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O ESSENCIAL SOBRE

INNER
SKILLS
AS HABILIDADES INTERNAS

MARCELO DE ELIAS
MARCELO DE ELIAS
é escritor, palestrante e professor de desenvolvimento executivo na FGV e Fundação
Dom Cabral. Mestre em Inovação e Design Thinking. Formação internacional na
Universidade de Tampa na Flórida/EUA. MBAs em Gestão Estratégica na USP e Gestão
de Pessoas na FGV. Pós em neurociências, psicologia positiva e mindfulness pela
PUC/Paraná. Formações executivas pela FDC.

Experiência como Executivo de Recursos Humanos e atua como conselheiro consultivo


de instituições e empresas

Fundador da “Universidade da Mudança“, um dos maiores portais brasileiros de


conteúdo sobre mudanças.

Reconhecido e premiado como um dos grandes especialistas do Brasil em mudanças,


inovação, liderança e comportamento adaptativo.

Atende grandes clientes como GPA/Pão de Açúcar, Cobasi, Leroy Merlin, SBT, Marisa,
Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco,
Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal,
Ministério Público, INPE, entre outros de diversos segmentos.

Suas palestras tem o diferencial do "conteúdo com leveza", onde o professor


apresenta conteúdos altamente atualizados e inovadores, mas sempre com uma
linguagem acessível para todos os públicos, dosando informações, inspirações, ideias,
bom humor e boas histórias. Através de mensurações na metodologia NPS junto aos
contratantes, o índice de recomendação é de 100%.

As palestras não são "produtos de prateleira", mas sim, projetos 100% personalizados
e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem
atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.

Saiba mais em www.marcelodeelias.com.br

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01
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
PREFÁCIO
Boas-vindas à jornada de descobertas sobre as Inner Skills.

Em um mundo cada vez mais exigente, as habilidades internas são a chave para
alcançar equilíbrio em nossas vidas e sucesso em nossas carreiras e negócios.
No entanto, muitas vezes, as priorizamos menos do que as demais habilidades,
como o conhecimento técnico (Hard Skills) ou habilidades sociais e
comportamentais (Soft Skills).

Inner Skills é o termo utilizado para descrever as habilidades internas que


moldam o nosso caráter, essência e mentalidades e nos permitem alcançar o
máximo potencial.

Esse tema é bastante novo e praticamente pouca coisa foi produzida no mundo
sobre isso. Entretanto, o assunto vem ganhando força entre as empresas porque
elas estão percebendo que o complexo cenário atual vem exigindo outra forma
de ver os colaboradores e suas competências.

Problemas relacionados à saúde mental, falta de engajamento, burnout,


ansiedade, falta de foco e constantes dificuldades emocionais são crescentes na
realidade organizacional e, por isso, eu entendo que as Inner Skills serão as
habilidades mais importantes para os profissionais em breve.

Eu comecei a falar desse assunto em 2019 e, em 2020, publiquei meu primeiro


artigo sobre as habilidades internas. Nessa época existiam apenas alguns poucos
materiais internacionais. Fazendo uma procura bem ampla em bases de
pesquisas, tenho a alegria de afirmar que sou o pioneiro desse assunto no Brasil.
Atualmente, além de mim, alguns excelentes escritores e profissionais do país
também tem dedicado atenção na produção de conteúdo sobre elas.

Neste livro digital, você encontrará o essencial para uma jornada pessoal através
da descoberta e desenvolvimento destas habilidades.

Através de conceitos inéditos, exemplos que facilitam a compreensão e algumas


ideias de práticas eficazes, você entenderá a importância delas para o mundo dos
negócios e terá insights sobre como implementar em sua empresa e em sua vida.

Este livro digital é para aqueles que buscam uma vida mais significativa e
equilibrada, uma carreira com resultados sustentáveis e que preservam nossa
saúde, e que estão dispostos a investir em si mesmos e entender como podemos
ajudar outras pessoas nas organizações empresariais.

Ele foi escrito para mudar essa perspectiva e mostrar a importância fundamental
das Inner Skills. Prepare-se para embarcar em uma jornada pessoal de
desenvolvimento e transformação.

Espero que goste. Boa leitura.

Marcelo de Elias - 2023


@marcelodeelias

02
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
SUMÁRIO
Introdução: chegou a vez das Inner Skills - as habilidades internas 04
Começando pelo “lado de dentro" 06
O que podemos aprender com o “aviso do comissário de bordo”? 08
Percebendo as diferenças entre as Hard, Soft e Inner Skills 10
Vamos aprofundar sobre as Inner Skills? 15
Inner Skills, VUCA, BANI, Great Resignation, Quiet Quitting e saúde
mental: por que as habilidades internas são importantes? 17
Por que dar a atenção para as Inner Skills se estamos em um ambiente
social e de relacionamentos e conexões? 19
Os grupos de habilidades que formam os 5 tipos de Inner Skills 22
Alguns exemplos de Inner Skills 25
Uma lista de outras Inner Skills 28
Como as empresas e RHs podem incentivar o desenvolvimento das
Inner Skills 30
Em primeira pessoa: Como desenvolver as Inner Skills em você? 33
Para encerrar nossa jornada 36

03
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
INTRODUÇÃO:
CHEGOU A VEZ DAS INNER SKILLS -
AS HABILIDADES INTERNAS
Talvez você já tenha ouvido falar nas Hard Skills e Soft Skills. Você já percebeu
que muitas pessoas tentam desenvolver essas competências e nem sempre
conseguem praticá-las?

Tive contato com profissionais assim. Lembro-me de um caso que ilustra bem
essa ideia.

Certa vez, prestando serviços para uma empresa, fui apresentado a um


profissional da área financeira que era um grande conhecedor de ferramentas e
legislações. Além disso, ele era muito bem qualificado, possuía cursos bastante
valorizados no mercado e com formação em uma ótima universidade.

Entretanto, o rapaz tinha enormes dificuldades em relacionamento interpessoal e


autocontrole emocional. Essas duas habilidades são exemplos das chamadas Soft
Skills, ou habilidades sociocomportamentais.

Para minimizar as dificuldades, o chefe dele conseguiu um patrocínio da empresa


para que participasse de um treinamento que ensinava várias coisas sobre
trabalho em time, comunicação, inteligência emocional, entre outros temas
relevantes para o aperfeiçoamento daquele profissional.

Sabemos que para muitas pessoas isso é suficiente para despertar novas
atitudes, mas, para tantos outros, parece que tais programas não surtem os
resultados esperados. Foi esse o caso.

A performance desse profissional continuou limitada e, por muitas vezes, a


permanência dele na organização gerava problemas na equipe, no clima
organizacional, na relação com a liderança e até mesmo com o cliente. O final da
história dele na empresa não foi bom. Ele foi demitido.

Depois de alguns anos, em um evento em que fui palestrar, reencontrei esse


profissional. Conversando com ele, percebi que parecia bastante diferente e um
tanto quanto feliz.

Ele me disse que trabalhava em outra empresa e que estava crescendo na


carreira. Fiquei curioso para saber mais sobre sua trajetória profissional e ele me
deu a chave do que fez essa mudança acontecer.

Depois de perder o emprego ele manifestou alguns problemas emocionais que


demandaram sessões de terapia com um psicólogo. Foi difícil lidar com o
sentimento de rejeição e de perda. Disse-me que a terapia o ajudou a ter mais
autoconhecimento e avaliar suas crenças sobre a vida e sobre como ele interagia
com as pessoas.

Daí em diante, segundo suas palavras, ele mudou bastante, o que fez com que
ele melhorasse seus relacionamentos e sua maturidade emocional.

04
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Não é difícil perceber que existem algumas habilidades que servem de alicerce
para outras, e elas são, na maioria das vezes, intrínsecas, pois, quando estamos
bem com nós mesmos, conseguimos lidar melhor com o outro e com as situações
que acontecem ao nosso redor.

Eu não tenho dúvidas de que as principais habilidades desejadas nos


profissionais serão mais bem desempenhadas se, antes, forem desenvolvidas
algumas condições interiores.

Observando esse caso e refletindo sobre essas condições interiores, proponho


uma reflexão: será que o problema de muitas pessoas não seria algo mais
“interno”? Será que a dificuldade não seria intrapessoal?

Estou me referindo às INNER SKILLS.

05
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
COMEÇANDO PELO “LADO DE DENTRO"

Parece indelicado falar apenas de outras pessoas, então faço questão de mostrar
uma fragilidade minha que também serve de exemplo e aprendizado.

Eu sempre fui desorganizado. Na verdade, acho que ainda sou um pouco. Mas a
minha desorganização não era tanto sobre deixar as coisas jogadas por todos os
cantos, mas sim, sobre as prioridades e como colocar em ordem as minhas
principais tarefas e projetos.

