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Suplementação com

Imunoestimulante (Defensyn®)
na melhora clínica de cães com
Leishmaniose Visceral
Luana Dias de Moura (coordenadora da pesquisa)
MV, MSc, Doutoranda em diagnóstico
e terapêutica na Medicina Veterinária

König do Brasil Ltda


Estrada Municipal, 889
Rod. Castelo Branco Km 68,5
Bairro Dona Catarina – 18120-000
Mairinque, SP
Tel / Fax 55 (11) 4708-1867
Autores
Luana Dias de Moura, Médica Veterinária, Mestra, UFPI;
Naílson de Jesus Melo; Graduando em Medicina Veterinária, UFPI;
Leopoldo Fabrício Marçal do Nascimento; Doutor em Ciência Animal;
Maria do Socorro Pires e Cruz, Médica Veterinária, Doutora em Doenças Tropicais, UFPI;
Mariana Kiyomi Maruno, Zootecnista, Doutora, Departamento Técnico, König do Brasil;
André de Almeida Prazeres Gonçalves, Médico Veterinário, Gerente Nacional, König Brasil.

Departamento Técnico de Nutrição


nutricao@konigbrasil.com.br
Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

1. INTRODUÇÃO As fêmeas flebotomíneas infectadas contaminam o


hospedeiro vertebrado ao realizarem seu repasto sanguíneo,
A nutrição de cães e gatos tem se comportado de liberando as formas promastigotas (infectante) do parasita
forma semelhante à nutrição humana, observada através juntamente com a saliva. Na epiderme do hospedeiro,
da crescente incorporação de ingredientes funcionais nos estas formas são fagocitadas por células do sistema
alimentos. O manejo nutricional tem sido uma importante mononuclear fagocitário. No interior dos macrófagos, as
ferramenta no auxílio do tratamento de diversas patologias, formas promastigotas perdem o flagelo, diferenciando-
por meio da inclusão de alimentos nutracêutico na dieta dos se em amastigotas que se multiplicam intensamente até
animais (BORGES, 2013). o rompimento dos mesmos, ocorrendo a liberação destas
formas que serão fagocitadas por novos macrófagos
A imunomodulação através da dieta ocorre de num processo contínuo, ocorrendo a disseminação
duas formas. A primeira, busca componentes da dieta que hematogênica para outros tecidos (figura 1) ricos em células
atuem diretamente nos patógenos ou na microbiota do trato do sistema nuclear fagocitário, como linfonodos, fígado,
gastrointestinal e a segunda, exerce efeitos indiretos sobre baço e medula óssea (COUTO et al., 1998).
os patógenos da microbiota por terem como alvo as células
intestinais e/ou células imunes dos hospedeiros (ZAINE, 2014). A infecção do vetor ocorre quando as fêmeas, ao se
alimentarem do sangue de mamíferos infectados, ingerem
Dentre as patologias que podem ser auxiliadas pelos macrófagos parasitados na forma amastigota da Leishma-
alimentos nutracêuticos, encontra-se a leishmaniose visceral nia. No trato digestivo ocorre o rompimento dos macrófa-
canina (LVC), conhecida também calazar ou kalazar uma gos liberando essas formas. Ocorre, então, a reprodução por
antropozoonose causada por protozoários intracelulares divisão binária e sua rápida diferenciação em formas flage-
do gênero Leishmania e que acometem canídeos silvestres e ladas denominadas promastigotas (formas infectantes). O
domésticos (SCHIMMING et al., 2012). Doença considerada ciclo do parasita no inseto se completa em torno de 72 ho-
imunomediada, visto que o parasita influencia a resposta ras (SANTA-ROSA & OLIVEIRA, 1997). Existem indí-
imune do hospedeiro. cios que o período de maior transmissão da leishmaniose
ocorra durante ou logo após a estação chuvosa, quando há
Alimentos nutracêuticos com ꞵ-glucanos e um aumento da densidade populacional dos insetos, sendo
α-mananos podem auxiliar no tratamento da LVC por a maioria de hábito noturno (ALMEIDA et al., 2010).
modular o sistema imune do hospedeiro através de suas
interações específicas com várias células imunocompetentes, Os hospedeiros vertebrados da LV são animais sel-
indutoras na imunidade humoral e mediada por células vagens como roedores, tatus, raposas e preguiças e, no am-
(MEDZHITOV & JANEWAY JUNIOR, 2000). biente doméstico, os cães, gatos e o próprio homem. Neste
ambiente, o cão (Canis familiaris) é considerado principal
1.1 LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA reservatório do parasita, tendo assim, papel fundamental
no ciclo hospedeiro / reservatório / vetor (DANTAS-TOR-
A leishmaniose é uma doença endêmica com RES, 2009). Por essa razão, é considerado um importante
maior incidência em países, localizados em regiões elo na transmissão da leishmaniose humana (SILVA et al.,
tropicais e subtropicais. No Brasil, as principais áreas 2007; VERÇOSA et al., 2008).
endêmicas da Leishmaniose Visceral (LV) possui registro
de casos em 21 estados da Federação, sendo as principais Os animais, uma vez infectados, podem permanecer
áreas endêmicas localizadas na região nordeste (PORTAL em um quadro infeccioso assintomático ou podem apresen-
DA SAÚDE, MS, 2015). tar uma doença progressiva com sinais clínicos variados. Os
sinais clínicos mais frequentes em cães com LV são linfade-
A LV é causada por um protozoário do gênero nopatia, lesões do focinho ou orelha (úlceras), apatia, ano-
Leishmania pertencente à família Trypanosomatidae e à or- rexia, perda de peso, mucosas pálidas, onicogrifose, lesões
dem Kinetoplastida. Estes protozoários apresentam uma cutâneas, hemorragia, despigmentação do focinho ou lábio,
única mitocôndria rica em material genético (kDNA), deno- alopecia, blefarite e ceratoconjuntivite (REIS et al., 2006, SIL-
minado quinetoplasto (GRIMALDI JÚNIOR &TESH, VA et al., 2017). Em cães, a pele é o órgão que mais comu-
1993). O agente etiológico em nosso país é a Leishmania in- mente apresenta sinais de LV, e a presença do parasita na pele
fantum chagassi (GONTIJO & MELO, 2004). deste reforça o importante papel na transmissão e no ciclo do
parasita. (QUEIROZ et al., 2010).
A transmissão ao hospedeiro ocorre durante a pi-
cada de fêmeas hematófagas, as quais pertencem à ordem Considerando que a LVC é uma doença imuno-
díptera, família Psychodidade, subfamília Phlebotominae, mediada, onde o parasita influencia a resposta imune do
espécie Lutzomya longipalpis e L. cruzi, conhecidos po- hospedeiro, observa-se que as lesões sistêmicas estão di-
pularmente como mosquito-palha e birigui (GONTIJO retamente relacionadas com a resposta imune do hospe-
& MELO, 2004). deiro e a evolução da doença (BARBIERI, 2006).

