Daeros e seus povos

Daeros enxergam o Paradoxo: inicialmente acreditava-  

O Mundo Conhecido se que o fenômeno era artificial,produzido talvez por
alguma catástrofe mágica perdida no tempo, causada
aeros é o principal continente habitado do por alguma das civilizações antigas. Mas em tempos

D
mundo de Their, muito graças a recentes, com o avanço da exploração marítima em
predominância do clima temperado na maior busca de novos territórios, impulsionada
parte de sua extensão territorial. O continente majoritariamente pelos conflitos envolvendo o reino
é cercado por mares e oceanos em seus élfico de Hassynor e o reino humano de Hasnot, a
limites terrestres, com algumas poucas embarcação élfica Flama da Alvorada retornou após
exceções. uma longa viagem pelo Grande Mar do Oeste, tendo
No extremo norte, uma série de Canais e Estreitos encontrado uma área de Paradoxo no meio do oceano, e
formam o Mar Gélido, que separam o continente do frio conseguindo ir para além dela, uma região onde a
e pouco explorado território de Kald’ross, também própria magia deixava de funcionar completamente.
chamado de “o mundo morto” devido às temperaturas Essa descoberta reforça a teoria de que o Paradoxo é
extremamente baixas da região e a praticamente um fenômeno de origem natural, com alguma conexão
ausência de vida animal ou vegetal, o que torna as aos limites continentais de Daeros, existindo mesmo
viagens ao continente e as terras que o cercam quase em alto-mar. Mais estranha ainda é a ausência de
impossíveis. qualquer magia para além dos limites da área do
Ao sul, o Canal Fumegante é o que restou do istmo Paradoxo, mas para os estudiosos do tema essa teoria
que conectava Daeros ao continente vizinho de ainda precisa de uma maior investigação.
Varm’ross, após a destruição do Reino de Gálica, hoje
Seja qual for a razão de sua existência, o Paradoxo é
uma terra desolada e desértica. Nos limites do Canal sempre lembrado como um dos limites do mundo
Fumegante, a cidade de Nova Gálica, criada como um
conhecido, onde a magia é imprevisível e nem mesmo
refúgio por piratas e aventureiros que conhecem as os deuses conseguem agir ou interferir.
correntes marítimas da região, é o último assentamento Além dos limites territoriais mais comuns, existem
antes do território pouco explorado. milhares de pequenas ilhas e variados arquipélagos
Uma característica peculiar, tanto no extremo norte espalhados pela costa de Daeros, além das ocasionais
quanto no extremo sul do continente, o que torna a massas de terra flutuantes, como os castelos dos
exploração desses territórios longínquos Gigantes das Nuvens, e dos reinos profundos da
Untheir, o complexo de gigantescas cavernas que
particularmente difícil, são as áreas de magia caótica existem no subsolo do continente. Até o momento, não
que assolam Daeros. Ao cruzar o Mar Gélido ou o Canal existem relatos da existência do Paradoxo nos céus
Fumegante, todos os efeitos mágicos, sejam de origem
divina, arcana e até mesmo as habilidades mágicas acima, ou nas cavernas abaixo de Daeros.
inatas de monstros e criaturas, como a magia dos  
Dragões ou das Fadas, são afetados pelo que os
estudiosos da magia denominaram de Paradoxo.
O Paradoxo é um efeito misterioso, e dada sua
natureza, pouco explorado. Até os dias atuais os
esforços dedicados a entender o fenômeno só
conseguiram delimitar o alcance espacial de seus
efeitos em algumas regiões anteriormente habitadas,
como as Ruínas de Ardath ao norte e as Ruínas de
Gálica ao sul, ao custo de muitas vidas e recursos ao
longo dos anos, pois as Tempestades Místicas são
comuns em áreas afetadas pelo Paradoxo, e costumam
ter efeitos letais para quem se arrisca a cruzar essas
regiões.
