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INTENSIVO II

Alexandre Gialluca
Direito Empresarial
Aula 11

ROTEIRO DE AULA

Tema: Recuperação Judicial

➢ O que acontece se a Assembleia Geral reprovar o plano de Recuperação Judicial?

Uma vez que o devedor apresenta o plano de recuperação judicial, se o credor, não concordar com o plano que foi
apresentador pelo devedor, no processo de recuperação judicial, apresentará ao juiz a chamada objeção, prevista no art.
55. Apresentada a objeção, pelo credor, o art. 56, determina que o juiz, deverá convocar a Assembleia Geral de Credores,
que poderá:
a. Aprovar o plano de recuperação judicial;
b. Reprovar o plano de recuperação judicial → Surge, netão, a pergunta acima. O juiz terá a possibilidade de aprovar
o plano de recuperação judicial, mesmo que tenha sido reprovado na Assembleia Geral de Credores.

A. CRAM DOWN

O Cram Down origina-se do direito americano e consiste em uma faculdade dada ao juiz em aprovar o plano de
recuperação judicial rejeitado por alguma classe de credores, desde que se verifique a viabilidade econômica daquele
plano e a necessidade de se tutelar o interesse social vinculado à preservação da empresa.

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Trata-se, portanto, de fenômeno jurídico viabilizador da aprovação do plano de recuperação, mesmo que este sendo
recusado pela assembleia geral de credores. Assim, caracteriza-se pela permissão dada ao juiz de aprovar/conceder a
recuperação mesmo sendo o plano desaprovado.

Foi admitido em nosso ordenamento jurídico, no art. 58, §1º. Para compreendermos tal artigo, será preciso retomar
alguns pontos. Dentre eles, a previsão do art. 41. Vejamos:

Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de credores: Maioria dos
I – Titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho;
credores +
maioria dos
II – Titulares de créditos com garantia real; créditos
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio geral ou subordinados.
IV - Titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de pequeno porte. (Incluído pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)

Maioria dos
credores
presentes

Já analisamos que, para que uma Assembleia aprove o plano de recuperação judicial, é necessário, que todas as classes
que estão presentes, naquela recuperação judicial, aprovem esse plano. Veja: -- Quórum de aprovação do Plano:

Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta
Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1o Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores
que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria
simples dos credores presentes.
§ 2o Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos
credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014
§ 3o O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quórum de deliberação se o plano
de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito.

Na classe I e IV do art. 41, teremos a maioria dos credores presentes. O chamado “voto por cabeça”. Ao passo que, na
classe II e III, Precisamos de quórum duplo, ou seja, maioria dos credores presentes e maioria dos créditos presentes.

Definidos esses pontos, passamos a analisar o art. 58:

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Art. 58. Cumpridas as exigências desta Lei, o juiz concederá a recuperação judicial do devedor cujo plano não tenha sofrido
objeção de credor nos termos do art. 55 desta Lei ou tenha sido aprovado pela assembleia geral de credores na forma
dos arts. 45 ou 56-A desta Lei.

§ 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em plano que não obteve aprovação na forma do art. 45
desta Lei, desde que, na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa:
I – O voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes à Assembleia,
independentemente de classes → Soma-se todos os créditos. Se mais da metade dos créditos presentes na assembleia,
aprovaram o plano de recuperação judicial, teremos o 1º requisito cumprido.

II – A aprovação de 3 (três) das classes de credores ou, caso haja somente 3 (três) classes com credores votantes, a
aprovação de pelo menos 2 (duas) das classes ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a aprovação
de pelo menos 1 (uma) delas, sempre nos termos do art. 45 desta Lei;

➢ Mais de 3 classes (por exemplo, 4 classes) = 3 precisam aprovar – somente 1 classe pode reprovar.
➢ 3 classes: Aprovação de 2, somente 1 pode reprovar.
➢ Se tem apenas 2 classes, somente pode ter 1 classe reprovando, a outra precisa aprovar.

III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um terço) dos credores, computados na forma dos
§§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei → Na classe que rejeitou o pedido, será preciso do voto favorável de mais de 1/3 dos
credores. Nessa classe que reprovou, será preciso de mais de 1/3 dos credores aprovando o plano de recuperação judicial.

EXEMPLO:
➢ Classe 1 com credores trabalhistas e acidente de trabalho. Imaginemos que tenha 80 funcionários presentes na
assembleia. Destes, 78 aprovaram o plano e 2 rejeitaram. Nessa classe, prevalece a maioria dos credores
presentes. Portanto, o plano foi aprovado.
➢ Classe 2: Formada por credores com direito real de garanti. Geralmente, são os bancos. Imagine que temos 3
bancos (Banco 1, Banco 2 e Banco 3). O Banco 1 tem 55%¨dos créditos, o Banco 2 tem 30% e o Banco 3 tem 15%
dos créditos. Imagine que o Banco 1 vota não para o plano de recuperação judicial. Ao passo que, o Banco 2 e 3
votam pela aprovação. Veja que se tem a maioria dos credores presentes, porque dos 3 credores, 2 votaram sim
para aprovação. Porém, não há maioria dos créditos presentes (30% + 15%). Não se preencheu os requisitos do
quórum duplo. Portanto, essa classe reprovou o plano de recuperação judicial.
➢ Classe 3: Os credores aprovam o plano.
➢ Classe 4: Classe da microempresa e empresa de pequeno porte o plana, também, é aprovado.