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Amastigotas intracelulares

Fagolisossoma
Proliferação

Absorção

Lise

Macrófago
Re-invasão

Adesão

Refeição sanguínea Refeição sanguínea


(flebótomo) (flebótomo)

Amastigotas
Promastigotas
metacíclicas

Figura 01. Ciclo biológico da leishmaniose


visceral canina (Adaptado de Sykes et al., Promastigotas
procíclicas
2013).

A resistência à infecção em animais assintomá- número de linfócitos T CD4+, o que sugere a ausência
ticos dependerá da resposta celular Th1 a qual está asso- de resposta efetiva no sentido de eliminar o parasita
ciada à produção de citocinas pró-inflamatórias IFN-γ, (CORRÊA, 2007). Em cães assintomáticos predomina a
TNF-α, IL-2 além de linfócitos T CD4+ e CD8+ (figura 2). resposta imune celular para Th1 mediado por IFN-γ e
TNF-α, proporcionando resistência à LVC.
Nos cães sintomáticos observa-se proliferação
do parasita nos macrófagos, devido a uma redução no

IFN-γ Ativação de Eliminação


TNF-α Macrófagos do Parasita
IL-2
Th1
IL-12
IL-18 Inibição
IL-27 IL-10 Síntese Nitrocoxide
de Óxido
Nítrico Radicais
Th0 livres de
Oxigênio
Figura 02. Perfil de linfócitos
Inib
içã

IL-4 na resposta imune a


o

leishmaniose visceral canina


Th2 B P (Adaptado de BANETH et al.
2008).
Treg
IL-4
IL-10
Disseminação do Parasita
TGF-ꞵ

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1.2. DIAGNÓSTICO, CONTROLE E TRATAMENTO

A suspeita da LVC é baseada em dados


epidemiológicos e nos achados clínicos, entretanto
ainda é considerado um diagnóstico complexo, visto que
algumas doenças compartilham sintomatologia similar.
O período de incubação nos cães é bastante variável. Este
período possui média de três meses a sete anos. A LVC é
uma doença de evolução lenta: no momento inicial, os
parasitas são encontrados no local da picada infectada,
depois distribuem-se através da derme, para depois,
por fim ocorrer a infecção das vísceras. Além disso,
cerca de cinquenta por cento dos cães soropositivos são
assintomáticos e possivelmente não demonstrarão sinais
da LVC (REIS et al., 2000).

A fase inicial da doença é caracterizada por


lesões cutâneas como: alopecia, despigmentação dos
pelos, descamação e eczema em particular no espelho Figura 03. Exame parasitológico direto com presença de
nasal e orelha, pequenas úlceras rasas localizadas mais forma amastigota de Leishmania sp. em aspirado de linfonodo
frequentemente ao nível das orelhas, focinho, cauda (MOURA, 2018).
e articulações. Em fases mais adiantadas, observam-
se onicogrifose, esplenomegalia, linfoadenopatia, A reação em cadeia de polimerase (PCR) é a técnica
alopecia, dermatite, úlceras de pele, distúrbios oculares de diagnóstico molecular que torna possível identificar a
(conjuntivites, ceratoconjuntivite, blefarite e/ou uveítes), ampliar o DNA do parasita (IKEDA-GARCIA E FEITOSA,
coriza, apatia, diarreia, hemorragia intestinal, edema de 2006). Porém esta técnica é mais usada em pesquisa do
patas, vômito e hiperqueratose. Já na fase de infecção, que em rotina clínica laboratorial. A utilização da PCR é
ocorrem em geral a paresia das patas posteriores, uma técnica que torna possível identificar e ampliar o DNA
caquexia, inanição e morte. Já as lesões renais são do parasita em amostras de sangue total, medula óssea,
consideradas como a principal causa de óbito por LVC linfonodos e fragmentos de pele. Apresenta sensibilidade
(ARRUDA 2009). e especificidade próxima de 100% (IKEDA GARCIA &
FEITOSA, 2006; MANNA et al., 2009). A técnica PCR em
Diferentes técnicas podem ser utilizadas para tempo real foi introduzida recentemente para detectar
confirmar o diagnóstico como: teste sorológico, pesquisa quantitativamente leishmanias no organismo, entretanto
do parasita por exames parasitológicos e/ou ensaios essa técnica ainda é onerosa, não faz parte da rotina de
moleculares (MARZOCHI et al., 1985; MINISTÉRIO muitos laboratórios e também não está padronizada pelo
DA SAÚDE, 2014). O diagnóstico parasitológico pode Ministério da Saúde (QUEIROZ et al., 2010).
ser realizado por exame direto (figura 3) baseado na
detecção da forma amastigota da Leishmania sp.. Para As medidas de controle estão centradas no
tal, são utilizadas lâminas contendo amostras de medula diagnóstico e tratamento precoce dos casos humanos,
óssea, linfonodo ou pele; ou cultura do material obtido redução da população de flebotomíneos, eliminação dos
por punção de medula óssea e linfonodos em meio reservatórios domésticos e atividades de educação em
específico para identificação de formas promastigotas do saúde. Recomenda-se controle único vetorial e a utilização
parasita (CUNNINGHAM et al.,2012; MINISTÉRIO DA de inseticidas de ação residual Em cães, as medidas de
SAÚDE, 2006; SCHIMMING & PINTO E SILVA, 2012). controle estão ligadas ao uso se repelentes, tais como
coleiras, bisnagas ou sprays com inseticidas capazes de
O diagnóstico sorológico se baseia na detecção de inibir o contato de flebotomíneo no animal, além do uso
anticorpos anti-Leishmania circulantes, tendo em vista que de vacina como profilaxia e a higienização do ambiente e
os animais doentes desenvolvem resposta imune humoral do animal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
e produzem altos títulos de IgG anti-Leishmania (FERRER,
1999). No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda como De acordo com a portaria interministerial
protocolo de diagnóstico e método de triagem o teste nº1426 de 11 de julho de 2008, tornou proibido o
imunocromatográfico TR DPP® (Dual-Path Platform) tratamento da LVC com produtos de uso humano ou
e, o teste de ELISA (Enzime Linked ImmunonoSorbent não registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária
Assay) utilizando-se antígeno solúvel total como teste e Abastecimento (MAPA). A terapêutica em cães se dá
confirmatório (NOTA TÉCNICA Nº 01/2011-CGDT/ com a associação de drogas: combina-se medicamentos
CGLAB / DEVIT / SVS / MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). com efeito leishmanicida, com efeito leishmaniostático,

