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Scagnolatto, G

IMPLEMENTAÇÃO DE UM MODELO NUMÉRICO DE MOAGEM


DE CANA-DE-AÇÚCAR COM EMBEBIÇÃO COMPOSTA

Por

GUILHERME SCAGNOLATTO

Trainee Industrial
Usina Santa Fé – Nova Europa/SP
guilhermescagnolatto@usinasantafe.com.br

PALAVRAS-CHAVE: Extração, Extração de Pol, Moenda de Cana, Embebição

Resumo

Para que a extração de sacarose da cana-de-açúcar ocorra de maneira eficiente,


alguns cuidados no processo de moagem são necessários; um pré-
processamento da cana – que envolve seu desfibramento para prensar com mais
eficiência o caldo (água e açúcares solúveis) contido no parênquima das células
vegetais –, bem como uma boa regulagem da moenda, uma alimentação de cana
efetiva, quantidade e temperatura de embebição e atenção na operação
determinam a eficiência dessa etapa, que precede a fabricação de açúcar e
álcool nas usinas. O presente trabalho visa a apresentar um modelo numérico
validado de desempenho da moenda que permite análises de eficiência
baseadas em parâmetros de máquina, características da cana-de-açúcar e na
malha de embebição composta por água e caldo extraído.
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Nomenclatura

A nomenclatura utilizada neste trabalho referencia os termos em inglês,


incógnitas e subscritos de acordo com o que se segue:

- Referências

B: Bagaço (bagasse)

C: cana-de-açúcar (cane)

CC: bagacilho (cush cush)

IM: embebição (imbibition)

J: caldo (juice)

M: alimentação da moenda

MJ: caldo misto (mixed juice)

- Incógnitas

m: massa (mass) [t/h]

mb: sólidos solúveis ou pol [t/h]

mf: quantidade de fibra (fibre) [t/h]

- Subscritos

c: cana-de-açúcar [t/h]

cc: bagacilho [t/h]

mj: caldo misto [t/h]

im: água de embebição [t/h]


Scagnolatto, G

Introdução
Extração por moagem é o trabalho mecânico de separação das fases líquida e
sólida da cana-de-açúcar através da prensagem progressiva entre dois rolos rotativos
de moenda.

A moenda é o equipamento responsável pela extração do caldo da cana, e é


composta por conjuntos de rolos rotativos, chamados de ternos; cada terno é composto,
geralmente por, pelo menos, três rolos: de entrada, superior e de saída, podendo conter
um quarto rolo, conhecido como pressão e que tem por finalidade reduzir a distância
entre os pedaços de cana preparada ou de bagaço antes do processo de moagem
propriamente dito.

Além de um bom projeto do equipamento e dos componentes da moenda


(geometrias e materiais), alguns fatores, tais como preparo adequado da cana (picagem
e desfibramento), introdução de uma alimentação efetiva de cana nos ternos, superfície
dos rolos devidamente preparada, aberturas de rolos corretas para a condição de
moagem, ajuste correto de potências, velocidades e de carga hidráulica, oscilação do
eixo superior e quantidade, temperatura, tipo e local de aplicação de embebição são
fundamentais para uma extração adequada de caldo da cana que, nos dias de hoje,
encontra-se, geralmente, na faixa dos 95 a 96% de eficiência.

Entende-se por embebição a aplicação de caldo extraído ou de água nos ternos


da moenda, com o objetivo de se misturar à fibra do bagaço e dissolver açúcares sólidos
aprisionados na fibra e que não foram extraídos na prensagem entre dois rolos
anteriores. Essa técnica é fundamental para uma boa extração do caldo da cana pois,
quanto mais água for adicionada ao processo, maior tendência de dissolução dos
açúcares presentes no bagaço; no entanto, deve-se atentar à capacidade dos
equipamentos de evaporação da planta, necessários na etapa subsequente da
fabricação de açúcar e de álcool, e que terão que remover a água adicionada na
embebição.

Uma configuração de moenda bastante usual em usinas de cana-de-açúcar é a


exibida abaixo: uma moenda composta por cinco ternos e que possui embebição de
água no quinto terno; os caldos extraídos do quinto ao terceiro terno são enviados à
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entrada do bagaço do terno anterior, até o segundo terno, cujo caldo extraído (chamado
caldo composto) é enviado, assim como o caldo primário (obtido na moagem do primeiro
terno), à peneira rotativa, que tem por objetivo separar dos caldos a fibra de cana que
foi, eventualmente, carregada com os líquidos extraídos; essa fibra carregada com os
caldos e que é separada pela peneira é conhecida por bagacilho.

O bagacilho pode retornar à moenda para extração de caldo e sacarose


presentes em sua estrutura, sendo usualmente adicionados na entrada do primeiro terno
(juntamente com a cana preparada), ou do segundo terno (junto com o bagaço oriundo
da moagem do primeiro terno). O retorno de bagacilho ao primeiro terno confere maior
eficiência na extração de sacarose; no entanto, se a capacidade de moagem dos
equipamentos estiver no limite de sua capacidade, é comum fazer o retorno no segundo
terno, acarretando perda de eficiência às custas de maior volume de cana processada
na moenda.

Figura 1 – Representação de moenda de cana composta por cinco ternos, embebição de água no quinto
terno e retorno de bagacilho no segundo terno.

