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A GESTÃO DE FROTAS ATRAVÉS DO SISTEMA DE

INORMAÇÕES FINACEIRAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


FEDERAL

Alexsandro Silveira de Azevedo

RESUMO

O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) é a principal


ferramenta utilizada no orçamento, controle de custos e gestão financeira do governo federal.  O
modelo de análise da accountability da gestão da frota de veículos ocorre a partir da investigação
das suas definições e dimensões, abrangendo o campo da administração pública e da previsão na
legislação brasileira. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica sobre os temas envolvidos.
O objetivo foi evidenciar a importância do sistema financeiro para eficiência da gestão de frotas.
São definidas três dimensões para descrição da accountability: transparência, prestação de contas
e responsabilização. O sistema é percebido como eficaz na promoção da accountability, apesar da
necessidade de melhorias e de treinamento de seus usuários

Palavras-Chave: Accountability; Logística; Gestão de Frotas; Prestação de Contas; Ética


Empresarial.

ABSTRACT

The Integrated System of Financial Administration of the Federal Government (SIAFI) is the main
tool used in the budget, cost control and financial management of the federal government. The
analysis model of accountability for vehicle fleet management is based on the investigation of its
definitions and dimensions, encompassing the field of public administration and forecasting in
Brazilian legislation. The methodology used was a bibliographic review on the topics involved. The
objective was to highlight the importance of the financial system for efficient fleet management.
Three dimensions are defined to describe accountability: transparency, accountability and
accountability. The system is perceived as effective in promoting accountability, despite the need
for improvements and training of its users.

.Keywords: Accountability; Logistic; fleet management; Accountability; Business Ethics.

1 INTRODUÇÃO

Pesquisas recentes têm evidenciado que o SIAFI (Sistema Integrado de


Administração Financeira do Governo Federal) representa uma alta evolução para
a contabilidade pública da União, que atualmente é apreciado em todo mundo e
visto como “case” de sucesso pelo Fundo Monetário Internacional. Seu êxito foi
além-mar e atraiu olhares no cenário nacional e internacional (STN, 2017).
O SIAFI consiste em um sistema de Tecnologia de Informação e
Comunicação (TIC) criado no Brasil e utilizado atualmente como ferramenta
chave para o acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira,
patrimonial e contábil do Governo Federal brasileiro, por meio de terminais
instalados nos órgãos federais.
O sistema está centralizado em Brasília, na Secretaria do Tesouro Nacional
(STN), órgão do Ministério da Fazenda. É ligado por teleprocessamento aos
Órgãos do Governo Federal, através da rede do Serviço Federal de
Processamento de Dados (SERPRO). O sistema é operacionalizado tanto no país
quanto em unidades representantes do Brasil no exterior.
Conforme nota da Secretaria do Tesouro Nacional em 2017, desde a sua
criação, o SIAFI vem recebendo otimizações e adequações, de forma a
acompanhar a evolução técnica, com processos e subsistemas que permitem sua
utilização em escala crescente. Desse modo, é de suma importância que gestores
públicos federais saibam utilizar corretamente essa ferramenta de trabalho, que
significa tão grande avanço na elaboração e controle dos recursos da União.
Cada órgão do Governo Federal deve trabalhar conforme exige o princípio
da Eficiência expresso pelo artigo 37 da Constituição Federal de 1988, segundo o
qual cabe ao gestor público a obrigação de realizar uma boa administração. O
representante deve agir do modo mais eficiente, para que o Estado garanta
eficácia em suas realizações.
O sistema de Informações Financeiras tem o objetivo de centralizar as
informações econômicas dos diversos setores da administração federal. Sendo
assim, naturalmente há registro das informações e dados referente às frotas de
veículos, o que facilita o acesso e obtenção de informações sobre esse setor
público federal.
Este trabalho teve como objetivo ratificar a divulgação e instrução do SIAFI
enquanto mecanismo de transparência (disclousure) e a equidade (fairness) nos
entes públicos, principalmente no que tange a economia inflacionária e o contexto
político instável em que o país enfrenta na segunda década deste século, nessa
toada, o escopo utilizado será composto pelas informações financeiras das frotas
públicas federais.
Diante disso, o presente trabalho busca responder a seguinte questão: o
SIAFI pode contribuir para gestão de frotas da Administração Pública Federal,
visto que ele concentra informações financeiras de toda frota pública da União?
1.2 JUSTIFICATIVA