Logo que o dia começava, eu desejava ser bastante produtivo, mas, na primeira
hora de trabalho eu já estava perdido, sem saber o que priorizar, perdendo o
foco e deixando que as interrupções mudassem todo meu planejamento.

Percebi que uma habilidade que eu precisava desenvolver era essa: Gestão do
Tempo. Eu sabia que, para crescer na carreira, eu deveria desenvolver algumas
“skills” e, a dificuldade em ter produtividade pessoal era uma das coisas que mais
me prejudicava.

Você também já parou para pensar sobre quais habilidades profissionais, ou


skills, você precisa desenvolver? Eu fiz isso e resolvi agir. Decidi fazer um curso
sobre gestão do tempo e produtividade pessoal.

Fiz o treinamento e foi muito bom. Aprendi coisas que realmente eu não sabia,
inclusive, a usar melhor alguns recursos tecnológicos para organizar minhas
atividades e tarefas. Lembro que o curso me ensinou a fazer uma planilha no
Excel para organizar a semana de trabalho e avaliar o que deveria ser prioritário.
Saí do curso bastante animado e com várias reflexões e conhecimentos para me
ajudar.

Meu sentimento é que realmente tinha valido a pena dedicar tempo e dinheiro
naquele treinamento que me ajudaria a ser mais produtivo e,
consequentemente, um profissional melhor.

Logo na primeira semana após o curso, por várias vezes, eu busquei colocar em
prática aquilo que eu havia aprendido e, sabe o que aconteceu? Adiantou em
quase nada! Tentei mais algumas vezes até quase desistir de desenvolver essa
habilidade.

Mas eu não deveria fazer isso! Como um profissional que quer aprender mais e
ser melhor, eu sabia que fazer uma boa gestão do tempo era essencial para
meus resultados.

Quando eu estava quase desistindo, conversei com uma amiga que é psicóloga e
ela chamou a minha atenção para algo que eu já sabia, mas que eu não tinha
percebido o quanto me atrapalhava profissionalmente.

06
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Ela afirmou que eu era muito ansioso. Ela tinha razão! O excesso de ansiedade
me fazia um grande mal, não apenas para as questões psicológicas e emocionais,
mas, principalmente, para o meu desempenho profissional.

A ansiedade fazia com que eu não tivesse paciência para planejar o meu dia e,
mesmo quando conseguia fazer meu planejamento diário, eu invertia todas as
prioridades, pois meu jeito ansioso fazia com que eu dedicasse mais tempo
àquilo que mais me preocupava e não necessariamente no que era mais
importante.

E quando eu precisava focar em algo? Ter concentração em atividades que


precisavam de atenção é essencial, mas, bastava eu ficar alguns minutos
dedicado a alguma coisa que, vários pensamentos e preocupações tomavam
conta da minha mente e... já era! Lá se foi a concentração.

Você entende por que o meu desempenho não estava adequado? Não foi difícil
perceber que eu tinha que buscar outras ações de aperfeiçoamento e entendi
que, o que precisava desenvolver, era algo extremamente intrapessoal e interno.
Eu precisava desenvolver a concentração, o equilíbrio emocional e a serenidade.
Eu tinha que aprender a controlar a ansiedade.

Dediquei tempo e esforços nisso e não foi nada fácil. Aprendi técnicas de
respiração para ter mais foco. Comecei a meditar algumas noites. Exercitei
algumas coisas sobre atenção plena e estar verdadeiramente presente em cada
situação. Comecei a contar até 10 quando a ansiedade surgia.

Tudo isso fez toda a diferença em minha vida pessoal e profissional. Estava ali a
chave que abria a porta da produtividade. Essa era a pedra angular do meu
desempenho.

Aprendi, exercitei, desenvolvi e evoluí. Já sou quase nota 9.

Precisei melhorar algo muito íntimo para poder ser melhor em algo que impacta
a mim mesmo e, consequentemente, outras pessoas.

Mas, em um mundo de conexões e relacionamentos, não é errado “colocar-se em


primeiro plano”?

07
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
O QUE PODEMOS APRENDER COM O
“AVISO DO COMISSÁRIO DE BORDO”?

Em meu trabalho eu sempre tenho a necessidade de deslocamento em aviões.


Não me lembro bem quando foi meu primeiro voo, mas, uma das coisas que me
chamou a atenção naquela oportunidade foi um dos avisos da equipe de
comissários de bordo.

Hoje em dia eu já praticamente decorei o que eles dizem, mas, na época era
novidade. Trata-se do “anúncio padrão de segurança”. Naquela oportunidade, e
em todas as outras desde então, a chefe de cabine nos instruiu sobre o uso das
máscaras de oxigênio no caso de uma despressurização da aeronave.

"Lembre-se: coloque a máscara de oxigênio primeiro em você para depois ajudar


outra pessoa". Disse ela.

Esse aviso é bastante tradicional e quase que corriqueiro, a ponto de, nem todo
mundo prestar a devida atenção, mas, isso não diminui a importância da
mensagem.

Os comissários de bordo fazem esse anúncio para garantir a segurança dos


passageiros em caso de emergência a bordo do avião. Em caso de
despressurização da cabine, é necessário que cada pessoa coloque sua máscara
de oxigênio o mais rapidamente possível e, somente depois disso, deve ajudar
outras pessoas, entre elas as crianças e quem mais tiver dificuldade.

A razão é simples: se você se complicar ao tentar ajudar o outro, sem antes


garantir o suprimento de oxigênio para você, é possível que ambos tenham
sérios problemas.

Devido a despressurização da cabine de um avião, pode acontecer que o


passageiro perca consciência pela queda rápida na pressão e concentração de
oxigênio. Isso pode gerar lesões graves ou mesmo a morte.

Naquele momento, a frase me fez parar e refletir. Embora pareça óbvio, na


correria do dia a dia, muitas vezes nos esquecemos de priorizar nossa própria
existência, saúde e bem-estar. Muitas vezes, bem-intencionados, preocupamos
tanto com o bem-estar dos outros que acabamos negligenciando nossas próprias
necessidades.

Da mesma forma que o aviso de segurança, a tradicional e corriqueira demanda


intensa por resultados no trabalho faz com que não prestemos atenção a nós
mesmos, mas, isso, não diminui a importância do autocuidado.

O aviso me fez reforçar a ideia da importância de nos cuidarmos primeiro.


Se você não estiver bem, não poderá ajudar ninguém de forma eficaz.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Muitas vezes, a sociedade nos ensina a priorizar as necessidades dos outros
antes de pensar em nós mesmos, mas isso pode levar a uma sobrecarga e
esgotamento. Quando se dedica tempo a si mesmo, você pode recarregar suas
baterias, processar seus pensamentos e emoções, e se preparar para lidar com
as situações do trabalho de uma maneira saudável e íntegra com seus propósitos
e objetivos.

Dedicar tempo e atenção a si mesmo não é errado. De fato, é uma parte crucial
da jornada de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Além disso, dar
atenção a si mesmo permite que você se conheça melhor, compreenda suas
necessidades e fortalezas e trabalhe em direção a seus objetivos profissionais.

Isso não é egoísmo. Mesmo quando se é altruísta, cuidar de si em “primeira


pessoa” o tornará mais forte, mais equilibrado e mais capaz de oferecer apoio e
ajuda aos outros.

Colocar foco em si mesmo o ajuda a desenvolver algumas habilidades como


autoconsciência, autogestão, foco e resiliência, que são atitudes valiosas para
lidar com desafios e construir relacionamentos saudáveis.

A dica essencial é essa: quando perceber que precisa potencializar alguma


habilidade ou competência que seja necessária para sua carreira, comece por
você! Olhe para seu interior e, com muita autoconsciência e autoconhecimento,
você poderá concluir que o que precisa desenvolver está dentro.

Isso vai depender da sua disposição de olhar para si e entender que é preciso
estar bem e equilibrado em seu interior para poder construir resultados mais
eficientes em suas relações com outras pessoas e com a maneira que você
aborda os desafios e oportunidades.

Ao buscar esse aprimoramento pessoal, estaremos desenvolvendo as Inner Skills.


Você entende a diferença delas para as Hard e Soft Skills?

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
PERCEBENDO AS DIFERENÇAS ENTRE
AS HARD, SOFT E INNER SKILLS

Existe uma intersecção entre os temas e isso pode gerar alguma dificuldade de
compreensão e percepção das diferenças entre elas, entretanto, vale a pena
buscar entender o que elas significam.

Hard Skills – Habilidades técnicas

As Hard Skills são as habilidades técnicas e tecnológicas, como o domínio de uma


ferramenta ou o conhecimento sobre alguma metodologia específica.

