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AVM FACULDADE INTEGRADA

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MOTIVAÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA.
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A MEMÓRIA PRESENTE NA CONSTRUÇÃO DA
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Por: Flávia Cristina Lehmann Ferrão


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Orientadora
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Profa. Me. Fátima Alves


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Rio de Janeiro
2016
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA

MOTIVAÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA.


A MEMÓRIA PRESENTE NA CONSTRUÇÃO DA
APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade


Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por Flávia Cristina Lehmann Ferrão.

Rio de Janeiro
2016
As minhas meninas do meu coração Tia Beth,
Maria e Kekel, amo vocês!

A todos vocês,

muito obrigada!
METODOLOGIA

Esse estudo será realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica


realizada em livros acadêmicos que abordam o tema pesquisado,
demonstrando a real importância de estímulos para que se possa construir a
memória deseja no educando, por meio da motivação e atenção.

Ao final deste trabalho, se encontra a bibliografia utilizada com as fontes


pesquisadas e seus referentes autores, como, Eric Kandel, Ivan Izquierdo,
Marta Relvas, Roberto Lent, Mark F. Bear, Ramon Cosenza e Michel e Daniel
Chabot.
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conhecidos apenas cinco, mas sabemos que temos muito mais que apenas
esses. O Sistema límbico, ou como considerado por Broca um lobo
independente, “o grande lobo límbico”, está localizado na face mediana de
cada hemisfério cerebral, residido no hipotálamo, está ligado também aos
fenômenos das emoções, comportamentos e controle do Sistema Nervoso
Autônomo. Estudos eletrofisiológicos mostram que o sistema límbico recebe
informações sensoriais, somáticas e vicerais de praticamente todos os órgãos
sensoriais que chegam por vias nem sempre bem conhecidas.

Desta maneira, o objetivo geral desse trabalho é apresentar como se


constrói a memória humana, e como a motivação, emoção e memória podem
auxiliar no papel da aprendizagem que acontece durante toda a vida humana.

Esse trabalho está dividido em três capítulos e será abordado da


seguinte forma.

Capítulo I. “Encéfalo. Mente e cérebro. Uma breve história.” Aqui será


abordada de maneira clara e objetiva a história da neurociência, desde como
se constituiu até os tempos de hoje e como ela vem contribuindo para os
tempos atuais. Apresentando também, a ligação da mente com todo o corpo, e
toda a estrutura do Sistema Nervoso Central.

Capítulo II. “Memória e seus diferentes tipos.” Será abordado o tema


memória de forma objetiva, apresentando seus diferentes tipos e contribuições
para o dia a dia e também na aprendizagem.

Capítulo III. “Como a motivação e atenção auxiliam na aquisição,


construção e fixação da memória.” Serão apresentados os pontos positivos da
motivação e atenção durante todo o processo de aprendizado. Como a
memória acontece? Como pode a motivação, o desejo de aprender, terem um
valor grande de importância para que haja um rico e efetivo aprendizado.
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substância cinza, por conter as fibras necessárias e ter continuidade com os


nervos do corpo.

No final do Século XVIII, já havia um reconhecimento de que o sistema


nervoso teria um reconhecimento de que o Sistema Nervoso teria uma divisão
central se formando no encéfalo e na medula espinhal e também uma divisão
periférica formada pela rede de nervos que percorrem o corpo, formando assim
a comunicação por meio dos nervos.

O Cientista Italiano Luigi Galvani e o biólogo alemão Emil Du Bois –


Reymond apresentaram em seus estudos que os músculos podiam ser
movimentados quando os nervos fossem eletricamente estimulados, já que o
próprio encéfalo produziria eletricidade. A descoberta desse fato trouxe o novo
conceito de que os nervos são como fios condutores – encaminham os sinais
elétricos do encéfalo e para o encéfalo.

Porém, a questão não resolvida era se os sinais responsáveis pelo


movimento na musculatura utilizavam os mesmos “fios condutores” de registro
na sensação da pele. Era sugerida uma comunicação bidirecional por meio dos
fios, por meio da observação de um nervo cortado no corpo, foi constatado a
perda simultânea da sensibilidade e do movimento na região afetada. Mas
sabia-se também que em cada nervo do corpo há muitos finos filamentos ou
fibras nervosas e que cada parte pode servir como um fio de informações
individuais, ao carregar informações em diferentes sentidos.

Charles Bell, médico Escocés e Françóis Magendie, fisiologista francês,


apresentaram por volta de 1810 o curioso fato de que, justamente antes dos
nervos se conectarem à medula espinhal, as fibras se dividem em duas raízes.
A raiz dorsal entra pela parte de trás da medula espinhal e a raiz ventral, pela
frente.