Outros caminhos de embebição de caldo extraído e de água podem ser


analisados na tentativa de encontrar melhorias no processo de extração de caldo. Por
exemplo, a embebição com água pode ser efetuada, além do quinto, também, no quarto
terno; ou o caldo extraído do quinto terno, em vez de ser totalmente enviado ao quarto
terno, ter uma parte recirculada na entrada do próprio quinto terno, entre outras
possíveis configurações. A única ressalva é feita em embebição no primeiro terno, uma
vez que o caldo extraído nessa etapa (em torno de 70% do total) é mais puro e,
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geralmente, destinado à produção de açúcar, além de ser o primeiro terno o responsável


pela entrada de cana no processo; ou seja, além de diminuir a pureza do caldo primário,
a embebição no primeiro terno competiria com a capacidade de moagem.

Chantasiriwan (2013) analisa os trabalhos de Rein (1995), Wienese (1995),


Loubster (2004) e Thaval e Kent (2012) sobre performance de moendas e conclui que
os autores deixaram de considerar fatores importantes ao processo de extração de
caldo, o que implica modelagens numéricas não tão precisas, propondo ele mesmo um
modelo mais completo de extração de caldo, baseado em parâmetros dos equipamentos
e em características da cana utilizada no processo.

O modelo de Chantasiriwan

O Modelo de Chantasiriwan considera cana de açúcar, bagaço, caldo e


bagacilho constituídos de três componentes: fibra, sólidos dissolvidos e fase líquida.
Como parte dos sólidos dissolvidos, está a sacarose, molécula de interesse para o
processo.

Tendo como volume de controle os cinco ternos e a peneira rotativa, e


restringindo a embebição de água aos ternos dois a cinco, e o retorno de bagacilho aos
ternos um e dois, montamos a seguinte matriz de possibilidades:

Tabela 1 – possibilidades de caminhos de caldos extraídos, de retorno de embebição com caldos


extraídos e água, e de retorno de bagacilho.
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Os fatores Ji,k (i variando de 2 a 5, e k variando de 2 a 5 e s) representam o


caminho do caldo que sai do terno i e é enviado ao terno k para embebição ou à peneira
s para separação de fibra e, posteriormente, aos processos subsequentes; CC1 e CC2
representam o caminho do bagacilho no terno 1 ou no 2, e IM,k representa a adição de
água de embebição feita no terno k. Todos esses fatores são expressos em fração (0 a
1) e são valores positivos, convencionados que estão entrando nos volumes de controle.

Podemos dividir as equações em:

i) Balanços de massa
a. Balanço total de massas

Igualando entradas e saídas dos volumes de controle já mencionados, temos:

𝑚𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑐𝑐 = 𝑚𝑗1 + 𝑚𝑏1 (1)


𝑚𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀2 ∙ 𝑚𝑖𝑚 = 𝑚𝑗2 + 𝑚𝑏2 (2)
𝑚𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀3 ∙ 𝑚𝑖𝑚 = 𝑚𝑗3 + 𝑚𝑏3 (3)
𝑚𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀4 ∙ 𝑚𝑖𝑚 = 𝑚𝑗4 + 𝑚𝑏4 (4)
𝑚𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀5 ∙ 𝑚𝑖𝑚 = 𝑚𝑗5 + 𝑚𝑏5 (5)
𝑚𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑗5 = 𝑚𝑚𝑗 + 𝑚𝑐𝑐
(6)

b. Balanço de fibras

O balanço de fibras segue o balanço total de massa, com a consideração de que


a água de embebição não possui fibras; ou seja, 𝑚𝑓,𝑖𝑚 = 0.

𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 = 𝑚𝑓,𝑗1 + 𝑚𝑓,𝑏1 (7)


𝑚𝑓,𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 = 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝑚𝑓,𝑏2 (8)
𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 = 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝑚𝑓,𝑏3 (9)
𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 = 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝑚𝑓,𝑏4 (10)
𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 = 𝑚𝑓,𝑗5 + 𝑚𝑓,𝑏5 (11)
𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 = 𝑚𝑓,𝑚𝑗 + 𝑚𝑓,𝑐𝑐 (12)

c. Balanço de pol

Para o balanço de pol, a mesma lógica do item anterior é aplicada: 𝑚𝑏,𝑖𝑚 = 0; ou


seja, a água de embebição não possui pol. Apesar de incluirmos a sequência de
equações nesta seção por fins didáticos, ela será utilizada por último, quando as outras
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massas já estiverem determinadas; por esse motivo, faremos uma quebra na sequência
numérica de referenciamento de equações.

𝑚𝑏,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑏,𝑐𝑐 = 𝑚𝑏,𝑗1 + 𝑚𝑏,𝑏1 (25)


𝑚𝑏,𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑏,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝑚𝑏,𝑏2 (26)
𝑚𝑏,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝑚𝑏,𝑏3 (27)

𝑚𝑏,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝑚𝑏,𝑏4 (28)

𝑚𝑏,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑗5 + 𝑚𝑏,𝑏5 (29)
𝑚𝑏,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑚𝑗 + 𝑚𝑏,𝑐𝑐 (30)

ii) Separação de fibras

A extração de fibras não é perfeita. Isso se deve a eficiência do próprio processo e,


também, da presença de impurezas, como terra e lama. Wienese (1994) define a
eficiência de separação de fibra (ɳ𝑓 ) como sendo a razão da diferença entre percentual
de fibra na cana e percentual de fibra extraída no caldo, pelo percentual de fibra na
cana. Vale a observação que, apesar de a definição ser constituída em torno de
percentuais, podemos nos valer dessa eficiência como massas absolutas, sem alterar
o resultado ou o conceito envolvido. Analogamente, esse coeficiente pode ser utilizado,
também, no volume de controle da peneira (Thaval e Kent, 2012). Utilizando a definição
de Thaval e Kent, as equações podem ser escritas, seguindo o princípio de que a
quantidade de fibra que sai de um terno através do bagaço é uma fração (eficiência de
separação de fibra) da quantidade de fibra que entra no mesmo terno:

𝑚𝑓,𝑏1 = ɳ𝑓,1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) (13)


𝑚𝑓,𝑏2 = ɳ𝑓,2 ∙ (𝑚𝑓,𝑏1 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 )
(14)
𝑚𝑓,𝑏3 = ɳ𝑓,3 ∙ (𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 )
(15)
𝑚𝑓,𝑏4 = ɳ𝑓,4 ∙ (𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 )
(16)
𝑚𝑓,𝑏5 = ɳ𝑓,5 ∙ (𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 )
(17)
𝑚𝑓,𝑐𝑐 = ɳ𝑓,𝑐𝑐 ∙ (𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 )
(18)
iii) Extração de caldo

A relação das fibras da cana com o processo de extração de caldo é uma relação
de dicotomia, pois, ao mesmo tempo que as células do parênquima do vegetal estão
presentes no vegetal e contêm os sólidos dissolvidos, uma taxa alta de fibras na cana
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dificulta a extração, na medida em que as células de parênquima mais internas às fibras


não são rompidas no processo de moagem.

Assim sendo, escreveremos o bloco de equações a seguir modelando a massa de


líquido que deixa o terno como sendo uma fração da massa de líquido que entra no
terno, “atrapalhada” pela quantidade de fibras presentes nesse mesmo terno:

𝑚𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑗1 = (𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐 ) + 𝑐𝑐1 ∙ (𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) − 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) (19)

𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 = (𝑚𝑏1 − 𝑚𝑓,𝑏1 ) + 𝑐𝑐2 ∙ (𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) + 𝐽2,2 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,2 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,2 ∙
(𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,2 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥2 ∙ (𝑚𝑓,𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙
𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) (20)

𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,𝑗3 = (𝑚𝑏2 − 𝑚𝑓,𝑏2 ) + 𝐽2,3 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,3 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,3 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,3 ∙
(𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥3 ∙ (𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) (21)

𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 = (𝑚𝑏3 − 𝑚𝑓,𝑏3 ) + 𝐽2,4 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,4 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,4 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,4 ∙
(𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥4 ∙ (𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) (22)
𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 = (𝑚𝑏4 − 𝑚𝑓,𝑏4 ) + 𝐽2,5 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,5 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,5 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,5 ∙
(𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥5 ∙ (𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) (23)

𝑚𝑚𝑗 − 𝑚𝑓,𝑚𝑗 = (𝑚𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑗1 ) + 𝐽2,𝑠 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,𝑠 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,𝑠 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,𝑠 ∙
(𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥𝑚 ∙ (𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) (24)

Os coeficientes 𝑥𝑖 , com i de 1 a 5 e m, dependem de fatores como ajustes de pressão


(Chantasiriwan, 2013) e outros, como velocidade dos rolos, estado dos frisos dos rolos
de cada terno, ajustes de distâncias entre os rolos.

Vale relembrar que a água de embebição foi, por hipótese, considerada livre de
fibras e de pol.

iv) Mistura

Devido à não homogeneidade da mistura de caldo de embebição com bagaço na


entrada do terno, necessitando a inclusão de um coeficiente de mistura (𝑎𝑖 ), para cada
terno, em uma modelagem não ideal da extração dos sólidos solúveis.

Hugot (1969) argumenta que, tanto a água quanto o caldo de embebição não
misturam-se completamente ao caldo existente no bagaço sobre o qual são aspergidos
devido a células não rompidas e da afinidade muito grande do bagaço com a água,
provocando a retenção do líquido de embebição nas primeiras camadas de bagaço.
Assim, é importante que a embebição seja aplicada o mais uniformemente possível
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sobre o fluxo de bagaço, distribuindo o líquido através da profundidade da camada de


bagaço (Rein, 2006).

O caldo de embebição mais diluído, adicionado à superfície é mais facilmente


extraído do que aquele que já estava embebido em cana; como resultado, a quantidade
de sólidos solúveis (pol ou Brix) do caldo extraído por um terno é geralmente menor do
que aquela do caldo livre residual remanescente no bagaço na saída do terno de
moenda, embora a água livre de Brix no bagaço diminua o Brix total analisado no bagaço
(Rein, 2006). Isso não se aplica ao primeiro terno, pois nele não há embebição.

Murry e Holt (1967) introduziram um coeficiente de embebição 𝜂𝑖𝑚𝑏 para descrever


a mistura não ideal, definida como a extração alcançada em um terno como sendo uma
fração de extração que poderia ser obtida se todo o caldo no bagaço alimentado ao
terno (bagaço e líquido de embebição) fosse uniformemente misturado.

Estudo e caracterização dos coeficientes têm se revelado difíceis, mesmo na


moenda experimental da Universidade de Queensland (Austrália) (Rein, 2006). Os
fatores principais que influenciam nos coeficientes de embebição aparentam ser (van
der Poel et al., 1998):

- nível de embebição – maior embebição, menor coeficiente;

- Brix de embebição – maior Brix, maior coeficiente;

- temperatura de embebição – maior temperatura, maior coeficiente;

- posição do terno ao longo da moenda – últimos ternos, menor coeficiente.