Dependem de conhecimentos específicos que são requeridos para desempenhar


uma determinada profissão ou tarefa. Essas habilidades incluem habilidades de
programação, idiomas, matemática, cálculo, design gráfico, leitura de desenhos
técnicos, entre outras.

As Hard Skills são geralmente aprendidas através de capacitação formal, como


escolas, cursos, treinamentos e também pela experiência profissional. São
geralmente mensuráveis e verificáveis, por isso são mais fáceis de ser treinadas e
avaliadas. Elas também são mais fáceis de serem avaliadas em um processo
seletivo, se comparadas com as demais.

Essas habilidades são cruciais para o desempenho bem-sucedido no trabalho,


pois fornecem as habilidades e conhecimentos necessários para realizar tarefas
específicas e atingir objetivos profissionais.

É comum percebermos a necessidade delas em aplicações específicas e são


frequentemente listadas em requisitos de trabalho, tornando-as um fator
importante na seleção de candidatos para uma posição.

Soft Skills – Habilidades sociais e comportamentais

As Soft Skills são habilidades sociocomportamentais e típicas da interação dos


profissionais com outras pessoas e com o entorno, como trabalhar em equipe ou
empreender projetos em ambientes desafiadores.

Podemos entender ainda como um conjunto de habilidades interpessoais,


comportamentais e de comunicação que permitem aos indivíduos se
relacionarem de maneira eficaz com os outros, bem como desempenhar suas
funções de maneira mais eficiente.

Elas incluem habilidades de comunicação, liderança, resolução de problemas,


trabalho em equipe, flexibilidade, adaptabilidade e gestão do tempo.

Por serem bastante vinculadas ao relacionamento humano, alguns autores têm


destacado um subgrupo delas e as vem chamando de Social Skills, que são as
habilidades mais direcionadas na interação e comunicação com os outros.
Na verdade, estas habilidades sociais estão contidas no grupo das Soft.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Ao contrário das Hard Skills, que se concentram nas habilidades técnicas e
conhecimento específico de uma profissão, as Soft Skills são transversais e se
aplicam a diversas situações e áreas profissionais. Elas são cada vez mais
valorizadas pelas empresas, pois as habilidades interpessoais e comportamentais
também são bastante importantes para a produtividade e a eficácia no trabalho.

As Soft Skills também são necessárias para o crescimento pessoal e profissional


dos indivíduos, permitindo-lhes construir relações mais fortes, lidar de maneira
mais eficaz com situações desafiadoras e alcançar seus objetivos de carreira.

Devido sua natural subjetividade, se comparada com as Hard Skills, elas são mais
difíceis de serem aprendidas e desenvolvidas, já que dependem do desejo
genuíno do aprendiz em perceber a importância delas e colocar em prática
persistentemente.

Também são mais complexas de serem avaliadas e analisadas pois precisam de


alguma convivência para serem observadas com mais precisão, uma conversa
mais profunda para podermos percebê-las ou mesmo aplicar atividades
dinâmicas, testes comportamentais e entrevistas por competências durante um
processo seletivo.

Inner Skills – Habilidades internas

As Inner Skills são as habilidades interiores ou intrapessoais. Esse é um conceito


ainda novo no Brasil, mas nesse mundo em que tudo muda tão rápido, será um
assunto cada vez mais relevante no futuro próximo. As empresas estão
percebendo a importância de desenvolver os seus profissionais enquanto
indivíduos e não apenas enquanto um conjunto de pessoas.

Alguns autores já usaram algumas terminologias que se assemelham com as


Inner Skills em alguns aspectos, como, por exemplo, “Superior Skills”, “Deep
Skills” e “Shuttle Skills”. Todas essas nomenclaturas direcionam para as questões
mais transcendentes ou profundas, capazes de irem além das visões tradicionais
das habilidades aplicáveis ao mundo do trabalho.

Enquanto as Hard Skills fornecem habilidades técnicas e conhecimentos


específicos requeridos para realizar tarefas e as Soft Skills ajudam a lidar com as
pessoas e os desafios exteriores específicos em que somos confrontados, as
Inner Skills representam uma compreensão aprofundada de nosso mundo
interior, ou seja, nossa mentalidade, crenças, práticas pessoais e visão de mundo.

As Inner Skills são habilidades internas que dizem respeito ao nosso


autoconhecimento, autocontrole e capacidade de gerenciar as emoções e
comportamentos. São importantes porque afetam diretamente nossa vida
pessoal e profissional, influenciando a capacidade de alcançar os objetivos, lidar
com o estresse e construir relacionamentos positivos.

Provavelmente você encontrará sintonia entre essas habilidades e outros


conceitos já conhecidos. Há quem perceba semelhança com algumas virtudes
humanas, com as forças de caráter da psicologia positiva, com abordagens da
espiritualidade ou outras correntes que visam o desenvolvimento de dentro para
fora. Está correto quem pensar assim.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
É verdadeiro que nem tudo é novidade, pois sempre foi e continuará sendo
necessário olhar para dentro de si. Autoconhecimento e reflexões pessoais sobre
propósito de vida e legado devem ser estimuladas para nos tornarmos pessoas
melhores. Entretanto, como um assunto das empresas e como ingrediente para a
carreira, ainda é algo em expansão.

A novidade talvez seja essa: as pessoas estão considerando essas condutas,


princípios, valores e práticas como elementos fortalecedores para o ambiente
corporativo?

As Inner Skills têm se demonstrado, aos poucos, como um assunto relevante para
o mundo dos negócios. Muitas empresas e profissionais estão percebendo que é
a partir delas que conseguimos impulsionar muitas outras, especialmente as Soft
Skills e até mesmo algumas Hard Skills. Não duvido que, em breve, sejam
reconhecidas como habilidades de negócio para as empresas mais bem-
informadas sobre as mudanças nas relações com os colaboradores e orientadas
para as pessoas.

Mesmo sendo algo interessante para as empresas, as Inner Skills dependem de


nós mesmos para serem desenvolvidas. Elas servem de alicerce para outras pois
quando estamos bem com nós mesmos, conseguimos lidar melhor com o outro e
com as situações que acontecem ao nosso redor.

Desenvolver nossas Inner Skills costuma ser um processo longo e desafiador,


mas o benefício é imensurável. O importante é reconhecer a importância dessas
habilidades e estar disposto a investir tempo e esforço em nosso próprio.

Para facilitar a compreensão dos três tipos de habilidades, preparei um quadro


comparativo.

Figura 1 – Quadro comparativo entre as Hard, Soft e Inner Skills – Marcelo de Elias (todos os
direitos reservados. A utilização é autorizada se citada o autor e a fonte)

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
É inevitável associar as Inner Skills com as Soft Skills. Historicamente, as Soft
Skills são definidas como um conjunto de competências comportamentais e
sociais. Elas são, por muitas vezes, subjetivas.

Daí surge a dificuldade de entender a diferença entre elas e as Inner Skills que
são ainda mais subjetivas e abstratas. Além da diferença ser muito sutil, na
absoluta maioria das vezes as habilidades internas interagem diretamente com
as Soft Skills e, especialmente, com as Social Skills.

A figura abaixo dá alguns exemplos dessas habilidades e dá sinais de como elas


interagem.

Figura 2 – Alguns exemplos e possíveis definições das Hard, Soft e Inner Skills – Marcelo de Elias
(todos os direitos reservados. A utilização é autorizada se citada o autor e a fonte)

Existe uma intersecção entre as Soft Skills e as Inner Skills, principalmente


porque, até então, as empresas não falavam frequentemente dessas
competências interiores. “Tudo o que não é Hard Skill é Soft Skill” – essa é a visão
tradicional e já consolidada. Aqui eu proponho uma nova forma de ver.

Muitas habilidades prioritariamente internas sempre foram classificadas entre as


habilidades sociocomportamentais, como persistência, resiliência, entusiasmo e
coragem. Entendo que não é importante tentar rotular ou classificar essas
competências, buscando segregar quais seriam aplicáveis em cada grupo
conceitual.

Não vejo como relevante, por exemplo, discutir se “paciência” é uma habilidade
intrapessoal ou interpessoal. Na verdade, ela se encaixa nas duas classificações,
pois, apesar da paciência ser uma virtude intrínseca aos humanos, ela precisa do
contexto exterior para ser exercida e exercitada, especialmente na relação com
os outros. Ela pode ser entendida como Soft e Inner ao mesmo tempo.

Para mim, a discussão não é sobre julgar e revisar cada uma das Soft Skills para
decidir como elas deveriam ser nominadas, mas sim, buscar entender se as
principais habilidades desejadas nos profissionais não seriam mais bem
desempenhadas se, antes, não forem desenvolvidas algumas condições
interiores.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Não se trata de criar um tribunal de reclassificação das Skills.