Em seus estudos, Bell observou que cortando somente as raízes


ventrais, ocorreria paralisia muscular. Futuramente, Magendie demonstrou que
raízes dorsais levavam informações sensoriais para a medula espinhal. Juntos
concluíram que em cada nervo existia um agrupamento de muitos fios e que
alguns deles carregavam informações para o encéfalo e para a medula
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1.1. Mente e cognição desvendando a sua ligação

“Cognição e consciência humana nascem da


atividade do cérebro e é até hoje o objetivo mais
ousado e ambicioso da Neurociência presente desde a
infância desta.” – Lent, Roberto. Neurociência do
Comportamento, ano 2013.

O termo cognição se refere ao ato ou processo de conhecer, ao incluir


estados mentais e processos como pensar, atenção, raciocínio, memória, juízo,
imaginação, pensamento, discurso, percepção visual e audível, aprendizagem,
consciência e emoções.

Já o processo de consciência é a condição de estar consciente e pode


ser definido como o “componente do estado de vigília perceptível” por uma
pessoa a qualquer instante e também como consciente na visão da psicanálise.

Sendo assim, o processo de consciência vai além do processo de


cognição. É ter ciência, estar ciente do ambiente em que está inserido,
consciente de sua própria existência, sensações e pensamentos.

Até o início do Século XIX, consideravam que as manifestações entre


mente e consciência eram representações de espíritos animais demonstrados
por meio do cérebro.

A possibilidade de se acreditar que o Sistema Nervoso desempenha


algum papel na consciência e na cognição passou a se fortalecer no Século III
a.C. em que Herophilus (355-280 a.C.) e Erasistratus (C. 310 – 250 a.C.), no
Egito, inauguraram os estudos anatômicos do cérebro por meio de dissecações
de cadáveres, fornecendo assim as primeiras descrições mais detalhadas do
cérebro humano, em especial, os ventrículos cerebrais.

Após pesquisas em circunvoluções na superfície do cérebro,


Erasistratus fazia suas comparações em intestinos pois eram muito parecidos
com os ventrículos, o qual sua estrutura cerebral era mais fácil de ser
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neuronais importantes. A maioria dos nervos cranianos entra e sai do cérebro a


partir da medula e da região que faz limite com a ponte.
O mesencéfalo, ou também chamado de cérebro médio, é a continuação
mais anterior do tronco cerebral que ainda mantém a estrutura tubular básica
da medula espinhal. Ele se funde anteriormente ao tálamo e hipotálamo. A
porção do alto do mesencéfalo (o teto) contém núcleos importantes para os
sistemas auditivo e visual. Já a porção da base do mesencéfalo contém
núcleos para os nervos cranianos controladores do movimento ocular.
A medula, a ponte e o mesencéfalo, desenvolveram-se no inicio do
curso da evolução e possuem uma estrutura e organização
surpreendentemente uniformes, do peixe ao ser humano, embora haja, é claro,
algumas variações entre as outras espécies.
O cerebelo é uma estrutura antiga, e foi provavelmente a primeira a
especializar-se na coordenação sensório motora. Ele está situado sobre a
ponte e apresenta tipicamente uma aparência bastante convoluta, tendo um
grande número de lóbulos separados por fissuras. O cerebelo envia fibras
eferentes de saída para o tálamo, tronco cerebral e várias outras estruturas. O
cerebelo participa também da regulação e coordenação motora e dos aspectos
básicos de aprendizagem e memória.
O tálamo é um grande grupo de núcleos situados exatamente na porção
anterior e dorsal do mesencéfalo. Na visão geral, ele consiste em dois
pequenos ovoides, cada um dentro de um hemisfério cerebral do cérebro. É no
tálamo a estação retransmissora final dos principais sistemas sensoriais que se
projetam para o córtex cerebral, são eles, visual, auditivo e somático.
O hipotálamo é um agrupamento de pequenos núcleos situados
geralmente na porção inferior do cérebro, na junção com o mesencéfalo e o
tálamo.
O hipotálamo e a hipófise agem juntos como um sistema de controle mestre.
Os hormônios por eles liberados agem sobre as glândulas endócrinas para
controlar os hormônios que essas glândulas liberam.
O hipotálamo parece ser também o centro de controle mestre da emoção. A
estimulação elétrica em uma parte do hipotálamo, como também em certas
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único que possuímos, o tesouro que nos permite traçar linhas a partir dele,
atravessando, rumo ao futuro, o presente passageiro em que vivemos.
O conjunto das memórias de cada ume que determina aquilo que se
denomina personalidade ou forma de ser. Um humano ou animal criado no
medo será mais cuidadoso, introvertido, lutador ou ressentido, dependendo de
suas lembranças específicas mais do que de suas propriedades congênitas.
Nem se quer as memórias dos seres clonados (como os gêmeos univitelinos)
são iguais; as experiências de vida de cada um são diferentes.
Memória têm os computadores, as bibliotecas, o cachorro que nos
reconhece pelo cheiro depois de vários anos, os elefantes de quem se diz
terem muita (mas ninguém mediu), os povos ou países e, logicamente, nós, os
humanos.
Mas cada elefante, cada cachorro, e cada ser humano é quem é, um
indivíduo diferente de qualquer congênere, graças justamente à memória; a
coleção pessoal de lembranças de cada indivíduo é distinta das demais, é
única. Todos recordamos nossos pais, mas os pais de cada um de nós foram
diferentes. Todos recordamos geralmente vaga, mas prazerosamente, a casa
onde passamos nossa primeira infância ; mas a infância de uns foi mais feliz
que a de outros, e as casas de alguns desafortunados trazem más lembranças.
Todos recordamos nossa rua, mas a rua de cada um foi diferente. Eu sou
quem sou, cada um é quem é, porque todos lembramos de coisas que nos são
próprias e exclusivas e não pertencem a mais ninguém. Nossas memórias
fazem com que cada ser humano ou animal seja um ser único, um indivíduo.
O acervo das memórias de cada um de nos converte em indivíduos.
Porém, tanto nós, como os demais animais, embora indivíduos, não sabemos
viver muito bem em isolamento, com isso, formamos grupos. “Deus os cria e
eles se juntam”, afirma o ditado popular. Esse fenômeno é tanto mais intenso e
importante quanto mais evoluído seja o animal. A necessidade da interação
entre membros da mesma espécie, ou entre diferentes espécies inclui, como
elemento- chave, a comunicação entre indivíduos. Essa comunicação é
necessária para o bem-estar e para a sobrevivência. Nas espécies mais
avançadas, o altruísmo, a defesa de ideais comuns, as emoções coletivas são
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receptores devem-se ao fluxo de íons para o interior da célula, ou desde o


