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Relatório de Projeto
Equipe Acauã-Número 43
Integrantes:
Alexandre Guimarães Nicolau - Capitão
Robinson Murilo Badin
Fernando Júnio Duarte
Leidiane Aparecida da Silva
Quezia Fabiana Elizeu
Lucas Felipe de Abreu Santos
Paula Yohana Suriba Lanes
Daniela Almeida Cançado
Kassio Vinicius Ribeiro Lima
Sabrina Verı́ssimo do Nascimento
Tamı́ris Roberta Calixto
Camila Lorrane Reis Locatelli
Érica Cristina Gonçalves
Mateus José Melo Costa
Colaboradores: Professor Leonardo Antônio Mendes de Souza
Professora Elisa Mendonça Passini Leitão
Orientador:
Professor Robson Luiz Santos
Florestal - MG
Agosto / 2012
Agradecimentos
Aos nossos amigos e colegas da UFV, com os quais nos relacionamos no dia-a-dia.
Também aos funcionários do Campus UFV-Florestal que, de alguma forma, contribuı́ram
para a realização desse trabalho.
0.1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 5
0.1.2 Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 5
0.4.5 Decolagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
0.4.6 Aterrissagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26
Referências Bibliográficas p. 43
Referências Bibliográficas p. 43
0.1 Projeto Conceitual 5
0.1.1 Introdução
0.1.2 Otimização
A abordagem de partida dada ao projeto da aeronave pela equipe Acauã foi a solução
das equações de movimento na decolagem com o objetivo de conhecer a importância
de cada uma das variáveis nessa parte da missão. Com isso, otimizamos a solução e
obtivemos os parâmetros que melhor se ajustam aos critérios que estabelecemos para o
projeto aeronáutico da aeronave.
As forças que atuam em uma aeronave durante a corrida na decolagem são a sus-
tentação L e o arrasto Di que são as componentes vertical e horizontal, respectivamente,
da força resultante aerodinâmica, o peso W da aeronave, a tração do motor T o arrasto
parasita da aeronave D0 , a reação normal do piso sobre a aeronave N e o atrito das rodas
com a pista fs que consideramos, simplificadamente, como sendo apenas atrito estático
entre a roda e o piso e é dado pela expressão fs = µs N, na qual µs = 0.03 para o atrito entre
asfalto e o material das rodas do avião. Essas forças estão representadas no diagrama de
corpo livre (Fig. 1). Aplicando a 2a Lei de Newton para as forças, obtemos os sistema de
equações abaixo.
dvx
T − Di − D0 − f s = m (1)
dt
dvz
W −L−N = m (2)
dt
0.1 Projeto Conceitual 6
Figura 1: Diagrama de corpo livre para as forças que atuam em uma aeronave durante a
decolagem. Os vetores que representam as forças não estão em escala e o sistema de eixos
coordenados está de acordo com o padrão da indústria aeronáutica.
ct
λ= que é a razão de afilamento da asa. O fator
cr
(16 hb )2
φ= (8)
(1 + (16 hb )2 )
Figura 4: Potência disponı́vel gerada pela Figura 5: Potência disponı́vel gerada pela
hélice APC 13x4 em função da velocidade. hélice APC 13x4 em função da velocidade.
A curva mostrada como linha é o ajuste li- A curva mostrada como linha é o ajuste po-
near linomial de ordem 2
Em cada uma destas duas figuras é mostrado um tipo de ajuste aos dados experimen-
tais (linear e quadrático). Como queremos obter uma expressão que melhor representa
a dependência da tração com a velocidade, escolhemos a curva de ajuste que tem o me-
nor erro relativo para seus parâmetros e ela é dada pelo ajuste linear (Fig. 4). Assim a
expressão para a tração do conjunto motor-hélice é
Durante a corrida de decolagem da aeronave, na qual ela parte com velocidade inicial
igual a zero até alcançar a velocidade com a qual perderá contato com o solo, não há
aceleração na direção z de modo que a Eq. 2 fornece N = W − L. No momento em que a
aeronave está na iminência de perder o contato com a pista, a força normal vale zero e
obtém-se que L = W . A velocidade na qual isso acontece é a menor velocidade com que se
pode voar horizontalmente e em linha reta e ela é conhecida como velocidade de estol na
qual o ângulo de ataque é aquele em que se atinge o coeficiente de sustentação máxima
CLmax . A expressão para ela é s
2W
vestol = . (10)
ρSCLmax
Na aviação, a decolagem é feita com uma velocidade superior ao valor de vestol por questões
de segurança esta velocidade é denominada de vT O e vale 120% de vestol . Como será usado
flap no momento da decolagem, a velocidade a ser atingida é igual a
s
2W
vT O f lap = 1.2 , (11)
ρSCLmax f lap
na qual CLmax f lap é o coeficiente de sustentação modificado quando o flap é acionado e ele
vale 2.16.