No que concerne as divindades de Daeros, inclusive,
os servos divinos também não conseguem respostas
que possam explicar a existência do fenômeno,
tomando como verdade de que, se nem mesmo os
deuses querem (ou podem) explicar o fenômeno, cabe
aos mortais aceitarem sua existência, se afastarem dos
seus efeitos, e seguirem adiante com suas vidas. Uma
descoberta pode mudar a forma como os estudiosos de

1 DAEROS E SEUS POVOS

    

O Continente de Daeros
( vou terminar ainda xD )

2
 Um pouco da História e da
Geografia do Continente
E
m termos geográficos se
Daeros
assemelha bastante ao continente norte-
ameriano, no período inicial da
colonização européia em nossa Terra: as
regiões ao sul são mais quentes e áridas,
com uma vegetação que se aproxima das
savanas, charcos e pântanos, bem como
florestas tropicais no extremo-sul; o norte é frio e com
invernos mais longos, com a predominância de tundras
e florestas de coníferas, além de uma região
montanhosa com grandes massas de água congeladas;
e no centro do continente o clima temperado é
predominante, com pouca variação de relevo e repleto
de planícies, bosques, florestas, rios e lagos, além de um
ciclo climático bem definido em quatro estações ao
longo de um ano.
A Cordilheira dos Dragões
Como característica marcante da topografia
daeroniana, a Cordilheira dos Dragões ou “espinha do
mundo” como é popurlamente conhecida, é um
conjunto não-uniforme de cadeias de montanhas que
dividem o continente, da costa do Mar Encantado no
norte até a Baía das Feras ao sul, e foi o centro do
Império dos Dragões no passado distante. Hoje ela
abriga diversos reinos, culturas e raças.
Ao norte, os céus se iluminam sob a pálida luz do
pequeno reino de Aderynor dos Élfos Cinzentos ou
“elfos da lua”, como são popularmente conhecidos, com
suas fortalezas e observatórios prateados que se
confundem com o topo das montanhas.
No sul, e se extendendo pelo subsolo até as regiões
mais superficiais da Untheir, está o conjunto de reinos
comumente chamados de o Protetorado dos Anões,
onde os Anões da Montanha, em sua maioria, mantém
sua civilização à milênios, guarnecidos até mesmo da
escravização pelos antigos impérios que dominaram o
continente.
3 DAEROS E SEUS POVOS
Majoritariamente na região central das montanhas, com  
sua cidade-capital no sopé do maior pico das
cordilheiras, a Lança da Noite, a amálgama de povos
Humanos e Ferais que se autodenominam as Tribos do
Coração da Montanha se estabeleceram em um ciclo de
migração sazonal que dura séculos, com sua cultura
marcante e sua devoção especial aos antigos deuses de
seu panteão tradicional.
A Grande Floresta de Dae’ross
Bem no centro do continente, curiosamente cruzando
até mesmo as elevadas altitudes da região montanhosa,
está localizada a Grande Floresta de Dae’ross, que dá o
nome ao continente (Dae’ross significa “Terras do
Meio” no antigo idioma comum). Talvez a localização de
maior referência para os povos que habitam o
continente, desde tempos imemoriais.
A Grande Floresta é tão vasta e diversa que beira o
anti-natural: a depender da época do ano quase todos os
tipos de vegetação podem ser encontrados em algum
ponto da floresta: de árvores característica das
montanhas de altitude aos cactos do semiárido sulista.
Há relatos de bosques tão densos que a luz nunca toca o
chão, e até mesmo florestas de fungos gigantes nos
subterrâneos da Untheir, logo abaixo da floresta.
Não é surpresa então que a Magia Natural seja tão
poderosa na região. Há relatos de efeitos sobrenaturais
tão diversos quanto a vegetação, como milagres de cura
para além dos poderes dos mortais; animais e bestas
encantadas poderosas; plantas com capacidades
mágicas imprevisíveis; e até mesmo portais mágicos
para outros planos, que surgem e desaparecem
aleatoriamente, transportando seus habitantes e
ocasionalmente viajantes desavisados. A floresta possui
uma forte ligação com os planos de Faéria e da Energia
Positiva.
Devido as capacidades sobrenaturais da floresta, por
séculos ela é considerada um reduto sob proteção
druídica no continente, que criaram a Ordem dos
Cavaleiros Verdejantes, um grupo pouco organizado de
Druidas, Patrulheiros, Clérigos e Paladinos dedicados a
proteger as fronteiras da Grande Floresta de incursões
externas que prejudiquem o delicado equilíbrio dos
diferentes biomas, impedindo que reinos ou indivíduos
explorem ou declarem domínio sobre a região.
Para evitar possíveis conflitos políticos, não existe
nenhum assentamento fixo na floresta, e nem mesmo as
rotas comerciais que ligam o leste e o oeste do
continente passam pelo território protegido. Quase
todos os Círculos Druídicos possuem em seus
calendários de rituais ao menos um evento que ocorre
na Grande Floresta, considerado uma forma de
reconexão ou ponto de equilíbrio cíclico entre sua
magia e sua devoção à natureza.