interior da célula para fora. A entrada de íons positivos, como sódio e cálcio
reduz a diferença de potencial entre o interior da célula, que é negativo, e o
exterior. A entrada de íons negativos, como o cloro, ou a saída de potássio,
produz um efeito contrário.

(fonte: IZQUIERDO, Iván. Memória. 2º Ed., rev e


ampliada. Artmed, 2011. Capítulo 1, página 16.)

Os axônios que liberam um outro tipo de neurotransmissor, e os


receptores a estes existentes nos dendritos, são denominados segundo o
nome do neurotransmissor. Assim, os axônios que liberam glutamato, o
principal neurotransmissor excitatório e seus receptores correspondentes são
denominados glutamatérgicos. Já o principal neurotransmissor inibitório é
chamado GABA, da sigla em inglês do ácido gama- amino- butírico; os axônios
que liberam e os receptores aos quais se liga são denominados GABAérgicos.
Os receptores à dopamina são chamados dopaminérgicos, e os axônios que
liberam esse neurotransmissor também. Os receptores à noradrenalina se
chamam noradrenérgicos, assim como os axônios que liberam essa
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menos automática , e sem que o sujeito perceba de forma clara que as está
aprendendo. As memórias adquiridas sem a percepção do processo
denominam-se implícitas. As memórias adquiridas com plena intervenção da
consciência se chamam explícitas.
Em caso de amésias ou perdas de memória costumam falhar primordial
ou exclusivamente as memórias declarativas episódicas e explícitas. Na
maioria das síndromes amnésicas encontram-se preservadas a maioria das
memórias procedurais e boa parte das memórias semânticas adquiridas de
maneira implícita. As exceções são a doença de Alzheimer na sua fase
terminal e a doença de Parkinson nos seus estágios mais avançados.
As principais regiões moduladoras da formação de memórias
declarativas são a área basolateral do núcleo amigdalino ou amígdala,
localizada também no lobo temporal (nas suas fases iniciais) e as grandes
regiões reguladoras dos estados de ânimo e de alerta, da ansiedade e das
emoções, localizadas à distância. Além de modular, a amígdala também
armazena memórias, principalmente quando estas têm componentes de alerta
emocional. Basta lembrar que os axônios dessas quatro estruturas inervam o
hipocampo, a amígdala e o córtex entorrinal, o cingulado e o parietal, e liberam,
respectivamente, os neurotransmissores dopamina, noradrenalina, serotonina e
acetilcolina.
A amígdala basolateral recebe, na hora da formação das memórias, o
impacto inicial de hormônios periféricos, principalmente os corticoides,
liberados no sangue pelo estresse ou pela emoção excessiva. É o núcleo por
meio do qual essas substâncias modulam as memórias. E sua ativação faz
com que estas se gravem, em geral, melhor que as outras. A adrenalina
também é liberada em situações de estresse ou exercício, mas não atravessa a
barreira que existe entre os capilares sanguíneos e o tecido encefálico,
chamada hematencenfálica. Ele age de maneira reflexa sobre a amígdala e
sobre outras regiões cerebrais, modificando localmente a pressão sanguínea.
O mesmo faz a noradrenalina liberada perifericamente pela estimulação do
sistema simpático, cujos efeitos são semelhantes aos da adrenalina.
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É bom lembrar que a base sobre a qual formamos e evocamos