(14)
vT O f lap 2
m
d = , (15)
2 T − D − µs (W − L) 0.7vT O f lap
√
com os valores de vT O f lap , L, D e T calculados a um valor (1/ 2) de vT O f lap que fornece
um valor médio para essas forças e a velocidade. As expressões 14 e 15 foram usadas para
determinar os parâmetros da aeronave dentro do projeto conceitual.
A configuração escolhida para a aeronave foi asa alta, motor dianteiro na configu-
ração tratora, cauda composta de estabilizador horizontal e deriva montados na forma
convencional e trem de pouso triciclo. Baseando nos estudos realizados no ano de 2011
cujo critério para a escolha do perfil e formato da asa considerou a maior massa total da
aeronave que permitisse decolagens até o limite máximo para o comprimento de pista que
é de 50m, e na experiência adquirida na competição do mesmo ano, optamos por usar o
perfil Selig 1223 ) e asa no formato trapezoidal. Como pode ser verificado nas expressões 7
e 8 o arrasto induzido da aeronave está relacionado com parâmetros geométricos da asa
como a sua envergadura (b), a sua área (S) e a altura dela em relação ao solo (h). De
acordo com [3,4] uma asa trapezoidal tem eficiência muito maior em reduzir o arrasto
induzido do que uma asa retangular. Apesar da maior simplicidade de construção de
uma asa retangular, devido ao benefı́cio da redução do arrasto ficou definido que a asa
da aeronave da equipe Acauã teria forma trapezoidal. Usando o programa Profili2 Pro,
obtemos as curvas do coeficiente de sustentação para ângulos de ataque para os 4 tipos de
0.1 Projeto Conceitual 11
perfil escolhidos inicialmente. Como não havia sido escolhido o perfil da asa, foram usa-
dos o coeficiente de sustentação máxima de cada um desses perfis, não levando em conta
nessa fase do projeto que uma asa tem coeficiente de sustentação menor devido ao efeito
tridimensional causado pelo ângulo de downwash ε (conforme citado por Anderson [1]).
Com esses dados e usando as equações 14 e 15, foram realizados cálculos da maior massa
que uma aeronave, com mesma configuração e usando cada um dos perfis acima, poderia
carregar usando comprimento da pista na decolagem de 50m. O resultado está exibido
na tabela 1. Observa-se que as estimativas da massa obtidas pelas duas expressões estão
Tabela 1: Valores da maior massa na decolagem, calculados pelas Eqs. 14 e 15, de cada
uma das configurações de asa.
muito próximas e isto mostra que a expressão 14 obtida por solução das equações de
movimento é válida. A estimativa de massa máxima ligeiramente menor obtida por esta
expressão talvez mostre um refinamento uma vez que ela foi obtida com o tratamento
mais completo das forças envolvidas e com o uso de dados experimentais para a depen-
dência da tração com a velocidade para o conjunto motor-hélice. Para obter os dados
que estão na Tabela 1 foi necessário definir os valores para os parâmetros geométricos
da asa que são b = 2.8m, S = 1.26m2 , AR = 6.22 e λ = 0.5 com as cordas da asa sendo
cr = 0.6m e ct = 0.3m. Como é mostrado na Tabela 1, o perfil Selig 1223 apresenta melhor
rendimento quanto a maior massa da aeronave e ele foi escolhido para a asa. A distância
de decolagem está relacionada com o peso da aeronave e a capacidade da asa gerar força
de sustentação. Então para aumentar o peso máximo de decolagem da aeronave usando
o mesmo comprimento de pista, a equipe Acauã estabeleceu que a aeronave usará flap
plano como dispositivo para aumentar a sua sustentação. No Cap. 0.2 é apresentado o
estudo quantitativo sobre o aumento do coeficiente de sustentação da asa com o uso de
flap plano.
