir os seus laranjais. (SOARES, op.cit., p.205)
Vindas do Rio de Janeiro muitas firmas empreenderam seu capital na aquisição
de grandes extensões de terra que as subdividiam e as arrendavam para o
plantio da laranja, encarregando-se as próprias firmas no beneficiamento e
exportação, atitude também adotada por alguns proprietários particulares de
terras.

Mediante a multiplicação de propriedades aptas a lavoura citricultora, em


especial entre os períodos de 1920 a 1940, tem-se um aumento populacional
na área rural, decorrente do fluxo de mão-de-obra utilizada, incluindo-se
assalariados, meeiros e lavradores.

Sendo assim Nova Iguaçu (sua área central) tornou-se ao longo do tempo um
posto de concentração, beneficiamento e exportador (graças a presença da
ferrovia) da produção citrícola praticada em suas terras, que corria em várias
localidades como Belford Roxo, Queimados, Nova Iguaçu, Japeri, São João de
Meriti, Mesquita, Nilópolis. Devido sua grande extensão territorial, Nova Iguaçu
dividida em distritos não era homogênea, características apontadas no relato
de SOARES:
*VALORIZE A HISTÓRIA DA BAIXADA FLUMINENSE!!!

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