memórias constantemente está constituída por “memórias e fragmentos de
memórias”, mas principalmente por fragmentos. Temos mais memórias extintas
ou quase extintas no nosso cérebro do que memórias inteiras e exatas.
A maioria das coisas que aprendemos ao longo de todos os dias de
nossa vida se extingue ou se perde. Talvez a mais importante forma de
esquecimento seja a extinção, a maioria das memórias que fomos juntando se
perde por falta de esforço. Vale lembrar que os seres humanos começam a
perder neurônios na época que aprendem a caminhar, entre os 9 e 14 meses.
A segunda perda maior acontece no segundo ano de vida e depois desacelera.
A desaparição de neurônios também pode ocorrer por doenças degenerativas,
como Alzheimer, Parkinson e alcoolismo.
O uso contínuo da memória desacelera ou reduz o déficit funcional da
memória que ocorre com a idade. Referente a memória, quanto mais se usa,
mais ligações se faz, menos neurônios se perde.
A perda das memórias pela falta de uso relaciona-se a uma propriedade
neuronal conhecida há pelo menos meio século, como perda de função,
seguida da atrofia das sinapses pela falta de uso. Essa propriedade foi
estudada inicialmente na sinapse entre o nervo frênico e o diafragma; a
estimulação repetida do nervo mantém a sinapse funcional; a secção do nervo
atrofia a sinapse.
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límbico, ao qual se atribui o controle das emoções e dos processos


motivacionais.
Ela é um aglomerado de neurônios, de organização complexa, que tem
múltiplas conexões com outras áreas do sistema nervoso. Por meio dessas
conexões a amígdala age como um centro coordenador, que dispara
comandos que poderão provocar, por exemplo, o aumento da vigilância e as
modificações viscerais (taquicardia, sudorese, dilatação da pupila), além de
promover a secreção de hormônios da glândula suprarrenal, que têm papel
importante nas emoções como o medo e a raiva. (As modificações do nosso
meio interno, inclusive a secreção dos hormônios, são feitas por intermédio do
hipotálamo, uma pequena região situada bilateralmente no centro do cérebro e
que coordena as ações viscerais e das glândulas endócrinas.) A amígdala
interage também com o córtex cerebral, permitindo que a identificação da
emoção seja feita, e podendo ocasionar, além disso, o aparecimento e a
persistência de um determinado estado de humor.
A amígdala é importante ainda na aprendizagem das reações de medo
e na identificação das expressões faciais a ele relacionadas. Pessoas ou
animais em que a amígdala foi lesada geralmente não identificam os sinais de
perigo emitidos pelos seus semelhantes e têm dificuldade de reagir
adequadamente a situações ameaçadoras.
No nosso cotidiano, as informações sensoriais que nos chegam podem
ser neutras ou vir acompanhadas de uma valência emocional, negativa ou
positiva.
Um fato importante revelado pelas pesquisas é que um determinado
estímulo, que tenha valor emocional, pode afetar o cérebro de duas maneiras
distintas. A primeira que é mais lenta, segue as vias sensoriais até o córtex
cerebral, sendo a informação depois enviada à amígdala. Dessa forma,
podemos dizer que o cérebro primeiro identifica o estímulo e depois o avalia.
Ao mesmo tempo, porém, existe uma segunda via nervosa que, após seguir
inicialmente as mesmas vias sensoriais, segue direto à amígdala antes de
chegar ao córtex cerebral. Nesse caso, as respostas emocionais periféricas
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ser desencadeados ou devem ser inibidos. Sem dúvida, as emoções são um


fenômeno central da nossa existência e sabemos que ela tem grande influência
na aprendizagem e na memória.
Sabemos que nos momentos em que experimentamos uma carga
emocional ficamos mais vigilantes e que nossa atenção está voltada para os
detalhes considerados importantes, pois as emoções controlam os processos
motivacionais. Além disso, sabemos também que a amígdala interage com o
hipocampo e pode mesmo influenciar o processo de consolidação da memória.
Portanto, uma pequena motivação, pode ajudar no estabelecimento e
conservação de uma lembrança.