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juntamente com o uso de imunomoduladores (FRASER dieta convencional (ZEISEL, 1999). Outra definição
et al., 2008). O paciente deve ter acompanhamento de composto nutracêutico, seria a substância não
clínico e laboratorial constante, idealmente em fármaco, produzida de forma purificada ou sob forma
intervalos de 6 meses, na busca de se manter um bom de extrato e administrada de forma oral para fornecer
prognóstico. ao organismo os agentes necessários para a estrutura e
função normal, visando melhorar a saúde e o bem-estar
O primeiro medicamento oral destinado ex- dos animais (BOOTHE, 1997).
clusivamente aos cães acometidos com a LVC foi a
miltefosina (hexadexilfofocolina, HepC), que promo- As substâncias nutracêuticas são as vitaminas
veu importante avanço terapêutico no tratamento da antioxidantes (A, C e E), flavonoides, vitamina D, ácidos
enfermidade (SUNDAR & OLLIARO, 2007). O modo graxos poli-insaturados, L-carnitina, glucosamina,
de ação da miltefosina, que é uma droga leishmanicida condroitina, prebióticos, probióticos, minerais e fibras
(CROFT et al., 1987), está associado a alterações no me- dietéticas (DAVÍ et al., 2010).
tabolismo lipídico, mais precisamente, na biossíntese
dos fosfolipídios promovendo assim, ação leishmani- Na alimentação dos cães e gatos, os suplementos
cida (LUX et al., 2000). Por meio de nota técnica con- nutracêuticos são recomendados com objetivo de
junta nº001/2016 MAPA / MS, foi autorizado o registro favorecer a saúde do trato digestório, da resposta
do produto Milteforan® (Virbac Saúde Animal) para o imune, das condições de pele e pelagem, da composição
tratamento da LVC no Brasil, uma vez que a miltefosina corporal e da prevenção de danos decorrentes do
não é uma droga utilizada no tratamento da doença em envelhecimento, além de auxiliar nas funções orgânicas
humanos (MAPA / MS, 2016). dos animais doentes.

O alopurinol (4-hidroxipirazolo – [3,4-d] pri-


rimida) tem atividade leishmaniostática, ele interfere 1.4. PREBIÓTICOS
no crescimento da Leishmania, atuando na inibição da
síntese de pirimidinas, o que leva à inibição das sínte- Os prebióticos são definidos como ingredientes
ses de proteínas do parasita (PFALLER et al., 1974). Este alimentares não digeríveis que atuam de forma beneficia
medicamento de uso oral é uma droga de baixo custo na saúde do hospedeiro (GIBSON & ROBERFROID, 1995).
e facilmente disponível para tratamento (GINEL et al., A alteração da microbiota intestinal em decorrência do
1998). No entanto, embora o alopurinol seja capaz de consumo de prebióticos ocorre pelo fornecimento de
amenizar os sinais clínicos, o mesmo não é eficiente nutrientes para as bactérias desejáveis, promovendo
para estimular uma resposta imunoespecífica e assim assim, a exclusão competitiva das indesejáveis. Além
eliminar o agente infeccioso. do mais, o trato gastrointestinal é o principal local de
interação entre o sistema imune e microrganismos
A Domperidona possui ação ação imunomodu- (ZAINE, 2014).
ladora, estimulando a produção de linfócitos Th1 e de
IL-2, IL-12, IFN-g e TNF-a levando à ativação dos ma- O sistema imune da mucosa do TGI de cães
crófagos, seguida da diminuição da população de Th2, e gatos consiste em estruturas linfoides organizadas,
entretanto tem uso restrito (droga humana), podendo incluído Placas de Peyer, linfonodos mesentéricos e
apresentar efeitos colaterais (GOMEZ-OCHOA et al., lâmina própria intestinal (STROKES; WALLY, 2006).
2009). Nesta mucosa são encontrados tipos celulares específicos,
como linfócitos T e B, macrófago, mastócito, células
dendríticas, neutrófilos e eosinófilos (GERMAN, HALL,
1.3. ALIMENTOS NUTRACÊUTICOS. DAY 1999.)

Sabe-se que a quimioterapia da LVC ainda é um Sabe-se que as bactérias que residem no trato
desafio, devido a inexistência de tratamento efetivo que gastrointestinal influenciam o desenvolvimento
elimine o parasita. Dessa forma, a suplementação dos do Tecido Linfoide Associado ao Intestino (GALT),
cães com alimentos nutracêuticos pode ser um potente modulando assim a imunidade do animal. O GALT é
adjuvante para boa resposta imune ao tratamento de LV considerado maior órgão imunológico do organismo,
em cães. onde são localizadas, aproximadamente 80% das células
de defesa e 50% das células imunes efetoras, realizando
Os alimentos nutracêuticos são suplementos as seguintes atividades: captura, processamento e
alimentares que contém forma concentrada de apresentação de antígenos ingeridos; produção de
composto bioativo, o qual se apresenta separado da anticorpos locais, em especial IgA; ativação de respostas
matriz alimentar e é utilizado com finalidade melhorar imunes citomediadas, particularmente as mediadas por
a saúde e em doses que excedem aquelas contidas na linfócitos T CD8+ e macrófagos (SANTOS, 2017).

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1.4.1. BETA-GLUCANOS O efeito imunoestimulante está relacionado com


a sua interação com receptores específicos presentes nas
Os ꞵ-glucanos são são polissacarídeos com células do sistema imune, como os receptores toll-like, de
ação prebiótica originados da parece celular da manose, complemento-CR3, dectina-1 e, que reconhecem
Saccharomyces cerevisiae. A S. cerevisiae é uma levedura, células específicas presentes nos patógenos (Padrão
cuja parede celular é composta por glucanos (55%), Molecular Associado aos Patógenos - PAMPs) (Figura 05).
mananoproteínas (22%) e quitina (1,5%) (Figura 04). A Dessa forma, permite o reconhecimento pelo sistema imune
composição destes componentes está distribuída em do que próprio ou não próprio (BROWN; GORDON, 2001)
duas camadas principais, sendo a externa composta por
mananoproteínas e a interna por glucanos e quitina, A ligação do PAMP a um receptor de célula
em estrutura interconectada por ligações covalentes imune (Receptores de Reconhecimento Padrão – PRRs)
(MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008). induz uma sinalização que desencadeia uma cadeia de

Mananoproteínas

ꞵ-1,6-glucano
ꞵ-1,3-glucano

Quitina
Figura 04. Estrutura da parede
celular da Saccharomyces
cerevisiae (Fesel & Zuccaro,
2016). Bi-camanda
fosfolipídica da
membrana celular