0.2 Aerodinâmica da Aeronave 12
Uma vez definido que a asa da aeronave terá a forma trapezoidal e será construı́da
com o perfil Selig 1223, fizemos os cálculos da aerodinâmica do avião. Um importante
parâmetro na dinâmica de fluidos é o número de Reynolds Re que caracteriza a velocidade
do fluido e o tamanho do sistema. Ele é uma razão entre forças inerciais e forças viscosas
a que está submetido um sistema em movimento relativo a um fluido e é definido [5] como
ρvc
Re ≡ , (16)
µ
na qual ρ e µ são a densidade e a viscosidade do fluido e c representa a corda média
aerodinâmica da asa. Para obter o número de Reynolds representativo para a aeronave
que está sendo projetada é necessário obter o valor de c e sua coordenada y na asa que
segundo Raymer [3] são dados por
1 + λ + λ2
2
c = cr (17)
3 1+λ
b 1 + 2λ
y = . (18)
6 1+λ
Como a aeronave voa quase sempre com velocidades não muito maiores que a velocidade
com a qual decola, já que ela estará com carga elevada durante o voo, estabelecemos que
v = 13m/s poderia ser usado como valor caracterı́stico da velocidade para fins do cálculo
de Re. Com a corda média aerodinâmica sendo c = 0.47m, obtem-se que Re = 4.1 × 105 .
Através do programa Profili2 Pro foi obtida a curva Cl × α para o perfil que é exibida na
Fig 6. Na mesma figura é exibido o ajuste em primeira ordem feita para a parte linear da
dCl
curva Cl × α e ele fornece o valor a0 = = 0.12. Para construir a curva CL × α para a
dα
asa precisamos obter a inclinação de sua parte linear e os valores de sua parte não linear.
De acordo com a teoria da linha de sustentação de Prandtl citado por Anderson [1], o
coeficiente de sustentação (CL ) de uma asa com elevada razão de aspecto AR ≥ 4, em sua
parte linear, pode ser calculada com a expressão
a0
a= a0 . (19)
1 + πeAR
a
Com o valor de a = 0.088 obtemos a razão = 0.74 e atribuı́mos aos valores da parte não
a0
linear do coeficiente CL o percentual de 74% dos valores de Cl . Uma importante mudança
ao passar do fluxo 2D de um perfil para um fluxo 3D de uma asa é o aumento do ângulo
0.2 Aerodinâmica da Aeronave 13
no qual ocorre o estol. De modo a obter o ângulo de estol da asa, usamos a teoria definida
por Stinton [4] na qual o acréscimo ∆CL é dado pela separação horizontal entre um ponto
em uma linha extrapolada da parte linear da curva do perfil e o ângulo no qual ocorre
o Clmax como mostrado na Fig. 7 e cujo valor é ∆CL = 3.8◦ . Na Fig. 8 é exibido os dois
coeficientes de sustentação em função do ângulo de ataque.
Com o valor de CLmax = 1.66 obtido na seção anterior, a massa total calculada para
a aeronave para decolagem em 50m, usando a Eq. 14, foi igual a 14.3kg. Como dito
anteriormente, decidimos que a aeronave usaria flap plano para elevarmos a carga paga
que a aeronave pode transportar. Ocorrem duas mudanças quando um flap é acionado em
uma asa: ele aumenta o coeficiente de sustentação máxima da asa e diminui o ângulo de
estol da aeronave. Como citado por Raymer [3] o flap modifica o CLmax da asa e o ângulo
de sustentação nula de acordo com as expressões
S f lapped
∆CLmax = ∆Clmax cos ΛHL
Sre f
S f lapped
∆α0L = ∆ (α0L )air f oil cos ΛHL (20)
Sre f
nas quais S f lapped é a área de parte da asa com largura igual à envergadura do flap
compreendida, Sre f é a área total da asa e ΛHL é o ângulo entre a linha das dobradiças do
flap e a linha que passa por 1/4 da corda da asa em sua extensão. Na mesma referência, é
citado que ∆Clmax tem valor ∼ 0.9 para flap plano e, nas operações de decolagem devemos
assumir 60 − 80% desse valor e ∆ (α0L )air f oil = −10◦ para o perfil. Usando as Eqs. 20 com
70% de 0.9 e ΛHL = 6◦ , obtemos ∆CLmax = 0.40 e ∆α0L = −6.4◦ e mostramos na Fig. 9 as
curvas de sustentação da aeronave com e sem o uso do flap. Um fato importante quando
se opera com flap é a diminuição do ângulo de estol da asa porque, geralmente, a parte da
asa com flap estola a um ângulo menor que a parte onde não tem flap. Portanto o CLmax
da aeronave deve ser recalculado usando a expressão 21 (Ref. [3]) na qual são somadas
as contribuições, ponderadas pelas áreas, da seção da asa com flap e sem flap. O valor
calculado foi CLmax f lap = 2.16.