Graças a extensão colossal da floresta é impossível
para os Cavaleiros Verdejantes manterem um controle
absoluto sobre a região. É impossível saber o que
acontece em seus pontos mais remotos, que podem
abrigar reiquezas surpreendetes, ou perigos mortais.
A Floresta de Hassynor
Localizada na costa noroeste do continente, a densa e
enigmática Floresta de Hasnotyr é a segunda maior
floresta de Daeros. Uma tradicional floresta de clima
temperado que possui como sua característica mais
marcante as Árvores Gigantes, consideradas sagradas
para os povos que habitam a floresta.
Povos estes, inclusive, que estão em uma guerra civil
a pelo menos 300 anos. Um grande e antigo reino de
Elfos Silvestres (conhecidos como “elfos da floresta”)
chamado Reino de Hassynor vive em comunhão com a
floresta à milênios, e junto com os reinos do
Protetorado dos Anões foi um dos poucos locais a
escapar do punho de ferro escravagista dos antigos
impérios. No entanto, os elfos da corte real sempre
fizeram parte de uma casta dominante, que se colocava
acima dos outros povos e raças que viviam na floresta e
demandavam, além da subserviência desses povos à lei
élfica, altos impostos e uma exploração que para
muitos, principalmente as raças goblinóides, beirava a
escravidão dos impérios de outrora.
Cansados de se submeter ao domínio dos elfos, e
inspirados pelos colonos humanos que fizeram da
floresta seu lar após a queda do Império Inferi, as raças
não-elficas se revoltaram e em poucos meses tomaram
grande parte do território do reino élfico, que estava
despreparados para uma guerra dentro de suas
próprias fonteiras. Nascia assim a Confederação dos
Povos da Floresta.
Apesar do efeito surpresa e do menor número de
tropas disponíveis, os elfos contavam com uma
estrutura militar mais organizada, além da poderosa
magia élfica alimentada por séculos pelas energias
naturais da floresta, o que fez a guerra chegar num
embate: após os primeiros anos de conflito, nem o
Reino Élfico de Hassynor e nem a Confederação dos
Povos da Floresta conseguiu avançar muito em seus
objetivos de total controle da região, e quem pagava o
preço pelo conflito era a própria floresta, desolada e
destruída por ser o palco de inúmeras batalhas.
À luz da devastação causada, e como ambos os
grupos estavam culturalmente ligados a própria
existência da floresta (o que, para os líderes do conflito,
não faria sentido se a mesma fosse destruída no
processo) os dois grupos assinaram um acordo de paz,
e se comprometeram a dividir o território da floresta: a
região oeste, e assim toda a costa da floresta,
permaneceria sob a lei dos elfos, rebatizado como o
reino élfico de Hassynor Ocidental; e a porção leste,
que fazia fronteira com o reino humano de Argos ficaria
sob o domínio dos confederados, que fundaram a
primeira monarquia federalista sob o nome do reino de
Hassynor Oriental.
Apesar de viverem em aparente paz desde a divisão
do reino da floresta, os dois grupos continuam em um
conflito velado, tentando obter controle e influenciar
negativamente a sua contraparte da forma que for
possível, desde que isso não se torne um conflito aberto  
dentro da região da floresta. Logo, táticas de guerrilha,
espionagem e sabotagem se tornaram muito comuns,
como o recorrente caso de sequestros e assassinatos de
nobres e líderes orquestrados pelos dois reinos, que se
negam a assumir a autoria de tais atos usando guildas
de assassinos e agentes mercenários, e muitas vezes,
até mesmo grupos de aventureiros.
Os Prados de Runne
A oeste da Cordilheira dos Dragões, e se extendendo
até o sul de Hassynor e o Grande Mar do Oeste são
encontrados os grandes Prados de Runne, uma região
de planíces e colinas, entrecortada por diversos rios. Na
geografia natural da região, aqui e ali é possível
encontrar uma pequena elevação rochosa, a erosão dos
rios que acabaram por escavar cachoeiras antigas ao
longo dos séculos, ou bosques, florestas e até mesmo
charcos e pântanos espalhados.
