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Jucicleide Kreitlon1
Maria Alejandra Iturrieta Leal2
Resumo: O indivíduo é singular em todas as áreas de sua vida e, com o ensino não seria diferente. Para
cada aluno é fundamental um estudo e escolha dos métodos avaliátivos que lhe serão aplicados, afim de
que se evite uma padronização que enfraqueça a capacidade de aprendizagem desse indivíduo. O
presente artigo tem como objetivo analisar os métodos escolares avaliativos utilizados no processo de
aprendizagem em algumas escolas de educação básica do ensino brasileiro. É notório que a aplicação
da forma correta e efetiva de tais métodos é primordial para o estabelecimento de um ensino forte e
dinâmico. Além disso, busca-se esclarecer que ao ignorar a individualidade cognitiva do aluno e
metodologias mais honestas ao que se propõe o ensino, estaremos diante de uma grande violação à
aprendizagem de qualidade, o que significa, aceitar a implementação e padronização de métodos
avaliativos fracos que prejudicam e acabam com a singularidade dos educandos, ao ignorar suas
dificuldades tornando-os todos homogêneos nesse cenário. De forma geral, a análise do presente artigo,
realizada por meio de pesquisas bibliográfias e de campo, objetiva demonstrar que o rigoroso sistema
de provas e testes estabelecido nas instituições de ensino, não é eficaz, muitas vezes, para demonstrar
que o conteúdo foi compreendido e absolvido pelo aluno, haja vista que não há uma preparação e
amplitude de processos avaliativos para solucionar essa problemática.
Abstract: The individual is unique in all areas of his life, and teaching would be no different. For each
student, it is essential to study and choose the assessment methods that will be applied, in order to avoid
a standardization that weakens the learning capacity of this individual. This article aims to analyze the
evaluative school methods used in the learning process in some basic education schools in Brazilian
education. It is clear that the correct and effective application of such methods is essential for the
establishment of a strong and dynamic teaching. In addition, it seeks to clarify that by ignoring the
student's cognitive individuality and more honest methodologies to what teaching is proposed, we will
be facing a major violation of quality learning, which means, accepting the implementation and
standardization of weak evaluation methods. that harm and end the singularity of the students, by
ignoring their difficulties, making them all homogeneous in this scenario. In general, the analysis of this
article, carried out through bibliographic and field research, aims to demonstrate that the rigorous system
of tests and exams established in educational institutions is often not effective in demonstrating that the
content was understood. and acquitted by the student, given that there is no preparation and breadth of
evaluation processes to solve this problem.
1
Graduanda em Pedagogia à distância pela Estácio. E-mail: jucicleide@me.com
2
1. INTRODUÇÃO
A educação básica no Brasil é formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental I e
II e Ensino Médio, ou seja, abrange a maior parte da vida escolar dos alunos. Segundo dados
do Anuário Brasileiro da Educação Básica divulgado pelo INEP3, foram realizadas 46,7 milhões
de matrículas na educação básica em 2021, um número que representa futuros, crianças e jovens
que buscam aprender e crescer com base na educação que é garantida por lei. Razão pela qual
se materializa a intenção do presente tema deste artigo, observar os métodos avaliativos da
nossa educação básica, bem como as consequências das suas falhas que, infelizmente
caracterizam um retrocesso ao indivíduo e a educação.
Como apresentado, é evidente a necessidade de estabelecer uma base de avaliação
ampla nas escolas, capaz de aumentar o desenvolvimento dessas, e acima de tudo acolher as
individualidades dos alunos. Com isso, o profissional da educação é aconselhado a seguir três
tipos de avaliações existentes, quais sejam, a diagnóstica, a formativa e a somativa, que trará a
oportunidade de aperfeiçoar o Projeto Político Pedagógico (PPP) e encontrar novas formas de
estimular o aprendizado dos alunos, como por exemplo com a implementação de novas
tecnologias, material didático atualizado, novos métodos de avaliação e outras diversas
possibilidades4.