O juiz analisando o caso, constata que as classes I, III e IV aprovaram o plano de recuperação judicial. Apenas uma classe
reprovou o plano, a classe II. O juiz somará todos os créditos que aprovaram (Banco 2 e Banco 3 30% = 15%) e verifica que

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mais da metade dos créditos presentes aprovaram. Ponto seguinte, eram 4 classes, 3 aprovaram, apenas 1 rejeitou. Em
seguida, verificará a classe que reprovou. Nesta, mais de 1/3 dos credores aprovaram o plano. Portanto, 2/3 aprovando
o plano de recuperação judicial, temos o preenchimento dos requisitos do art. 58, e mesmo a Assembleia tendo
reprovando o plano de recuperação judicial, o juiz, com base no CRAM DOWN poderá provar o plano.

✓ Enunciado 45 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “o magistrado pode desconsiderar o voto de credores ou
a manifestação de vontade do devedor, em razão de abuso de direito” → Quando tem voto eivado de abuso de
direitos, poderá o juiz desconsiderar esse voto.

EXEMPLO: Na hipótese acima, o Banco 1 tem 97%, Banco 2 tem 1% e Banco 3 tem 2%. No mais, as outras classes se
repetem. Nessa situação, há a maioria dos créditos, porém não há a maioria dos credores. Para a classe 2 temos a
reprovação do plano. Tem mais da metade dos créditos que aprovaram o plano. São 4 classes e apenas 1 reprovou. Porém,
o requisito III, teríamos que voto favorável de mais de 1/3 dos credores. Temos 1 credor votando sim, e dois cotando não.
Não seria hipótese de CRAM DOWN. Em uma situação assim, o STJ, no Resp. 1337989 / SP, para o fim de evitar o abuso
da minoria autorizou o magistrado a aplicar o CRAM DOWN. Vejamos:

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REsp 1337989 / SP
RECURSO ESPECIAL 2011/0269578-5
Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140)
Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento 08/05/2018
Data da Publicação/Fonte
DJe 04/06/2018
RT vol. 995 p. 720

Ementa RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PLANO. APROVAÇÃO JUDICIAL. CRAM
DOWN. REQUISITOS DO ART. 58, § 1º, DA LEI 11.101/2005. EXCEPCIONAL MITIGAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRESERVAÇÃO
DA EMPRESA. 1. A Lei n° 11.101/2005, com o intuito de evitar o "abuso da minoria" ou de "posições individualistas"
sobre o interesse da sociedade na superação do regime de crise empresarial, previu, no § 1º do artigo 58, mecanismo
que autoriza ao magistrado a concessão da recuperação judicial, mesmo que contra decisão assemblear. 2. A
aprovação do plano pelo juízo não pode estabelecer tratamento diferenciado entre os credores da classe que o
rejeitou, devendo manter tratamento uniforme nesta relação horizontal, conforme exigência expressa do § 2° do art.
58. 3. O microssistema recuperacional concebe a imposição da aprovação judicial do plano de recuperação, desde que
presentes, de forma cumulativa, os requisitos da norma, sendo que, em relação ao inciso III, por se tratar da classe
com garantia real, exige a lei dupla contagem para o atingimento do quórum de 1/3 - por crédito e por cabeça -, na
dicção do art. 41 c/c 45 da LREF. 4. No caso, foram preenchidos os requisitos dos incisos I e II do art. 58 e, no tocante
ao inciso III, o plano obteve aprovação qualitativa em relação aos credores com garantia real, haja vista que
recepcionado por mais da metade dos valores dos créditos pertencentes aos credores presentes, pois "presentes 3
credores dessa classe o plano foi recepcionado por um deles, cujo crédito perfez a quantia de R$ 3.324.312,50,
representando 97,46376% do total dos créditos da classe, considerando os credores presentes" (fl. 130). Contudo, não
alcançou a maioria quantitativa, já que recebeu a aprovação por cabeça de apenas um credor, apesar de quase ter
atingido o quórum qualificado (obteve voto de 1/3 dos presentes, sendo que a lei exige "mais" de 1/3). Ademais, a
recuperação judicial foi aprovada em 15/05/2009, estando o processo em pleno andamento. 5. Assim, visando evitar
eventual abuso do direito de voto, justamente no momento de superação de crise, é que deve agir o magistrado com
sensibilidade na verificação dos requisitos do cram down, preferindo um exame pautado pelo princípio da preservação
da empresa, optando, muitas vezes, pela sua flexibilização, especialmente quando somente um credor domina a
deliberação de forma absoluta, sobrepondo-se àquilo que parece ser o interesse da comunhão de credores.6. Recurso
especial não provido.