Faremos uma dedução para um caso específico, com fins didáticos, e depois
extrapolaremos o raciocínio para as demais equações. Para tanto, utilizaremos o
exemplo de um primeiro terno que recebe entrada de bagacilho (𝑐𝑐1 = 1). Após a
mistura do bagacilho com a cana preparada, uma parte da extração do caldo primário
(𝑚𝑗1 ) é oriunda da extração da cana preparada (𝑚𝑗1𝛼 ) e a outra parte, do bagacilho
(𝑚𝑗1𝛽 ), na proporção dada pelo coeficiente de mistura (Chantasiriwan, 2013):

𝑚𝑗1𝛼 − 𝑚𝑓,𝑗1𝛼 = 𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐 − 𝑎1 ∙ 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑚𝑓,𝑐𝑐 )

𝑚𝑗1𝛽 − 𝑚𝑓,𝑗1𝛽 = 𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 − (1 − 𝑎1 ) ∙ 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) (S2)


(S1)
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Chamaremos as equações de suporte acima de (S1) e (S2). Note que a soma


(S1)+(S2) resulta na equação (19).

Fazendo um balanço de sólidos dissolvidos no volume de controle do primeiro terno,


tendo como peso a quantidade de líquido envolvida nas proporções entre cana
preparada e bagacilho:

𝑚𝑏,𝑐 𝑚𝑏,𝑐𝑐 (S3)


𝑚𝑏,𝑗1 = (𝑚 ) ∙ (𝑚𝑗1𝛼 − 𝑚𝑓,𝑗1𝛼 ) + (𝑚 ) ∙ (𝑚𝑗1𝛽 − 𝑚𝑓,𝑗1𝛽 )
𝑐 −𝑚𝑓,𝑐 𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐

Substituindo (S1) e (S2) em (S3):

𝑚𝑏,𝑐 𝑚𝑏,𝑐𝑐
𝑚𝑏,𝑗1 = ( ) ∙ [𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐 − 𝑎1 ∙ 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑚𝑓,𝑐𝑐 )] + ( )∙
𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐 𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐
∙ [𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 − +(1 − 𝑎1 ) ∙ 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑚𝑓,𝑐𝑐 )]

Rearranjando:

[(𝑚𝑐 −𝑚𝑓,𝑐 )−𝑎1 ∙𝑥1 ∙(𝑚𝑓,𝑐 +𝑚𝑓,𝑐𝑐 )] [(𝑚𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐 )−+(1−𝑎1 )∙𝑥1 ∙(𝑚𝑓,𝑐 +𝑚𝑓,𝑐𝑐 )]
𝑚𝑏,𝑗1 = 𝑚𝑏,𝑐 ∙ + 𝑚𝑏,𝑐𝑐 ∙
(𝑚𝑐 −𝑚𝑓,𝑐 ) (𝑚𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐 )

Efetuando as operações de divisão:

𝑚𝑓,𝑐 +𝑚𝑓,𝑐𝑐 𝑚𝑓,𝑐 +𝑚𝑓,𝑐𝑐


𝑚𝑏,𝑗1 = 𝑚𝑏,𝑐 ∙ [1 − 𝑎1 ∙ 𝑥1 ∙ ( )] + 𝑚𝑏,𝑐𝑐 ∙ [1 − (1 − 𝑎1 ) ∙ 𝑥1 ∙ ( 𝑚 )] (31a)
𝑚𝑐 −𝑚𝑓,𝑐 𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐

No caso de o bagacilho não retornar ao primeiro terno, a equação associada a


esse terno será constituída apenas pela participação dos sólidos dissolvidos na cana
preparada. Dessa forma, um balanço de sólidos dissolvidos no volume de controle do
primeiro terno resulta em:
𝑚𝑏,𝑗1 𝑚𝑏,𝑐 (S4)
=
𝑚𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑗1 𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐

Isolando o termo de interesse 𝑚𝑏,𝑗1 :

𝑚𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑗1 (31b)


𝑚𝑏,𝑗1 = 𝑚𝑏,𝑐 ∙ ( )
𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐

Utilizando o mesmo raciocínio para os outros ternos, incluindo a possibilidade de


variação dos caminhos dos caldos extraídos nas embebições, e considerando a
ausência de sólidos dissolvidos na água de embebição:
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𝑚𝑓,𝑏1 +𝑐𝑐2 ∙𝑚𝑓,𝑐𝑐 +𝐽2,2 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,2 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,2 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,2 ∙𝑚𝑓,𝑗5
𝑚𝑏,𝑗2 = 𝑚𝑏,𝑏1 ∙ [1 − 𝑎2 ∙ 𝑥2 ∙ ( 𝑚𝑏1 −𝑚𝑓,𝑏1
)] +

(𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑏,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 ) ∙ [1 − (1 − 𝑎2 ) ∙ 𝑥2 ∙
𝑚𝑓,𝑏1 +𝑐𝑐2 ∙𝑚𝑓,𝑐𝑐 +𝐽2,2 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,2 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,2 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,2 ∙𝑚𝑓,𝑗5
(𝑐𝑐 )] (32)
2 ∙(𝑚𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐 )+𝐽2,2 ∙(𝑚𝑗2 −𝑚𝑓,𝑗2 )+𝐽3,2 ∙(𝑚𝑗3 −𝑚𝑓,𝑗3 )+𝐽4,2 ∙(𝑚𝑗4 −𝑚𝑓,𝑗4 )+𝐽5,2 ∙(𝑚𝑗5 −𝑚𝑓,𝑗5 )

𝑚𝑓,𝑏2 +𝐽2,3 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,3 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,3 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,3 ∙𝑚𝑓,𝑗5


𝑚𝑏,𝑗3 = 𝑚𝑏,𝑏2 ∙ [1 − 𝑎3 ∙ 𝑥3 ∙ ( )] + (𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 +
𝑚𝑏2 −𝑚𝑓,𝑏2

𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 ) ∙ [1 − (1 − 𝑎3 ) ∙ 𝑥3 ∙


𝑚𝑓,𝑏2 +𝐽2,3 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,3 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,3 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,3 ∙𝑚𝑓,𝑗5 (33)
( )]
𝐽2,3 ∙(𝑚𝑗2 −𝑚𝑓,𝑗2 )+𝐽3,3 ∙(𝑚𝑗3 −𝑚𝑓,𝑗3 )+𝐽4,3 ∙(𝑚𝑗4 −𝑚𝑓,𝑗4 )+𝐽5,3 ∙(𝑚𝑗5 −𝑚𝑓,𝑗5 )

𝑚𝑓,𝑏3 +𝐽2,4 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,4 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,4 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,4 ∙𝑚𝑓,𝑗5


𝑚𝑏,𝑗4 = 𝑚𝑏,𝑏3 ∙ [1 − 𝑎4 ∙ 𝑥4 ∙ ( )] + (𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 +
𝑚𝑏3 −𝑚𝑓,𝑏3

𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 ) ∙ [1 − (1 − 𝑎4 ) ∙ 𝑥4 ∙


𝑚𝑓,𝑏3 +𝐽2,4 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,4 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,4 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,4 ∙𝑚𝑓,𝑗5 (34)
(𝐽 )]
2,4 ∙(𝑚𝑗2 −𝑚𝑓,𝑗2 )+𝐽3,4 ∙(𝑚𝑗3 −𝑚𝑓,𝑗3 )+𝐽4,4 ∙(𝑚𝑗4 −𝑚𝑓,𝑗4 )+𝐽5,4 ∙(𝑚𝑗5 −𝑚𝑓,𝑗5 )

Para o equacionamento do quinto terno, também faremos uma separação em


dois casos: embebição com ou sem água apenas (todos os fatores 𝐽𝑖,𝑘 = 0) e
embebição com algum dos caldos já extraídos (pelo menos algum dos fatores 𝐽𝑖,𝑘 ≠ 0)
e com ou sem água; essa divisão se faz necessária para não haver divisão por zero.
Respectivamente:

𝑚𝑓,𝑏4 (35a)
𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑏4 ∙ [1 − 𝑎5 ∙ 𝑥5 ∙ ( )]
𝑚𝑏4 − 𝑚𝑓,𝑏4
𝑚𝑓,𝑏4 +𝐽2,5 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,5 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,5 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,5 ∙𝑚𝑓,𝑗5
𝑚𝑏,𝑗5 = 𝑚𝑏,𝑏4 ∙ [1 − 𝑎5 ∙ 𝑥5 ∙ ( 𝑚𝑏4 −𝑚𝑓,𝑏4
)] + (𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗2 +

𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑏,𝑗5 ) ∙ [1 − (1 − 𝑎5 ) ∙ 𝑥5 ∙


𝑚𝑓,𝑏4 +𝐽2,5 ∙𝑚𝑓,𝑗2 +𝐽3,5 ∙𝑚𝑓,𝑗3 +𝐽4,5 ∙𝑚𝑓,𝑗4 +𝐽5,5 ∙𝑚𝑓,𝑗5 (35b)
(𝐽 )]
2,5 ∙(𝑚𝑗2 −𝑚𝑓,𝑗2 )+𝐽3,5 ∙(𝑚𝑗3 −𝑚𝑓,𝑗3 )+𝐽4,5 ∙(𝑚𝑗4 −𝑚𝑓,𝑗4 )+𝐽5,5 ∙(𝑚𝑗5 −𝑚𝑓,𝑗5 )

Para o volume de controle da peneira, é feito um balanço de sólidos


dissolvidos, semelhante àquele feito na equação de suporte (S4):
𝑚𝑏,𝑐𝑐 𝑚𝑏,𝑗1 +𝐽2,𝑠 ∙𝑚𝑏,𝑗2 +𝐽3,𝑠 ∙𝑚𝑏,𝑗3 +𝐽4,𝑠 ∙𝑚𝑏,𝑗4 +𝐽5,𝑠 ∙𝑚𝑏,𝑗5
𝑚𝑐𝑐 −𝑚𝑓,𝑐𝑐
= (36)
(𝑚𝑗1 −𝑚𝑓,𝑗1 )+𝐽2,𝑠 ∙(𝑚𝑗2 −𝑚𝑓,𝑗2 )+𝐽3,𝑠 ∙(𝑚𝑗3 −𝑚𝑓,𝑗3 )+𝐽4,𝑠 ∙(𝑚𝑗4 −𝑚𝑓,𝑗4 )+𝐽5,𝑠 ∙(𝑚𝑗5 −𝑚𝑓,𝑗5 )

Com os parâmetros de entrada conhecidos, quais sejam, as características da


cana-de-açúcar (𝑚𝑐 , 𝑚𝑓,𝑐 , 𝑚𝑏,𝑐 ), a embebição (𝑚𝑖𝑚 ) e os fatores de moenda
Scagnolatto, G

(𝜂𝑓,𝑐𝑐 , 𝜂𝑓,1 , 𝜂𝑓,2 , 𝜂𝑓,3 , 𝜂𝑓,4 , 𝜂𝑓,5 , 𝑥𝑚 , 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , 𝑥4 , 𝑥5 , 𝑎1 , 𝑎2 , 𝑎3 , 𝑎4 , 𝑎5 ), e arbitrados os


caminhos do bagacilho (𝑐𝑐1 , 𝑐𝑐2 ) e dos caldos e da água de embebição
(𝐽2,2 , 𝐽2,3 , 𝐽2,4 , 𝐽2,5 , 𝐽2,𝑠 , 𝐽3,2 , 𝐽3,3 , 𝐽3,4 , 𝐽3,5 , 𝐽3,𝑠 , 𝐽4,2 , 𝐽4,3 , 𝐽4,4 , 𝐽4,5 , 𝐽4,𝑠 , 𝐽5,2 , 𝐽5,3 , 𝐽5,4 , 𝐽5,5 , 𝐽5,𝑠 , 𝐼𝑀2 , 𝐼𝑀3 , 𝐼𝑀4 , 𝐼𝑀5 ),
as equações (1)-(24) podem ser resolvidas para permitir, em seguida, a resolução das
equações (25)-(36).