Ademais, frisa-se que este trabalho não busca julgar aqueles que aplicam os métodos
avaliativos aos discentes, mas indicar inclusive, outros problemas além do nosso objetivo
principal, problemas que dificultam o caminhar e a eficiência da educação básica brasileira.
3
INEP-Ministério da Educação. Censo escolar 2021. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-
atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-escolarf. Acesso em: 12 de maio de 2022.
4
Os desafios da educação básica e como superá-los. Disponível em: https://horario.com.br/blog/os-desafios-
da-educacao-basica-e-como-supera-los/. Acesso em: 12 de maio de 2022.
3
Tem-se, então, o seguinte dilema: a sociedade não tem uma educação pública
básica de qualidade porque esta não é prioridade do poder público. Por outro
lado, o poder público não a prioriza porque isso não constitui uma demanda da
sociedade e, portanto, não desperta o interesse político5.
Logo, essa histórica falta de prioridade com o ensino público básico e a sua ausência
nos planos diretores e propostas do Estado, até por não fazer parte das prioridades da própria
sociedade, refletem diretamente no cenário interno das instituições, que por sua vez,
desestimuladas com o cenário pobre educacional não se atentam a aplicação de eficientes
métodos avaliativos de ensino para estimular o desenvolvimento dos alunos6.
Em segundo lugar, por meio de alguns relatos de professores a respeito dos métodos
avaliativos utilizados, entraremos no objetivo do artigo, qual seja observar os referidos métodos
avaliativos, a dificuldade da adaptação desses em face das condições biológicas de cada aluno
tratadas no tópico anterior. Ainda, serão apresentadas três formas de avaliação que servem
como instrumentos de auxílio à alunos e professores, são elas, a avaliação diagnóstica, avaliação
formativa, e a avaliação somativa.
Por último, serão apresentadas outras espécies de avaliações, que poderão agregar mais
valor no processo de ensino.
E por acreditar na extrema necessidade de dar voz ao educador para obter perspectivas
reais dos métodos avaliativos da educação básica, buscou-se neste artigo ouvir dois professores,
aqui caracterizados por X e Y, na qual foi usada a metodologia de coleta de dados, considerando
que a maior parte dos professores possuem propriedade e suas experiências de vários anos de
magistério são enriquecedoras para este trabalho.
Realizamos também uma pesquisa documental, utilizando como fonte bases de dados
nacionais, livros, periódicos, sites e revistas ligadas à educação e processo ensino-aprendizado.
5
SANTOS, Ana Luiza; JACOBS, Edgar. Ensino público de educação básica, por que tão falho? Disponível
em: https://www.jacobsconsultoria.com.br/post/ensino-p%C3%BAblico-de-educa%C3%A7%C3%A3o-
b%C3%A1sica-por-que-t%C3%A3o-falho. Acesso em: 10 de maio de 2022.
6
MARQUES, Elisa; PELICIONI, Maria; PEREIRA, Isabel. Educação Pública: falta de prioridade do poder
público ou desinteresse da sociedade? Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento, São Paulo, v.17,
dez. 2007. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
12822007000300003. Acesso em: 12 de maio de 2022.
4
Para pesquisa, coleta e seleção do conteúdo foram utilizados os seguintes termos chaves,
isoladamente ou em conjunto: processo ensino-aprendizagem, processo avaliativo, avaliação
diagnóstica, avaliação formativa, avaliação somativa, métodos avaliativos, com respaldo de
grandes nomes no assunto: Amélia Domingues Castro, Ana Maria Pessoa Carvalho, Carmem
Lidia Pires Martinez, Lizete Maria Orquiza de Carvalho e outros.
Nos primeiros anos de vida, os traços da árvore genealógica de uma pessoa quando está
em contato com determinada cultura familiar, formam esperiências e habilidades que foram
internalizadas através do que foi vivenciado. Essas internalizações da cultura, são fundamentais
para o aproveitamento do desenvolvimento humano em diversos eixos como a memória
mediada, a atenção voluntária, o seu pensamento verbal, e a sua imaginação criadora.