O mais importante e o que devemos focar é que as Inner Skills servem de alicerce
para as outras habilidades por meio da espiritualidade, interioridade, propósito,
inspiração, autoconhecimento e consciência. Envolve compreender e gerir
aspectos altamente íntimos para desenvolver novas habilidades, valores pessoais
e virtudes que resultarão em competências aprimoradas.

Elas são potencializadoras das demais e até delas mesmas, dependendo do caso.

Ao chegar aqui é provável que você já entendeu o que são as habilidades


interiores, mas, considerando que você talvez ainda deseje saber mais, convido
você a aprofundar mais um pouco.

As Inner Skills são


habilidades que servem
como vetores de
potencialização para
outras habilidades e
que dependem
intrinsecamente de
cada pessoa.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
VAMOS APROFUNDAR SOBRE AS INNER SKILLS?

Não encontrei na literatura alguma explicação que fosse direta ao ponto, então,
para ajudar você a definir as Inner Skills, gosto de conceituá-las da seguinte
forma:

“As Inner Skills são habilidades que servem como vetores de potencialização para
outras habilidades e que dependem intrinsecamente de cada pessoa. Elas podem
interagir com o ambiente exterior e com outros indivíduos, mas, em última
instância, não dependem desses fatores para sua existência. Relacionam-se com
a maneira que interpretamos, atuamos e administramos os nossos eventos
internos a partir da consciência, propósito e visão” – Marcelo de Elias, 2021.

Posso complementar essa definição com outros pontos que devem ser
considerados:

Elas dependem da autoconsciência e controle de suas ações,


independentemente de encontrarem os fatores externos favoráveis à sua
prática;

Servem de alicerce sobre o qual se constrói os relacionamentos interpessoais;

Dependem de nosso autodomínio e se apoiam na interpretação favorável dos


acontecimentos a partir do uso mais efetivo de nossas mentes;

São possíveis de serem praticadas mesmo que estejamos sozinhos, já que


não dependem da interação com fatores extrínsecos para sua existência;

São mais complexas de serem compreendidas e analisadas, pois, para a


maioria de nós, falta educação intrapessoal e não costumamos usar nossa
consciência para observar nossos eventos intrapessoais e interpessoais;

Podem ser desenvolvidas por todos, pois, o cérebro humano é neuroplástico,


porém, vão requerer esforço adicional, já que várias crenças pessoais
precisarão ser confrontadas;

São a fonte primária do caráter e não apenas da personalidade ou imagem


que buscamos demonstrar;

São atitudes que farão com que estejamos mais motivados e preparados para
desenvolver as Hard e Soft Skills.

Têm o potencial de impulsionar as Soft Skills e podem contribuir para a


prática aprimorada de algumas Hard Skills. Também podem potencializar
outras Inner Skills relacionadas a elas.

Podem ser encontradas na tríade entre “coração, espírito e mente”. Essa


intersecção está representada da figura a seguir.

15
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Figura 3 – A tríade das Inner Skills – Marcelo de Elias (todos os direitos reservados. A utilização é
autorizada se citada o autor e a fonte)

...quando estamos
intrinsecamente fortalecidos,
teremos mais condições de
influenciar o ambiente e agir
como um agente de
mudanças nas pessoas e nos
contextos em que estamos
inseridos.

16
O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
INNER SKILLS, VUCA, BANI, GREAT RESIGNATION,
QUIET QUITTING E SAÚDE MENTAL: POR QUE AS
HABILIDADES INTERNAS SÃO IMPORTANTES?

Existe uma abreviatura para explicar os cenários em que interagimos. Os


americanos dizem que o mundo é VUCA (em inglês) ou VICA (em português).

O exército americano já usava o termo VUCA para descrever a volatilidade


(volatility), a incerteza (uncertainty), a complexidade (complexity) e a
ambiguidade (ambiguity) nas diversas situações e contextos de guerra. O uso
militar dessa sigla começou no final dos anos 90 para tratar das ferramentas e
métodos necessários para fazer frente a um ambiente extremamente agressivo e
desafiador.

O uso no mundo dos negócios é mais recente. Começou a ser usado a partir de
2010, mas não difere do pensamento militar, afinal, o ambiente empresarial na
atualidade também é agressivo, desafiador, competitivo e intenso.

Os tempos evoluíram e, atualmente, muitos dizem que o mundo é BANI.

O termo foi apresentado pelo antropólogo Jamais Cascio, professor e futurista da


Califórnia. O acrônimo foi criado em 2018 (antes da pandemia), mas, os impactos
da COVID fizeram com que o BANI fizesse ainda mais sentido.

BANI (ou FANI em português) é a ideia de que o mundo de hoje é frágil (brittle),
ansioso (anxious), não-linear (nonlinear) e incompreensível (incomprehensible).

Há quem diga que o mundo deixou de ser VUCA e passou a ser BANI em função
da pandemia. Não creio que seja assim, afinal, penso que o BANI é uma evolução
do VUCA, mas, não necessariamente, as coisas deixaram de ser Voláteis, Incertas,
Complexas e Ambíguas. É tudo ao mesmo tempo.

Podemos entender que, em cenários ainda mais acelerados e disruptivos, a


volatilidade se potencializou e vem gerando fragilidade. As incertezas tendem a
proporcionar muita ansiedade. Situações de muita complexidade vão nos trazer a
não-linearidade, e se algo era ambíguo, hoje temos coisas muitos mais
incompreensíveis.

Vamos somar a esse cenário um fenômeno que vem acontecendo em todo


mundo, a Great Resignation ou a Grande Renúncia. Muitos tem chamado por
aqui em nosso país de a “Grande Debandada”.

Passado o momento que foi considerado como o mais crítico da pandemia de


Covid-19, é nesse panorama que surgiu um movimento conhecido como Great
Resignation (também chamado de Big Quit ou Great Reshuffle). Trata-se de uma
onda de pedidos de demissão nos Estados Unidos, Europa, China e, aos poucos,
no Brasil.

Esse fenômeno mostra o quanto a relação com o trabalho mudou. Atualmente,


grande parte das pessoas vem repensando suas atividades e carreiras e, para
tantos, a conclusão é de que estão perdendo tempo e vida em seus trabalhos.
Daí uma enxurrada de pedidos de demissão.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Outra palavra que tem se tornado bastante comum é "Quiet Quitting". Essa é
uma expressão cunhada por Robin Sharma, autor e consultor americano. Esse é
o processo de deixar de fazer coisas que são consideradas como não-
importantes ou que não agregam valor à nossa vida, a fim de nos concentrarmos
em prioridades mais significativas.

Originalmente, é um conceito semelhante ao "desapego" ou "minimalismo", mas


com ênfase na importância de deixarmos de lado atividades que não nos servem
para alcançarmos a realização pessoal.

Mas nem tudo é tão maravilhoso assim. O conceito foi mudando com tempo.
Essa conduta tem levado alguns profissionais a fazerem algum tipo de “corpo
mole” no trabalho, ou seja, tenham comportamentos lenientes com alguma falta
de rigor ou dedicação em suas tarefas ou responsabilidades.

É mais fácil evitar problemas relacionados ao "Quiet Quitting" se aprimorarmos


nossa resiliência, autocontrole e autoconfiança. Também teremos melhores
resultados se tivermos clareza de nossos propósitos e automotivação. Veja que
estamos falando de habilidades interiores.

Outro assunto relevante é a saúde mental, que tornou um imperativo e foco de


ação para as boas empresas. A Organização Mundial da Saúde afirma que cada
dólar investido na segurança psicológica dos colaboradores resulta em retorno
de quatro dólares em produtividade e capacidade laboral.

Como a ansiedade, a depressão e o burnout atingem níveis recordes, a saúde


mental no ambiente de trabalho se torna uma vantagem competitiva para atrair,
reter e engajar talentos.

De acordo com o blog da Flash Benefícios, em uma publicação de janeiro de


2023, estudos indicam que os profissionais preferem trabalhar para empresas
que demonstram preocupação com seu bem-estar emocional, além da
produtividade.

De acordo com a pesquisa "Global Learner Survey" da Pearson, uma importante


empresa britânica de educação, 92% dos brasileiros consideram as empresas que
oferecem suporte à saúde mental como mais atraentes nos processos seletivos.
Já um estudo da Oracle, a gigante em gerenciamento de dados, mostra que 84%
dos funcionários brasileiros acreditam que suas empresas precisam fazer mais
para proteger a saúde mental no trabalho.

Programas de saúde mental corporativos podem prevenir e reduzir casos de


doenças relacionadas ao trabalho, como a síndrome de Burnout, desequilíbrio
emocional e ansiedade.