Rein (2006) fornece dados de uma moenda típica, composta por cinco ternos,
embebição com água no quinto terno e retorno do bagacilho ao segundo terno:

Tabela 2 – Dados de uma moenda típica. Fonte: Engenharia do Açúcar de Cana (Peter Rein, 2006).

Com isso, fazendo os cálculos reversos, podemos obter os parâmetros da


moenda, expressos na tabela a seguir:

Tabela 3 – Parâmetros de desempenho de moagem: valores de entrada no modelo numérico.

Observa-se que o parâmetro 𝑎1 não se encontra na Tabela 2. Como os dados


fornecidos por Rein (2006) se referem a uma moenda que possui retorno de bagacilho
no segundo terno, não há ocorre mistura com a cana preparada, implicando a não
Scagnolatto, G

existência de 𝑎1 . No entanto, Chantasiriwan (2013), em seu trabalho, faz simulações,


atribuindo para 𝑎1 , valores entre 0,5 e 0,8, sendo o menor, o coeficiente de melhor
mistura do bagacilho com a cana preparada, o que implica em uma maior eficiência na
extração de sólidos solúveis.

Resolução dos sistemas de equações

Existem diversos métodos numéricos e computacionais que podem ser


utilizados, com precisões bastante aceitáveis, para a resolução de sistemas complexos
de equações. O método de Newton modificado, também conhecido por Newton-
Raphson, é um método particular de iteração linear, que consistem em estimar as raízes
de uma função usando o processo iterativo, e que possui a excelente vantagem de
apresentar uma velocidade bastante rápida de convergência de resultados. Neste texto
não entraremos em detalhes matemáticos e conceituais do método, abordando apenas
a sua aplicação prática.

Já expusemos anteriormente que temos dois sistemas de equações: um que


contém (1) a (24), e outro, (25) a (36), sendo que a resolução do primeiro sistema é
necessária para que o segundo sistema possa ser, também, resolvido; assim,
resolveremos os sistemas de equações nessa ordem, utilizando, em ambos os casos,
o método de Newton-Raphson.

Para a utilização desse método, é necessário que escrevamos todas as


equações de forma que um de seus membros seja igual a “zero”:

𝑓1 = 𝑚𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑗1 − 𝑚𝑏1 = 0


𝑓2 = 𝑚𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀2 ∙ 𝑚𝑖𝑚 − 𝑚𝑗2 − 𝑚𝑏2 = 0
𝑓3 = 𝑚𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀3 ∙ 𝑚𝑖𝑚 − 𝑚𝑗3 − 𝑚𝑏3 = 0
𝑓4 = 𝑚𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀4 ∙ 𝑚𝑖𝑚 − 𝑚𝑗4 − 𝑚𝑏4 = 0
𝑓5 = 𝑚𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑗5 + 𝐼𝑀5 ∙ 𝑚𝑖𝑚 − 𝑚𝑗5 − 𝑚𝑏5 = 0
𝑓6 = 𝑚𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑗5 − 𝑚𝑚𝑗 − 𝑚𝑐𝑐 = 0
𝑓7 = 𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑏1 = 0
𝑓8 = 𝑚𝑓,𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑏2 = 0
𝑓9 = 𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗3 − 𝑚𝑓,𝑏3 = 0
𝑓10 = 𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑏4 = 0
𝑓11 = 𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑏5 = 0
𝑓12 = 𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑚𝑗 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 = 0
𝑓13 = −𝑚𝑓,𝑏1 + ɳ𝑓,1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) = 0
𝑓14 = −𝑚𝑓,𝑏2 + ɳ𝑓,2 ∙ (𝑚𝑓,𝑏1 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓15 = −𝑚𝑓,𝑏3 + ɳ𝑓,3 ∙ (𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
Scagnolatto, G

𝑓16 = −𝑚𝑓,𝑏4 + ɳ𝑓,4 ∙ (𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓17 = −𝑚𝑓,𝑏5 + ɳ𝑓,5 ∙ (𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0

𝑓18 = −𝑚𝑓,𝑐𝑐 + ɳ𝑓,𝑐𝑐 ∙ (𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓19 = −𝑚𝑗1 + 𝑚𝑓,𝑗1 + (𝑚𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐 ) + 𝑐𝑐1 ∙ (𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) − 𝑥1 ∙ (𝑚𝑓,𝑐 + 𝑐𝑐1 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) = 0

𝑓20 = −𝑚𝑗2 + 𝑚𝑓,𝑗2 + (𝑚𝑏1 − 𝑚𝑓,𝑏1 ) + 𝑐𝑐2 ∙ (𝑚𝑐𝑐 − 𝑚𝑓,𝑐𝑐 ) + 𝐽2,2 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,2 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 )
+ 𝐽4,2 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 ) + 𝐽5,2 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥2
∙ (𝑚𝑓,𝑏1 + 𝑐𝑐2 ∙ 𝑚𝑓,𝑐𝑐 + 𝐽2,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,2 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0