Figura 6.4. – A área mais escura delimita a


porção do córtex pré frontal denominada região orbital ou orbitofrontal, que se localiza na face inferior do
cérebro.(fonte: COSENZA, Ramon N. Neurociência e Educação _ Como o cérebro aprende. Artmed, 2011. Capítulo 6,
página 82.)

Contanto, é preciso lembrar que, por outro lado, as emoções podem ser
prejudiciais, pois a ansiedade e o estresse prolongados têm um efeito contrário
na aprendizagem. Já que a própria atenção pode ser prejudicada por eles,
sendo que, em situações estressantes, os hormônios glicocorticoides
secretados pelas suprarrenal atuam nos neurônios do hipocampo, chegando a
destruí-los.
Por tudo isso, as emoções precisam ser consideradas nos processos
educacionais. Logo, é importante que o ambiente escolar seja planejado de
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desagradável (um choque no pulso) foi associado a um quadrado azul na tela


do computador. A condutividade eletrodermal dos sujeitos permitiu medir sua
reação emocional no momento desse processo de aprendizagem. Inicialmente,
as pessoas reagiam emocionalmente apenas quando sentiam o choque no
pulso. Depois, após algumas associações entre o choque e o quadrado azul na
tela, começaram a apresentar uma reação eletrodermal assim que viam o
quadrado azul. Essa reação estava ligada a uma ativação na amígdala. Várias
experiências com animais demonstraram que lesões na amígdala
relacionavam-se a uma ausência do aprendizado condicionado pelo medo.
Segundo o neuropsicólogo Antonio Damasio, após ter como resultado
das suas observações feitas com seres humanos chegou a constatações
similares àquelas efetuadas com os animais. Os sujeitos que sofreram lesão na
amígdala mostraram uma incapacidade a reagir emocionalmente em situações
aversivas. Pois o fato de não conseguir identificar o elo que e estabelece entre
nossas ações e suas consequências emocionais tem repercussões
extremamente importantes em nossas vidas.
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um papel na coordenação dos movimentos. Flourens concluiu também que o


encéfalo estava incluído na percepção sensorial. Porém, diferente de seus
antecessores, ele apoiou suas conclusões em sólidos embasamentos
experimentais.

No início do século XIX e o refinamento do microscópio, possibilitou aos


cientistas a oportunidade inicial de examinar tecidos animais em tamanhos
maiores.

Apesar das células do encéfalo já estarem identificadas e descritas,


existia ainda controvérsias a respeito de ser a “célula nervosa” individual
realmente a unidade básica da função encefálica.

No ano de 1859, Charles Darwin articulou a teoria da Evolução Natural,


onde as espécies evoluiriam de organismos ancestrais comuns. Sendo assim,
as diferenças entre as espécies aparecem por uma seleção natural.

Nessa linha de pensamento teórico, ele incluiu também o


comportamento entre os traços herdados que poderiam evoluir, como exemplo,
ele comparou o comportamento entre um humano e um cachorro quando
colocados em uma situação de medo.

Para Darwin, a similaridade nesse padrão de respostas mostrava que as


diferentes espécies haviam evoluído de um ancestral comum, já que possuíam
o mesmo traço de comportamento.

Como o comportamento reflete a atividade do Sistema Nervoso, podemos


inferir que os mecanismos encefálicos que formam a base dessa reação de
medo devem ser similares ou até idênticos entre as espécies.
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1.1. Mente e cognição desvendando a sua ligação

“Cognição e consciência humana nascem da


atividade do cérebro e é até hoje o objetivo mais
ousado e ambicioso da Neurociência presente desde a
infância desta.” – Lent, Roberto. Neurociência do
Comportamento, ano 2013.

O termo cognição se refere ao ato ou processo de conhecer, ao incluir


estados mentais e processos como pensar, atenção, raciocínio, memória, juízo,
imaginação, pensamento, discurso, percepção visual e audível, aprendizagem,
consciência e emoções.

Já o processo de consciência é a condição de estar consciente e pode


ser definido como o “componente do estado de vigília perceptível” por uma
pessoa a qualquer instante e também como consciente na visão da psicanálise.