A presente pesquisa justifica-se pela sua atualidade, em tempos de modelo


gerencial de gestão aplicado ao modelo público, e, pela importância de divulgação
de informações precisas e acessíveis em linguagem, para materializar o princípio
da transparência.
A busca por mecanismos de controle e gestão é essencial para atual
sociedade e entender a possibilidade do SIAFI como instrumento de prestação de
contas e mecanismo complementar de controle de gastos públicos com veículos
pode mudar a visão de como investir, antecipar gastos, melhorar projeções e
aumentar a qualidade do uso do dinheiro público.

2 METODOLOGIA

Para Cervo e Bervian (2002):


o método científico é um dispositivo ordenado, um conjunto de
procedimentos sistemáticos que o pesquisador usa para obter o
conhecimento adequado do problema que se propõe a resolver.

Na opção de caminho de pesquisa, de acordo com Yin (2005) devem-se


levar em conta três aspectos: a questão em destaque; o controle existente sobre
o fato; e foco na informação atual.
De acordo com Charoux (2006), o método é a forma usada para ordenar o
pensamento. Pretende-se usar, neste estudo, dois modelos de pesquisa:
a) pesquisa bibliográfica usada para levantamento dos dados secundários
– necessária para a fundamentação teórica;
b) pesquisa documental para buscar informações relevantes para a
melhor definição da questão-problema – restringe-se a documentos
escritos ou não-escritos, sempre de fontes primárias.
Godoy (1995a, b) esclarece que na pesquisa documental deve-se atentar
para três pontos: a escolha dos documentos, o acesso a eles e a sua análise. É
um tipo de pesquisa apropriado quando se deseja estudar longos períodos,
procurando identificar uma ou mais tendências no comportamento de um
fenômeno.
Já nas palavras de Acevedo e Nohara (2006), a pesquisa bibliográfica e a
documental têm a finalidade de tentar explicar ou solucionar problemas de
pesquisa a partir de referências teóricas já publicadas em documentos. A
característica mais relevante deste tipo de procedimento é que ela está restrita à
coleta de dados de fontes documentais ou primárias (pesquisa documental) ou à
coleta de dados de fontes bibliográficas secundárias (pesquisa bibliográfica).

3 HISTÓRICO DO SIAFI

Os dados abaixo foram retirados do site oficial da Secretaria do Tesouro


Nacional (STN) (2017, s.p.) que demonstra que até o exercício de 1986, o
Governo Federal convivia com uma série de problemas de natureza administrativa
que dificultavam a adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do
orçamento unificado, que passaria a vigorar em 1987:
- Emprego de métodos rudimentares e inadequados de trabalho, onde, na
maioria dos casos, os controles de disponibilidades orçamentárias e
financeiras eram exercidos sobre registros manuais;
- Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Administração
Pública e utilização da Contabilidade como mero instrumento de registros
formais;
- Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias entre o
encerramento do mês e o levantamento das demonstrações
Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o uso das
informações para fins gerenciais;
- Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade de fontes de
informações e das várias interpretações sobre cada conceito,
comprometendo o processo de tomada de decisões;
- Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que desconhecia
técnicas mais modernas de administração financeira e ainda concebia a
contabilidade como mera ferramenta para o atendimento de aspectos
formais da gestão dos recursos públicos;
- Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o desvio de
recursos públicos e permitissem a atribuição de responsabilidades aos
maus gestores.
A partir da criação da STN, por meio do Decreto 95.452/1986, Órgão
Central do Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de
Contabilidade Federal, Órgão integrante do Ministério da Fazenda, e juntamente
com o SERPRO, empresa pública prestadora de serviço na área de informática, a
implantação do SIAFI foi viabilizada e o Sistema foi implantado a partir de 1 de
Janeiro de 1987, proporcionando ao Governo Federal um moderno controle dos
gastos públicos, cujos objetivos principais seriam:
 Permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios
e de suas supervisionadas;
 Permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das
transferências negociadas; 
 Integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo
Federal;
 Permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos
públicos; e
 Proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.