𝑓21 = −𝑚𝑗3 + 𝑚𝑓,𝑗3 + (𝑚𝑏2 − 𝑚𝑓,𝑏2 ) + 𝐽2,3 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,3 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,3 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 )
+ 𝐽5,3 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥3
∙ (𝑚𝑓,𝑏2 + 𝐽2,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,3 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓22 = −𝑚𝑗4 + 𝑚𝑓,𝑗4 + (𝑚𝑏3 − 𝑚𝑓,𝑏3 ) + 𝐽2,4 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,4 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,4 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 )
+ 𝐽5,4 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥4
∙ (𝑚𝑓,𝑏3 + 𝐽2,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,4 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓23 = −𝑚𝑗5 + 𝑚𝑓,𝑗5 + (𝑚𝑏4 − 𝑚𝑓,𝑏4 ) + 𝐽2,5 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,5 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,5 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 )
+ 𝐽5,5 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥5
∙ (𝑚𝑓,𝑏4 + 𝐽2,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,5 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0
𝑓24 = −𝑚𝑚𝑗 + 𝑚𝑓,𝑚𝑗 + (𝑚𝑗1 − 𝑚𝑓,𝑗1 ) + 𝐽2,𝑠 ∙ (𝑚𝑗2 − 𝑚𝑓,𝑗2 ) + 𝐽3,𝑠 ∙ (𝑚𝑗3 − 𝑚𝑓,3 ) + 𝐽4,𝑠 ∙ (𝑚𝑗4 − 𝑚𝑓,𝑗4 )
+ 𝐽5,𝑠 ∙ (𝑚𝑗5 − 𝑚𝑓,𝑗5 ) − 𝑥𝑚
∙ (𝑚𝑓,𝑗1 + 𝐽2,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗2 + 𝐽3,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗3 + 𝐽4,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗4 + 𝐽5,𝑠 ∙ 𝑚𝑓,𝑗5 ) = 0

Esse conjunto de equações possui 24 equações e 24 incógnitas, tendo a


seguinte forma simbólica:

𝑓1 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0
𝑓2 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0

𝑓𝑛 (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) = 0

O objetivo é encontrar o conjunto de n variáveis (24) que zere as n equações.


Ao conjunto formado por todas as equações 𝑓, daremos a notação ∅. Para
implementação do método em questão, precisaremos entender como cada uma das
equações 𝑓 de ∅ modificam cada uma das variáveis e vice-versa; assim, montaremos
uma matriz composta pelas derivadas parciais de cada uma das equações 𝑓 do conjunto
∅, chamada de matriz Jacobiana 𝐽.
Scagnolatto, G

𝜕𝑓1 𝜕𝑓1 𝜕𝑓𝑛


𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 … 𝜕𝑥𝑛
𝜕𝑓2 𝜕𝑓2 … 𝜕𝑓2
𝐽 = 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛
⋮ ⋮ ⋮
𝜕𝑓𝑛 𝜕𝑓𝑛 ⋱ 𝜕𝑓
𝑛

[𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥𝑛 ]

Como não conhecemos, a priori, os valores das variáveis do conjunto ∅ que


“zeram” as equações; ou seja, não conhecemos as suas raízes, que são os valores
exatos das incógnitas e a solução do sistema, assumiremos valores arbitrários iniciais
para as variáveis na chamada iteração 0. Ao colocarmos valores arbitrários às
incógnitas, as equações 𝑓 acima terão um erro associado, assumindo valores diferentes
do vetor nulo, solução do sistema.

A função erro é, então, definida pela multiplicação da matriz inversa da matriz


Jacobiana, pela matriz ∅:

𝛿 = 𝐽−1 ∙ ∅

Ora, se conhecemos o erro associado a cada variável (valores que compõem o


vetor 𝛿), basta subtrairmos o erro do valor estimado de cada variável para obtermos um
novo valor, com maior precisão de resultado. Com esse conceito, introduzimos a
denotação de iteratividade aos valores das variáveis:

𝑥𝑖 𝑘+1 = 𝑥𝑖 𝑘 − 𝛿 𝑘

𝛿 𝑘 = 𝐽−1 ∙ ∅𝑘

𝑓1 𝑘 (𝑥1 𝑘 , … , 𝑥𝑛 𝑘 )
∅𝑘 = [ ⋮ ]
𝑘 𝑘 𝑘
𝑓𝑛 (𝑥1 , … , 𝑥𝑛 )

O subscrito i refere-se a cada uma das variáveis, de acordo com nossa


nomenclatura, de 1 a n. O índice k denota o número de iterações ocorridas para o cálculo
mais preciso das variáveis; o critério de parada do método é estipulado com base no
erro associado: quando o método fornecer um vetor erro composto por valores
estipulados como aceitáveis, os valores 𝑥𝑖 𝑘 são a solução para o sistema ∅ de
equações.
Scagnolatto, G

Escrevendo o método Newton-Raphson em algoritmo:

Figura 2 – Algoritmo para implementação do método Newton-Raphson.

Com os resultados convergidos das variáveis envolvidas no sistema das


equações (1)-(24), pode-se repetir o procedimento para o sistema formado pelas
equações (25)-(36).