Sendo assim, o processo de consciência vai além do processo de


cognição. É ter ciência, estar ciente do ambiente em que está inserido,
consciente de sua própria existência, sensações e pensamentos.

Até o início do Século XIX, consideravam que as manifestações entre


mente e consciência eram representações de espíritos animais demonstrados
por meio do cérebro.

A possibilidade de se acreditar que o Sistema Nervoso desempenha


algum papel na consciência e na cognição passou a se fortalecer no Século III
a.C. em que Herophilus (355-280 a.C.) e Erasistratus (C. 310 – 250 a.C.), no
Egito, inauguraram os estudos anatômicos do cérebro por meio de dissecações
de cadáveres, fornecendo assim as primeiras descrições mais detalhadas do
cérebro humano, em especial, os ventrículos cerebrais.

Após pesquisas em circunvoluções na superfície do cérebro,


Erasistratus fazia suas comparações em intestinos pois eram muito parecidos
com os ventrículos, o qual sua estrutura cerebral era mais fácil de ser
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identificada já que cortando o encéfalo em quase todos os planos, era grande a


chance de encontrar essas cavidades.

Anos depois, o médico romano Galeno, descorria sobre os ventrículos


cerebrais e acreditava que ali eram armazenados espíritos de animais.
Entretanto, Galeano, associava também a imaginação, intelecto e memória
com a matéria cerebral.

Por vezes, Galeano argumentou que as funções mentais podiam ser afetadas
por diferentes lesões e doenças separadamente, mas não propôs um esquema
de sua localização no encéfalo.

Contanto, a primeira e mais duradoura teoria de localização das funções


mentais no encéfalo nasceu no século IV d.C. quando Clero assimilou algumas
ideias de Galeano.

Ele defendia a doutrina ventricular, como a localização das funções


mentais em três camadas no centro do cérebro. Considerando as “partes
sólidas” do cérebro sujas e terrenas demais para agirem como intermediárias
entre corpo e alma. Já as funções superiores foram atribuídas aos ventrículos
cerebrais, confundidos facilmente com “espaços vazios”, sendo assim,
genuínos e nobres que a carne da matéria cerebral para receberem espíritos
etéreos. O reconhecimento de três partículas ventriculares, sendo elas,
anterior, mediana e posterior, traçava uma comparação com a Santa Trindade.

Nemesius (c.390), por exemplo, bispo de Emesa, na Síria, encontrava a


percepção nos ventrículos anteriores mais próximos dos órgãos dos sentidos
da face e das mãos. A cognição no ventrículo mediano e a memória no
ventrículo posterior.

Em todas as versões dessa doutrina ao longo dos séculos, ficou


evidente uma organização básica de distribuição das funções mentais em três
etapas sucessivas, correspondentes aos três ventrículos como apresentado na
tabela abaixo.
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VENTRÍCULO ANTERIOR VENTRÍCULO VENTRÍCULO POSTERIOR

MEDIANO

Nemesius c.390 Percepção Cognição Memória

St. Agostinho 354-430 Sensação Memória Movimento

ibn Sina 980-1037 Fantasia e Imaginação Retenção e


representação racional e recordação
discernimento

Leonardo da 1472-1519 Imaginação Cognição Memória


Vinci

Gregor Reisch c. 1427- Sensação, fantasia, Pensamento e Memória


1525 imaginação discernimento

Corpo estriado Corpo caloso Córtex

Thomas Willis 1621-1675 Percepção Imaginação Memória e


recordação
(fonte: LENT, Roberto. Coordenador. Neurociência da mente e do comportamento. Reimpressão, Rio de Janeiro,
Guanabara Koogan, 2013. Capítulo 1, página 5.)

Dando continuidade a tabela, é possível observar que na etapa inicial ou


primeira etapa são “recolhidas” as sensações do ambiente, na seguinte as
impressões são processadas, amadurecidas em imaginação e pensamento e já na
última etapa são armazenadas na memória.
A localização ventricular das funções mentais superiores continuou a ser aceita
tanto na Europa como no Oriente médio por alguns séculos.
Em algumas das primeiras enciclopédias modernas, o escritor humanista
alemão cartuxo Gregor Reisch (c.1427-1525) produziu uma ilustração da doutrina
ventricular que foi em seguida copiada por vários ilustradores.
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(fonte: LENT, Roberto. Coordenador. Neurociência da mente e do


comportamento. Reimpressão, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013. Capítulo 1, página 5.)