O estimulo de todas as habilidades citadas precisa acontecer dentro dos lares, mas é
primordial que seja aplicado também em ambientes escolares, de maneira que o indivíduo não
tenha nenhuma área latente. Assim, o aprimoramento inteligível a partir da ativação das
habilidades acontecerá de maneira espontânea, o que refletirá nos bons resultados em sala de
aula.
7
MARQUES, Hivi C. R.; BARROCO, Sonia M. Shima; SILVA, Tânia S. Alvarez. O ensino da língua Brasileira
de sinais na educação infantil para crianças ouvintes e surdas: considerações com base na psicologia
histórico-cultural. Revista brasileira de educação especial, São Paulo, v.19, dez. 2013. Disponível em:
http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-65382013000400003&script=sci_a. Acesso em: 14 de maio de 2022.
5
interações que o indivíduo estabelece com as pessoas que o cercam, seja na escola ou em outro
ambiente, exercem, portanto, papel fundamental no desenvolvimento humano 8.
Nesse contexto, as autoras Amélia Domingues Castro e Ana Maria Pessoa Carvalho,
complementam:
8
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 4ª edição. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda,
1991.
9
CASTRO, Amélia Domingues; CARVALHO, Ana Maria Pessoa. Ensinar a Ensinar: Didática para a Escola
Fundamental e Média. São Paulo: Editora Thomson, 2006.
10
ZANELLA, André Vieira. Zona de desenvolvimento proximal: análise teórica de um conceito em algumas
situações variadas. Temas da psicologia, São Paulo, v.2, ago. 1994. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200011. Acesso em: 10 de
maio de 2022.
6
Nas décadas de 1970 e 1980, por exemplo, os professores cobravam que os estudantes
decorassem o conteúdo que era passado em sala de aula, inclusive com a memorização
passageira de alguns detalhes que, embora não fossem tão importantes para o aprendizado, em
tese, demonstravam que o aluno tinha prestado atenção à aula e memorizado o conteúdo
ensinado12.
Mas será que a técnica conhecida como “decoreba” realmente funciona? A resposta dos
especialistas é unânime e categórica: Não. A maioria deles afirma que não se deve decorar a
matéria do conteúdo estudado, pois o aluno deve aprender e, se necessário, memorizar, o que é
bem diferente de decorar. Ao memorizar, o estudante está armazenando as informações através
de seu aprendizado, ou seja, ele sabe e entende exatamente o que está sendo gravado em sua
11
ZANELLA, André Vieira. Op. Cit.
12
GARCIA, Gabriela. Descubra os melhores métodos de avaliação para seus alunos. Disponível em:
https://www.provafacilnaweb.com.br/blog/metodos-de-avaliacao/. Acesso em: 13 de maio de 2022.
7
memória. Bem diferente do processo de decoreba, em que discente apenas grava na cabeça o
que precisa, sem ao menos entender ou saber do que se trata o que está sendo decorado 13.
Em outras palavras, os anos passaram-se e a avaliação não tem sido aproveitada como
elemento que ajude no processo ensino/aprendizagem, servido tão somente para quantificar o
conhecimento, deixando de amoldar-se e estimular as potencialidades individuais.
O ato de avaliar tem sido utilizado como forma de classificação e não como
meio de diagnóstico, sendo que isto é péssimo para a prática pedagógica. A
avaliação deveria ser um momento de “fôlego”, uma pausa para pensar a
prática e retornar a ela, como um meio de julgar a prática. Sendo utilizada como
uma função diagnóstica, seria um momento dialético do processo para avançar
no desenvolvimento da ação, do crescimento para a autonomia e competência.
Como função classificatória, constitui-se num instrumento estático e freador
do processo de crescimento, subtraindo do processo de avaliação aquilo que
lhe é constitutivo, isto é, a tomada de decisão quanto à ação, quando ela está
avaliando uma ação14.
Desta forma, o conservadorismo invade as salas de aula por meio das avaliações, com
fundamentos pautados apenas em bases disciplinarias. Os elementos relevantes que precisam
ser considerados para o conhecimento e crítica de valor, perdem-se em meio as exigências
vazias e a medíocre nota, o que não apregoa a competência do educando, não permitindo a sua
reorientação.