Considerando tudo isso, devemos refletir: que tipos de habilidades ou


competências são necessárias para uma realidade que é VUCA/BANI e mais um
monte de coisas? Será que apenas Soft Skills tradicionais (habilidades
sociocomportamentais) e Hard Skills (habilidades técnicas e tecnológicas) são
suficientes para dar conta dos desafios atuais?

Não! Outros elementos entram nesse jogo e, considerando essa realidade,


reconhecemos que são importantes as Inner Skills. Posso afirmar que essas
habilidades são uma espécie de antídoto para a realidade em que vivemos e
estarão entre as competências mais importantes para o futuro dos negócios.

Mas, se o mundo é relacional, faz sentido focar nas Inner Skills? Vamos entender.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
POR QUE DAR A ATENÇÃO PARA AS INNER SKILLS
SE ESTAMOS EM UM AMBIENTE SOCIAL E DE
RELACIONAMENTOS E CONEXÕES?

Um exemplo disso é um profissional que é expert em tecnologia da informação.


Talvez sua performance fique prejudicada, não apenas pela ausência de
conhecimentos tecnológicos, mas pela falta de concentração para focar naquilo
que precisa ser feito.

A mesma coisa acontece com o profissional que tem dificuldade de trabalhar em


equipe, de receber ou dar feedback, de liderar pessoas ou de manter um
ambiente equilibrado. É provável que faltem alguns elementos intrínsecos como
autoconhecimento, percepção, consciência, entre outros. Essas são algumas
Inner Skills.

Podemos afirmar que o verdadeiro potencial das habilidades intrapessoais se


expandirá quando exercitarmos e compreendemos nossa autoliderança e
maestria pessoal.

A psiquiatra inglesa Helena Lass em seu artigo científico chamado, em tradução


livre, de “Desenvolvendo habilidades intrapessoais como uma forma proativa de
sustentabilidade” explica que "na realidade, todos os humanos possuem um
reino interno e vivem eventos intrapessoais diários, como sentir emoções,
aprender, pensar, planejar, focar a atenção, ter a capacidade de investigar e
obter um insight. Nesse contexto, as habilidades intrapessoais se tornam nossos
superpoderes para direcionar as mais diferentes ações. Quando somos os
mestres de nosso domínio interno, temos a liberdade de estar bem e trabalhar
bem, independente do entorno em que estamos inseridos”.

Em suma, suas habilidades intrapessoais e interpessoais estão profundamente


conectadas. Ambas têm forte contribuição para sua inteligência emocional e sua
capacidade de comunicar suas necessidades, objetivos e ideias eficazmente para
outras pessoas.

Sabemos que suas habilidades sociais são vitais para o trabalho em equipe,
colaboração, liderança e influência, mas você não pode extrair a maior
potencialidade dessas qualidades até desenvolver boas habilidades
intrapessoais.

O desenvolvimento desse autodomínio impactará positivamente as outras


habilidades, como mostra a figura abaixo.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Figura 4 – A relação de impacto entre as Skills e a geração de resultados – Marcelo de Elias
(todos os direitos reservados. A utilização é autorizada se citada o autor e a fonte)

Stephen Covey, reconhecido escritor americano, afirma que existem duas


maneiras principais de tornar as coisas melhores em sua vida: a primeira delas, e
bastante difícil, depende de você buscar melhorar o mundo exterior, suas
circunstâncias, seu ambiente e sua empresa. Apesar de não ser impossível, esse
caminho é dificultado pelo fato de, nem sempre, esses fatores externos
dependerem exclusivamente de nós.

A segunda maneira é buscar melhorar seu mundo interior. Covey chama de


Círculo de Influência esse conjunto de ações que dependem exclusivamente de
nossa iniciativa e proatividade. Foi ele quem escreveu no seu livro “Os 7 Hábitos
das Pessoas Altamente Eficazes” que “sempre que achamos que o problema está
lá fora, este pensamento em si é o problema. Damos ao que está lá fora o poder
de nos controlar”.

Os dois mundos, exterior e interior, são importantes, mas é fácil perceber que
tentar mudar o mundo exterior tem certos problemas, pois seu poder é limitado.
Muitas vezes é difícil transformar as situações ou as pessoas em sua volta.

Por outro lado, melhorar o seu mundo interior não tem essa desvantagem. Você
tem uma enorme influência sobre seus pensamentos, sentimentos, desejos e
reações, mas não sobre esses mesmos fatores em outras pessoas.

Isso significa que devemos ignorar o exterior ou resignar-se em relação ao que


não depende de nós? Não! Significa apenas que, quando estamos
intrinsecamente fortalecidos, teremos mais condições de influenciar o ambiente
e agir como um agente de mudanças nas pessoas e nos contextos em que
estamos inseridos.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
O site americano Wisebrain listou algumas vantagens em desenvolver as Inner
Skills, mas a lista poderia ser muito maior. A tradução abaixo é livre e respeita as
ideias originais:

Deixar de lado experiências dolorosas;


Absorver os pensamentos positivos e construtivos;
Desafiar os pensamentos que o fazem sofrer;
Abrir a sua mente para novas ideias;
Autoconhecer-se e desenvolver-se para ser cada vez melhor.

Vale uma explicação complementar ao que foi exposto acima. Apesar de alguns
itens darem a impressão de que devemos ter resignação ou conformar-nos com
as adversidades, na verdade, a ideia não é essa.

O texto original se refere aos sentimentos positivos quando aprendemos com as


dificuldades e em ser capaz de construir um futuro que não seja projetado
negativamente pelas experiências difíceis do passado. As vantagens acima são
orientadas para atitudes de resiliência e de positividade.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
OS GRUPOS DE HABILIDADES QUE FORMAM
OS 5 TIPOS DE INNER SKILLS

Em nossas pesquisas percebemos que existem várias Inner Skills. Algumas delas
são perceptivelmente diferentes entre si e outras tem tantas semelhanças que as
definições parecem sinônimas, apesar de algumas diferenciações muito sutis.

Entretanto, analisando dezenas delas, observamos em nossas pesquisas que as


Inner Skills podem ser agrupadas e classificadas em 5 tipos diferentes e eu as
classifiquei da seguinte forma:

Habilidades internas do “olhar para dentro”

São as Inner Skills que ajudam a aprimorar nossa vida interior, desenvolver e
aprofundar o relacionamento com nossos pensamentos, sentimentos, sensações
e condição física, contribuindo para que estejamos presentes genuinamente e
intencionalmente, gerando mais protagonismo e proporcionando melhores
resultados.

Ao desenvolver e aprimorar esse grupo de habilidades internas, aperfeiçoamos


nossa capacidade de conexão com nós mesmos.

Exemplos: atenção plena, autoconhecimento, autocuidado, consciência corporal e


controle da ansiedade.

Habilidades internas “operativas”

Trata-se do grupo composto de Inner Skills que geram resultados mais


pragmáticos e operacionais, proporcionando a realização de objetivos
específicos, a ampliação da eficiência, da qualidade das tarefas e da
produtividade pessoal.

Exemplos: concentração, priorização, senso estético e organização pessoal.

Habilidades internas “motivacionais”

São as Inner skills que impulsionam a motivação, a atitude positiva, a confiança


nas possibilidades e a determinação para resultados, objetivando
comportamentos persistentes e resilientes em cenários desafiadores, complexos
e incertos.

Exemplos: automotivação, coragem, disciplina e senso de propósito.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Habilidades internas “avaliativas e cognitivas”

É o conjunto de Inner Skills formado por habilidades cognitivas que nos ajudam a
adotar diferentes perspectivas, avaliando informações, analisando causas,
revisando criticamente e encontrando sentido. Essas Inner Skills ampliam a
acuracidade do julgamento e da tomada de decisão, adquirindo o verdadeiro
arbítrio e questionando padrões.

Exemplos: consciência, pensamento complexo e percepção de nexo, mentalidade de


crescimento e pensamento crítico.

Habilidades internas do “olhar para fora”

Esse grupo frequentemente é o que mais gera dificuldade de diferenciação das


Soft Skills, especialmente aquelas que pertencem às chamadas Social Skills.

A confusão acontece porque essas habilidades internas são as Inner Skills que
impulsionam nossas habilidades sociais e relacionais, dando a nós as condições
de apreciar, cuidar e sentirmo-nos conectados aos outros.

Observe que, apesar do impacto no relacionamento com o outro, tudo começa


com uma forma íntima e pessoal de interpretar essas relações. Por exemplo, se
eu não tiver empatia (que é algo de meu domínio interno e depende das minhas
crenças sobre como devo compreender o outro, ou seja, uma Inner Skill) e não
vou conseguir praticar alguns comportamentos empáticos nas relações
interpessoais com minha equipe de trabalho (que é um comportamento
corretamente classificado como Soft Skill).