3.1 A Importância do SIAFI para Administração Pública

É consenso que as recorrentes descobertas de desvios de verbas públicas


por agentes da própria Administração, trazem à tona questionamentos quanto à
eficiência e a eficácia dos sistemas de controle e fiscalização do Orçamento
Nacional. Todavia, se por um lado o cenário de corrupção intrapartidária nacional
tende a desmoralização da classe política, por outro, eclodem sistemas de
accountability no Poder Executivo e ao Poder Legislativo. Esses estão
comprometidos com a ética empresarial e boas práticas de gestão, aptos a
transformar a contemporânea rotina de malfeitos nas organizações públicas.
O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal –
SIAFI, representa um incontestável instrumento na consecução e sucesso de
auditorias e investigações por órgãos de análise e inspeção como o Ministério
Público, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União.
Um Estudo do Tribunal de Contas da União - TCU (BRASIL, 2009, p.22)
relaciona elementos comuns a diversos autores, que foram alicerces para
investigações de crimes de lavagem de recursos como a “Operação Lava-Jato”,
iniciada no ano de 2009. Nessa nova perspectiva, busca-se o fortalecimento das
funções de regulação e coordenação do Estado reforçando a Governança, que é
a capacidade de governo do Estado, por meio de uma conversão programada da
administração pública burocrática, rígida e ineficiente, voltada para si mesma e
para o controle, se transformar numa administração pública gerencial, flexível e
eficiente, voltada para o atendimento ao cidadão (CHIAVENATO, 2008).
O conceito de Governança atualmente adotado pelo Banco Mundial diz
que: Governança é a forma como os recursos sociais de um país são
gerenciados, com vistas a promover o desenvolvimento. Alguns princípios
fundamentais de boa governança na seara administrativa nacional são
(TCU,2009):
 Transparência (disclousure): representa o processo de contínua
demonstração pelo agente de que sua gestão está alinhada às diretrizes
estratégicas previamente fixadas pelo principal. Não é só limitar-se à
“obrigação de informar” (accountability): o agente (a administração) deve
cultivar o “desejo de informar”;
 Responsabilidade (responsability): definição de uma política de
responsabilidade que assegure máxima sustentabilidade dos negócios,
incorporando considerações de ordem ética, sócia e ambiental em todos os
processos e relacionamentos;
 Equidade (fairness): tratamento justo e igualitário a todas as partes
interessadas, sendo totalmente inaceitáveis atitudes ou políticas
discriminatórias, sob qualquer pretexto.
 Prestação de contas (accountability): os agentes da governança devem
prestar contas de sua atuação a quem os fez delegação e respondem
integralmente por todos os atos que praticarem no exercício desse
mandato;
Segundo Castro (2007, p. 512), a terminologia acima refere-se a uma
proteção ao cidadão ás práticas de má administração e dessa forma, pode-
se relacioná-la diretamente à democracia.
Segundo o autor:

Quanto mais avançado o estágio democrático, maior será o interesse


pela accountability, que tende a acompanhar os avanços dos valores
democráticos, tais como: igualdade, dignidade humana, participação,
representatividade, governança, transparência e legalidade do setor
público etc. (CASTRO, 2007, p. 170).

Ademais, quanto maior a possibilidade de os cidadãos poderem discernir


se os governantes estão agindo em função do interesse da coletividade e
sancioná-los apropriadamente, mais accountable é um governo (MATIAS-
PEREIRA, 2014).