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B. REGRA DO ART. 56, § 4º, → Anteriormente, o referido dispositivo determinava que, se a Assembleia, reprovasse
o plano de recuperação judicial, o juiz, deveria decretar a FALÊNCIA. Ocorre que isso mudou. Portanto,
CUIDADO! Vejamos o que diz o atual Art. 56, §4º:

Art. 56, § 4º Rejeitado o plano de recuperação pela assembleia-geral de credores, o juiz decretará a falência do devedor.

NOVIDADE:

§ 4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial submeterá, no ato, à votação da assembleia
geral de credores a concessão de prazo de 30 (trinta) dias para que seja apresentado plano de recuperação judicial pelos
credores.

A lei permite que os próprios credores apresentem plano de recuperação judicial. Para isso, tem quórum. Veja:

§ 5º A concessão do prazo a que se refere o § 4º deste artigo deverá ser aprovada por credores que representem mais
da metade dos créditos presentes à assembleia geral de credores.

PLANO APRESENTADO PELOS CREDORES (NOVIDADE):

1) Quando a assembleia não aprovar o plano do devedor (art. 56, §4º)

2) Na hipótese de decurso dos prazos previstos no art. 6, § 4º, sem a deliberação a respeito do plano de
recuperação judicial apresentado pelo devedor (Art. 6, § 4º-A)

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Se a assembleia reprovar o plano é possível a presentação do plano pelos credores. Apresentando o plano, pelos
credores, na assembleia, o plano poderá:
a. Aprovado: Haverá o cumprimento do plano de recuperação.
b. Reprovado: Será decretada a FALÊNCIA.

Outra possibilidade, é a dos credores reprovarem a apresentação do plano, pelos próprios credores, nesse caso,
também, haverá a decretação da FALÊNCIA.

FORMAS DE APROVAÇÃO DO PLANO:

a. Quando o plano é apresentado e não tem objeção.

b. Plano é apresentado, sofre objeção, mas é aprovado na assembleia geral de credores.

c. O plano é apresentado, sofre objeção, é reprovado na assembleia, mas é concedida a recuperação judicial pelo
CRAM DOWN.

DECISÃO CONCESSIVA

APRESENTAÇÃO DE CND:

Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembleia-geral de credores ou decorrido o prazo previsto no
art. 55 desta Lei sem objeção de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários nos termos
dos arts. 151, 205, 206 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.

Até 2014, tínhamos o art. 68, que previa:

Art. 68. As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos termos da legislação
específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos
na Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
Parágrafo único. As microempresas e empresas de pequeno porte farão jus a prazos 20% (vinte por cento) superiores
àqueles regularmente concedidos às demais empresas. (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014)

Dessa forma, tínhamos a possibilidade de parcelamento para empresas em recuperação judicial, porém não tínhamos
uma lei que tratava deste parcelamento. A jurisprudência, por conta disso, atém 2014, afirmava NÃO ser cabível a
aplicação do art. 57. Foi por esse motivo, que tivemos o Enunciado 55, vejamos:

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Enunciado 55 da I Jornada de Direito Comercial: “O parcelamento do crédito tributário na recuperação judicial é um
direito do contribuinte, e não uma faculdade da Fazenda Pública, e, enquanto não for editada lei específica, não é
cabível a aplicação do disposto no art. 57 da Lei n. 11.101/2005 e no art.191-A do CTN.”

Em 2014, surge a Lei 13.043/2014 e trouxe o parcelamento.

Vejamos o entendimento do STJ, no sentido de que, a exigência de CND inviabilizaria a recuperação judicial:

RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CERTIDÕES NEGATIVAS DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. ART. 57 DA LEI 11.101/05 E ART. 191-
A DO CTN. EXIGÊNCIA INCOMPATÍVEL COM A FINALIDADE DO INSTITUTO. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA E FUNÇÃO
SOCIAL. APLICAÇÃO DO POSTULADO DA PROPORCIONALIDADE. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DA LEI 11.101/05.
1. Recuperação judicial distribuída em 18/12/2015. Recurso especial interposto em 6/12/2018. Autos conclusos à Relatora em
30/1/2020. 2. O propósito recursal é definir se a apresentação das certidões negativas de débitos tributários constitui requisito
obrigatório para concessão da recuperação judicial do devedor. 3. O enunciado normativo do art. 47 da Lei 11.101/05 guia, em termos
principiológicos, a operacionalidade da recuperação judicial, estatuindo como finalidade desse instituto a viabilização da superação
da situação de crise econômico-financeira do devedor, a permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores
e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Precedente. 4. A realidade econômica do País revela que as sociedades empresárias em crise usualmente possuem débitos fiscais em
aberto, podendo-se afirmar que as obrigações dessa natureza são as que em primeiro lugar deixam de ser adimplidas, sobretudo
quando se considera a elevada carga tributária e a complexidade do sistema atual.
5. Diante desse contexto, a apresentação de certidões negativa de débitos tributários pelo devedor que busca, no Judiciário, o
soerguimento de sua empresa encerra circunstância de difícil cumprimento. 6. Dada a existência de aparente antinomia entre a norma
do art. 57 da LFRE e o princípio insculpido em seu art. 47 (preservação da empresa), a exigência de comprovação da regularidade fiscal
do devedor para concessão do benefício recuperatório deve ser interpretada à luz do postulado da proporcionalidade.7. Atuando
como conformador da ação estatal, tal postulado exige que a medida restritiva de direitos figure como adequada para o fomento do
objetivo perseguido pela norma que a veicula, além de se revelar necessária para garantia da efetividade do direito tutelado e de
guardar equilíbrio no que concerne à realização dos fins almejados (proporcionalidade em sentido estrito).8. Hipótese concreta em
que a exigência legal não se mostra adequada para o fim por ela objetivado - garantir o adimplemento do crédito tributário -,
tampouco se afigura necessária para o alcance dessa finalidade: (i) inadequada porque, ao impedir a concessão da recuperação judicial
do devedor em situação fiscal irregular, acaba impondo uma dificuldade ainda maior ao Fisco, à vista da classificação do crédito
tributário, na hipótese de falência, em terceiro lugar na ordem de preferências; (ii) desnecessária porque os meios de cobrança das
dívidas de natureza fiscal não se suspendem com o deferimento do pedido de soerguimento. Doutrina.9. Consoante já percebido pela
Corte Especial do STJ, a persistir a interpretação literal do art. 57 da LFRE, inviabilizar-se-ia toda e qualquer recuperação judicial (REsp
1.187.404/MT).10. Assim, de se concluir que os motivos que fundamentam a exigência da comprovação da regularidade fiscal do
devedor (assentados no privilégio do crédito tributário), não tem peso suficiente - sobretudo em função da relevância da função social
da empresa e do princípio que objetiva sua preservação - para preponderar sobre o direito do devedor de buscar no processo de
soerguimento a superação da crise econômico-financeira que o acomete.RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.(REsp n. 1.864.625/SP,
relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 23/6/2020, DJe de 26/6/2020.)

