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Fatores de Risco e Fatores de Proteção

● Fatores de Risco
É qualquer situação que aumente a probabilidade de ocorrência de uma doença ou
perturbação ou o agravamento destas.
São condições ou variáveis associadas à alta probabilidade de ocorrência de
outcomes negativos ou indesejáveis. Estes fatores podem ser de natureza pessoal,
ambiental/contextual ou social. De entre tais fatores encontram-se os
comportamentos do indivíduo que podem comprometer a saúde, o bem-estar ou o
desempenho social do indivíduo.
Assim, considera-se risco todo o evento que se configura como obstáculo ao nível
individual ou ambiental e que potencializa a vulnerabilidade do indivíduo a
resultados desenvolvimentais negativos.

Fatores de Risco

_ Predisponentes (história de desenvolvimento)


_ Precipitantes (início e desenvolvimento)
_ De manutenção (dificuldades atuais)

Procura responder a três questões:


- Que vulnerabilidades tinha este indivíduo para desenvolver este problema? -
Fatores predisponentes - História de desenvolvimento e aprendizagens prévias
- O que desencadeou o problema? - Fatores precipitantes - Início e
desenvolvimento
- O que mantém o problema? - Fatores de manutenção - Dificuldades atuais
Fatores de Risco

a) Fatores de manutenção
A tarefa principal é definir o problema e os modos como este se mantém,
habitualmente em termos de círculos viciosos.
Exemplo: A sente-se deprimido e isola-se, pensa acerca do facto de estar
sozinho e torna-se
progressivamente mais deprimido
b) Fatores precipitantes
Pensar nos fatores que precipitaram o problema (p. ex. acontecimento de vida)
adiciona um outro nível à conceptualização clínica. Pode ter sido um
acontecimento stressante (ou conjunto de acontecimentos stressantes) ou
vulnerabilidade pessoal.

Fatores de Risco

c) Fatores predisponentes
São os fatores que predispõem alguém a ficar, por exemplo, deprimido. Fatores
biológicos ou psicológicos adicionam outro nível à formulação.
A este nível mais profundo a formulação seria capaz de reproduzir o significado
das estruturas pelas quais as pessoas interpretam e pensam acerca, recordam e
contam as suas experiências.

Fatores sociais, culturais e históricos


Este nível reflete o contexto social, cultural e histórico em que o sujeito
experimenta as dificuldades. Inclui as normas culturais implícitas e explícitas
Ex. “os homens não devem mostrar os seus sentimentos” “ as mulheres são
sempre fadas do lar” etc.
Fatores de Risco e Fatores de Proteção

Fatores de Proteção
Um fator protetor pode ser definido como "uma característica ao nível biológico,
psicológico, familiar ou comunitário (incluindo pares e cultura) que está associada
a uma menor probabilidade de outcomes negativos, ou que reduz o impacto
negativo de um fator de risco.

Multifinalidade e Equifinalidade

● O princípio de Equifinalidade reflete o facto de que múltiplos fatores de


risco podem conduzir ao mesmo resultado. Ou seja, para cada
perturbação em particular existem múltiplos fatores de risco e diferentes
trajetórias que podem conduzir o indivíduo até lá.
○ Por exemplo, os fatores de risco para o abuso de substâncias incluem influências
provenientes do grupo de pares, da escola, da família, da genética e do próprio
indivíduo.
○ Como tal, se o objetivo de um programa de prevenção é prevenir a emergência de um
resultado específico, as intervenções delineadas devem acautelar os múltiplos
fatores de risco dessa perturbação bem como o conjunto de relações causais que
demonstraram conduzir a essa perturbação.
Multifinalidade e Equifinalidade

● O princípio de Multifinalidade, por outro lado, refere-se ao processo através


do qual um fator de risco particular, ou um acontecimento
desenvolvimental maladaptativo precoce em particular, pode levar a
uma diversidade de resultados.

● Os fatores de risco são muitas vezes não específicos para uma
perturbação em particular, e diferentes perturbações podem
partilhar fatores de risco em comum.
○ Por exemplo, muitos dos fatores de risco que colocam a criança em risco para o
abuso de substâncias estão também implicados no desenvolvimento de
problemas de comportamento, e alguns destes mesmos fatores também colocam a
criança em risco de depressão.
○ Desta forma, alguns fatores de risco podem ser vistos como genéricos, na medida em
que “servem” de antecedentes de múltiplas perturbações.

Trajetórias de Vulnerabilidade e Resiliência

⚫ Assim, e numa perspetiva de operacionalização de intervenções


preventivas, percebe-se que existem múltiplos caminhos para desenvolver
uma perturbação ou disfunção e que provavelmente vários processos causais
operam em diferentes indivíduos.
⚫ Para além disso, pode-se afirmar que a vulnerabilidade precoce não “condena”
o indivíduo a uma perturbação no futuro e, em vez disso, as experiências
subsequentes podem promover a compensação dessas fragilidades
precoces.
⚫ Neste âmbito, compreender trajetórias de adaptação de indivíduos
resilientes que foram expostos a riscos extremos e a adversidade precoce,
apresenta-se como uma oportunidade importante para a investigação no
sentido de delinear planos de prevenção. A identificação de processos que
contribuam para o retomar da trajetória adaptativa do indivíduo, no decurso
do seu desenvolvimento, é de particular valor para integrar o desenho de
intervenções preventivas.
Trajetórias de Vulnerabilidade e Resiliência

⚫ 1. Vulnerabilidade
A vulnerabilidade de um indivíduo para qualquer doença representa e
determina o risco, nomeadamente a facilidade e a frequência com que
determinados desafios à sua “homeostasia” possam levar à perturbação.
A pessoa com elevada vulnerabilidade é aquela para quem as numerosas
contingências, mais ou menos complexas da sua vida diária, são
suficientes para desencadear um episódio de perturbação.
A pessoa de baixa vulnerabilidade é aquela em que “parece não haver
nada” que as possa perturbar, só uma situação excecional e catastrófica
poderia conduzir a um episódio de doença.

Trajetórias de Vulnerabilidade e Resiliência

⚫ 1. Vulnerabilidade
Dois tipos de vulnerabilidade
Considera-se existirem dois tipos de vulnerabilidade: a inata e a adquirida.
⚪ A inata refere-se à vulnerabilidade que está registada nos genes e refletida no ambiente interno e
na neurofisiologia do organismo.
⚪ A adquirida é a vulnerabilidade que decorre da influência da experiência de situações
anteriores com trauma, doenças específicas, complicações perinatais, experiências na família,
falta de intimidade nas amizades interpares na adolescência, e outros acontecimentos críticos
de vida que contribuam para estimular ou para inibir o desenvolvimento de subsequente
perturbação.
Trajetórias de Vulnerabilidade e Resiliência

• 2. Resiliência
Capacidade que um indivíduo ou uma população apresenta, após um
momento ou período de adversidade, conseguindo adaptar-se ou
evoluir positivamente após e face a essa situação.
A resiliência pode ser definida como a forma como percecionamos as
adversidades e a capacidade para lidar e recuperar das adversidades no
dia-a-dia e ao longo da vida.
A resiliência não é um traço de personalidade mas pressupõe uma forma
de pensar, sentir e agir perante as adversidades onde a regulação
emocional é fundamental.

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