3.2 O SIAFI e os Princípios Éticos

O uso da tecnologia em favor da práxis burocrática tem progredido


concomitantemente a formação de um novo corpo funcional no mercado de
trabalho. Esse, propõe-se à renovação das atividades diárias e cria novos ares às
organizações públicas. Toda empresa precisa educar seus profissionais a
participar de projetos e estimulá-lo a propor novas investigações. Toda empresa
necessita reconhecer o potencial altamente benéfico da tecnologia, procurando,
igualmente, formar redes de troca de experiências; a parceria esclarecida é um
dos melhores caminhos para a permanência salutar no mercado (BENDELL,
BOULTER e GATFORD,1997).
BALLOU (1993, p.279), declara que: “o sistema de informações gerenciais
(SIG) refere-se a todo o equipamento, procedimento e pessoal que criam fluxos
de informações utilizadas nas operações diárias de uma organização e no
planejamento e controle global das atividades”. De acordo com OLIVEIRA (2005),
é indiscutível diferenciar dado, informação e sistema de informação. Dado é
qualquer elemento que por si só não permite a compreensão de um fato ou
situação. O processo de transformação em dado é chamado de sistema de
informação. Quando este processo gera informações necessárias para o
processo decisório da organização constitui-se um Sistema de Informações
Gerenciais (SIG). Portanto, o SIAFI se enquadra perfeitamente nesta perspectiva:
cabe ao gestor público a interpretação e manipulação dos dados consoante o
objetivo previsto.
Como sita MONTEIRO (2014), o governo federal tem uma arquitetura que
define um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que
regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC),
determinando os Sistemas Estruturadores de Governo (SIEG). Esses, são
sistemas transversais na estrutura orgânica de governo que atendem as
necessidades finalísticas de mais de um Órgão.
O SERPRO é o responsável pelos mecanismos de segurança destinados a
manter a integridade dos dados do sistema como, por exemplo, a fidedignidade
dos dados inseridos no sistema, por parte de seus usuários e a inalterabilidade
das informações de todos os documentos inseridos no SIAFI, após a
contabilização.
Objetivando regularizar o acesso, assegura-se a manutenção e integridade
do Sistema ao se basear nos princípios e instrumentos como: senhas de acesso
(Senha-Rede e Senha do Sistema), Conformidade de Registro de Gestão,
Conformidade de Operadores, e Conformidade Contábil.
As senhas de acesso permitem o uso autorizado dos recursos do SIAFI,
especificando os Sistemas disponibilizados (SIAFI, SIAFI-EDUCACIONAL), o
nível de acesso e o(s) perfil (is) - transações. Já, a Conformidade de Registro de
Gestão é o confronto entre a documentação comprobatória dos atos e fatos de
gestão com os lançamentos efetuados no SIAFI (perfil: CONCONFREG). A
Conformidade de operadores é o controle mensal que objetiva a ativação,
confirmação ou desativação de usuários da UG (perfil: CONFOP) e a
Conformidade Contábil consiste na validação dos valores registrados no SIAFI
pela Unidade Gestora Setorial de Contabilidade - SOF –Secretaria de Orçamento
Federal (perfil: CONFCON).
Como o Operador do SENHA-REDE, responderá integralmente pelo uso do
Sistema sob a sua senha e obrigar-se-á a:
 Não revelar fora do âmbito profissional, fato ou informação de qualquer
natureza de que tenha conhecimento por força de suas atribuições , salvo
em decorrência de decisão competente na esfera legal ou judicial, bem
como de autoridade superior;
 Manter absoluta cautela quando da exibição de dados em tela ou
impressora, ou ainda na gravação em meios eletrônico, a fim de que deles
não venham tomar ciência pessoas não autorizadas;
 Acompanhar a impressão e reconher as listagens cuja emissão tenha
solicitado;e
 Responder, em todas as instâncias devidas, pelas consequências
decorrentes das ações ou omissões de sua parte que possam pôr em risco
ou comprometer a exclusividade de conhecimento de sua senha, ou das
transações em que esteja habilitado.
Diante do exposto, conclui-se que o Sistema operacional exige do usuário
responsabilidade e consciência do quão sérias são suas atividades e
movimentações no sistema. Esse, mantém o operador absoluta e facilmente
reconhecível: seu CPF e nome são expostos nas telas de quaisquer transações
eletrônicas. Por esse motivo, é indubtável que se priorize a instrução sobre o
manuseio da plataforma, não somente para que o servidor seja eficiente no modo
de produção, mas também para que seja observado o aprimoramento contínuo
dos processos de trabalho em vistas a verificação de que seu serviço está
contribuindo para desenvolvimento social.