Isso quer dizer que, se olharmos apenas a palavra “empatia”, sem entender o
contexto em que ela se apresenta, podemos concluir que ela é Soft e também
Inner Skill.

Esse tipo de Inner Skill dá condições de minimizarmos os distúrbios e desajustes


internos que prejudicam nossas relações com as pessoas. Possibilita a geração e
manutenção da confiança através da compreensão de perspectivas divergentes
com uso da gentileza, empatia, inclusão, sinergia e compaixão.

A heteropercepção, que é a percepção que temos de outras pessoas ou a que


outras pessoas têm sobre nós, pode ser muito influenciada pelas crenças
individuais, vieses inconscientes, formas de ver as coisas, julgamentos,
estereótipos e outros fatores pessoais.

O desenvolvimento desse grupo de habilidades interiores amplia a capacidade de


se conectar e estabelecer relações mais saudáveis ​e significativas com os outros.

Exemplos: compaixão, empatia, percepção imparcial e perdão.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Não é simples e talvez nem seja tão necessário tentar enquadrar cada Inner Skills
em uma dessas 5 categorias. Elas funcionam em conjunto e são bastante
complementares dentro de cada tipologia.

Para exemplificar, vamos considerar quatro Inner Skills que conceitualmente são
ligeiramente diferentes: automotivação, entusiasmo, força de vontade e paixão.
Não é difícil reconhecer que essas se enquadram entre as “habilidades internas
motivacionais”, mas, sabendo que as diferenças entre elas são sutis, tentar
diferenciá-las não tem finalidade prática para as questões empresariais, salvo em
alguns casos da necessidade de aprofundamento para poder sanar eventuais
necessidades de desenvolvimento.

A diferenciação é algo mais didático e técnico, e prender-se a isso, mesmo sendo


interessante conceitualmente para quem deseja aprofundar-se, pode gerar mais
dúvidas e confusões na hora de pensar em possíveis ações de estímulo,
aprendizado e práticas.

Nesse caso, para fins práticos, cabe saber que existem 5 grupos ou tipos e, cada
tipo, pode requerer ações específicas para o desenvolvimento e, quando
aprimoramos alguma Inner Skill dentro dessa categoria, outras que fazem parte
do mesmo grupo, também poderão sem impulsionadas.

Considerando o exemplo, não tenho dúvidas de que, se buscarmos desenvolver


nossa automotivação, é muito provável que também daremos uma força extra
para nosso entusiasmo, força de vontade e paixão. Elas andam juntas.

Quer dizer que não vale a pena conhecer, em mais detalhes, algumas possíveis
Inner Skills? Não é bem isso. Se sua necessidade é mais específica ou deseja
aprofundar-se no assunto, vale muito a pena.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
ALGUNS EXEMPLOS DE INNER SKILLS

Apresento a seguir alguns exemplos de habilidades internas pelas quais você


perceberá a relevância delas para a carreira e, é claro, para o crescimento
pessoal.

Antifragilidade e Resiliência

São habilidades complementares entre si. Apesar de terem conceitos diferentes,


ambas tratam da capacidade de sermos melhores depois de um acontecimento,
dificuldade ou desafio.

Antifragilidade é o contrário daquilo que é frágil, mas não significa “ser


resistente”, pois o frágil cede ao impacto enquanto o resistente não sofre
alteração. Antifrágil é aquilo que melhora com um impacto. Em resumo, o
antifrágil é aquele que se beneficia com o caos, segundo Nassim Taleb, uma das
maiores referências desse assunto.

O conceito atual de resiliência preserva alguma semelhança. O termo veio da


física e passou a ser usado nos estudos do comportamento humano e evoluiu.
Antigamente, dizia-se que ser resiliente significava “sofrer uma pressão ou
impacto e voltar a ser como era antes”.

Atualmente, entendemos a resiliência como uma capacidade de se adaptar em


situações adversas, onde a pessoa usa sua força interior para se recuperar,
aprender e evoluir, tornando-se ainda melhor. Por isso entendemos que essas
habilidades andam juntas.

Uma das melhores características de alguém antifrágil e resiliente é a abertura


para melhorar seus hábitos, comportamentos, crenças e até mesmo o caráter.

Apesar de parecer confuso e até difícil, isso é mais natural do que pensa. Não há
nada tão antifrágil e resiliente nesse mundo quanto a espécie humana, que tem
sobrevivido e evoluído há milênios a diversas circunstâncias na história. Isso
significa que você já possui uma predisposição a ter essa competência, basta
desenvolvê-la.

Algumas habilidades que podem ser potencializadas através dessa:


Criatividade, inovação, adaptabilidade, liderança, abertura ao aprendizado, senso
de propósito, perseverança, trabalho em equipe, conhecimentos técnicos e
tecnológicos em geral.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Atenção plena e presença (mindfulness)

É a Inner Skill relacionada a viver bem o presente, focado e atento ao momento.


Significa “estar de corpo e alma” numa atividade, empreendimento, tarefa,
missão, evento ou projeto visando um bom resultado naquilo que depende de
você. Esta habilidade o torna capaz de se livrar do peso ou do saudosismo do
passado e te faz confiante e próspero para o futuro.

Isso porque, ter atenção plena e presença faz as pessoas serem mais
competentes em não ficar culpando o passado ou presas na saudade do que não
se tem ou perdeu, se ocupando do que tem a se viver hoje para construir um
bom futuro e acima de tudo valorizando cada pequeno ato, acontecimento e
dever.

A origem mais defendida da técnica Mindfulness é a de que surgiu de um estudo


científico da Universidade de Massachusetts, em 1979, através do professor Jon
Kabat-Zinn e, desde então, tem ajudado muitas pessoas nessa competência.

Esta habilidade tem forte relação com o “estado de flow” (ou fluxo), que é estado
mental que acontece no momento em que realizamos alguma atividade em
imersão, dedicando prazerosamente maior energia e foco.

Algumas habilidades que podem ser potencializadas através dessa:


Foco, concentração, comunicação, escuta empática, criatividade e demais
habilidade que necessitam de atenção.

Autoconhecimento

Já adianto que é uma habilidade fantástica, da qual lhe dá ainda mais poder para
se fazer autor da própria história de vida. Esta Inner Skill é sobre reconhecer em
si mesmo seus pontos fortes e suas fraquezas. Te ajuda a responder a pergunta
“quem sou eu?” e se orientar a partir dessa pergunta diante das suas
circunstâncias e mudar o que há para mudar.

Autoconhecimento é uma análise e interpretação pessoal a fim de compreender


e avaliar as características mais preponderantes em si, como, por exemplo, os
gostos, as preferências, as ideologias e os padrões de comportamento - ressalto
é uma percepção pessoal de você sobre você mesmo, não a percepção de outros.

Algumas habilidades que podem ser potencializadas através dessa:


Engajamento, motivação, relacionamento, comunicação, assertividade, iniciativa,
trabalho em equipe, sinergia, liderança, resiliência, abertura ao aprendizado,
autoanálise, autoconsciência e tomada de decisão.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Compaixão

Essa Inner Skill é a capacitação da sua visão e sentimento em relação aos outros
e não ser afetado negativamente por isso, pois entende e sente que o outro não
precisa ser perfeito. Hoje, em um mundo tão competitivo, onde tudo é sobre
números de seguidores, engajamento nas mídias e sucesso a todo custo, muitas
pessoas perderam esse olhar mais empático e de boa vontade em colaborar com
as pessoas ao redor.

Segundo o artigo escrito por Maria Leonor Araújo, Helena Águeda Marujo e
Miguel Pereira Lopes no blog do site RH Magazine, a compaixão no ramo
organizacional é dividida (num conceito científico/acadêmico) em três
subprocessos que são: (1) a percepção do sofrimento/dificuldade do outro, (2)
expressar sentimentos que se assemelham à preocupação empática face a esse
sofrimento e (3) responder compassivamente (agir) de modo a minimizar esse
sofrimento/dificuldade do outro.

A compaixão envolve sentir empatia com a situação de outra pessoa e isso pode
ajudar a construir relacionamentos mais fortes, aumentar a felicidade e
contribuir para uma sociedade mais unida e solidária.

Algumas habilidades que podem ser potencializadas através dessa:


Empatia, compreensão, comunicação, liderança, motivação, resolução de
conflitos, tomada de decisões, trabalho em equipe, relacionamento e demais
habilidades sociais.