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A Lei 14.112/20 melhorou o parcelamento, facilitando ainda mais o parcelamento. Em razão, disso, esperava-se que o
STJ alterasse o seu posicionamento. Entretanto, o STJ manteve o seu entendimento. Veja:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CONCESSÃO.
REGULARIDADE FISCAL. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE. DECISÃO MANTIDA. 1.A decisão monocrática que dá
provimento a recurso especial, com base em jurisprudência consolidada desta Corte, encontra previsão nos arts. 932, IV,
do CPC/2015 e 255, § 4°, II, do RISTJ, não havendo falar, pois, em nulidade por ofensa à nova sistemática do Código de
Processo Civil. Ademais, a interposição do agravo interno, e seu consequente julgamento pelo órgão colegiado, sana
eventual nulidade 2. Consoante jurisprudência pacífica do STJ, a "apresentação das certidões negativas de débitos
tributários não constitui requisito obrigatório para a concessão da recuperação judicial da empresa devedora, em virtude
da incompatibilidade da exigência com a relevância da função social da empresa e o princípio que objetiva sua
preservação" (AgInt no REsp n. 1.998.612/SP, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE. 3. Agravo interno a que se nega
provimento. (AgInt no AREsp n. 1.807.733/GO, relator Ministro Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em
28/11/2022, DJe de 5/12/2022.)

EFEITOS DA DECISÃO CONCESSIVA:

1. Novação: A decisão concessiva tem o efeito de provocar a novação. Que é a extinção da dívida anterior,
criando-se dívida nova.

Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos
os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.

§ 1o A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584,
inciso III, do caput da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

§ 2o Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor
e pelo Ministério Público.

Art. 360 do CC. Dá-se a novação:


I - Quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
II - Quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este.

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QUESTÃO - DPE/BA 2016. De acordo com a Lei no 11.101/2005 (Lei de Falências):
a) Os credores da massa falida são extraconcursais e devem ser pagos com precedência aos débitos trabalhistas e
tributários dos créditos da falência.
b) Pode ser decretada com fundamento na falta de pagamento, no vencimento, de obrigação líquida materializada em
títulos executivos protestados, independentemente de seu valor.
c) O administrador judicial deve ser pessoa física, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas
ou contador.
d) O plano de recuperação judicial não implica novação dos créditos anteriores ao pedido.
e) As obrigações do falido somente serão extintas depois do pagamento de todos os créditos.

OBSERVAÇÕES SOBRE A DECISÃO CONCESSIVA:

➢ Obs.1: CONTROLE JUDICIAL - O Juiz pode negar a recuperação judicial que foi aprovada pelos credores?

Precisamos destacar que NÃO cabe ao juiz análise de viabilidade econômica. Caberá ao juiz a análise de legalidade
(exemplo, plano que prevê o pagamento de credor trabalhista em 20 anos, afronta o art. 54. Nesse caso, cabe ao juiz não
o aprovar). Uma vez que o plano de recuperação judicial observou as exigências legais e foi aprovado em assembleia, o
juiz deverá homologá-lo e conceder a recuperação judicial do devedor, não sendo permitido ao magistrado a análise do
aspecto da viabilidade econômica da empresa. A aprovação do plano pela assembleia geral representa uma nova relação
negocial que é firmada e convencionada entre o devedor e os credores.

