Você está na página 1de 23

GNE341 – Operações Unitárias III

Profa. Isabele Cristina Bicalho (DEG/UFLA)


2020/1
GNE341 – Operações Unitárias III

• Conteúdo
1. Operações em Estágios de Equilíbrio
1.1. Introdução
1.2. Equipamentos com estágios de contato
1.2.1. Equipamento típico de destilação
1.2.2. Equipamento típico de lixiviação
1.3. Princípios das operações em estágios
1.4. Métodos gráficos para sistemas binários
1.5. Estágio de contato ideal
1.6. Determinação do número de estágios ideais
1.7. Método analítico (fator de absorção) para o cálculo do
número de estágios ideais
1. Operações em Estágios de Equilíbrio

• Introdução
Nas diversas operações desenvolvidas na indústria são utilizados
materiais/substâncias que são encontrados, muitas vezes, na forma
de misturas. Além disso, correntes intermediárias e produtos finais
dos processos podem exigir alguma separação.

3
1.1. Introdução
Pode-se dividir os processos de separação (operações unitárias) em
três grandes grupos:
• Operações mecânicas
Separação dos componentes da mistura com base em
diferenças de densidade ou tamanho de partícula.
Ex: peneiramento, decantação, filtração, flotação, etc...

• Operações que envolvem transferência de calor


Ex: Aquecimento/resfriamento de fluidos, evaporação, secagem.

• Operações que envolvem transferência de massa OP3!


Separação dos componentes da mistura com base em
diferenças de pressão de vapor, solubilidade ou difusividade.
4
1.1. Introdução
Operações que envolvem transferência de massa
Para separar ou remover um ou mais dos componentes da mistura,
ela terá que ser colocada em contato com outra fase.
As duas fases são colocadas em contato íntimo de forma que um ou
vários solutos possam se difundir de uma fase para a outra.
Fase L Fase V Fase L Fase V

A força motriz para a TM vai ser um gradiente de concentração.


5
1.1. Introdução
Escolhendo as condições apropriadas e fases, uma fase vai ser
enriquecida enquanto a outra será esgotada em um ou mais
componentes.
Pode-se destacar como operações de transferência de massa:
Destilação
Absorção gasosa
Extração líquido-líquido
Lixiviação
Cristalização, separação por membranas, adsorção, dentre várias
outras...

6
1.1. Introdução
1. Destilação
A função da destilação é separar, por vaporização, uma mistura
líquida de substâncias miscíveis e voláteis em seus componentes
individuais ou em grupos de componentes.
Ex: Destilação do petróleo cru

Neste processo estão envolvidas


uma fase vapor e uma fase
líquida que vaporiza.

7
1.1. Introdução
2. Absorção gasosa
Na absorção as duas fases em contato são um gás e um líquido, e
um ou mais solutos são absorvidos da fase gasosa pela fase líquida.
Ex: Absorção de amônia de uma mistura com ar usando água
líquida. Posteriormente, o soluto é recuperado da solução por
destilação e o líquido absorvedor pode ser descartado ou reusado.

Dessorção ou stripping (esgotamento): é o inverso da absorção


gasosa, é quando o soluto é transferido do solvente líquido para a
fase gasosa.
• Quando o gás é ar puro e o líquido é água pura, o processo é
chamado de umidificação.
• Desumidificação envolve a remoção de vapor de água do ar.
8
1.1. Introdução
3. Extração líquido-líquido
A extração LL, ou extração por solvente, envolve duas fases líquidas,
onde o soluto ou os solutos são removidos de uma fase líquida para
a outra.
Solvente
Extrato
S (S + A)
Soluto

D+A
Refinado
Mistura (D + pouco A)
Diluente
Ex: Extração de ácido acético de uma solução aquosa usando éter
isopropílico.
9
1.1. Introdução
4. Lixiviação
Na lixiviação, ou extração de sólidos, um fluido é usado para extrair
um soluto de um sólido. Ou seja, material solúvel é dissolvido de sua
mistura com um sólido inerte por meio de um solvente líquido.

Ex: Extração de óleos


vegetais de sementes de
soja usando solventes
orgânicos como o hexano.

O tratamento quantitativo da TM é baseado em balanços de massa


e energia, relações de equilíbrio entre as fases e taxas de
transferência de calor e massa.
10
1.1. Introdução
• Terminologia e símbolos
As duas correntes serão designadas como fases L e V onde:
L é a fase “pesada” e V é a fase “leve”

Operação Fase V Fase L


Destilação vapor líquido
Absorção gasosa gás líquido
Extração líquido-líquido extrato refinado
Lixiviação líquido sólido

OBS: Na extração LL independentemente da densidade das fases, o


refinado será sempre tomado como a fase L e o extrato como a fase V.
11
1.1. Introdução
• Cada fase consiste numa mistura de dois ou mais componentes.
• Para designar a fração molar (ou mássica) dos componentes nas
fases usaremos:
y fração do componente na fase V
x fração do componente na fase L

nro de moles (ou massa) do componente i


xi / yi 
nro de moles (ou massa) da mistura

• Para referir aos componentes individuais da mistura usaremos A,


B, C, etc. E, se somente um componente for transferido entre as
fases, este será designado como o componente A.
Ex) yA = fração do componente A na fase V
12
1.1. Introdução
• Quando somente dois componentes estiverem presentes numa
fase, os subscritos A e B serão desnecessários:
x ou y fração do componente A na fase L ou V
1−x ou 1−y fração do componente B na fase L ou V