S f lapped Sun f lapped
CLmax f lap = 0.9 (Clmax ) f lapped + (Clmax )un f lapped cos ΛHL (21)
Sre f Sre f
A polar de arrasto é uma representação padrão muito útil para os cálculos de perfor-
mance e relaciona sustentação com arrasto da aeronave ou, de maneira semelhante, CL
com CD de acordo com a expressão 22 usada para asas com perfil muito arqueado.
Figura 10: Polar de arrasto da aeronave Figura 11: Polar de arrasto da aeronave na
na configuração sem uso de flap e sem a pre- configuração sem uso de flap e na presença
sença do efeito solo. do efeito solo.
Para obter a polar de arrasto exibida na Fig. 10, calculamos o valor de CLmin drag =
0.326 de acordo com a descrição dada por Brandt [6]. Quando CL = 0 existe somente o
arrasto parasita cujo valor para uma aeronave monomotora construı́da para o Aerodesign
é CD = 0.033 de acordo com dados obtidos em [7], e assim obtemos CDmin = 0.022. Como
1
o valor de K = = 0.070, a equação para a polar de arrasto é
πe0 AR
Como a distância entre a asa e o solo é h = 0.20m, a Eq. 8 fornece φ = 0.57 e a curva para
a polar de arrasto na situação de decolagem é exibida na Fig 11. Apesar da diminuição
0.2 Aerodinâmica da Aeronave 16
dos valores de CD a eficiência aerodinâmica modificou apenas ligeiramente (Emaxe f eito solo =
CL ∗ 0.919
= = 24.8). A atuação do flap durante toda a corrida para a decolagem muda a
CD ∗ 0.037
curva CL ×CD trazendo maior arrasto durante a corrida e só beneficiando a sustentação na
fase de rotação que é o momento em que a aeronave decola. Para minimizar o uso de pista
durante a corrida para a decolagem, decidimos que o flap só será usado nos momentos
finais da corrida para aumentar a sustentação da aeronave.
A asa da aeronave deve ter um ângulo de incidência que favoreça a corrida na decola-
gem. Avaliando a expressão para as forças que atuam durante a corrida, podemos obter o
coeficiente de sustentação (CLlo ) que minimiza a força contrária ao movimento (FR ) como
realizado abaixo. Com o valor de CLlo obtemos o ângulo para o qual esse valor ocorre e
isso fornece o ângulo de incidência da asa θ = −0.2◦ .
dFR d(D + fs ) µ
= = 0 ⇒ CLlo = +CLmin drag (25)
dCL dCL 2φK
CLlo = 0.786 (θ = −0.28◦ )
Como dito acima, a aerodinâmica das empenagens é muito afetada pelo fluxo na asa
e percebe-se que os valores de CLh são bem menores que os valores para Clh . O valor
−7.5◦ indica que a empenagem horizontal tem incidência negativa com esse valor que foi
uma necessidade de projeto para que a aeronave tenha estabilidade horizontal, como será
mostrado na Seção 0.5.1.
0.2 Aerodinâmica da Aeronave 17
Figura 12: Curvas do coeficiente de sustentação para o perfil e para a empenagem hori-
zontal da aeronave.