3.3 Logística e Gestão de Frotas


A definição de logística, segundo Christopher (2002) é:
Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição,
movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados
(e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus
canais de marketing, de modo a poder maximizar a lucratividade
presente e futura através dos pedidos a baixo custo .

Conforme Ballou (1993), o sistema de transporte doméstico refere-se a


todo conjunto de trabalho, facilidades e recursos que compõem a capacidade de
movimentação na economia. Esta capacidade implica o movimento de carga e de
pessoas, podendo incluir o sistema para distribuição de intangíveis, tais como
comunicações telefônicas, energia elétrica e serviços médicos.
Segundo Christopher (2002, p. 11) “O gerenciamento logístico é o meio
pelo qual as necessidades dos clientes são satisfeitas através da coordenação
dos fluxos de materiais e de informações que vão do mercado até a empresa,
suas operações e fornecedores”.
Ballou (1993) afirma que, a logística estuda como a administração pode
prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e
consumidores, através de planejamento, organização e controle para atividades
de movimentação e armazenagem.
Os gerenciamentos logísticos são estratégias para a área de logística nas
empresas, em relação ao controle de fluxo de matérias e da distribuição das
mercadorias até o seu local de destino, contribuindo para que os serviços
logísticos atinjam o patamar desejado, aqui surgindo a gestão de frotas.
Conforme Ballou (1993), o transporte representa o elemento mais
importante do custo logístico na maior parte das firmas, oq eu não é diferente
para a Administração Pública. O transporte costuma absorver dois terços do gasto
logístico e entre 9 e 10% do produto interno bruto (PIB) para economia americana
como um todo. Por esta razão, o gestor de frotas deve ter afinidade com a
logística.

4 O PODER PÚBLICO E O GERENCIAMENTO DE FROTAS

Nas palavras de Valente (2003), a gestão de frotas é responsável por


planejar, gerenciar e aplicar as atividades conectadas a veículos de uma
entidade, exigindo do gestor um domínio prático e teórico de tarefas que
abrangem o gerenciamento da mão de obra disponível, os veículos e
equipamentos e as tecnologias existentes para lhe auxiliar na prática e controle
dessa gerência.
Assim, no ente público, a gestão de frota de veículos está ligada a
automóveis comprados ou alugados, por empresas ou agências governamentais.
Alguns exemplos se destacam, como: empresas de aluguel de veículos, serviços
públicos, departamentos de polícia, dentre outros (CLEMENTE, 2008).
Salles (2012) sustenta que a gerência de frotas utiliza alguns mecanismos,
ferramentas e técnicas diversas, tais como softwares, que auxiliam as empresas
reduzirem e/ou eliminarem riscos inerentes ao capital investido dos seus veículos,
elevando a produtividade e eficiência de seus serviços.
Certo disso, o controle informatizado favorece a geração de informações
gerenciais confiáveis e tempestivas. Porém, a informatização de um sistema
ineficiente terá como resultado um fracasso informatizado (CAMPOS; BELHOT,
1994).
Porém, eventualmente acontecem inúmeras falhas na gestão de frotas, tais
como, despesas de transporte altas, concorrência, pagamentos dos condutores,
manutenção e seguro dos veículos, alterações alarmantes dos combustíveis,
inflação e depreciação dos veículos. Além da falta de cuidado por parte dos
motoristas, ampliando o desgaste natural dos veículos, muitas vezes utilizados
por grandes horas seguidas (CLEMENTE, 2008).
Nesta linha de pensamento, Rosa (2010) pontua que as atividades da
logística podem ser definidas de acordo com a função que exercem. No âmbito de
transporte, por exemplo, são tomadas decisões, tais como: a seleção do modal de
transporte, o dimensionamento da frota, a escolha dos veículos, as rotas a serem
percorridas, a programação de saída para circulação da frota, dentre outras
atividades.
No entanto, defende Cotti (1989) que a administração eficaz de frotas não
é um processo obrigatoriamente tecnológico ou complicado, pois é necessário
efetuar ações pautado em análises e decisões conduzidas pelo bom senso e pela
preocupação real de incrementar o rendimento a cada dia, para chegar a
resultados ótimos.
As instituições públicas não precisam lidar com competitividade, e isso
mostra que historicamente, se tornaram omissas em relação aos custos gerados
e eficiência dos serviços prestados. Isto pode ser aplicado a diversos setores da
administração pública, dentre eles, o setor de gestão de frotas de veículos.
Todavia, esse cenário vem se modificando (princípio da eficiência) e
adaptando-se as inovações que melhoram a vida do administrador. Para apoiar o
trabalho da gestão de frotas de veículos, o SIAFI se aprimorou e hoje é capaz de
contabilizar o abastecimento, manutenção, demanda de serviços e seus
itinerários, depreciação dos veículos e tipos de uso dos veículos, possibilitando
um maior controle nas demandas do setor público.
A gestão de frotas na Administração Pública envolve apenas uma pequena
parcela de um “universo de logística de transportes”, porque em geral, sua
principal função é atender o translado de seus servidores nas suas atividades fins,
transportar materiais, equipamentos e documentos entre suas unidades de
serviços.
Entretanto, diferente do tipo de uso das instituições privadas que visam o
lucro e possuem uma cadeia funcional totalmente ligada ao planejamento,
implementação, transporte e controle de seus produtos e serviços mais conhecido
como “logística”. No serviço público, o objetivo é servir a sociedade, fazendo com
que os cálculos e métodos matemáticos que buscam a maior eficiência
econômica fiquem obsoletos, incentivado também pela dificuldade burocrática
encontrada nas autorizações e aquisições estatais, dando maior respaldo e
importância ao controle de custos exigido e feito através do SIAFI.