Entusiasmo e Otimismo

O Entusiasmo é a capacidade em reconhecer o próprio potencial em transformar


ou fazer algo com energia e esperança. É uma força interior, que a própria
etimologia da palavra descreve como algo grande que há dentro de nós, já que
deriva do grego "enthousiasmos" que significa "ter um deus interior" ou "estar
possuído por deus" ou “um deus dentro de si mesmo”.

Já o Otimismo é uma atitude de quem acredita que tudo pode ser o melhor
possível. É preciso ser cauteloso em não levar o otimismo para fora da realidade
e ficar enxergando o bem em tudo, e ser bem criterioso no discernimento em
qual bem até algo ruim ou mal pode causar ao final das contas.

Esses dois atributos andam juntos porque, sem acreditar que se dá para obter
coisas boas mesmo em momentos desafiadores, fica impossível transformar ou
fazer algo ser melhor.

Algumas habilidades que podem ser potencializadas através dessa:


Liderança, produtividade, trabalho em equipe, comunicação interpessoal.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
UMA LISTA DE OUTRAS INNER SKILLS

Apesar da lista parecer longa, saiba que ela pode ser ainda mais extensa,
principalmente se incluirmos as que classicamente são tratadas como Soft Skills.
Aqui, destacamos algumas que são mais facilmente percebidas como habilidades
internas, mesmo que tenham relação com o “mundo exterior”.

Lembre-se que o objetivo aqui não é reclassificar as que se encaixariam em


ambas as definições. Coloque foco em perceber que, mesmo naquelas que
precisamos de fatores externos para vivê-las (o que seria possível interpretá-las
como Soft), são os fatores intrínsecos que garantirão os bons resultados:

Abertura ao aprendizado;
Alegria;
Antifragilidade e resiliência;
Atenção plena e presença (mindfulness)
Autoconfiança;
Autoconhecimento;
Autoconsciência
Autocuidado;
Autodesenvolvimento;
Autodidatismo;
Autoestima;
Autoliderança;
Automotivação;
Autorrealização;
Autorregulação emocional;
Autorresponsabilidade;
Boa memória;
Bom senso e coerência;
Compaixão;
Concentração;
Consciência corporal;
Consciência, senso de julgamento e tomada de decisão consciente;
Consideração;
Controle da ansiedade;
Coragem;
Desapego;
Disciplina;
Empatia;
Energia pessoal (intensidade das ações);
Entusiasmo e otimismo;
Equilíbrio e temperança;
Expressão da vulnerabilidade;

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Força de vontade;
Gratidão;
Humildade;
Imaginação;
Integridade e autenticidade;
Intuição;
Liberdade de escolha;
Mentalidade de crescimento;
Mentalidade inclusiva;
Mudança de atitudes;
Obter insights e gerar ideias;
Organização pessoal;
Paixão;
Pensamento complexo e percepção de nexo;
Pensamento crítico;
Percepção imparcial;
Perdão;
Persistência e perseverança;
Priorização;
Raciocínio lógico;
Revisão de crenças limitadoras;
Revisão de mentalidades;
Senso de propósito;
Senso estético;
Senso ético;
Visão de longo prazo.

Entre outras.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
COMO AS EMPRESAS E RHS PODEM INCENTIVAR
O DESENVOLVIMENTO DAS INNER SKILLS
Antes de qualquer outra coisa, a grande dúvida que muitas pessoas têm é a
seguinte: as Inner Skills podem ser desenvolvidas? A resposta é sim!

Sabemos que grande parte delas são características pessoais que podem estar
presentes naturalmente nos colaboradores, seja pelos traços temperamentais,
personalidade, valores e crenças pessoais.

Sendo assim, para aqueles que já possuem aptidão natural é mais fácil conseguir
bons resultados com elas. Para outros, exigirá muito mais esforço e dedicação
para, ainda assim, alcançar resultados medianos.

Isso não deve ser impeditivo ou justificativa para não buscar o aprimoramento
dessas habilidades internas, considerando que o mundo corporativo atual, com
tantas Hard e Soft Skills em pleno desenvolvimento, tem padecido justamente
das Inner Skills.

Quando conseguimos algum avanço, mesmo que pequeno, nas condutas ainda
pouco exploradas, isso gerará um aprimoramento de performance significativo.
O impacto é exponencial.

Como o nome já diz, as Inner Skills são “habilidades interiores”, e, sendo assim,
não é fácil para uma empresa desenvolver essas habilidades nas pessoas porque,
como todas as demandas intrapessoais, dependem delas mesmas.

Ao analisar as práticas de várias empresas, percebi que, mesmo não existindo


uma fórmula única para tais desenvolvimentos, entendi que não serão ações
coletivas que irão impactar todas as pessoas da mesma maneira e ao mesmo
tempo, mas alguns programas que visam o crescimento intrapessoal podem sim
estimular o aperfeiçoamento das Inner Skills, mesmo que sejam aplicados em
grupos.

Não é por acaso que algumas empresas têm promovido práticas positivas, na
maioria das vezes coletivas, que podem impactar individualmente as pessoas.

É provável que, em alguns casos, tal desenvolvimento requererá ações


individualizadas e acompanhamento personalizado por parte das organizações.
São como se fossem PDIs (Planos de Desenvolvimento Individuais) com “foco no
interno”, visando o aprendizado e as práticas orientadas para a evolução dessas
habilidades.

A atenção à saúde mental dos funcionários, à qualidade de vida, à segurança


psicológica, e ao projeto de vida dos colaboradores tem sido foco crescente em
boas corporações.

Algumas empresas possuem interessantes programas de mindfulness, psicologia


positiva, espiritualidade, propósito pessoal, autoconhecimento, saúde física e
mental, autocuidado e estímulo às práticas, dentro ou fora delas, como yoga,
meditação, sessões de escuta, atividades de consciência corporal e terapias
individuais e em grupo.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Já são várias as instituições que promovem acompanhamento psicológico e
outras práticas terapêuticas a fim de garantir o bem-estar emocional e o
autoconhecimento de seus colaboradores. Muitas delas têm relatado os bons
resultados colhidos com essas atividades, especialmente na produtividade das
pessoas, engajamento e retenção de talentos.

Bons exemplos são da Vivo, Google, 3M, Votorantim, L´Oréal, Danone e Unilever.

A Ambev, por exemplo, também se destaca quando o assunto é gerar


possibilidades de fortalecimento de algumas habilidades interiores, em especial,
aquelas relacionada à segurança psicológica e equilíbrio emocional.

A empresa instituiu desde 2020 uma Diretoria de Saúde Mental, com um plano
baseado em 5 pilares: quebra do estigma, conscientização, cuidado, prevenção e
promoção do bem-estar. O objetivo é assegurar ambientes de segurança
psicológica.

O programa "Ciclo de Gente" é uma avaliação de desempenho que visa equilibrar


e harmonizar os colaboradores para melhores resultados através do
desenvolvimento de suas mentalidades. Ela também oferece treinamentos para
liderança e equipe de RH sobre a importância da saúde mental das pessoas.

E tem mais, a empresa oferece inscrições no grupo de apoio CARE (Cuidado,


Autoconhecimento, Respeito e Escuta Ativa) que é conduzido por colaboradores
selecionados e qualificados pelo Instituto Albert Einstein.

Pesquisando sobre as boas práticas empresariais, creio que a maior contribuição


das organizações é incentivar seus colaboradores para a busca do
autodesenvolvimento, evidenciando, através dos mecanismos internos de
comunicação, conscientização, ações das lideranças e educação corporativa, a
necessidade da atenção às Inner Skills para a performance profissional.

Como percebe, além disso, cabe às empresas e suas equipes de Recursos


Humanos repensem suas metodologias de gestão do desempenho, avaliação,
feedback e desenvolvimento individual a fim de que contemplem componentes
intrapessoais.

Não pense que será fácil, ou mesmo possível, criar uma avaliação de
desempenho que meça a intensidade das Inner Skills ou que mensure o ROI das
atividades que visam esse aprimoramento. Saiba que a face tangível das Inner
Skills são as Soft Skills, e, talvez, algumas Hard Skills.

Para saber o quanto as Inner Skills podem impactar na performance dos


negócios e das equipes, a avaliação é subjetiva. Busque mensurar e avaliar as
competências sociocomportamentais (Soft Skills) nos colaboradores e converse
com as pessoas que se destacam positivamente e negativamente. Tente
compreender as razões de seus desempenhos.

Ao aprofundar nos “porquês” daqueles comportamentos, é provável que você


perceba que alguns grupos de Inner Skills estarão agindo quase que
silenciosamente, mas, com forte impacto nos resultados.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Mas a mais básica, porém importante contribuição das empresas, é conscientizar
sobre a relevância das habilidades interiores e proporcionar ações de
“autodesenvolvimento interior” para que os colaboradores possam participar por
adesão e interesse próprios.