Tese 1 do Segundo caderno de Teses do STJ: Embora o juiz não possa analisar os aspectos da viabilidade econômica da
empresa, tem ele o dever de velar pela legalidade do plano de recuperação judicial, de modo a evitar que os credores
aprovem pontos que estejam em desacordo com as normas legais.

Enunciado 44 da I Jornada de Direito Comercial do CJF: “a homologação de plano de recuperação judicial aprovado
pelos credores está sujeita ao controle judicial de legalidade”.

➢ Obs2.: A novação provocada pela decisão concessiva é a mesma do Código Civil ?

Tese n. 11 do segundo Caderno de Teses do STJ: “A homologação do plano de recuperação judicial opera novação sui
generis dos créditos por ele abrangidos, visto que se submete à condição resolutiva”.

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A novação do CC leva a extinção da dívida anterior, criando-se dívida nova. A novação, na recuperação judicial, fica
condicionada a condição resolutiva de cumprir o plano de recuperação judicial integralmente. Se o devedor, cumprir
integralmente o plano de recuperação judicial, encerra-se a recuperação judicial e há a novação. Porém, se descumprir
integralmente o plano de recuperação de judicial, poderá ter a falência decretada. Ou seja, a recuperação judicial será
convertida em falência. E Isso ocorrendo, a prevê, no art. 61, §2º:

Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a manutenção do devedor em
recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até, no máximo, 2
(dois) anos depois da concessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência

§ 2o Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente
contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da
recuperação judicial.

Dessa forma, está submetido a uma condição resolutiva, somente havendo extinção da obrigação caso a devedora
cumpra com os termos dos ajustes contidos no plano de recuperação judicial.

➢ Obs. 3: A novação atinge os devedores solidários?

A novação NÃO atinge os devedores solidários. Atingirá somente a empresa em recuperação judicial. Veja:

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos.
§ 1º Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados,
fiadores e obrigados de regresso.

Tese 10) A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções nem induz suspensão
ou extinção de ações ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial,
real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos arts. 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a
que se refere o art. 59, caput, por força do que dispõe o art. 49, § 1º, todos da Lei n. 11.101/2005.
(Tese Julgada de acordo com o art. 543-C do CPC - TEMA 885)

Súmula 581 - Inteiro Teor - Súmula anotada - A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento
das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial,
real ou fidejussória.

NÃO TEM SUSPENSÃO DA


EXECUÇÃO CONTRA FIADOR

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QUESTÃO - CESPE – JUIZ FEDERAL – TRF5a Região 2017 –- Maria, credora de um título de crédito, ingressou com
um processo de execução somente contra o avalista João, já que o devedor principal, José, empresário individual, não
possuía bens disponíveis para uma eventual constrição judicial. No curso do processo de execução, sobreveio a
recuperação judicial de José, o que motivou o executado João a solicitar, com esse fundamento, que o juiz proferisse
decisão que impedisse o prosseguimento do processo de execução e habilitasse o crédito no feito da recuperação judicial.
Nessa situação hipotética, considerando o entendimento jurisprudencial sumulado a respeito da matéria, o juiz da causa
executiva deverá:
a) solicitar informações sobre a fase em que se encontra a recuperação judicial.
b) extinguir o processo de execução, devendo o credor se habilitar no processo de recuperação judicial.
c) solicitar a reserva, na recuperação judicial, do valor correspondente ao título executado.
d) suspender a ação de execução pelo prazo máximo e improrrogável de cento e oitenta dias.
e) indeferir o pedido e prosseguir normalmente a execução.
Gabarito: letra E

➢ Obs.4: qual momento do cancelamento da negativação do nome do devedor?

Enunciado 54 da 1ª Jornada de Direito Comercial. “O deferimento do processamento da recuperação judicial não enseja
o cancelamento da negativação do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito e nos tabelionatos de protestos.”

Tese 3) Apenas após a homologação do plano de recuperação judicial é que se deve oficiar os cadastros de
inadimplentes para que providenciem a baixa dos protestos e inscrições em nome da recuperanda.

2. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – Art. 59, §1º - A decisão concessiva é título executivo judicial.

Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos
os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.

§ 1o A decisão judicial que conceder a recuperação judicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584,
inciso III, do caput da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

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3. DA DECSIÃO CONCESSIVA CABERÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO:

Art. 59. O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos
os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado o disposto no § 1o do art. 50 desta Lei.

§ 2o Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor
e pelo Ministério Público.

Questão - MPE-BA - 2015 - MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto) assinale a alternativa INCORRETA sobre a
recuperação judicial e falência, conforme a Lei nº 11.101/2005:
a) A lei não se aplica a empresas públicas e sociedades de economia mista, dentre outras hipóteses legais.
b) O Ministério Público pode apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de
qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado.
c) O Ministério Público tem legitimidade para recorrer contra a decisão judicial que conceder a recuperação judicial.
d) O Ministério Público pode propor ação revocatória no prazo de 3 (três) anos contados da decretação da falência para
salvaguardar o interesse de credores e a massa falida.
e) Na realização do ativo, durante o processo falimentar, é dispensada a oitiva do Ministério Público.
Gabarito: E

ENCERRAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

O art.61, prevê que o juiz depois que dá a decisão concessiva, poderá determinar que o devedor fique até no máximo 2
anos naquele processo de recuperação judicial. Ou seja, o juiz que concedeu a recuperação judicial, acompanhará o
cumprimento do plano pelo prazo de 2 anos no máximo. Imagine que o prazo de cumprimento de plano de recuperação
judicial seja de 10 anos. O juiz acompanhará pelo prazo máximo de 2 anos, tão somente.

