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DE PERTO E DE DENTRO
NOTAS PARA UMA ETNOGRAFIA URBANA
APRESENTAÇÃO
MESTRANDO: GLAUBER LIMA MATOS
▫ Professor titular do departamento de Antropologia
da faculdade de ciências humanas da USP;
▫
O AUTOR Doutor em Ciências Humanas (Antropologia social),
na USP, em 1982;
▫ Publicou diversos periódicos, trabalhos em anais de
eventos e livros;
▫ Possui 1 software e 48 itens de produção técnica;
▫ Recebeu prêmio ERICO VANUCCI MENDES CNPQ e
prêmio Mérito em Humanidades;
▫ Atua na área de antropologia, com ênfase na
Antropologia Urbana;
▫ Termos mais frequêntes tratados pelo autor:
antropologia urbana, etnografia, cidade,
sociabilidade, lazer e religiosidade.
DE UMA
grandes metrópoles contemporâneas, o indivíduo e as
megaestruturas urbanas;
▫ É neste plano que entra a perspectiva de perto e de dentro, capaz
de apreender os padrões de comportamento, não de indivíduos
atomizados, mas dos múltiplos, variados e heterogêneos
ETNOGRAFIA URBANA conjuntos de atores sociais cuja vida cotidiana transcorre na
paisagem da cidade e depende de seus equipamentos;
▫ Existe, por exemplo, uma modalidade que caracterizo como de
passagem: ela consiste em percorrer a cidade e seus meandros
observando espaços, equipamentos e personagens típicos com
seus hábitos, conflitos e expedientes, deixando-se imbuir pela
fragmentação que a sucessão de imagens e situações produz;
▫ Um desafio para todos os que têm a cidade contemporânea como
tema de estudo é, pois, o de construir modelos analíticos mais
econômicos que evitem o risco de se reproduzir, no plano de um
discurso interpretativo, a fragmentação pela qual as grandes
metrópoles são muitas vezes representadas na mídia, nas artes
plásticas, na fotografia e em intervenções artísticas no espaço
público.
▫ Em todo caso, em vez de um olhar de passagem, cujo fio
A PROPOSTA condutor são as escolhas e o trajeto do próprio
pesquisador, o que se propõe é um olhar de perto e de
DE UMA dentro, mas a partir dos arranjos dos próprios atores
sociais, ou seja, das formas por meio das quais eles se
avêm para transitar pela cidade, usufruir seus serviços,
utilizar seus equipamentos, estabelecer encontros e
ETNOGRAFIA URBANA trocas nas mais diferentes esferas – religiosidade,
trabalho, lazer, cultura, participação política ou
associativa etc;
▫ Esta estratégia supõe um investimento em ambos os
pólos da relação: de um lado, sobre os atores sociais, o
grupo e a prática que estão sendo estudados e, de outro,
a paisagem em que essa prática se desenvolve,
entendida não como mero cenário, mas parte
constitutiva do recorte de análise. É o que caracteriza o
enfoque da antropologia urbana, diferenciando-o da
abordagem de outras disciplinas e até mesmo de outras
opções no interior da antropologia.
▫ Há, entretanto, uma questão prévia: qual seria, na
O PRESSUPOSTO estratégia proposta, a unidade de análise? A
DA TOTALIDADE cidade em seu conjunto ou cada prática cultural
em particular? Ou, nos termos de uma dicotomia
mais conhecida, trata-se de antropologia da
cidade ou na cidade?
▫ A totalidade como pressuposto da Etnolografia;
▫ Uma totalidade consistente em termos da
etnografia é aquela que, experimentada e
reconhecida pelos atores sociais, é identificada
pelo investigador, podendo ser descrita em seus
aspectos categoriais: para os primeiros, é o
contexto da experiência, para o segundo, chave
de inteligibilidade e princípio explicativo;
▫ A “família” terminológica – pedaço, trajeto, mancha, pórtico,
A FAMÍLIA ▫
circuito;
O pedaço remete a um território que funciona como ponto de
DAS CATEGORIAS referência – e, no caso da vida no bairro, evoca a permanência
de laços de família, vizinhança, origem e outros;
▫ A mancha funciona como um ponto de referência para maior
quantidade de pessoas em uma escala mais ampla,
possibilitando a circulação oriunda de pessoas de várias
procedências;
▫ O trajeto aplica-se a fluxos recorrentes no espaço mais
abrangente da cidade e no interior das manchas urbanas;
▫ Os pórticos tratam-se de espaços, marcos e vazios na
paisagem urbana que configuram passagens;
▫ O circuito trata-se de uma categoria que descreve o exercício
de uma prática ou a oferta de determinado serviço por meio de
estabelecimentos, equipamentos e espaços que não mantêm
entre si uma relação de contiguidade espacial, sendo
reconhecido em seu conjunto pelos usuários habituais;
A FAMÍLIA
DAS CATEGORIAS
LEGENDA:
PEDAÇO
MANCHA
TRAJETO
CIRCUITO
PÓRTICO
▫ Um procedimento que permite encarar o problema do “caos
A FAMÍLIA semiológico”, aquela impressão que se tem cada vez que se
isola um determinado indivíduo confrontando-o diretamente
DAS CATEGORIAS com a cidade;
▫ Essa impressão, como já foi dito, é o efeito de um olhar de
longe e de fora; ajustando-se devidamente o foco da análise,
contudo, é possível perceber os diferentes circuitos que o
usuário reconhece e percorre ao estabelecer seus próprios
trajetos, seja nos planos profissional, do lazer, do consumo,
das práticas devocionais, das estratégias de sobrevivência e
participação e muitos outros;
▫ Como propósito mais geral, este trabalho postulava que a
CONCLUSÃO antropologia tinha uma contribuição específica para o
entendimento das questões urbanas contemporâneas,
diferenciando-se, por meio do enfoque etnográfico, das
abordagens de outras perspectivas e disciplinas;
▫ Nesse plano, a unidade de análise da antropologia urbana
seria constituída pelas diferentes práticas e não pela cidade
como uma totalidade ou uma forma específica de
assentamento, configurando o que se entende antes por
antropologia na cidade e não – ao menos não ainda – como
uma antropologia da cidade;
▫ Para identificar essas práticas e seus agentes, foi proposta
uma estratégia que recebeu a denominação de um olhar de
perto e de dentro, em contraste com visões que foram
classificadas como de fora e de longe;
▫ Conclui sinalizando que um olhar "distanciado" amplia e
complementa a perspectiva proposta, possibilitando a
articulação do recorte etnográfico, bem delimitado, com
planos e modelos mais gerais de análise.
OBRIGADO!!!