Validação

Por serem dados confidenciais da empresa em relação ao processo e às


quantidades obtidas de açúcar, álcool e bagaço, reportaremos apenas dados
percentuais de eficiência da moagem, o que é suficiente para uma validação de modelo,
já que nem todos os valores calculados pela modelagem são monitorados pela usina.
Scagnolatto, G

Comparando o desempenho da moagem ocorrida durante três dias aleatórios da


safra atual (2016), com os valores obtidos através da simulação, temos os seguintes
dados:

Tabela 4 – Quadro comparativo entre dados obtidos através da modelagem e dados reais de moagem.

Como pudemos perceber pela variação entre o resultado oferecido pela


modelagem do processo de extração de caldo e dos dados reais monitorados pela
usina, a variação é inferior a 1%, mantando-se os parâmetros de moenda constantes e
iguais àqueles fornecidos na Tabela 3. Dessa forma, o modelo fornece uma boa
estimativa sobre a eficiência na extração do caldo de cana.

Resultados e discussões

Para a simulação, mantivemos constantes os parâmetros fornecidos pela Tabela


3, a despeito das condições de operação real da moenda, tais como velocidade dos
rolos, pressão hidráulica, temperatura da água de embebição e condição superficial
(chapisco e integridade dos frisos) dos rolos. Essas condições de operação, como vimos
anteriormente, influenciam nos parâmetros de desempenho da moenda e,
consequentemente, na precisão dos resultados fornecidos pela simulação.

Embora sejam conhecidos os principais fatores que influenciam nos parâmetros


de desempenho da moenda, não sabemos quantitativamente como é essa influência,
pois não foi desenvolvida uma formulação para que os parâmetros sejam calculados
através das condições em que a moenda é operada. Deixamos como sugestão para
futuros trabalhos o estudo envolvendo esses parâmetros e suas determinações.

Apesar disso, o modelo fornece um bom resultado quanto à eficiência de


extração do caldo da cana; no entanto, é preciso ter cautela ao analisar os resultados
de eficiência de extração em relação à quantidade de sacarose recuperada ou
Scagnolatto, G

perdida, pois, dependendo da quantidade de cana processada pela usina, os valores


financeiros podem ser de grandes proporções, podendo ocasionar erros absolutos na
previsão. Para ilustrar, considere os seguintes dados:

- capacidade de moagem: 1000 toneladas de cana por hora

- média do período de operação útil diário: 22,75h

- média de pol do caldo extraído: 14%

- preço do açúcar: R$ 80,00/50 kg açúcar

- variação de eficiência de extração: 0,5%

Se o modelo matemático fornecer, por exemplo, uma eficiência de 96% e a


eficiência do processo real for 95,5%, teremos, em um dia:

𝑡 14 0,5 𝑘𝑔
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑎çú𝑐𝑎𝑟 𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 = 1000 ∙ 22,75ℎ ∙ ∙ ∙ 1000 = 15.925 𝑘𝑔
ℎ 100 100 𝑡
15.925
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑎çú𝑐𝑎𝑟 (50 𝑘𝑔) 𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 = = 318,5 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠
50
𝑅$ 80,00
𝑑𝑖𝑣𝑒𝑟𝑔ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑛𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎 = 318,5 𝑠𝑎𝑐𝑎𝑠 ∙ = 𝑅$ 25.480,00
𝑠𝑎𝑐𝑎

Se a safra tiver 200 dias, a quantidade financeira divergente será de R$ 5,1


milhões.

É claro que teríamos que considerar o mix de produção entre açúcar e álcool, e
o preço do álcool, mas o exemplo é válido como primeira aproximação para ilustrar a
importância de se ter o domínio sobre o processo de extração de açúcar. Essa
importância é expressa tanto na precisão da previsão do processo, quanto no
planejamento gerencial traçado no início da safra, que leva em consideração:
capacidade de moagem, quantidade de moagem pretendida, quantidades de sacarose
destinadas à produção de açúcar e de álcool, produção de açúcar e de álcool
pretendida. Um planejamento eficiente é essencial para que a usina consiga operar com
lucros e, assim, honrar seus compromissos financeiros.

Assim, modelos numéricos confiáveis podem ajudar a decidir se é melhor operar,


por exemplo, 850 toneladas de cana por dia, com eficiência de extração de 96% ou 1000
toneladas de cana por dia, com eficiência de extração de 95,2%, comparando a água
Scagnolatto, G

de embebição necessária em cada caso, seu efeito na etapa de evaporação do caldo,


quantidade adicional de vapor exigida, umidade do bagaço e custos adicionais de
insumos e de manutenção de equipamentos, e analisar qual é a condição de operação
que maximiza o lucro das operações. Esse problema de otimização tem uma
complexidade ainda maior se a geração de energia elétrica for adicionada ao mix de
produção.

Além disso, conhecer quantitativamente o impacto das alterações dos ajustes


operacionais das moendas pode ajudar na tomada de decisões acertadas. Já
expusemos que a extração de sólidos solúveis aumenta com a adição de água de
embebição; no entanto, se a moenda estiver operando próxima do seu limite de
capacidade, altas taxas de embebição pode provocar o enchimento da moenda,
ocasionando seu entupimento (popularmente conhecido como “embuchamento”).
Nesses casos, é comum o pessoal da operação diminuir a quantidade da água de
embebição e/ou diminuir a pressão hidráulica nos rolos superiores, o que acaba
prejudicando a eficiência da extração.
Scagnolatto, G

Referências

Chantasiriwan, S (2013) Numerical model of sugar mills with compound imbibition.


Proceedings of the Australian Society of Sugar Cane Technology, Vol.35.

Rein, P (2006) Engenharia do Açúcar de Cana.

Hugot, E (1969) Manual da Engenharia Açucareira.

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