ATÉ 2 ANOS DE
ACOMPANHAMENTO
PELO JUIZ

PLANO DE RECUPERAÇÃO
Havendo descumprimento no período dos 2 JUDICIAL COM PRAZO DE
anos o juiz fará a CONVOLAÇÃO EM 10 ANOS
FALÊNCIA – transformar a recuperação
judicial em falência.

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Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá determinar a manutenção do devedor em
recuperação judicial até que sejam cumpridas todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até, no máximo, 2
(dois) anos depois da concessão da recuperação judicial, independentemente do eventual período de carência

§ 1o Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano
acarretará a convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.

§ 2o Decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente
contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da
recuperação judicial.

PLANO INTEGRALMENTE CUMPRIDO – o juiz proferirá uma sentença de encerramento ao processo de recuperação
judicial. Veja que não se está encerrando o plano de recuperação judicial, mas sim o processo. Veja:

Art. 63. Cumpridas as obrigações vencidas no prazo previsto no caput do art. 61 desta Lei, o juiz decretará por
sentença o encerramento da recuperação judicial e determinará
I – O pagamento do saldo de honorários ao administrador judicial, somente podendo efetuar a quitação dessas
obrigações mediante prestação de contas, no prazo de 30 (trinta) dias, e aprovação do relatório previsto no inciso III
do caput deste artigo;
II – A apuração do saldo das custas judiciais a serem recolhidas;
III – a apresentação de relatório circunstanciado do administrador judicial, no prazo máximo de 15 (quinze) dias,
versando sobre a execução do plano de recuperação pelo devedor;
IV – A dissolução do Comitê de Credores e a exoneração do administrador judicial;
V – A comunicação ao Registro Público de Empresas e à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da
Economia para as providências cabíveis.
Parágrafo único. O encerramento da recuperação judicial não dependerá da consolidação do quadro geral de credores.

CONVOCAÇÃO DA FALÊNCIA: Transformação da recuperação judicial em falência.

Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:

I – Por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;


A assembleia pode pedir a conversão. Veja que não é comum.

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II – Pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei;
O devedor tem o prazo improrrogável de 60 dias para apresentar o plano de recuperação. Inobservado esse prazo, o
juiz, converterá a recuperação judicial em falência.

III – quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou rejeitado o plano de recuperação judicial
proposto pelos credores, nos termos do § 74º do art. 56 e do art. 58-A desta Lei;
Reprovação do plano pela Assembleia, haverá a conversão da recuperação judicial em falência.

IV – Por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta
Lei.
Durante o prazo de 2 anos, havendo descumprimento, o juiz, fará a conversão.

V - Por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou da transação prevista no art. 10-C da Lei nº
10.522, de 19 de julho de 2002; e

Descumprimento:
a. Parcelamento → Art. 68.
b. Transação → Art. 10-C, Lei 10522/2022.

VI - Quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que implique liquidação substancial da empresa, em
prejuízo de credores não sujeitos à recuperação judicial, inclusive as Fazendas Públicas

FINANCIAMENTO DIP - DIP Financing (debtor-in-possession):

O DIP financing, é a modalidade de financiamento para empresas em recuperação judicial que possibilita suprir a falta
de fluxo de caixa para arcar com as despesas operacionais enquanto a empresa está sob a proteção judicial. Ou seja: um
instrumento necessário para garantir o funcionamento da empresa, já que a maioria delas está em uma crise de liquidez,
sem os recursos necessários para saldar sequer suas obrigações correntes.

Art. 69-A. Durante a recuperação judicial, nos termos dos arts. 66 e 67 desta Lei, o juiz poderá, depois de ouvido o
Comitê de Credores, autorizar a celebração de contratos de financiamento com o devedor, garantidos pela oneração ou
pela alienação fiduciária de bens e direitos, seus ou de terceiros, pertencentes ao ativo não circulante, para financiar as
suas atividades e as despesas de reestruturação ou de preservação do valor de ativos.

CRÉDITO EXTRACONCURSAL –
ART. 84

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Art. 69-B. A modificação em grau de recurso da decisão autorizativa da contratação do financiamento não pode alterar
sua natureza extraconcursal, nos termos do art. 84 desta Lei, nem as garantias outorgadas pelo devedor em favor do
financiador de boa-fé, caso o desembolso dos recursos já tenha sido efetivado.

Art. 66-A. A alienação de bens ou a garantia outorgada pelo devedor a adquirente ou a financiador de boa-fé, desde que
realizada mediante autorização judicial expressa ou prevista em plano de recuperação judicial ou extrajudicial aprovado,
não poderá ser anulada ou tornada ineficaz após a consumação do negócio jurídico com o recebimento dos recursos
correspondentes pelo devedor.