Os Prados de Runne são considerados uma das
regiões mais uniformes e aparentemente pacíficas, um
local onde fazendeiros poderiam cultiver quilômetros de
pastagens sem perturbação, não fosse pelas altas
estruturas construídas que marcam a paisagem da
região, como uma terrível cicatriz deixada pelo
tenebroso Império dos Inferi.
Os prados receberam o nome “Runne” do antigo
reino que existia na região, um dos mais antigos e mais
avançados aglomerados populacionais que já existiu no
continente, tão avançado que foi capaz de enfrentar o
Império dos Dragões com sua alta-magia (e o que
muitos consideram como um claro exemplo do uso das
Essências Primordiais pelos povos antigos). Porém não
sem pagar um grande preço por isso.
É parte da crença e do conhecimento popular em
Daeros de que foram os grandes magos de Runne que,
ao abusar dos seus poderes arcanos e em sua sede de
vitória contra o Império dos Dragões, fizeram o pacto
mágico que abriria os portões do submundo para os
demônios e diabos dos planos de Baator e do Abismo, e
em troca do fornecimento dos poderes e da força militar
necessária para a guerra, os magos de Runne cederam
as almas dos próprios cidadãos e suditos como
pagamento, criando a raça dos Tieflings em Daeros.
Assim, certa de 2.000 anos antes do tempo presente,
o Imperio Inferi nasceu, e este dominaria a porção oeste
de Daeros por mais de um milênio e meio. O Império
era uma grande força militar escravagista, que após a
derrocada dos Dragões, passaria a controlar essa
porção do continente de forma quase incostestável, por
mais ou menos 1.000 anos.
O fim do Imperio Inferi só teve início após o
nascimento do Reino Sagrado dos Draconatos a leste
da Cordilheira dos Dragões, que faria oposição e seria
um dos principais fatores nas Guerras da Libertação,
como é chamado hoje a série de conflitos que pôs fim
ao Império Inferi (mais sobre isso no futuro). Em
termos
DAEROS E SEUS POVOS 4
 geográficos, o que marca a região dos Prados no tempo
presente é, pricipalmente, o legado arquitetônico
deixado pelos inferianos.
Antes do Império, a região dos Prados era bem
menos plana do que é hoje em dia. A magia dos magos
do império, tão poderosa como era, permitiu que eles
alterassem a paisagem local para construir suas
gigantescas cidades e suas marcantes estruturas
chamadas de corta-céus. Nesse processo, rios mudaram
de curso, montanhas foram desfeitas e as estradas que
hoje são o principal trajeto comercial do continente
foram construídas.
Após a queda do Império, sua cultura e seu legado
foram expurgados de Daeros, e por muitas décadas os
Tieflings foram caçados como demônios pelas forças
políticas que dominavam os recém-nascidos Reinos
Livres do Oeste. Com o passar dos anos, e com o
esforço das diferentes Igrejas num processo de
pacificação do continente após tantos séculos de
guerras e instabilidades, as perseguições a Tiefling
tiveram fim, ainda que muito da cultura do oeste
daeroniano tenha se apropriado de termos perjorativos
para se referir aos membros da raça.
Apesar desse processo de destruição da cultura
Inferi, as estruturas e o avanço tecnológico obtidos pelo
Império foram absorvidos pelos reinos de maioria
Humana, a população mais utilizada como mão de obra
escrava e que assumiu o status de raça mais populosa
do continente após a queda dos antigos impérios (o
Reino Sagrado dos Draconatos também foi desfeito em
um momento posterior às Guerras da Libertação, mas
essa história fica para outro dia).
Um desses reinos, e hoje considerado o maior e mais
rico reino de toda Daeros, é o Reino de Cynterunne, que
ocupa a maior extensão dos Prados de onde ele recebe
seu nome (“Cynterunne” significa “Runne renovada” no
idioma antigo). Quase no centro geográfico do reino fica
a Cidade de Rahzia, o maior centro urbano de Daeros e
o maior polo comercial de todo o continente.
A Cidade de Rahzia
onsiderada o berço da modernidade em
C
Daeros, a Cidade de Rahzia é apelidade de
“a capital do mundo”, ponto de partida e de
chegada de quase todas as rotas comerciais
de Daeros, o que tornou o reino de
Cynterunne muito, muito rico. Na antiga
língua inferi, Rah-Zia significa Palácio do
Céu, alusão às ainda hoje tradicionais construções da
cidade, marcadas pela verticalização, os corta-céus.