Quitina sintetase ꞵ-1,3-glucano sintetase

UDP-GlcNAc UDP-Glc

Os glucanos são polímeros de glicose com sinais intracelulares, com consequente produção de
ligações ꞵ(1-3) e ꞵ(1-6), já quitina é composta por ꞵ(1-4)- componentes da resposta imune inata (como citocinas,
N-acetilglucosamina e uma pequena porção de lipídeos IFNs, moléculas do complexo de histocompatibilidade,
(MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008). entre outros), que atuam contra os microrganismos.
(MEDZHITOV et al., 1997). Estes receptores estão
Os ꞵ-glucanos obtidos microrganismos pertencem presentes principalmente nos macrófagos, neutrófilos,
a uma classe de substâncias conhecidas como modificadores células dendríticas (CDs) (ABBAS et al.,2003).
de resposta biológica (MRB), pois alteram a resposta no
hospedeiro. Esses polímeros ativam a resposta imune via A estrutura que permite o reconhecimento do
sistema complemento diretamente, ou com auxílio de ꞵ-glucano pelo sistema imune, está associada a padrões
anticorpos que produzem fatores quimioterápicos que moleculares (PAMP’s). O ꞵ-glucano desencadeia respostas
induzem a migração de leucócitos para o sítio de infecção cuja função é proteger o hospedeiro de invasões de patógenos,
(MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008). caracterizando como parte da imunidade inata de organismos
superiores (MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008).
1.4.2. AÇÃO DO ꞵ-GLUCANO NO SISTEMA IMUNE
Os receptores relacionados ao reconhecimento
Os ꞵ-glucanos possuem várias propriedades do ꞵ-glucano em vertebrados incluem a dectina-1, o re-
imunomoduladoras. Eles agem por estimulação do ceptor do sistema complemento 3 (CR3) e a lactosilcerami-
sistema imune, principalmente em macrófagos, exercendo da. O mecanismo de resposta é mediado pela combinação
efeito benéfico contra uma grande variedade de bactérias, desses receptores, porém o mecanismo mais esclarecido é
fungos, vírus e parasitas (MANTOVANI et al., 2008). o da dectina-1 (MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008).

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Recrutamento de leucócitos: Inflamação

Citocinas (pró-inflamatórias)

Fagocitose

Sinalização
intracelular Burst respiratório: espécies reativas
de oxigênio e óxido nítrico

Apresentação de antígeno (via complexo


principal de histocompatibilidade)

• Ligantes endógenos - (Glico/lipo) proteínas alteradas/modificadas, opsoninas (ex. fragmentos da fração C3 do


sistema complemento e fibronectinas, células tumorais e citocinas)
• Microorganismos e produtos microbianos (ex. Lipopolissacarídeos)

TLR4- Receptor Toll-like 4 MR-Receptor de manose

CD14- molécula de diferenciação tipo CD14 Dectina-1

TLR2- Receptor Toll-like 2 SR-Receptor scavenger

CR3- Receptor para complemento do tipo 3

Figura 05. Modulação da atividade de macrófago por PRRs (Adaptado de Lenung et al., 2006).

O imunoreceptor dectina-1 é uma


glicoproteína transmembrana tipo II, presente de
Macrófago
forma heterogênea nos tecidos, cuja principal função
é a vigilância contra patógenos. A sua expressão está
diretamente relacionada com monócitos, macrófagos,
neutrófilos e células dendríticas. Dessa forma, seus
sinais contribuem para a resposta destas células,
incluindo fagocitose, burst oxidativo, degranulação
de neutrófilos, produção de mediadores lipídicos da
inflamação, citocinas e quimiocitocinas, que recrutam
e coordenam a ativação de outras células imunes
(Figura 06) (GOODRIDGE; WOLF; UNDERHILL,
2009).
Dectina-1 • TNF/Mediadores inflamatórios
• Funções microbicidas efetoras
Este imunoreceptor ao ser estimulado pelo
ꞵ-glucano sofre fosforilação e, ao que tudo indica,
está envolvida na produção de superóxido pelos
macrófagos como resposta de defesa (MAGNANI &
CASTRO-GOMES, 2008).

O dectina-1 presente na membrana dos


macrófagos é o principal receptor de reconhecimento
de ꞵ-glucanas e, através desta especificidade há a ꞵ-glucano
sua ativação com consequente reconhecimento de
patógenos, promovendo a indução de uma série
de respostas celulares protetoras inclusive com a
diferenciação da resposta imunológica (Th1 ou Th2).
Sugere-se que esta especificidade induza a produção
de interleucinas IL-12, IL-18 e IL-27 que estão Figura 06. Interação do ꞵ-glucano com o receptor dectina-1
associados a resposta celular Th1 (SANTOS, 2017). em macrófago (Adaptado de Hohl & Palmer, 2006).

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A resposta celular Th1 promove a formação das conectadas a essa cadeia. O ꞵ-glucano mais abundante
citocinas INF-γ, TNF-α e IL-2, responsáveis pela ativação é a 1,3 ꞵ-glucano que apresenta habilidade para
de macrófagos, realizando assim o burst respiratório, com estimular o sistema imunológico, através da ativação
a produção de óxido nítrico e a eliminação do parasita de macrófagos, células endoteliais dendríticas, células
(Figura 07) (SANTOS, 2017). T e B, linfócitos polimorfonucleares, com a indução da

Patógeno Interleucina

Beta-glucano

Imunoglobulina
Receptor

(Ativar) Citocinas

Ativação de Macrófagos Eliminação do Parasita


IFN-γ
TNF-α
IL-2
Th1

Síntese de Óxido
Nítrico Nitrocoxide

Radicais livres de Oxigênio

Figura 07. Ativação de macrófago por ꞵ-glucano. Adaptado de Peluso (2020) e Baneth (2008).