Segundo Hoffmann:
13
CAETANO, Érica. A decoreba realmente funciona? Disponível em:
https://vestibular.mundoeducacao.uol.com.br/dicas/a-decoreba-realmente-funciona.htm. Acesso 13 de maio de
2022.
14
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escola. 14 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
15
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação e educação infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre
a criança. Porto Alegre: Editora Mediação, 2012.
8
Nas palavras de Y:
Percebemos que o uso dos métodos avaliativos vai muito além de se escolher
uma determinada metodologia, visto que, quando se avalia está se
considerando não só as atividades, e sim o discente como um todo, em seus
aspectos cognitivos, sociais e psicológicos
Segundo Castro e Carvalho 16, os docentes devem adotar uma postura positiva em
relação aos resultados da avaliação, atribuindo aos alunos ou ao ensino os respectivos
resultados, sejam eles negativos ou positivos, e isso dependerá integralmente de suas
concepções pedagógicas.
Acredito, assim como a escritora Maria Tereza Esteban 17, que o professor deve preparar
instrumentos coerentes com os objetivos propostos em seu planejamento curricular, podendo
utilizar instrumentos e recursos similares aos das provas, porém de modos variados.
A avaliação é uma prática escolar que visa classificar qualitativamente os alunos através
da aplicação de provas, recompensando os alunos “bons” e punindo os “maus”, porém o
16
CASTRO, Amélia Domingues; CARVALHO, Ana Maria Pessoa. Op. Cit.
17
ESTEBAN, Maria Tereza. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. Rio de
Janeiro: Editora DP&A: 4a ed., 2006.
18
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 15ª. Ed. São Paulo: Cortez, 1999.
9
entendimento de uma avaliação correta consiste em considerar a relação mútua entre aspectos
qualitativos e quantitativos. Nessa perspectiva, Libâneo assinala que:
Assim, o processo de avaliar deve ser objetivo na medida em que é capaz de comprovar
os conhecimentos absorvidos pelos alunos de acordo com os escopos e os conteúdos
trabalhados. O processo deve ocorrer nos mais diferentes momentos do dia a dia na sala de aula
e não apenas em um período específico, como na famosa semana de provas, pois a principal
função desse método é determinar o quanto e em qual nível de qualidade as metas tem sido
atingidas.
19
LIBÂNEO, José Carlos. Op. Cit.
10
Dessa forma, assegura-se que o aluno esteja na turma correta e que o curso se encontre no nível
adequado a ele20.
Para essa modalidade de avaliação podem ser utilizados vários instrumentos, como
questionários, contendo questões abertas e fechadas, entrevistas, pautas de observação e outros
instrumentos escolhidos pelo professor e pela escola. Quando esta avaliação faz referência a
um grupo de discentes ela é conhecida como prognose; quando analisa individualmente, dá-se
o nome de diagnose21.
Logo, temos que a adaptação do aluno é fator essencial para o processo de ensino/
aprendizagem, fazendo com que os seus conhecimentos se sustentem sobre bases sólidas, o que
o ajudará na obtenção do êxito neste processo.
20
MASETTO, M. Didática: A aula Como Centro. São Paulo: Editora FTD S. A, 1997.
21
BALLESTER, M.; BATOLLO, J. M.; CALATAYUD, M. A. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto
Alegre: Editora Artmed, 2003.
22
HAYDT, R. C. Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem. São Paulo: EditoraÁtica: 6a ed., 2007.
11
de estudo para o professor, por meio dos quais se diagnostica as principais dificuldades e
facilidades dos alunos, permitindo assim a elaboração de novas estratégias de ensino 23.
Carvalho e Martinez24 vão além, e declaram que a avaliação formativa deve levar alunos
e professores a uma constante autoavaliação para o ajuste de estratégias de ensino-
aprendizagem na busca por alcançar metas, ou seja, as mudanças começam pelas dificuldades
internas de cada um.