Apesar de não existir um conjunto de ações que funcionem como um passo-a-


passo e que seja infalível para todos os casos, existem algumas ideias que as
empresas podem considerar ao desenvolver as Inner Skills em seus
colaboradores:

Oferecer treinamentos e programas de desenvolvimento pessoal como


workshops, palestras e mentorias com foco em temas relevantes como
autoconhecimento, autoconfiança, resiliência e autoliderança.

Implantar programas específicos que apoiem e ajudem as pessoas a


aprimorarem da saúde mental, do bem-estar e da espiritualidade, como
terapias, atividades físicas, ações voluntárias, entre outras.

Criar espaços de diálogo e feedback para que os colaboradores possam


compartilhar suas habilidades, desafios, pontos de vistas e visão de mundo,
como, por exemplo, as rodas de conversas e ouvidorias.

Fomentar a prática de meditação, mindfulness, yoga, relaxamento,


consciência corporal, qualidade de vida ou outras técnicas de bem-estar físico
e mental.

Oferecer programas de apadrinhamento interno e mentorias, nos quais os


colaboradores podem aprender e conversar com outros profissionais mais
experientes que se destacam em algumas habilidades interiores.

Encorajar os colaboradores a experimentarem novos desafios e aprenderem


habilidades complementares ou mesmo divergentes, como palestrar, fazer
apresentações ou tomar a iniciativa em novos projetos. Isso poderá
desenvolver as Hard, Soft e Inner Skills.

Estimular a participação em projetos e iniciativas sociais, visando desenvolver


habilidades como compaixão, senso de empatia e senso de responsabilidade.

Oferecer feedback e feedforward construtivos e oportunidades de


autorreflexão, ajudando a promover a autoconscientização e o
autoconhecimento.

Entre outras ações.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
EM PRIMEIRA PESSOA: COMO DESENVOLVER AS
INNER SKILLS EM VOCÊ?
Um possível caminho para desenvolver suas Inner Skills é dar foco e energia no
desenvolvimento de seus “Impérios Interiores”.

Os 4 Impérios Interiores são uma teoria desenvolvida pelo escritor Robin Sharma,
o mesmo que cunhou o já comentado termo “Quiet Quitting”.

Robin Sharma é um escritor e palestrante conhecido por seus livros sobre


liderança e desenvolvimento pessoal. Ele é o autor do best-seller que aborda a
ideia dos Impérios Interiores, o livro "O Clube das 5 da Manhã".

Nele, Sharma apresenta a ideia de que as pessoas têm quatro impérios


interiores: físico, mental, emocional e espiritual. Ele argumenta que, para atingir
o sucesso e a felicidade, é necessário equilibrar e fortalecer esses impérios, a fim
de viver uma vida plena e satisfatória.

Esses são os 4 impérios interiores e seus nomes originais em inglês. Vamos


detalhar sobre eles.

Heart Set - Império Emocional


Este aspecto tem a ver com nosso bem-estar emocional, incluindo nossa
capacidade de lidar com as emoções, mantendo uma atitude positiva e
encontrando significado e propósito na vida.

Por exemplo, uma pessoa com um Império Emocional forte seria capaz de lidar
de forma saudável com as frustrações, mantendo um bom humor mesmo em
momentos de stress.

Soul Set - Império Espiritual


Se refere à nossa conexão com o mundo mais amplo e à nossa capacidade de
encontrar significado e propósito na vida. Isso pode incluir práticas religiosas ou
espirituais, mas também pode ser uma conexão mais profunda com a natureza,
com outras pessoas ou com um propósito maior.

Um exemplo de Império Espiritual forte seria uma pessoa que tem uma prática
de meditação diária e que frequentemente se volta para a espiritualidade como
fonte de força e significado.

Health Set - Império Físico


Este aspecto se refere à nossa saúde e bem-estar físico. Isso inclui uma
alimentação saudável, exercício regular e uma boa noite de sono.

Por exemplo, uma pessoa com um Império Físico forte teria hábitos alimentares
saudáveis, faria exercícios regularmente e teria uma rotina de sono consistente.

Mind Set - Império Intelectual


Relaciona-se à nossa capacidade de aprender e desenvolver nossa inteligência e
habilidades. Isso pode incluir a educação formal, mas também pode incluir
atividades como a leitura, o estudo autônomo e a participação em projetos que
desafiam nossa mente.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Por exemplo, uma pessoa com um Império Intelectual forte teria uma vida de
aprendizado contínuo, buscando novos conhecimentos e habilidades através de
diversas fontes.

De acordo com Sharma, alcançar um equilíbrio saudável entre esses 4 aspectos é


essencial para a felicidade e o sucesso a longo prazo, mas, não é difícil perceber
que, ao desenvolvê-los, também estaremos potencializando nossas Inner Skills,
pois ajuda as pessoas a desenvolverem essas habilidades.

Figura 5 – Os 4 Impérios Interiores de Robin Sharma em seu livro "O Líder que Tinha Tudo a Aprender"

Além disso, deixo mais algumas ideias para contribuir com o desenvolvimento
autônomo de suas habilidades interiores:

Qual a sua missão?


Pergunte a si mesmo o porquê você existe e encontre sua resposta. Quando
conclui qual é o seu propósito no mundo, você consegue ter mais clareza sobre
as habilidades interpessoais que já tem e outras que terá que desenvolver para
cumprir sua missão.

Abertura ao feedback
Quando está aberto legitimamente a entender o que o outro tem a dizer sobre
você, fica mais fácil perceber o que precisa desenvolver em si. É preciso fazer isso
sem armaduras ou barreiras. Você perceberá que o que precisará ser
desenvolvido provavelmente será uma Inner Skill.

Cuidado com o passado


Muitas vezes não desenvolvemos habilidades interiores porque nos
resguardamos por conta de situações do passado que não foram positivas.
Assim, passamos a nos preservar mais, evitando relacionar-se com os outros e
autoperceber o pleno potencial. O seu passado é uma referência muito
importante para desenvolver suas Inner Skills, mas cuidado para que ele não o
limite de tentar novas abordagens por medo, insegurança e apego às velhas
certezas.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
Meditação e mindfulness
Praticar meditação e outras atividades de mindfulness trazem muito mais
consciência física, corporal, mental e espiritual. Acredito que esse é um ótimo
caminho para você colocar-se em sua própria presença e conseguir mais
concentração para o seu dia a dia, além de mais consciência, autoconsciência e
percepção das oportunidades.

Seja seu melhor amigo


Isso vai além de ter autoestima ou valorizar suas potencialidades. Os amigos de
verdade te elogiam e incentivam, mas também cobram e fiscalizam. Aprenda a
ouvir a sua voz interior! Saiba corrigir-se e fiscalizar-se. Quer uma dica? Faça
sempre um exame de consciência antes de dormir, assim você saberá onde
precisa evoluir. E, claro, não deixe de celebrar suas conquistas.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS
PARA ENCERRAR NOSSA JORNADA

As Inner Skills são a chave para o sucesso verdadeiro e duradouro em nossas


vidas, carreiras e empreendimento. Elas nos permitem controlar nossas
emoções, conduzir nossos pensamentos e atenção, alcançar nossos objetivos,
construir relacionamentos saudáveis e encontrar a felicidade interna.

Não há limite para o que podemos alcançar quando investimos em nós mesmos,
desenvolvendo nossas habilidades interiores. Sejamos fortes, corajosos e
determinados em nossa jornada. Deixemos de lado o medo e a insegurança, e
confiemos em nossas Inner Skills para nos guiar ao longo do caminho.

Sejamos verdadeiramente nós mesmos e alcancemos nossos sonhos.


Vamos construir um futuro melhor, começando por dentro.

Quer saber mais através de um canal que estará em


permanentemente atualização? Acesse: www.innerskills.com.br
ou use seu celular conectado à internet para fazer a leitura
desse QR Code.

Quer levar a reflexão sobre as Inner Skills


para sua empresa?

Se quiser que sua equipe saiba mais sobre


as Inner Skills e entenda a importância do
desenvolvimento delas, entre em contato
conosco pelo site
www.marcelodeelias.com.br e pergunte
sobre como podemos ajudar sua empresa
através de palestras e workshops.

Marcelo de Elias é mestre em inovação e design. Conteudista especialista em


mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador
da Universidade da Mudança e pioneiro no assunto Inner Skills.

ATENÇÃO: Caso deseje usar esse conteúdo parcial ou integralmente, adaptando


trechos e conceito ou usando literalmente, inclusive as imagens, a utilização é
permitida, desde que dado crédito ao autor e citada a fonte em que o material foi
acessado.

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O ESSENCIAL SOBRE INNER SKILLS – MARCELO DE ELIAS

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