O imunorreceptor CR3 funciona como uma expressão de diversas citocinas (KUBALA et a., 2003).
molécula de adesão celular, que possui um sítio de Devido a função biológica desse polipeptídio, verifica-
ligação para carboidrato, local onde o ꞵ-glucano se se efeito benéfico a uma série de doenças que incluem
adere. E o receptor lactosilceramida é um esfingolipídio as infecções virais, parasitárias, bacterianas e fúngica,
presente na membrana plasmática celular e, juntamente combate a tumores, efeito anti-inflamatório, anti
como ꞵ-glucano realça o burst oxidativo e as funções hipocolesterolêmico, hipoglicêmico, mutagênico, e em
antimicrobianas (MAGNANI & CASTRO-GOMES, 2008) situações supressão imune divido ao estresse (FREITAS
JUNIOR et al., 2012).
1.5. DEFENSYN® COMO IMUNOESTIMULANTE
NA LVC O Defensyn® (König, Saúde Animal) é um
suplemento alimentar imunomodulador. Possui em
Muitos alimentos comerciais para cães e gatos sua composição nutrientes altamente concentrados
produzidos no Brasil contêm derivados da levedura e direcionados às exigências nutricionais de animais
Sacharomyces cerevisae, cuja inclusão beneficia o que se encontram em estado de convalescência,
sistema imune e a microbiota do trato gastrointestinal ou seja, se recuperando de alguma enfermidade,
(ZAINE et al., 2014). A parede celular é constituída de doenças crônicas, imunossupressoras, que não
principalmente por mananoproteínas, ꞵ-glucanos e possuem cura e até mesmo em situações oportunistas.
quitina (LIPKE & OVALLE, 1998). Possui alta concentração de ꞵ-glucano, e também
grandes quantidades de mananoligossacarídeos e
Os mananoligossacarídeos presentes na parede frutoligossacarídeos. Também é composto por outros
celular tem ação prebiótica, observada pelo estímulo nutracêuticos de grande importância, como as vitaminas
do crescimento das bactérias que agem auxiliando o A, C, E, B1, B2, B6, B12, inositol, ácido pantotênico,
trato digestório. Consequentemente há o aumento da ácido fólico, zinco e selênio quelato, glutamina, sulfato
microbiota benéfica, com consequente diminuição da de Glucosamina, ácido linoleico, Lactocilus acidiphilus e
patogênica, caracterizada pela aglutinação de patógenos plasma sanguíneo.
(CARCIOFI & GOMES, 2010).
2. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO
Os ꞵ-glucanos são polissacarídeos, que se
diferenciam pelo tipo de ligação entre as unidades de O uso de nutracêuticos na veterinária pode, po-
glicose presentes na cadeia principal e pelas ramificações tencialmente, resultar em benefícios aos pacientes. Ainda

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

existe escassez de informações científicas sobre sua reco- em pó, e sua forma de administração é oral, onde pode
mendação, dosagem adequada e eficácia (ZAINE et al., ser misturado a água ou polvilhado sobre o alimento
2014), mas, conforme apresentado anteriormente, existem a ser consumido. Recomenda-se o consumo imediato
evidências que as substâncias imunomoduladoras sejam al- da água ou alimento, após a adição do produto. Já o
tamente benéficas para animais em estado convalescente. alopurinol é um medicamento de uso oral, em forma
de comprimidos e, normalmente comercializados
Como a ocorrência de lesões sistêmicas da LVC nas versões de 100 ou 300mg. Durante o período
está diretamente relacionada com a resposta imune do experimental, recomendou-se que o tutor mantivesse a
hospedeiro e a evolução da doença (BARBIERI, 2006), e alimentação do animal em sua normalidade, fornecendo
o Defensyn® possui alta concentração de ingredientes a mesma dieta consumida previamente ao ensaio.
imunomoduladores em sua composição, o presente
estudo se justifica como forma de avaliar a efetividade Após o diagnóstico positivo para LVC dos cães,
da suplementação com este imunoestimulante na recomendou-se medidas preventivas para evitar picadas
melhora clínica de cães com LVC, quando submetidos ao de flebotomíneos. As medidas preventivas foram o
tratamento com Alopurinol na dosagem recomendada uso de coleira impregnada com deltametrina ou o uso
de 10 a 20 mg/kg/BID. de spray repelente a base de permetrina. Posterior
ao término do ensaio experimental, os animais
Assim, este estudo teve por objetivo avaliar a foram encaminhados novamente aos clínicos que os
suplementação alimentar com o imunoestimulante acompanham para continuar o tratamento contra LVC.
Defensyn® na melhora clínica de cães com LVC em conjunto No início do experimento (D0) e ao final (D60) todos
com tratamento alopático convencional com o Alopurinol. animais foram submetidos ao diagnóstico sorológico,
parasitológico, a avaliação clínica e de parâmetros
3. METODOLOGIA bioquímicos e hematológicos.

3.1. ASPECTOS ÉTICOS E LOCAL DE TRABALHO 3.3.1. DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Os animais utilizados na pesquisa foram subme-
Experimentação Animal (CEEA) da Universidade Fede- tidos ao diagnóstico parasitológico, método considera-
ral do Piauí. Para a realização deste estudo foi solici- do padrão ouro. Para realização deste exame foi feito
tado consentimento dos tutores, permitindo as coletas contenção adequada de cada animal, e posteriormente
amostrais e acompanhamento clínico. O presente tra- coletado as amostras, por punção de medula óssea, lin-
balho foi realizado sob a supervisão da M.V. Luana Dias fonodos e/ou citologia de pele quando presente lesões.
de Moura (CRMV PI-01311) na cidade de Teresina, Piauí, O material coletado foi fixado, corado pelo método do
com colaboração de clínicas veterinárias. panótico rápido, e enviado para analise com pesquisa
direta do parasita, em laboratório particular de Teresi-
3.2. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL na. Essa metodologia possibilitou o diagnóstico preciso
dos animais com positividade para LVC.
Neste estudo foram utilizados 25 cães com
diagnóstico positivo para a LVC. Inicialmente, realizou- 3.3.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA
se uma triagem onde diversos cães foram submetidos
a avaliação clínica e parasitológica, metodologia O perfil clínico dos animais utilizados no estudo,
considerada padrão ouro no diagnóstico da LVC, e apenas foi avaliado de acordo com a metodologia adaptada
os que tiveram avaliação positiva foram distribuídos nos proposta por Silva et al. (2017). Esta metodologia consiste
tratamentos experimentais. Os cães foram distribuídos de em avaliar e pontuar através de uma ficha, a sintomatologia
forma casualizada em três tratamentos experimentais, os da doença, onde considera-se: o grau de atividade do
quais consistiam em: animal, presença de ectoparasitas, estado nutricional,
estado de pele e pelos, presença de secreções e tamanho
Grupo 1: Alopurinol (15mg/kg/sid) + Defensyn® de linfonodos. A escala utilizada na pontuação varia de 0
(3g/5kg/sid); com 09 cães; (zero) a 2 (dois), quando apresentadas condições normais
Grupo 2: Alopurinol (15mg/kg/sid), com 09 cães; recebiam pontuação 0 (zero) e conforme o aumento da
Grupo 3: Controle; sem o consumo do alopurinol e/ou severidade das lesões há o consequente aumento desta
Defensyn®, com 07 cães. pontuação. Ao final do preenchimento desta ficha soma-
se toda a pontuação recebida nos diferentes itens avaliados
O período experimental adotado, foi de 60 dias e o seu valor total é considerado como o escore do animal,
após a positividade do exame parasitológico. Os animais atingindo-se escore máximo de 25 pontos. Dessa forma,
receberam tratamento por 60 dias após a positividade quanto maior o valor do escore apresentado, maior as
no exame parasitológico. O Defensyn® é um produto evidências dos sinais clínicos decorrentes da LVC.