A riqueza atraída pelo reino, em anos recentes, trouxe
com ela um destaque indesejado para a nobreza, que
tem passado por diversos problemas, um deles inclusive
resultando na morte de membros da coroa. Logo, desde
que a Coroa Real foi movida cinco anos atrás para a
cidade de Sandoras, a cidade perdeu o título de
“capital” do Reino de Cynterunne.
5 DAEROS E SEUS POVOS
Ainda assim, Rahzia continua sendo a maior cidade do  
mundo conhecido, competindo pelo título com a
Metrópole Dwarn, maior cidade-estado do Protetorado
dos Anões, e com a Cidade de Goldenvalle no Reino de
Valle, do outro lado da Cordilheira dos Dragões.
A saída da Família Real foi crucial para a
transformação da cidade no que ela é hoje: uma rica
pocilga. Com o crescimento de poder dos cartéis do
crime e das pequenas máfias, tão complexos em suas
tramas que era impossível destruí-los sem acabar com
toda a estrutura de comércio da cidade, não havia
alternativa para os membros da Família Real. Depois da
série de assassinatos de nobres orquestrados pela
Garra das Sombras, o Rei Yatos II se viu obrigado a
deixar a cidade em prol da preservação de sua linhagem
e de seus familiares.
Alguns nobres consideraram isso um sinal de
fraqueza, e o Rei caiu no desgosto de grande parte da
população, que viu o abandono da cidade como uma
deixa para os criminosos assumirem de vez. Para
apaziguar as massas e evitar uma fuga generalizada da
cidade (o que iria prejudicar o comércio de todo o
Reino, podendo levar a um colapso sem precedentes) o
Rei colocou seu Irmão, o Príncipe Harlen, como
Chanceler e Guardião-mor da cidade. Assistido por um
Conselho dos Homens do Povo, mercadores e
representantes de guildas e de órgãos do governo
central, o Príncipe Harlen passou a administrar a
cidade. Com autoridade máxima e sem a necessidade
de proteger a realeza, a situação mudou drasticamente
sob o novo comando.
O Príncipe Harlen é um homem de meia idade e
militar de carreira, veterano das Guerras Setentrionais
contra o reino vizinho, Argos. Como tal, era General das
Tropas Régias durante o governo do seu irmão em
Rahzia, mas foi transferido para o cargo de Chanceler
com a saída da família real. Assim que assumiu a
cidade, Harlen tomou como prioridade a revitalização
da guarda citadina e criou uma ordem militar dentro da
mesma: Os Punhos de Aço. Toda a guarda da cidade foi
reorganizada dentro da ordem, e através de uma pesada
campanha nas áreas rurais e nas pequenas vilas do
reino, o contingente dos Punhos de Aço triplicou em
menos de um ano. Os investimentos partiram da série
de confiscos e impostos que passaram a ser aplicados
nos pontos e estabelecimentos considerados duvidosos.
Em poucos meses, as taxas de crime caíram e a cidade
começou a atrair mercadores e oportunidades. O
sistema começava a funcionar com precisão.
Infelizmente, as forças ocultas que regem a cidade
não deram trégua. O Príncipe sofreu uma tentativa de
assassinato que o deixou incapacitado de governar, e
aos poucos a corrupção começou a se espalhar dentro
do sistema. Mas ao invés de retornar ao antigo estado
de violência e barbárie, com o crime correndo à solta
como estava no período de saída da família real, a
cidade manteve o estado de graça superficial enquanto
as organizações criminosas começaram a lucrar com o
comércio legal, e ilegal. O Conselho dos Homens do
Povo se transformou na Câmara dos Magísteres,
assumindo o comando das principais instituições da
cidade. Os Punhos de Aço passaram para o comando
deles e foram desmilitarizados, se transformando numa
guarda civil (mas ainda muito rígida e cheia de cabeças-
de-lata, como passaram a ser chamados).
A criminalidade cresceu, mas de forma mais
organizada, e quase todos os nomes importantes
passaram a integrar a folha de pagamento das
principais guildas e máfias, na sua eterna briga por
poder e controle.
O cenário mudou com a recente chegada da
Inquisição da Igreja da Justiça, comandada por três
celestiais que, ouvindo o apelo da população da cidade,
decidiram intervir em nome do deus Methryon, o
senhor da justiça. Hoje o Triunvirato de Methryon
organiza um pequeno exército de Clérigos, Paladinos e
quaisquer aventureiros que queiram seguir os
princípios do deus em sua “missão sagrada” de libertar
Rahzia da influência das guildas e grupos de
criminosos. Os mais céticos entre a população, dentre
eles os comandantes dos Punhos de Aço, desconfiam
que a iniciativa seja na verdade uma forma da Igreja
assumir o controle político da cidade.