L(y)eliptica + L(y)trapezoidal
L(y)Schrenk = . (27)
2
A distribuição de sustentação está relacionada com a variação da corda da asa com a
posição y ao longo da envergadura e ela é dada pela Eq. 28 para uma asa elı́ptica e é dada
pela Eq. 29 para uma asa retangular.
s
2
4nmaxW 2y
L(y)eliptica = 1− (28)
πb b
2nmaxW 2y
L(y)trapezoidal = 1+ (λ − 1) . (29)
(1 + λ)b b
Usando os parâmetros da aeronave da equipe Acauã, com nmax = 2 que é o fator de carga
máxima que está sendo considerado no projeto e W = 128N que é o peso total da aeronave,
obtemos os valores para L(y)Schrenk visualizados no gráfico da Fig. 13.
0.3 Dimensionamento e construção da aeronave 18
Figura 13: Distribuição de sustentação da asa por unidade de envergadura. A linha com
sı́mbolo representa a distribuição com a aproximação de Schrenk.
Resolvemos adotar o mesmo método de construção da asa do ano de 2011 que foi ae-
rofólio construı́do em isopor e revestido com uma lâmina de alumı́nio. Para aliviar peso,
foi adotada uma lâmina ainda mais fina cuja espessura é igual a 0.05mm e foram feitos
alı́vios no isopor. Sabemos que esse tipo de construção resulta em maior peso da asa mas
como ela tem grande envergadura podemos ganhar com a resistência às tensões a que é
submetida quando o carregamento sobre a asa é elevado, como é tı́pico na competição
AeroDesign. Como o alumı́nio já atua como estrutura, não foram colocados qualquer
estrutura no bordo de ataque e usamos como longarina prinicpal um tubo de fibra misto
de carbono/vidro que é introduzido cerca de 1.0m em cada semi-asa. A fuselagem da
aeronave de 2012 é completamente diferente daquela de 2011. Adotamos uma estrutura
treliçada feita com tubos de fibra de carbono e entelada com ”monokote”. A cauda fi-
cou ligeiramente levantada para melhorar a eficiência das empenagens que é fortemente
influenciada pelo ângulo de downwash do fluxo de ar que passa pela asa, no caso de
uma aeronave com configuração como a que adotamos. As empenagens de cauda foram
construı́das com nervuras e longarinas de balsa, tubos de fibra de carbono nos bordos
de ataque e revestidas com ”monokote”. O trem de pouso principal foi construı́do pela
equipe usando ”honeycomb”. O trem de pouso frontal (trequilha) foi adquirido em loja e
ele é de alumı́nio e aço e tem mola de amortecimento. No momento em que escrevemos
este relatório a aeronave está praticamente construı́da e seu 1◦ voo deverá acontecer no
inı́cio do mês de setembro de 2012.
0.3 Dimensionamento e construção da aeronave 19
Com está demonstrado no Cap. 0.4, o valor estimado para a carga paga representada
por um bloco igual a CP = 9.8kg ao nı́vel do mar. A competição de 2012 estabelece
como regra que a carga será dividida em dois tipos discriminadas pela densidade. Cargas
de densidades menores que 103 kg/m3 tem peso 7 na pontuação e de densidades acima
desse valor pontuam com peso 3. A equipe definiu que a carga paga será composta
pelos dois tipos de carga, distribuı́dos em 50%, em massa, para cada tipo. A escolha
do tipo com maior peso na pontuação implicaria em um volume de carga muito elevado.
O compartimento de carga tem volume igual a V B = 5.88 × 10−3 m3 com dimensões de
(0.28 × 0.15 × 0.14)m3 .
0.4 Desempenho da Aeronave 21
Para um voo reto e nivelado com velocidade constante, a 2a lei de Newton fornece
T = D (36)
L = W (37)
A tração requerida para voo nivelado, em linha reta e com velocidade constante, usando
a equação obtida para o arrasto (Eq. 22) e a equação para a variação da densidade citada
acima é !2
1 2W ρ0 e −z
TR = v2 S CDmin + K −z −CLmin drag
H . (38)
2 v2 Sρ0 e H
0.4 Desempenho da Aeronave 22
Na Fig. 17 são mostradas as curvas de tração disponı́vel e requerida calculadas para uma
altitude de 600m. O ponto A no qual essas curvas de tração se cruzam estabelece a menor
velocidade que o conjunto motor-hélice pode propiciar à aeronave que é de v = 8.2m/s.