Os órgãos da “alma sensitiva” segundo Gregor Reisch (1503). As


mensagens dos órgãos dos sentidos se reúnem no “senso comum”, localizado
no ventrículo anterior; nele residem também a fantasia e a imaginação. Essas
passam pela vermis e chegam ao ventrículo mediano, no qual têm lugar o
pensamento (cognitivo) e o discernimento (estimativa). O que chega ao
ventrículo posterior passa então à memória.
Andreas Versalius (1514-1564), o maior anatomista do renascimento,
ridicularizava a ilustração feita por Gregor Reisch, pois ele, não aceitava a
localização das faculdades mentais nos ventrículos, pois comprovava em seus
estudos anatômicos que os ventrículos humanos não eram diferentes em seu
formato em comparação ao de outros animais, já que não possuíam os
mesmos poderes de raciocínio.
Uma transição para uma concepção mais realista da estrutura
ventriculares foi ilustrada por Leonardo da Vinci (1472-1519). O esboço
executado em torno do ano de 1490, representa na época convencional dos
três ventrículos alinhados no cérebro.
Anos mais tarde, após pesquisar e constatar a estrutura ventricular em
um cérebro bovino, Da Vinci, não rejeitou a teoria mas sua solução foi adapta-
la a representações gráficas anatomicamente corretos, apontando os devidos
locais da imaginação, cognição e memória em cavidades de formas diferentes.
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René Descartes (1596-1650), filósofo, físico e matemático francês,


apresentou uma visão diferente do conhecimento ventricular. Como não era
anatomista, ousou dos fundamentos da mecânica para especular as funções
do cérebro, após visualizar bonecos mecânicos e máquinas hidráulicas em
Paris, em invenções populares da época. Ele apresentou um esclarecimento
mecanicista dos fenômenos naturais, inclusive a sensação e o movimento.
Descartes, acreditava, que fluidos ou espíritos animais, circulavam pelo
encéfalo por meio dos nervos. Os fluidos levariam, por exemplo, a imagem
visual até o local do cérebro em que elas entrariam em contato com a glândula
pineal, supostamente o único órgão do cérebro a não ser se apresentar em par,
sendo assim, única estrutura singular, tal como a consciência no meio de um
encéfalo bipartido.
A função da glândula pineal seria fazer o corpo executar ordens
enviando os espíritos animais por meio dos nervos.
Pouco antes de sua morte, em seus experimentos, Descartes,
posicionou de forma errada, a glândula pineal no interior dos ventrículos, nos
quais os mais suaves movimentos podem alterar a direção dos espíritos
(animais) e este, pode alterar os movimentos da glândula. A sugestão dessa
função mediadora da pineal não era novidade. Galeano, já havia rejeitado a
ideia de que momentos da glândula regulariam o fluxo, já que ela se encontra
no exterior dos ventrículos e não no interior, como ele desejava.
O médico inglês Thomas Willis (1621-1675), em um dos seus livros que
tratava também da fisiologia e química cerebrais, ele em suas pesquisas
sugeria que os ventrículos eram apenas um resultado acidental das obras do
cérebro, mas ainda atribuía-lhes a função de formatação e circulação dos
espíritos animais. Agora, as funções mentais da memória, e a volição seriam
controladas pelos giros cerebrais e não mais pelos ventrículos.
Contudo, apesar da importância atribuída ao córtex, Thomas Willis, dava
a entender que a organização anatômica não seria fixa e sim mutável à medida
em que as operações do animal mudam, devido à variedade e qualidade de
suas ações das faculdades superiores, que podem variar de animal para
animal.
22

Ao mesmo tempo em que mudanças na organização das dobras do


córtex é possivelmente a primeira explicação mecanicista da memória, o qual o
córtex continuaria a ser representado, mas como intestinos, distribuídos de
maneira aleatória, do que como circunvoluções bem definidas.
Mas foi somente no Século XIX, no início, com franceses Pierre Gratiolet
(1814-1865) e seu mestre François Leuret (1797-1851), que por sua vez foi
discípulo de Franz Gall, é que as circunvoluções cerebrais foram reconhecidas
como uma constante anatômica em cada espécie animal.