Alguns pontos de Interesse
O Corvo
Taverna popularmente conhecida por abrigar tipos
escusos e toda sorte de “serviços”.
As Galerias Inferi
Herança do Império, é uma série de dutos e canais que
passam por baixo das ruas, formando os caminhos
subterrâneos que levam a esconderijos e locais de
interesse da cidade, bem como o acesso para a Cidade-
baixa e até mesmo a Untheir. Geralmente habitado por
criaturas perigosas ou pelos criminosos locais;
A Cidade-baixa
Uma cidade subterrânea, escondida da vista comum.
Segura das criaturas do submundo que habitam a
Untheir pelas guildas e máfias, serve como principal
ponto de comércio do mercado do crime. Devido à
popularidade, sofre constantes batidas dos Punhos de
Aço, que geralmente são apaziguados com propinas ou
ameaças.
As Arenas
Pode ser uma praça escondida à noite, ou um salão
subterrâneo abaixo de um Templo, as Arenas mudam
de lugar constantemente. Ali lutas são arranjadas e
disputadas por Guerreiros, Bárbaros e monstros em
troca de apostas e prêmios. Geralmente com requintes
de violência e crueldade, podendo levar à morte. São a
porta de entrada para a Liga das Sombras, um
campeonato anual entre os maiores competidores
ilegais de Cynterunne.
O Quartel de Platina  
Sede das forças militares de Cynterunne, antigo quartel-
general dos Punhos de Aço. Lugar onde são
armazenadas (e adquiridas) armas e equipamentos
ilegais, e onde fica a prisão da cidade.
A Torre Prismática
Centro de estudos arcanos da cidade. Comporta
galerias, bibliotecas e alojamentos para acadêmicos.
Prestam serviços tanto legais quanto “ilegais”,
dependendo do pagamento, geralmente aceitando itens
mágicos e segredos arcanos em troca de serviços.
A Catedral de Todos os Santos
Principal templo religioso de Rahzia, onde todas as
religiões podem ser cultuadas sem medo de
discriminação ou perseguição. Atualmente é onde estão
alojados os três celestiais que formam o Triunvirato de
Methryon, e é a cede da Inquisição da Igreja da Justiça.
Religião em Daeros
É comum pensar nas estruturas religiosas comuns em
mundos de fantasia como um padrão a ser seguido:
deuses bons, deuses maus, deuses neutros, e todas as
interações entre aqueles que acreditam (ou não) neles.
Não há absolutamente nada de errado nessa forma de
estruturar as religiões, ainda mais quando classes como
Clérigos e Paladinos existem no sistema de regras de
D&D, e a participação divina é considerada crucial para
esses tipos de personagem. A própria cosmologia básica
de D&D foi criada pensando nessas condicionantes.
Em alguns casos no entanto, essa concepção não se
aplica exatamente dessa forma, principalmente em
cenários onde religiões e poderes divinos não atuam
objetivamente no mundo do jogo, como em alguns
cenários futuristas, ou aproximados da realidade
histórica do nosso mundo. Existem muitos razões para
essas exceções existirem, e existem livros inteiros
dedicados a auxiliar mestres e jogadores a
vislumbrarem e criarem esses cenários diferenciados
(Divindades e Semideuses, da Terceira Edição, é um
exemplo).
Daeros é uma dessas exceções. No cenário, poderes
divinos e divindades são parte central da cosmologia,
mas a sua relação com os servos divinos é diferente.
Com as atualizações mais recentes da Quinta Edição
de D&D, as tendências ou alinhamentos, aspectos
importantes da psique, da forma de enxergar e agir no
mundo através dos olhos dos personagens, foram
desvinculados de características como Raça e Classe.
Os alinhamentos morais (Bom, Neutro ou Mal) e os
alinhamentos éticos (Leal, Neutro ou Caótico) passaram
a ser pessoais, e em alguns casos atribuídos apenas a
extremos simbólicos do cenário, como Celestiais,
Infernais e Abissais. E mesmo assim, com suas
ocasionais excessões.
DAEROS E SEUS POVOS 6
 Logo, em Daeros, as divindades não são bondosas,
neutras ou malignas, seus servos é quem carregam
esses aspectos através de suas crenças e
principalmente, suas ações.