No entanto, esse não é a menor velocidade que a aeronave pode voar que é a velocidade
de estol vestol = 10.0m/s. O ponto B indica a maior velocidade que o conjunto motor-
hélice pode propiciar à aeronave que é v = 24.5m/s e o ponto C indica a velocidade de
maior eficiência aerodinâmica v = 16.4m/s. Na Fig 15 são mostradas as curvas CL /CD e
CL 3/2 /CD em função da velocidade da aeronave. A velocidade de eficiência aerodinâmica
máxima (CL /CD )max é a velocidade de máximo alcance e seu valor é vmax alcance = 18.4m/s.
A velocidade para a qual temos (CL 3/2 /CD )max é a velocidade de máxima autonomia e ela
vale vmax autonomia = 16.6m/s. Como tração disponı́vel diminui com a altitude e a tração
requerida aumenta com a altitude, há uma altitude máxima para o voo da aeronave e nela
há apenas uma velocidade possı́vel para o voo. Na Fig. 16 são apresentadas as curvas TD e
TR para quatro altitudes diferentes: h = 0m, h = 600m, h = 2000m e o teto de voo h = 6700m
para o qual a velocidade de voo possı́vel, obtida pela leitura no gráfico, é v = 20.3m/s.
0.4 Desempenho da Aeronave 23
T − D = W sin(γ) (39)
L = W cos(γ), (40)
Em um voo planado, o motor fica funcionando com tração mı́nima que não é suficiente
para manter a altitude e velocidade. Então, a aeronave voa com velocidade constante em
0.4 Desempenho da Aeronave 24
D = W sin(γ) (42)
L = W cos(γ). (43)
Dividindo uma equação pela outra obtemos a Eq. 44 na qual o ângulo de planeio, com
D CD
máximo alcance, está relacionado com o inverso da eficiência aerodinâmica = . A
L CL
R
razão relaciona o alcance horizontal R e a distância vertical h percorridos durante a
h
descida e é conhecida como razão de planeio. Portanto,
o ângulo de máxima razão de
CL
planeio está diretamente relacionado com o valor e não tem relação com o
CD max
peso da aeronave. Porém, a velocidade para a qual se consegue a razão de planeio é
consequência direta do peso da aeronave já que os valores de CL e CD são calculados
para cada uma das velocidades. Na Fig. 19 é mostrada a curva do inverso da eficiência
aerodinâmica em função da velocidade de voo para h = 600m. Medindo diretamente nessa
1 1
curva, obtemos que a razão de planeio máxima é = = 25 : 1, voando a uma
CL/CD 0.04
velocidade de 16.0m/s e com ângulo de planeio calculado por γ = arctan(0.04) = 2.2◦ .
D h
= tan(γ) = (44)
L R
0.4 Desempenho da Aeronave 25
0.4.5 Decolagem
Como mostrado no Cap. 0.1 a abordagem inicial do projeto foi a solução das equações
de movimento com a dependência explı́cita da velocidade em todas as variáveis. Assim
a expressão para a distância percorrida durante a decolagem, com a forma do coeficiente
de arrasto dado pela Eq. 22 é
b b+2AV
2b arctan √ 2 − arctan √ 2
m −b +4AC −b +4AC
d = p − ln[C] + ln[C + V(b + AV)].
2A 2
−b + 4AC
(45)
com
1 −z 1 2
A = ρe 8600 S(µsCL −CD0 − φ CL )
2 πeAR
C = [a − µsW ]
s
2W
V = vT O f lap = 1.2 −z
ρe 8600 SCLmax f lap
Na equação acima fica claro a dependência da distância de decolagem com duas variáveis:
W e z. Para atualizar as informações, listamos na Tabela 4 os valores para os parâmetros
da Eq. 45. Na Fig. 20 apresentamos a influência da densidade do ar sobre o compri-
mento necessário para a decolagem em função do peso total da aeronave de acordo com a
0.4 Desempenho da Aeronave 26
Eq. 45. Também é apresentado na Fig. 21, a dependência da carga paga CP com relação
à altitude-densidade. Os valores previstos para a carga paga foram obtidos através da
Eq. 45 considerando uma distância de decolagem de 48.5m como limite para o procedi-
mento de rotação da aeronave para que ela não ultrapasse os 50m de pista permitidos para
uma decolagem válida. Para o cálculo da altitude-densidade foi considerada a Eq. 33. A
equação ajustada para os dados é
0.4.6 Aterrissagem
Na operação de pouso que é realizada sem a tração do motor e com o valor de CLmax f lap
aumentada pelo uso do flap em sua deflexão máxima (45◦ ), a solução para a distância
0.4 Desempenho da Aeronave 27
percorrida é
1
2
2
W ln(µsW ) − ln 2 ρS −µsCLmax f lap +CDmin + φK(CLmax f lap −CLmin drag ) vL + µsW
dL = h 2 i ,
2g 1
ρS(−µ C +C + φK C −C )
2 s Lmax f lap Dmin Lmax f lap Lmin drag
(47)
na qual vL = vto f lap é a velocidade com a qual a aeronave faz a aproximação. Por questões
de segurança, de modo a evitar um estol em baixa altura, o que inevitavelmente levaria
a perda da aeronave, o valor de vL foi estabelecido com 120% do valor de vestol . Na
Figura 22 é mostrada o desempenho da aeronave no pouso para 2 altitude-densidades:
h = 0m, h = 600m. Observa-se que a distância percorrida na pista para uma altitude-
densidade de h = 600m e carga máxima é de dL = 116m.