• A relação entre a concentração e a fração molar (ou mássica) do


componente i é dada por:
ci  r xi

onde ci = concentração do comp. i (mol/m3, kg/m3)


r = densidade molar (ou mássica) da mistura (mol/m3, kg/m3)
xi = fração molar (ou mássica) do comp. i

13
Exemplo

• Ex) Como definir as correntes e suas frações (em termos molares)


para a operação de absorção binária:

V : taxa molar da mistura soluto (componente A)


no gás inerte gasoso = Vi (taxa constante)

soluto (componente A)
L : taxa molar da mistura
no líquido inerte líquido = Li (taxa constante)

mols
soluto mols
soluto mols
soluto mols
soluto
x  y 
mols
L mols d+ Li
soluto mols
V mols d+ Vi
soluto
14
Exemplo
Alternativamente, podemos utilizar a abordagem que denominamos
de base isenta (que pode facilitar em algumas situações):
L e V são as taxas molares dos inertes ao longo da coluna

L = Li V = Vi

E as frações do soluto são calculadas como:

mols
soluto x mols
soluto y
X  Y 
moLils 1 x moVls
i
1 y

Note que:
mols
soluto molsLi x mols
soluto
x 1 x  logo,  X
mols +d Li
soluto mols d+ Li
soluto 1  x mols
Li
15
1.1. Introdução
• Métodos de processamento
O equipamento usado nas operações de TM depende das fases a
serem processadas.
Em alguns casos, as fases são repetidamente reunidas e separadas à
medida que passam pelo equipamento estágio de equilíbrio é o
modelo usado parar analisar este tipo de operação.

Processo a único estágio

V1 V2 1. As 2 fases são misturadas juntas


em um vaso (contato íntimo);
1 2. Ocorre TM dos componentes;
L0 L1 3. Após, as fases são separadas.
16
1.1. Introdução
Processo de múltiplo estágio
As fases são misturadas em um estágio, separadas, e então
colocadas em contato novamente.
V1 V2 V3 Vn Vn1 VN VN 1
1 2 n N
L0 L1 L2 Ln1 Ln LN 1 LN

Torre de empacotamento ou equipamento similar


Em outros tipos de equipamento, as duas fases são colocadas em
contato contínuo no equipamento e os processos são modelados
como processos difusionais o modelo deve incluir a taxa de TM
e o tempo de contato.
Note que todos os cálculos de TM envolvem o conhecimento das relações de
equilíbrio entre as fases.
17
1.1. Introdução
• Equilíbrio de fases
Os dados de equilíbrio podem ser obtidos em tabelas, equações ou
gráficos.
É o equilíbrio quem vai dizer se a TM vai ocorrer e até qual ponto.
A taxa de TM é proporcional ao driving force (força motriz), o qual
representa a distância do equilíbrio naquele ponto.
O limite para a transferência de massa é atingido, quando as duas
fases chegam ao equilíbrio e a transferência líquida de massa
cessa.

18
1.1. Introdução
• Quantidades terminais
Independentemente da forma de processamento, para a operação
de TM em estado estacionário haverá 2 correntes, e cada uma delas
deverá entrar e sair do equipamento, o que nos leva a quatro
quantidades terminais.
Va Vb
Processamento
em contracorrente
La Lb

Subscrito “a”: Usado para referir ao extremo do sistema onde a fase


L entra
Subscrito “b”: Usado para referir ao extremo onde a fase L deixa o
sistema 19
1.1. Introdução

• Operações em estágios de equilíbrio


Cascatas: Montagens de unidades individuais, ou estágios,
interconectados de forma que os materiais sendo processados
passam através de cada estágio sucessivamente.
Va  V1 V2 V3 Vn Vn1 VN Vb  VN 1
1 2 n N
La  L0 L1 L2 Ln1 Ln LN 1 Lb  LN

Os estágios são numerados em série seguindo a direção do fluxo da


fase L. Para fluxos contracorrentes:

La = fase L entrando Lb = fase L saindo

Va = fase V saindo Vb = fase V entrando


20
1.1. Introdução
As correntes são nomeadas de acordo com o estágio que as
originou.
A corrente L que “chega” num estágio veio de um estágio anterior
e a corrente V que “chega” num estágio veio de um estágio à
frente.
Para que a TM ocorra, as correntes entrando em cada estágio não
podem estar no equilíbrio, de fato, é a distancia do equilíbrio que
provem a força motriz para a separação ocorrer.
As correntes que deixam um estágio estão mais próximas do
equilíbrio do que as correntes que entraram no mesmo estágio. A
proximidade de atingir o equilíbrio depende da efetividade da
mistura e TM entre as fases.

21
1.2. Equipamentos com estágios de contato

• Equipamento típico para a destilação

Figura 1 – Coluna de fracionamento/destilação com reboiler: (A) reboiler; (B)


superfície de aquecimento; (C) coluna de fracionamento e (D) condensador total.
22
1.2. Equipamentos com estágios de contato

• Equipamento típico para a lixiviação

4
3
2
1

Figura 2 – Planta de lixiviação com fluxos contracorrentes: A, distribuidor de


sólidos/lamas (launder); B, raspador (rake); C, bomba de lama (slurry pump).

23

Você também pode gostar