Toda criatura consciente em Daeros possui como
característica de interpretação em relação à sua religião
o Livre Arbítrio. Isto é parte central da cosmologia do
cenário. Os deuses em Daeros não julgam seus servos
divinos moralmente, desde que eles cumpram com as
funções associadas ao seus aspectos, os preceitos
religiosos. As Igrejas geralmente são responsáveis pela
manutenção e por obrigar o cumprimento desses
preceitos. Em Daeros, é possível encontrar um Clérigo
de Malyiari, o deus da natureza e da vida, que escolheu
Vida como seu Domínio Divino, e que seja neutro e
maligno. Mas como isso seria possível?
No exemplo acima, Malyiari não obriga que seus
seguidores sejam bondosos, mas sim que protejam a
natureza e a vida, já que são seus preceitos religiosos.
Um Clérigo neutro e mal poderia ser um protetor da
natureza que pune os transgressores de um bosque sob
sua responsabilidade usando da violência e de táticas de
tortura para punir aqueles que ousam caçar nos limites
do seu bosque. Vamos analisar três cenários distintos:
1. O Clérigo captura e tortura um caçador, cortando-lhe
uma das mãos como punição. Ele cura o ferimento e
manda o lenhador de volta para sua casa, sob
ameaças de que caso ele retorne, cortará sua outra
mão.
Neste exemplo, suas ações violentas são claramente
malignas pela crueldade e frieza com a qual ele tratou o
caçador. Mas para a fé do Clérigo em Malyiari, ele não
saiu de seus preceitos divinos: “proteger a vida e a
natureza”, já que ele enfrentou um inimigo ao proteger
seu bosque, e ainda o deixou retornar para casa com
vida.
2. O Clérigo deliberadamente incendeia o bosque
sagrado sob sua proteção, ou ele comete assassinato
ao tirar a vida do caçador pela invasão.
Neste caso ele estará indo contra os seus preceitos
religiosos, o que pode fazer com que ele perca seus
poderes divinos concedidos, como sua capacidade de
conjurar magias ou a sua habilidade de Canalizar
Divindade até se redimir de alguma forma.
7 DAEROS E SEUS POVOS
3. O Clérigo realiza um incêndio controlado em seu  
bosque para impedir que um incêndio florestal de
maior proporção se espalhe, ou decide matar o
caçador para proteger a vida de uma ninhada de
filhotes de lobo que eram alvo dele.
Nesse caso, ainda que esteja ferindo os preceitos
religiosos, existem condicionantes que permitem uma
interpretação diferente de uma decisão absoluta. A
complexidade e as nuances das ações do Clérigo seriam
levadas em consideração, talvez por uma Instituição
Religiosa adequada.
Numa primeira interpretação, pode parecer também
que Malyiari na verdade não se importe tanto assim
com a vida, a natureza ou as ações de seus servos. Mas
naõ exatamente: não cabe a Malyiari fazer esse
julgamento. Os servos divinos em Daeros possuem essa
liberdade de ação.
Isso torna a interpretação da religiosidade no cenário
muito delicada. A divindade em sí pode não tomar uma
atidude direta contra o Clérigo por suas ações, mas da
mesma forma que seus servos podem ser malignos e
agirem de acordo, eles podem também ser bondosos, e
atuar para evitar ou impedir a ação desses servos
malignos.
Em Resumo:
Os deuses em Daeros são distantes da ação direta,
na maioria das vezes eles não podem (por qualquer
motivo que exista para isso) agir diretamente sobre
os seus servos ou suas instituições, julgando-os,
retirando ou concedendo poderes;
Eles atuam como canalizadores e orientadores dos
poderes divinos, interpretados a partir de seus
preceitos religiosos e pela ação de seus devotos. Eles
não atribuem valor moral para seus servos divinos. O
alinhamento dos deuses em sí é um mistério;
Servos divinos de todas as Classes possuem o Livre
Arbítrio para escolherem sua tendência de forma
independente das suas escolhas de classe. Não
existe nada que impeça a criação de um Paladino
com o Juramento da Devoção que seja maligno em
Daeros.
Outros servos divinos ou mesmo as Instituições
Religiosas às quais sejam vinculados podem agir à
favor ou contra determinadas escolhas, em geral tais
respostas são fortemente orientadas pelos preceitos
religiosos da divindade.