Ressalta-se que não se registra nota no processo de avaliação formativa, mas sim se
orienta os trabalhos realizados pelos alunos, sendo avaliado o conjunto de trabalhos e não a
soma das partes. Ainda deve-se observar o emprego correto de conceitos, a qualidade das
argumentações, dentre outras características que indiquem as competências e individualidades
dos alunos25.
Sendo assim, conclui-se que o objetivo da avaliação formativa, é assegurar que os alunos
atinjam resultados esperados e que os docentes consigam identificar corretamente os tipos e
causas dos erros que surgirem na sala de aula 26.
A avaliação somativa faz parte de uma realidade bastante comum dentro das escolas
brasileiras, principalmente como princípio relacionado às avaliações externas. Geralmente, é
utilizada no final de um processo educacional com objetivo de avaliar o resultado
da aprendizagem. Ela apresenta uma característica informativa e verificadora, situando o aluno,
23
BALLESTER, M.; BATOLLO, J. M.; CALATAYUD, M. A. Op. Cit.
24
CARVALHO, L. M. O.; MARTINEZ, C. L. P. Avaliação Formativa: A Auto-Avaliação do Aluno e a Auto
formação de professores. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 133-144, 2005.
25
ROMANOWSKI, J. P; WACHOWICZ, L. A. Avaliação formativa no ensino superior: que resistências
manifestam os professores e os alunos? Joinvile: Univale, 6a ed. 2006. Cap. 5, p.121-139.
26
CARVALHO, L. M. O.; MARTINEZ, C. L. P. Op. Cit.
12
4. AS AVALIAÇÕES DO FUTURO
Por todo exposto, a avaliação deve ser vista como uma ferramenta de extensão na prática
docente, ou seja, verdadeiro recurso aliado dentro da sala de aula que irá melhorar de forma
constante o processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, os métodos avaliativos devem ser aplicados para análises acerca da
qualidade do modelo pedagógico, e precisam pautar ações e intervenções pedagógicas para a
superação das dificuldades identificadas. Seus resultados não devem ter um fim em si mesmo,
pois o ato de avaliar não se resume unicamente a nota que deve ser empregada ao aluno,
qualificando e desqualificando.
Como já tratado neste artigo, cada aluno é um ser singular, com particularidades e níveis
de aprendizados diferentes e fechar-se em um único instrumento de avaliação, a prova, que não
é suficiente para avaliar todo o processo da aprendizagem, o transforma em um indivíduo
padronizado.
Nessa linha, Hoffmann salienta que:
Percebo, em contato com os professores que o fenômeno avaliação é, hoje, um
fenômeno indefinido. Professores e alunos que usam o termo atribuem-lhe
diferentes significados, relacionados principalmente, aos elementos
27
BALLESTER, M.; BATOLLO, J. M.; CALATAYUD, M. A. Op. Cit.
28
HAYDT, R. C. Op. Cit
13
Assim, fica claro que a avaliação deveria ser um método que auxilia a contemplar todos
os aspectos cognitivos dos alunos, sem encarar o erro como uma punição, mas sabendo que faz
parte do processo que constrói o conhecimento.
E são diversas as formas de avaliação na educação básica que poderiam ser aplicadas
em nosso ensino, muito além das conhecidas provas, no entanto, essa modificação exige um
cuidado maior para garantir as prerrogativas preconizadas pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). O ideal, como já mencionado, é focar nos feedbacks dos alunos, nos
resultados obtidos dos testes já aplicados, a fim de ajudar os estudantes a alcançarem um nível
maior de aprendizado. Como bônus, a instituição de ensino chega ao topo, sendo referência em
qualidade educacional.
Por isso que precisamos falar de aprendizagem adaptativa, que pode ser efetivada por
meio da coleta de dados e softwares de gestão de provas, onde teremos o acesso aos resultados
coletivos e individuais dos alunos. Tais resultados sinalizam o caminho a seguir na hora de
traçar planos de aprendizado. É assim que se torna possível efetivar a aprendizagem adaptativa.