que a altura do circuito da missão será de H = 20m. Usaremos os seguintes valores para
velocidades e distância percorrida em cada etapa, o tempo total da missão calculado é
ttotal = 64s.
O diagrama v-n da aeronave da equipe Acauã foi gerado de acordo com as normas
estabelecidas no documento de regulamentação da segurança de voo da aviação FAR −
Part 23 [9]. É necessário informar que o fator de carga limite nlim estabelecido para a
aeronave que foi projetada está abaixo do valor estabelecido naquele documento porque
exigiria uma estrutura muito pesada e limitaria muito o valor da carga paga que a aeronave
poderia transportar que é uma das principais metas da competição. Informamos também
que devido ao uso de flap, o fator de carga n deve ser igual a 2 quando a aeronave tem a
velocidade de manobra vA . A consequência disto é que a aeronave não pode ser submetida
à cargas aerodinâmicas muito excessivas e manobras em voos muito aceleradas na vertical
devem ser evitadas para que não seja ultrapassado o valor de nlimite . Os seguintes valores
foram estabelecidos: nlim+ = 2, nlim− = −1, nult+ = 1.5nlim+ e nult− = 1.5nlim− .
Figura 23: Diagrama v-n para a aeronave da Equipe Acauã. Os pontos destacados no
gráfico correspondem às velocidades: A → manobra vA = 13.0m/s, C → cruzeiro vC = 21.6m/s,
D → mergulho vD = 30.0m/s, S → estol vs = 10.0m/s
0.5 Estabilidade e Controle da Aeronave 29
Tabela 6: Valores dos parâmetros das equações de coeficientes de momento para a asa,
empenagem horizontal e fuselagem.
∂ε
xCG xac ε0 w f (m) iw (◦ ) it (◦ ) cHT a ah
∂α
0.27 0.25 0.08 0.52 0.17 -0.28 -7.5 0.45 0.088 0.076
Figura 24: Coeficiente de momento da aeronave completa indicando que a aeronave atende
aos critérios de estabilidade longitudinal. O valor do ângulo de trimagem é mostrado no
gráfico.
É importante verificar quão afastado o CG pode ficar de sua posição inicial porque
se ele se afastar muito para trás a aeronave perde a estabilidade longitudinal. Para
estabelecer quanto o CG pode se deslocar para trás, fazemos o coeficiente de momento
da aeronave completa ser igual a 0 (CMα = 0) e obtemos o ponto xNP que é a localização
do ponto neutro relativamente à corda média aerodinâmica da asa cujo valor obtido foi
xNP = 0.43. A margem estática é dada pela diferença xNP − xCG = 0.43 − 0.27 = 0.16, ou
seja, o CG da aeronave pode se deslocar até 7.5cm para trás de sua posição projetada que
é 0.27c.
na qual τ assume valores de acordo com a relação entre a área do profundor e da em-
penagem (τ = 0.68 para a aeronave) e δe é a deflexão do profundor. Outro resultado
importante se refere ao ângulo de trimagem para a atuação do profundor que é obtido
fazendo CM = 0 na Eq. 55. Nessas condições é possı́vel determinar a deflexão do profundor
necessária para um voo a um determinado ângulo de ataque.