GARANTIAS EM FAVOR DO FINANCIADOR: A lei autorizou a garantia subordinada.

Art. 69-C. O juiz poderá autorizar a constituição de garantia subordinada sobre um ou mais ativos do devedor em favor
do financiador de devedor em recuperação judicial, dispensando a anuência do detentor da garantia original.
§ 1º A garantia subordinada, em qualquer hipótese, ficará limitada ao eventual excesso resultante da alienação do ativo
objeto da garantia original.
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica a qualquer modalidade de alienação fiduciária ou de cessão
fiduciária.

Art. 69-D. Caso a recuperação judicial seja convolada em falência antes da liberação integral dos valores de que trata
esta Seção, o contrato de financiamento será considerado automaticamente rescindido.
Parágrafo único. As garantias constituídas e as preferências serão conservadas até o limite dos valores efetivamente
entregues ao devedor antes da data da sentença que convolar a recuperação judicial em falência.

QUEM PODERÁ SER O FINANCIADOR: qualquer pessoa.

Art. 69-E. O financiamento de que trata esta Seção poderá ser realizado por qualquer pessoa, inclusive credores sujeitos
ou não à recuperação judicial, familiares, sócios e integrantes do grupo do devedor.

QUEM PODE DAR A GARANTIA: qualquer pessoa.

Art. 69-F. Qualquer pessoa ou entidade pode garantir o financiamento de que trata esta Seção mediante a oneração ou
a alienação fiduciária de bens e direitos, inclusive o próprio devedor e os demais integrantes do seu grupo que estejam
ou não em recuperação judicial.

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RECUPERAÇÃO JUDICIAL ESPECIAL

CABIMENTO:

Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1º desta Lei e que se incluam nos conceitos de microempresa ou empresa de
pequeno porte, nos termos da legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.

NOVIDADE:

Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá apresentar plano especial de recuperação
judicial, nos termos desta Seção, desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos
mil reais) → Produtor rural também pode se beneficiar de uma recuperação judicial pelo pano especial, desde que o
valor da causa não exceda r$ 4.800.000,00.

REQUISITOS: os mesmos de uma recuperação judicial (art. 48):


1. Atividade regular a mais de 2 anos;
2. Aquele que teve a falência decretada, não ter decretada a sua recuperação judicial, exceto se teve suas
obrigações extintas por sentença.
3. Quem já teve recuperação judicial decretada, somente poderá ter uma nova, após 5 anos contatados da
recuperação judicial.
4. Não ter sido concedendo por crime falimentar.

QUESTÃO: TJ/PR – 2021 – Juiz Substituto – FGV - Em razão das alterações promovidas pela Lei nº
14.112/2020 na Lei nº 11.101/2005, quanto à legitimidade para pleitear recuperação judicial pelo plano especial, o
produtor rural:
a) poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça regularmente suas atividades há mais de
dois anos e desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00;
b) poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que esteja enquadrado como microempresa ou
empresa de pequeno porte há mais de dois anos e desde que sua receita bruta anual não exceda a R$ 4.800.000,00;
c) ainda que não empresário, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, independentemente de prazo
mínimo de exercício de sua atividade, desde que o fluxo de caixa apurado no Livro Caixa Digital do Produtor Rural
(LCDPR) não exceda a R$ 4.800.000,00;

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d) ainda que não empresário, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça regularmente
suas atividades há pelo menos seis meses e desde que seu passivo quirografário sujeito à recuperação judicial não
exceda a R$ 4.800.000,00;
e) empresário pessoa jurídica, poderá apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que exerça
regularmente suas atividades há mais de um ano e desde que seu patrimônio líquido apurado no balanço do exercício
anterior ao do ano do pedido não exceda a R$ 4.800.000,00.

CRÉDITOS SUJEITOS AOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ESPECIAL – São os mesmos créditos da recuperação
judicial comum!

I - Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de
repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; (Redação dada pela Lei Complementar nº
147, de 2014)

I – Abrangerá exclusivamente os créditos quirografários, excetuados os decorrentes de repasse de recursos oficiais e os


previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei; (redação anterior)

I - Abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, excetuados os decorrentes de
repasse de recursos oficiais, os fiscais e os previstos nos §§ 3º e 4º do art. 49; (Redação dada pela Lei Complementar nº
147, de 2014)

DIRERENÇA - PROCESSAMENTO:

PLANO – 1ª
diferença – não
há liberdade

P.I DESPACHO DE EDITAL HABILITAÇÃO DE NOVA RELAÇÃO OBJEÇÃO


PROCESSAMENTO CRÉDITO DE CREDORES – 2ª
diferença

Na especial, não tem Assembleia. Portanto, o juiz


aprova o plano. Entretanto, se o juiz verificar que
mais da ½ de qualquer uma das classes de crédito
apresentou a objeção, o juiz, decretará a FALÊNCIA
(art. 72, §único).

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PLANO:

II - Preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais, iguais e sucessivas, acrescidas de juros
equivalentes à taxa Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de
abatimento do valor das dívidas; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III – preverá o pagamento da 1ª (primeira) parcela no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da
distribuição do pedido de recuperação judicial;

Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de recuperação judicial com base no plano
especial disciplinado nesta Seção, não será convocada assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano, e o
juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais exigências desta Lei.

Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de recuperação judicial e decretará a falência do
devedor se houver objeções, nos termos do art. 55, de credores titulares de mais da metade de qualquer uma das
classes de créditos previstos no art. 83, computados na forma do art. 45, todos desta Lei. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 147, de 2014)

RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL:

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QUEM PODE TER O BENEFÍCIO? Os mesmos que podem ter a recuperação judicial, ou seja:
➢ Empresário individual;
➢ Sociedade empresária.

REQUISITOS: São os mesmos requisitos da recuperação judicial (art. 48)


1. Atividade regular a mais de 2 anos;
2. Aquele que teve a falência decretada, não ter decretada a sua recuperação judicial, exceto se teve suas
obrigações extintas por sentença.
3. Quem já teve recuperação judicial decretada, somente poderá ter uma nova, após 5 anos contatados da
recuperação judicial.
4. Não ter sido concedendo por crime falimentar.

Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de
recuperação extrajudicial.

ATENÇÃO: Se estiver pendente pedido de recuperação judicial NÃO cabe plano extrajudicial. Também, não caberá se
já teve a concessão de recuperação judicial ou homologação de plano extrajudicial a menos de 2 anos.

§3º O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação
judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há
menos de 2 (dois) anos.

CRÉDITOS SUJEITOS AOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL – Todos os créditos poderão fazer parte da
recuperação judicial. Mas, cuidado: os créditos trabalhistas precisam desde que haja negociação coletiva com o
sindicato. Os créditos que não podem fazer parte da recuperação judicial, também não poderão fazer parte na
extrajudicial.

Art. 161 - § 1º Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na data do pedido, exceto os
créditos de natureza tributária e aqueles previstos no § 3º do art. 49 e no inciso II do caput do art. 86 desta Lei, e a
sujeição dos créditos de natureza trabalhista e por acidentes de trabalho exige negociação coletiva com o sindicato da
respectiva categoria profissional. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

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PROCESSAMENTO:

a) A petição inicial deverá conter a justificativa para o pedido de recuperação extrajudicial e o documento que contenha
seus termos e condições, com a assinatura dos credores que a ela aderiram.

Além disso, para obter a homologação obrigatória, compulsória ou impositiva (modalidade que será examinada a
seguir), a petição inicial deverá também estar acompanhada dos seguintes documentos:

✓ Exposição da situação patrimonial do devedor;


✓ Demonstrativos contábeis;
✓ A relação nominal dos credores, a classe dos credores;
✓ Poderes dos subscritores para novar ou transigir.

b) Desistência - Uma vez realizada a distribuição do pedido da recuperação extrajudicial, o credor não poderá desistir
da adesão ao plano, salvo se conseguir a autorização dos demais signatários.

c) Limitações ao Plano de Recuperação Extrajudicial:

Por força do art. 161, §2º, o plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento
desfavorável aos credores que a ele não estão sujeitos.

De outro lado, nos moldes do art. 166, o plano de recuperação extrajudicial poderá determinar a alienação judicial de
filiais ou de unidades produtivas.

HOMOLOGAÇÃO FACULTATIVA:

Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua
justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram

VANTAGENS:

Ter um título executivo judicial (sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial).


Viabilizar a alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor.

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HOMOLOGAÇÃO OBRIGATÓRIA COMPULSÓRIA OU IMPOSITIVA:

Art. 163. O devedor poderá também requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga todos os
credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais da metade dos créditos de cada espécie
abrangidos pelo plano de recuperação extrajudicial. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 1º O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do
caput, desta Lei, ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez
homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos
até a data do pedido de homologação.
§ 2º Não serão considerados para fins de apuração do percentual previsto no caput deste artigo os créditos não incluídos no
plano de recuperação extrajudicial, os quais não poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas.
§ 3º Para fins exclusivos de apuração do percentual previsto no caput deste artigo:
I – o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de assinatura do
plano; e
II – Não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no art. 43 deste artigo.
§ 4º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas
mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
§ 5º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito
aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial.
§ 6º Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos documentos previstos no caput do art. 162 desta Lei, o
devedor deverá juntar:
I – Exposição da situação patrimonial do devedor;
II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir o pedido, na
forma do inciso II do caput do art. 51 desta Lei; e
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relação nominal completa dos
credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando
sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente.
§ 7º O pedido previsto no caput deste artigo poderá ser apresentado com comprovação da anuência de credores que
representem pelo menos 1/3 (um terço) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos e com o compromisso de, no
prazo improrrogável de 90 (noventa) dias, contado da data do pedido, atingir o quórum previsto no caput deste artigo, por
meio de adesão expressa, facultada a conversão do procedimento em recuperação judicial a pedido do devedor. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 8º Aplica-se à recuperação extrajudicial, desde o respectivo pedido, a suspensão de que trata o art. 6º desta Lei,
exclusivamente em relação às espécies de crédito por ele abrangidas, e somente deverá ser ratificada pelo juiz se comprovado
o quórum inicial exigido pelo § 7º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)

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