4.1 Gerindo Custos e Otimizando a Gestão da Frota

Para Clemente (2008), a gestão de frotas se baseia na aplicação de certos


métodos, técnicas e ferramentas, nomeadamente, software informático, que
permitem às empresas eliminar os riscos inerentes ao investimento dos seus
veículos, aumentarem a produtividade e eficiência das suas operações.
Clemente (2008) também adverte quanto a alguns cuidados que devem
ser tomados para que ocorra uma gestão de frota eficaz, são eles:
a) Levando-se em conta o tipo de carga a ser transportada é que se
definirá o tipo de veículo a ser adquirido;
b) Escolha dos opcionais para os veículos tais como: ar-condicionado,
rádio, trio elétrico, entre outros;
c) Averiguar se existe a possibilidade de obtenção de vários veículos do
mesmo fabricante, do mesmo modelo, esta tática poderá reduzir custos;
d) Agendar reunião com o gestor do fabricante, pois é certo que este terá
mais informações acerca de promoções ou programas;
e) Ter um planejamento de quantos quilômetros serão rodados por ano,
alguns contratos de locação permitem ao veículo rodar entre 19.000 e 24.000
quilômetros por ano, acima desses valores paga-se uma taxa por cada quilômetro
acumulado;
f) Fazer um levantamento de preços para compra e para aluguel de carros
poderá diminuir os custos finais.
Existem empresas especializadas no desenvolvimento de softwares para a
gestão de frotas de veículos que focam principalmente (TTE, 2009):
a) transporte – sistemas de transporte e gerenciamento;
b) manutenção da frota – objetivos, importância, sistemas, manutenção
corretiva e manutenção preventiva;
c) planejamento da frota – avaliação da condição técnica do veículo,
dimensionamento da frota, abastecimento;
d) gestão de pneus / importância do pneu na redução de custos - estrutura
dos pneus, ferramentas para a gestão dos pneus; desgaste e avaliação deles.
Quanto às vantagens que o SIAFI oferece: Sistematizar e controlar todo o
processo de abastecimento, de uso, quais os veículos estão na oficina e, o
abastecimento de combustível (TTE, 2009).
Diminuir o consumo de papel, uma vez que o sistema de controle manual
exige que todas as autorizações de abastecimento, troca de lubrificantes,
lavagem sejam feitas em blocos de papel, com cópia (TTE, 2009).
Reduzir o atraso no feedback das informações, de uma maneira geral, os
relatórios de gestão de frota são obtidos de fichas e planilhas descentralizadas,
com um sistema de informação é certo que o resgate se torna mais rápido e
dinâmico (TTE, 2009).
aumentar o controle do uso dos recursos da frota, tornando este processo
mais ágil. De uma maneira geral, o chefe de transporte ou análogo faz o controle
dos carros manualmente, o que certamente levará a uma gestão caótica dos
veículos (TTE, 2009).