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

3.3.3. DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO E Quando avaliado os sinais clínicos de cada grupo no


AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E D0, não se observou diferença significativa nos valores de
HEMATOLÓGICOS. escore entre eles (Figura 08). Porém quando analisado ao fim
do período experimental, D60, foi constatado a redução dos
Para as análises sorológicas, bioquímicas e sinais clínicos para os animais tratados com G1 (Alopurinol
hematológicas coletou-se 04 ml de sangue através da + Defensyn®) e G2 (Alopurinol), diferentemente do grupo
venopunção jugular em tubos tipo Vacuntainer®. Para o G3 (Controle) que apresentaram sinais clínicos de escore
ensaio bioquímico e sorológico foram utilizados tubos elevado (Figura 09). Porém, houve diferença significativa
contendo ativador de coagulação, obtendo-se assim o (p<0,05), apenas entre os cães dos tratamentos G1 e G3.
soro. E para o ensaio hematológico utilizou-se tubos
contendo anticoagulante (EDTA-K2). A redução do escore relacionado aos sinais clíni-
cos dos cães do G1, tratados com Alopurinol juntamente
O diagnóstico da LVC foi realizado no com o consumo do suplemento alimentar Defensyn®, de-
Hospital Veterinário da Universidade Federal do Piauí monstra a influência da suplementação sobre a resposta
(UFPI), utilizando-se metodologia recomendada pelo imune dos animais contra o parasita causador da LVC.
Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, NOTA
TÉCNICA, 2011). Esta metodologia consiste em teste
rápido de triagem com TR DPP®, seguido de ensaio
ELISA.

Os exames hematológicos e bioquímicos foram


realizados em laboratório particular de Teresina. Para os
ensaios bioquímicos avaliou-se proteínas totais (PT), globu-
linas, albumina (ALB), alanina aminotransferase (TGP), fos-
fatase alcalina (FA), creatinina e ureia. Para o ensaio hema-
tológico, verificou-se os valores da série vermelha e branca,
além do número de plaquetas. Para diagnóstico diferencial
e de exclusão de coinfecção, realizou-se o teste 4DXPlus®
(IDEXX), verificando-se a presença de hemoparasitose dos
animais introduzidos na pesquisa.

3.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA Figura 8. Escore clínico dos animais no início do período
experimental (D0). Colunas seguidas de letras diferentes
Foi adotado delineamento casualizado. Para diferem estatisticamente (5%). G1: Alopurinol (15mg/kg/sid)
análise estatística, utilizou-se o software GrafPad Prism + Defensyn® (3g/5kg/sid); G2: Alopurinol (15mg/kg/sid);
5.0 (GraphPad Pris Inc., San Diego, Estados Unidos). Os G3: Controle; sem o consumo do alopurinol e/ou Defensyn®.
dados foram analisados utilizando-se teste de variância
e, quando significativo foram analisados através dos
testes de Kruskal Wallis e Dunn’s com a adoção de 5%
de significância.

4. RESULTADOS

Todas as avaliações e análises propostas foram


realizadas sem nenhuma intercorrência, porém algumas
avaliações foram realizadas somente nos grupos G1 e G2.

4.1. AVALIAÇÃO CLÍNICA

Os principais sinais clínicos observados nos


animais no início do tratamento, no D0, incluía respec-
tivamente, linfonodos aumentados, lesão de orelha / fo-
cinho, onicogrifose, mucosas pálidas, despigmentação Figura 9. Escore clínico dos animais ao final do período
do focinho, lesão de pele (presença de úlceras e derma- experimental (D60). Colunas seguidas de letras diferentes
tite), emagrecimento, alopecia, secreção ocular serosa diferem estatisticamente (5%). G1: Alopurinol (15mg/kg/sid)
- mucosa, conjuntivite, opacidade córnea, blefarite e + Defensyn® (3g/5kg/sid); G2: Alopurinol (15mg/kg/sid);
sangramento. G3: Controle; sem o consumo do alopurinol e/ou Defensyn®.

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IMAGENS DA AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS DO GRUPO 01


A

Figura 10. Avaliação clínica de um cão do G1 (Alopurinol (15mg/kg/sid) + Defensyn® (3g/5kg/sid)). Imagem A:antes do
período experimental (D0). – onicogrifose, úlcera nasal, hiperqueratose de focinho, despigmentação de lábio e focinho, úlceras
e ponta de orelha e dermatite esfoliativa. Imagem B: Ao final do período experimental (D60) – onicogrifose.

Figura 11. Avaliação clínica de um cão do G1 (Alopurinol (15mg/kg/sid) + Defensyn® (3g/5kg/sid)). Imagem A: antes do
período experimental (D0). – úlcera nasal, hiperqueratose de focinho, despigmentação de lábio e focinho, dermatite esfoliativa,
alopecia generalizada. Imagem B: Ao final do período experimental (D60) – despigmentação de focinho e lábio, secreção ocular.

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IMAGENS DA AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS DO GRUPO 2

Figura 12. Avaliação clínica do cão do G2 (Alopurinol (15mg/kg/sid)). Imagem A:antes do período experimental (D0) –
Pelagem ruim, alopecia generalizada e periocular, onicogrifose, mucosas hipocoradas, despigmentação de lábios e focinho,
úlceras em ponta de orelha, dermatite esfoliativa, secreção ocular, blefarite / uveíte. Imagem B: Ao final do período experimental
(D60) – pelagem ruim, onicogrifose, dermatite esfoliativa, secreção ocular, blefarite e uveíte

Figura 13. Avaliação clínica do cão do G2 (Alopurinol (15mg/kg/sid)). Imagem A: antes do período experimental (D0) –
onicogrifose, despigmentação de lábio e focinho, despigmentação de lábios e focinho, úlceras em lábio e ponta de orelha, dermatite
esfoliativa, áreas de alopecia. Imagem B: Ao final do período experimental (D60) – onicogrifose.

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IMAGENS DA AVALIAÇÃO CLÍNICA DOS ANIMAIS DO GRUPO 3

Figura 14. Avaliação clínica do cão do G3


(Controle). Imagem A: antes do período
experimental (D0) – Onicogrifose, lesão
de ponta de orelha, opacidade de córnea.
B Imagem B: Ao final do período experimental
(D60) – onicogrifose, despigmentação de
focinho e lábio, secreção ocular, opacidade
e ulcera de córnea, secreção ocular.

4.2. DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO E onde é possível detectar a forma amastigota do parasita.


AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E Após o período experimental de 60 dias, verificou-se
HEMATOLÓGICOS. que todos os animais do G1 não apresentaram formas
amastigotas, diferentemente dos animais do G2, os quais
Tanto as análises hematológicas quanto bioquí- dois cães apresentaram formas amastigotas e do G3,
micas foram realizadas apenas nos grupos G1 e G2 (Ta- onde todos os indivíduos apresentaram estas formas do
bela 01). Os exames hematológicos são importantes por protozoário (Figura 15).
avaliarem o estado clínico dos animais (REIS et al., 2006).
Neste estudo foram encontrados achados variados, inde-
pendente do tratamento administrado e tempo de coleta.
Dentre os resultados, os cães apresentaram anemia normo-
cítica, normocrômica, trombocitopenia, leucocitose e eo-
sinopenia, porém não se encontrou diferença significativa
entre as variáveis analisadas (p>0,05).