0.013 − 0.014α
δetrimagem = (56)
cHT ah τ
Figura 25: Ensaio de carregamento sobre a asa no qual foram distribuı́dos 29kg ao longo dos
2.80m de sua envergadura obedecendo a distribuição de sustentação obtida na seção 0.2.4.
Como a aeronave foi projetada para um peso máximo de decolagem igual a 140N
e um fator de carga limite n = 2 o carregamento sobre a asa nessas condições será de
280N. No ensaio realizado foram colocados 284N(29kg) sobre o intradorso da asa como
mostra a Fig. 25. Observamos que a asa e sua longarina suportaram esse carregamento
sem demonstração de fadiga ou de excessiva deformação. Também realizamos testes de
0.7 Projeto Elétrico 32
Figura 26: Ensaio de carregamento sobre a empenagem horizontal no qual foram distribuı́-
dos 10kg ao longo dos 0.85m de sua envergadura obedecendo a distribuição de sustentação.
carregamento sobre a empenagem horizontal distribuindo 10kg sobre sua superfı́cie, como
mostrado na Fig. 26, e foi notado que a sua estrutura suporta bem esse esforço estático.
Até o momento em que finalizamos esse relatório, esses foram os únicos ensaios sobre a
asa e sobre a empenagem mas planejamos outros testes, principalmente sobre a fuselagem,
antes do 1◦ voo que está marcado para a 1a quinzena do mês de setembro/2012.
por todos eles funcionando nas condições ensaiadas será de cctotal = 3 · 0.031 + 5 · 0.016 =
0.173Ah. Com essas informações, calculamos o tempo de duração da carga da bateria
cb
usando t(h) = · te obtivemos que, nas condições de uso testadas e limitando o uso de
cc
70% da carga total da bateria para não danificá-la, há carga suficiente para 4.5 minutos
de operação. Na seção 0.4.7 foi estabelecido que o tempo de missão é de 64 segundos
e, portanto, a carga da bateria permitida para uso é suficiente para decolar e pousar e
ainda percorrer aproximadamente 4.7 voltas no circuito de voo. Na Fig. 28 é mostrado o
diagrama do circuito elétrico que envolve bateria, interruptor, receptor e servos.
1500
400
600
7°
294
190
A3
DES. Nº
ESCALA 1:10
ESCALA 1 : 20
14
TREM DE POUSO
21
13
Sistema de
amortecedor
16
32
173,5
10
11
14,5
24,5
13,6
5
5
140 R1 13,5
R1
26
5
38 22,5
ESCALA 1:2
40
4
10
150
170
DATA TÍTULO:
09/08/2012
15
45
A3
DES. Nº
FOLHA 2 DE 7
38
ESCALA 1: 10
150
140
80
D
110
280
MATERIAL TIPO A
10
ESCALA 1 : 5
DETALHE D
ESCALA 1 : 5
Número da Equipe:
Nome da Equipe: 53
Acauã nome da escola:
DETALHE LONGARINAS
ESCALA 1 : 5
LONGARINAS
300
600
600 750
2800
ESCALA 1 : 10
A3
DES. Nº
Asa
FOLHA 4 DE 7
40
110
200
300
SERVO
225
110
SERVO
ESCALA 1 : 10
A3
DES. Nº
Empenagens
FOLHA 5 DE 7
41
Diagrama Elétrico
Servo 2
receptor
Escala 1:10
Servo 1
bateria
Servo 7 Servo 6 Servo 5 Servo 4
FIXAÇÃO MOTOR
FUSELAGEM
ESCALA 1: 5
A3
DES. Nº
1100 200 Aeronave acauã
FOLHA 7 DE 7
43
Referências Bibliográficas
[1] John David Anderson Jr. Aircraft Performance and Design. WCB-McGraw-Hill ord
University Press, New York, 1 edition, 1999.
[2] Chuan-Tau Edward Lan Jan Roskam. Airplane Aerodynamics and Performance.
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[4] Darrol Stinton. The Design of the Aeroplane. BSP Professional Books, Oxford, 1
edition, 1993.
[6] John J. Bertin Ray Withford Steven A. Brandt, Randall J. Stiles. Introduction to
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[10] Robert C. Nelson. Flight Stability and Automatic Control. McGraw-Hill, Inc., New
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