Também foi assim que a Georgia State University por exemplo, melhorou seus
resultados. Com a ajuda das tecnologias, foi possível melhorar os resultados dos estudantes e
reduzir a ausência em 22%. De quebra, houve mais potencial dos educandos de entrarem na
universidade30.
Não há mais tempo para ficar preso a métodos do passado que não agregam
conhecimento, é urgente a necessidade de docentes e discentes iniciarem o seu contato com as
ditas “avaliações do futuro”. No Brasil, a Universidade Tiradentes (UNIT), o Instituto Israelita
29
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação mediadora: uma prática em construção da Pré-escola à
Universidade. 17ª ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 1999.
30
Quem já adota as avaliações do futuro? Disponível em: https://www.provafacilnaweb.com.br/blog/quem-ja-
adota-as-avaliacoes-do-futuro/. Acesso em 14 de maio de 2022.
14
A universidade corporativa do Albert Einstein já faz o uso dessa metodologia, uma das
prerrogativas para implementar a avaliação do futuro. Dentro dessa proposta, os alunos são
divididos em equipes com seis a oito pessoas e são simulados diferentes cenários 33.
5. CONCLUSÃO
31
Provas no Chromebook. Disponível em: https://portal.unit.br/blog/noticias/provas-no-chromebook/. Acesso
em: 15 de maio de 2022.
32
Quem já adota as avaliações do futuro? Op. Cit.
33
Quem já adota as avaliações do futuro? Op. Cit.
15
Diante desse estudo sobre métodos avaliativos, percebe-se que as avaliações atuais são
limitadas a coletarem informações sobre o que o aluno conseguiu revolver nas provas e testes.
Não há revisão dos conteúdos não assimilados, portanto, não há se quer um apoio ou
interferência nos resultados desses tipos de avaliações.
Vimos nessa pesquisa ainda que é preciso ter em mente que não há o certo ou errado,
mas elementos que melhor se adaptam a cada situação didática. Aplicar provas é apenas um
desses elementos para avaliação, mas não precisa ser usado como método de reprovação, os
especialistas, aliás, dizem que o ideal é mesclar a aplicação de provas com outros métodos,
como a Assurance of Learning, Team Based Learning, e as provas no Chromebook, adaptando-
os não apenas aos objetivos do educador, mas também às necessidades de cada turma.
Vale ressaltar que neste artigo, foi possível ver que não há fórmulas para aplicar
avaliações nas escolas, mas há novas possibilidades que podem de fato contribui para o
processo de produção do saber docente. Finalizando, a intenção não foi acabar a discussão
acerca do tema proposto, mas, suscitar a importância da avaliação para a prática pedagógica
nos diferentes olhares e crenças do profissional de educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLESTER, M.; BATOLLO, J. M.; CALATAYUD, M. A. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto
Alegre: Editora Artmed, 2003.
ESTEBAN, Maria Tereza. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso
escolar. Rio de Janeiro: Editora DP&A: 4a ed., 2006.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 15ª. Ed. São Paulo: Cortez, 1999.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escola. 14 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2002.
MARQUES, Hivi C. R.; BARROCO, Sonia M. Shima; SILVA, Tânia S. Alvarez. O ensino da
língua Brasileira de sinais na educação infantil para crianças ouvintes e surdas:
considerações com base na psicologia histórico-cultural. Revista brasileira de educação
especial, São Paulo, v.19, dez. 2013. Disponível em:
http://old.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-65382013000400003&script=sci_a. Acesso em: 14
de maio de 2022.
MASETTO, M. Didática: A aula Como Centro. São Paulo: Editora FTD S. A, 1997.
SANTOS, Ana Luiza; JACOBS, Edgar. Ensino público de educação básica, por que tão
falho? Disponível em: https://www.jacobsconsultoria.com.br/post/ensino-p%C3%BAblico-
de-educa%C3%A7%C3%A3o-b%C3%A1sica-por-que-t%C3%A3o-falho. Acesso em: 10 de
maio de 2022.