O acompanhamento dos parâmetros bioquímicos


é fundamental para avaliar a atividade das funções renais
e hepáticas (Tabela 02), considerando que a insuficiência
renal crônica é considerada uma das principais causas
de morte em cães com leishmaniose. Independe do
tratamento empregado e do tempo experimental
utilizado, não se constatou diferenças significativas em
nenhuma variável avaliada (p>0,05). Figura 15. Resultado da avaliação parasitológica dos animais no
início do período experimental (D0). Colunas seguidas de letras
A avalição sorológica com TR-DPP e teste ELISA diferentes diferem estatisticamente (5%). G1: Alopurinol (15mg/
também não demonstrou diferença significativa quando kg/sid) + Defensyn® (3g/5kg/sid); G2: Alopurinol (15mg/kg/
avaliado os diferentes tratamentos e os períodos de sid); G3: Controle; sem o consumo do alopurinol e/ou Defensyn®.
amostragem (p>0,05). Numeração 01: foram observadas formas amastigotas de
Leishmania em exame direto de medula, linfonodo e /ou pele.
Realizou-se exame parasitológico em amostras de Numeração 0 (zero): não foram observadas formas amastigotas
medula, linfonodo e pele, através da confecção de lâminas de Leishmania em exame direto de medula, linfonodo e /ou pele.

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

Tabela 01. Parâmetros hematológicos e seus respectivos desvios padrões dos animais do G1 (Alopurinol + Defensyn®) e G2
(Alopurinol) no início (D0) e no final do período experimental (D60).

G1* G2*
Valores de
Hemograma
Referência5
D0 D60 D0 D60

Hemácias
4,7 ± 1,3 5,6 ± 0,7 4,7 ± 1,4 5,4 ± 1,1 5,5-8,5
(milhões/mm³)
Hemoglobina
11,3 ± 2,2 12,4 ± 1,8 12,6 ± 6,0 12,1 ± 2,7 12-18
(g/ld)

Hematócrito (%) 33,8 ± 7,5 38,8 ± 4,6 37,5 ± 13,5 34,7 ± 11,4 37-55

VGM (fl)1 69,5 ± 6,5 69,0 ± 3,4 72,2 ± 7,4 71,1 ± 3,1 60-77

CHGM (%)2 31,8 ± 2,0 31,9 ± 3,4 32,3 ± 2,6 31,3 ±1,2 32-36

RDW (%)3 18,4 ± 5,5 19,3 ± 5,9 15,7 ± 1,2 16,1 ± 0,8 14-17

Plaquetas
241 ± 133 209 ± 122 270 ± 120 234 ± 111 200-500
(x10³/mm³)
PPT (g/dl)4 7,7 ± 1,2 7,7 ± 1,3 9,5 ± 3,9 8,7 ± 1,1 6-8

Leucócito (x10³μl) 10900 ± 2500 8900 ± 3800 12800 ± 5000 11400 ± 2700 6000-17000

*Tratamento experimental G1 com Alopurinol (15mg/kg/sid) e Defensyn® (3g/5kg/sid) e G2:Alopurinol (15mg/kg/sid); 1Volume
globular médio; 2Concentração de hemoglobina globular médio; 3Amplitude de distribuição eritrocitária; 4Proteína plasmática total;
5
Meyers DJ, Cole EH, Rich LJ. Medicina de laboratório veterinária: interpretação e diagnóstico. São Paulo: Editora Roca, 1995.

Tabela 02. Parâmetros bioquímicos e seus respectivos desvios padrões dos animais do G1 (Alopurinol + Defensyn®) e G2 (Alopurinol)
no início (D0) e no final do período experimental (D60).

G1* G2*
Valores de
Bioquímica sérica
Referência5
D0 D60 D0 D60

Ureia (mg/dl) 38 ± 15 32 ± 17 29 ± 1,4 23 ± 0,6 10-60

Creatinina (mg/dl) 0,8 ± 0,2 0,8 ± 0,2 0,8 ± 0,3 1,0 ± 0,4 0,5-1,6

FA (UI/l)1 121 ± 42 134 ± 62 270 ± 158 104 ± 35 10-96

TGP (UI/l)2 27 ± 16 42 ± 39 41 ± 52 27 ± 16 7,0-92

PT (g/dl)3 9,1 ± 2,0 7,3 ± 1,8 7,6 ± 2,6 7,0 ± 2,4 6,0-8,0

ALB (g/dl)4 2,6 ± 1,0 2,5 ± 0,7 2,4 ± 0,9 2,5 ± 0,5 2,3-3,8

Globulina (g/dl) 6,5 ± 2,7 4,7 ± 2,2 5,2 ± 2,9 4,6 ± 2,8 2,4-5,2

*Tratamento experimental G1 com Alopurinol (15mg/kg/sid) e Defensyn® (3g/5kg/sid) e G2:Alopurinol (15mg/kg/sid); 1Fosfatase
alcalina; 2Transiminase glutâmico-pirúvica; 3Proteínas totais; 4Albumina; 5Meyers DJ, Cole EH, Rich LJ. Medicina de laboratório
veterinária: interpretação e diagnóstico. São Paulo: Editora Roca, 1995.

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

receptores com alta especificidade para ꞵ-glucanos, que


quando ativados desencadeiam a resposta celular Th1
a partir da liberação de interleucinas específicas (IIL-2,
IL-18 e IL-27), promovendo a ativação dos macrófagos
através da ativação das citocinas INF-γ, TNF-α e IL-2,
e a realização do burst respiratório, com consequente
eliminação do parasita devido a presença do óxido ní-
trico. Este mecanismo pode explicar a melhora clínica
dos cães, porém não é capaz de explicar a eliminação
das amastigotas da Leishmania (SANTOS, 2017).