4.2 SIAFI Como Diferencial Tecnológico na Gestão de Frotas

De acordo com Rezende e Abreu (2003), a complexidade dos negócios e


as necessidades empresariais atuais exigem, atualmente, que se considere a
tecnologia da informação e seus recursos, sendo pouco provável que a empresa
sobreviva sem o envolvimento da moderna tecnologia, ainda que os analistas de
negócios ou usuários não necessariamente devam possuir um profundo
conhecimento do processamento eletrônico de dados.
É importante que as pessoas entendam os conceitos elementares sobre
este tema, deixando de lado aspectos exclusivamente técnicos, focando seus
esforços na gestão dos recursos da tecnologia da informação.
A principal utilidade da tecnologia da informação é o desenvolvimento e
melhoria dos sistemas de informação, que auxiliam a empresa em seus negócios,
processos e atividades e, portanto, não se deve dar importância excessiva às
tecnologias, tais como, hardware, software e seus periféricos.
Assim também corrobora as lições de Rezende e Abreu (2003, p. 264):

A tecnologia da informação não deve ser trabalhada e estudada de


forma isolada. Sempre é necessário envolver e discutir as questões
conceituais dos negócios e das atividades empresariais, que não podem
ser organizadas e resolvidas simplesmente com os computadores e seus
recursos de software, por mais tecnologia que detenham. Em
consequência das questões dos negócios empresariais aparecem as
questões comportamentais necessárias para uma utilização efetiva
dessas tecnologias.

No que liga aos benefícios que a Administração Pública obtém por meio de
tecnologia, Rezende e Abreu (2003, p. 185) destacam:

suporte à tomada de decisão; o valor agregado ao produto (bens e


serviços); o melhor serviço e vantagens competitivas; produtos de
melhor qualidade; a oportunidade de negócios e o aumento da
rentabilidade; mais segurança nas informações; menos erros, mais
precisão; o aperfeiçoamento nos sistemas, eficiência, eficácia,
efetividade e produtividade; a carga de trabalho reduzida; a redução de
custos e desperdícios e, o controle das operações.

Assim, a tomada de decisão tende a ser qualitativamente melhor, pois é


estruturada em informações precedentes racionais, o que favorece a eficiência na
gestão pública, além de menos custos dos recursos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É indiscutível a importância do Sistema Integrado de Administração


Financeira/SIAFI no controle e fiscalização da gestão de frotas do governo
federal. Todavia, para que esse controle seja efetivo, o operador do sistema deve
saber perfeitamente como agir e quais valores éticos e morais a Administração
Pública espera dele. Portanto, incumbência dessa educação deve ser muito bem
avaliada e selecionada pelo órgão.
Durante os últimos anos, o sistema contábil federal passou por várias
mudanças para adequação às normas internacionais. As Normas Brasileiras de
Contabilidade aplicadas ao Setor Público e o Manual de Contabilidade Aplicada
ao Setor Público estabeleceram inovações que repercutiram consideravelmente
na sistemática de registro aplicada ao Sistema Contábil. Princípios como
transparência, equidade, accountability, auxiliam a sociedade na conversão de
uma administração burocrática para gerencial. É preciso combater o nepotismo e
a corrupção através do acompanhamento e avaliação das ações governamentais,
de forma não privativa e não confidencial.
A implantação do Sistema SIAFI permitiu dimensionar o número correto de
veículos, definir especificações adequadas à execução dos serviços, racionalizar
o processo de aquisição de peças de reposição, manutenção entre outros gastos.
Possibilitou ainda, reduzir o número de veículos ociosos, bem como, um
planejamento sobre a manutenção preventiva deles.
Cabe destacar que a pesquisa não esgota o tema gestão de frotas, sendo
essencial maiores estudos que integrem logística e controle financeiro, o que
torna mais coeso os gastos e investimentos no setor. Sendo também interessante
para organizações privadas o tema abordado.

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