Cook et al. (1982) verificaram que a administração de


glucanos via intravenosa antes e após infecção de hamsters
por Leishmania dovani, promovia a redução de parasitas
no fígado e no baço. Também observaram a atividade
Figura 16. Resultado da avaliação parasitológica dos animais de macrófagos peritoneais in vitro ao serem ativados por
no início do período experimental (D0). Colunas seguidas de glucanos, constatando a redução significativa do parasita
letras diferentes diferem estatisticamente (5%). G1: Alopurinol intracelular, fornecendo assim, evidências para o aumento
(15mg/kg/sid) + Defensyn® (3g/5kg/sid); G2: Alopurinol da resistência inespecífica de hamsters proporcionada pelos
(15mg/kg/sid); G3: Controle; sem o consumo do alopurinol glucanos em resposta a leishmaniose visceral.
e/ou Defensyn®. Numeração 01: foram observadas formas
amastigotas de Leishmania em exame direto de medula, Em estudo conduzido por Zaine (2010) observou-
linfonodo e /ou pele. Numeração 0 (zero): não foram se que a inclusão de ꞵ-glucanos em alimentos extrusados
observadas formas amastigotas de Leishmania em exame para cães proporcionou aumento nas subpopulações
direto de medula, linfonodo e /ou pele linfocitárias de células T totais (CD5+), T helper (CD5+ e
CD4+), T citotóxico (CD5+ e CD8+), e linfócitos B (CD45+
5. DISCUSSÃO e CD21+), além do aumento da citocina TNF-α.

Dada a inexistência até o momento de uma droga Brener et al (2005) ao avaliar a atividade in vitro
que seja capaz de estimular uma resposta imunoespecífica, do 1,3 ꞵ-glucano sobre a secreção de citocinas pró-infla-
e assim eliminar o parasita, muitos estudos tem buscado matórias em macrófagos peritoneais em camundongos,
a melhora da condição de vida dos animais acometidos observaram boa capacidade de secretar citocinas da ativi-
pela LVC. A busca é por tratamentos que auxiliem na dade celular Th1. Dessa forma, observa-se em cães assin-
melhora dos sinais clínicos, promovam a atenuação tomáticos para LVC acentuada redução de parasitas nos
dos efeitos colaterais, e confiram longevidade e bem- macrófagos, devido ao aumento no número de linfócitos
estar ao paciente. Mas a terapêutica da LVC continua T CD+4 (perfil Th1).
a ser um desafio (PHAM et al., 2013), tendo em vista
a grande dificuldade dos médicos veterinários no Em relação as análises hematológicas, indepen-
controle da doença e estabilidade do paciente. O uso de dente do grupo e do tempo analisado, observou-se resul-
suplementos nutracêuticos compostos por prebióticos e tados esperados para cães acometidos com LVC, como
imunoestimulantes tem sido uma escolha promissora, anemia normocítica e normocrômica, trombocitope-
e com excelente custo-benefício, para atuar como nia, leucocitose e eosinopenia (SILVA et al., 2011; CIA-
adjuvante no tratamento desses cães. RAMELLA et al., 1997; FREITAS et al, 2012). Não houve
modificações dos resultados hematológicos com os trata-
O consumo de Defensyn® demonstrou mentos empregados.
melhorar significativamente os sinais clínicos dos cães
tratados simultaneamente com o Alopurinol. Sabe- O acompanhamento dos parâmetros bioquímicos
se que a ocorrência de lesões sistêmicas da LVC está é fundamental para avaliar os distúrbios na função renal e
diretamente relacionada com a resposta imune do hepática (MONTEIRO, 2010). Os parâmetros relacionados
hospedeiro, dessa forma, o consumo do suplemento a ureia e creatinina identificam o comportamento da
contendo alta concentração de ꞵ-glucanos, ingrediente função renal, pois uma das características marcantes da
imunoestimulante, auxilia na melhora clínica do paciente LVC é a insuficiência renal crônica, sendo em muitas vezes
(SANTOS, 2017). a principal causa da morte em cães com leishmaniose. A
função renal é comprometida pelo desenvolvimento lento
A melhora clínica observada nos cães suplemen- e progressivo de lesões renais irreversíveis, ocasionando a
tados com Defensyn® pode ser em decorrência da res- perda de suas funções, como consequência da deposição
posta imunológica celular Th1. Os macrófagos possuem glomerular de complexos imunocirculantes (FREITAS et

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

al., 2012) .Neste estudo, foi constatado que os resultados 6. CONCLUSÃO


de creatinina e ureia permaneceram dentro dos valores
considerados de referência, este resultado foi possível Ao analisarmos a utilização do suplemento
devido ao baixo uso de posologia do medicamento alimentar imunoestimulante Defensyn® em conjunto
terapêutico. com o Alopurinol, medicação comumente usada no
tratamento de cães com Leishmaniose visceral, em dose
Já as lesões hepáticas são analisadas consideradas inferior ao indicado, verificou-se melhora significativa
as seguintes variáveis: proteínas totais, aminotransferase, no exame clínico e parasitológico e com a manutenção
fosfatase alcalina, albumina e glubulina. Apesar da baixa da atividade renal dentro da normalidade.
incidência, cerca de 5% dos cães com leishmanioses Portanto o Defensyn® representa uma alternativa
apresentam problemas hepáticos, recomenda-se a bastante promissora para ser utilizado associado a qualquer
realização deste tipo de controle. Estas lesões são causadas tratamento terapêutico, uma vez que não se refere a uma
pela multiplicação do protozoário nos macrófagos droga e sim um suplemento nutricional capaz de estimular
hepáticos, originando a hepatite crônica (FREITAS et al., a resposta imune contra a leishmaniose visceral canina.
2012). Não foram constatadas alterações em nenhum dos
parâmetros hepáticos avaliados, independente do grupo e
período experimental. A função hepática se manteve em
funcionamento normal, sem ocasionar prejuízo da saúde
do animal.

Avaliando os exames parasitológicos, no início do


período experimental observou-se a presença de formas
amastigotas em todos animais analisados e nos três
tecidos de interesse. Após 60 de experimentação, apenas
no grupo G1 apresentou redução total de amastigotas nas
amostras examinadas, sendo observadas a sua presença
no grupo G2 e G3. Este resultado reitera a afirmação de
que o Defensyn® auxilia na redução da multiplicação da
LVC.

O Alopurinol, leishmaniostático, utilizado neste


estudo na posologia de 15mg/kg/vo/sid, dosagem 15mg/
kg/vo/sid, dosagem abaixo da recomendação presente na
literatura (10-20mg/kg/vo/bid), mas se mostrou, apesar
disso, efetiva, dado o resultado satisfatório apresentado,
principalmente quando utilizado em conjunto com o
suplemento alimentar imunomodulador Defensyn®.

Utilizando uma dosagem menor é possível evitar


as possíveis alterações renais ocasionadas pelo consumo
prolongado do alopurinol, o que é especialmente impor-
tante tendo em vista que se trata de um medicamento de
uso contínuo no tratamento da Leishmaniose. O uso de
qualquer droga para o tratamento da LVC associado com
imunomodulador Defensyn® pode estimular o sistema
imune dos animais, favorecendo o perfil Th-1, melhoran-
do a qualidade de vida dos animais, uma vez que ainda
não há cura parasitológica.

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Suplementação com Imunoestimulante (Defensyn®) na melhora clínica de cães com Leishmaniose Visceral

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PERSECHINO, A. A retrospective clinical study of


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