1.2. Desvendando o Sistema Nervoso

Foram em animais, como anêmona-do-mar e a água- viva, que foi


descoberto o desenvolvimento dos primeiros sistemas nervosos, que eram
simples redes nervosas. Já as esponjas do mar, animais ainda mais primitivos,
foi visto que elas não possuíam um sistema nervoso. Visto que uma esponja
não tem comportamento, ela apenas repousa no fundo do mar. Havendo
nutrientes ela sobrevive, caso contrário, não. A água-viva e a anêmona-do-mar,
apresentam grande em comparação a esponja, pois elas tem um
comportamento. Para a realização de qualquer movimento, eles devem possuir
algum controle para que possam ocorrer em conjunto. Acredita-se que haja
uma comunicação, comunicação essa, feita por um processo eletroquímico que
ocorre entre as membranas celulares. Basicamente, o mesmo mecanismo se
torna elaborado em uma célula especializada, o neurônio, ou célula nervosa,
que pode se comunicar também a distâncias maiores.
Pode-se dizer então que os neurônios em animais, da água-viva aos
seres humanos, utilizam o mesmo mecanismo eletroquímico básico para a
condução de informações. Em animais, invertebrados, o sistema nervoso é
basicamente simples, sendo constituído apenas por alguns milhares de
neurônios. Em animais, vertebrados, é possível notar que em cada região do
cérebro há milhares ou milhões de neurônios.
23

É pelo grande aumento no número de neurônios no cérebro do


vertebrado, a razão para o desenvolvimento de aspectos mais complexos de
comportamento e experiências, como o aumento da inteligência ocorrido
durante toda a evolução dos vertebrados. A mente não pode existir em um
único neurônio, ela é o produto da interação entre uma infinidade de neurônios
no cérebro do vertebrado.
O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e a medula
espinhal. O cérebro situa-se sobre as estruturas do tronco cerebral, como
também o cerebelo. A medula fica localizada dentro do tronco cerebral, logo
acima, como uma região ventral alargada é a ponte e o cerebelo, e na parte
superior o mesencéfalo. Um pouco acima do tronco cerebral e o mesencéfalo
estão localizados, o tálamo e o hipotálamo e as estruturas do cérebro,
englobando o córtex cerebral, os gânglios da base e o sistema límbico.
As interações entre os neurônios ocorrem principalmente na proximidade
dos corpos celulares, onde as terminações axonais fazem sinapse com os
corpos celulares, com os dendritos e ou com outras terminações axonais.
Portanto, a substância cinzenta, que consiste em corpos celulares dos
neurônios, e forma o córtex cerebral e núcleos subcorticais, é o local das
interações neuronais. A substância branca é constituído de fibras que apenas
conectam as diferentes regiões da substância cinzenta.
Estão localizados no Sistema Nervoso Periférico, os nervos localizados
no corpo e na cabeça que transmitem as informações para o Sistema Nervoso
Central.
Na medula espinhal, duas categorias gerais de atividade são dirigidas
por ela, como os reflexos espinhais, que são as respostas musculares e
autônomas para os estímulos corporais que ocorrem, como também, uma
ampla variedade de atividade supra-espinhal, ascendente e descendente, entre
a medula espinhal e o cérebro que é canalizada por meio da medula espinhal.
A medula é a continuação, da medula espinhal no cérebro e contém
todos os tratos de fibras ascendentes e descendentes que conectam o cérebro
e a medula espinhal, juntamente com uma série de núcleos de células
24

neuronais importantes. A maioria dos nervos cranianos entra e sai do cérebro a


partir da medula e da região que faz limite com a ponte.
O mesencéfalo, ou também chamado de cérebro médio, é a continuação
mais anterior do tronco cerebral que ainda mantém a estrutura tubular básica
da medula espinhal. Ele se funde anteriormente ao tálamo e hipotálamo. A
porção do alto do mesencéfalo (o teto) contém núcleos importantes para os
sistemas auditivo e visual. Já a porção da base do mesencéfalo contém
núcleos para os nervos cranianos controladores do movimento ocular.
A medula, a ponte e o mesencéfalo, desenvolveram-se no inicio do
curso da evolução e possuem uma estrutura e organização
surpreendentemente uniformes, do peixe ao ser humano, embora haja, é claro,
algumas variações entre as outras espécies.
O cerebelo é uma estrutura antiga, e foi provavelmente a primeira a
especializar-se na coordenação sensório motora. Ele está situado sobre a
ponte e apresenta tipicamente uma aparência bastante convoluta, tendo um
grande número de lóbulos separados por fissuras. O cerebelo envia fibras
eferentes de saída para o tálamo, tronco cerebral e várias outras estruturas. O
cerebelo participa também da regulação e coordenação motora e dos aspectos
básicos de aprendizagem e memória.
O tálamo é um grande grupo de núcleos situados exatamente na porção
anterior e dorsal do mesencéfalo. Na visão geral, ele consiste em dois
pequenos ovoides, cada um dentro de um hemisfério cerebral do cérebro. É no
tálamo a estação retransmissora final dos principais sistemas sensoriais que se
projetam para o córtex cerebral, são eles, visual, auditivo e somático.
O hipotálamo é um agrupamento de pequenos núcleos situados
geralmente na porção inferior do cérebro, na junção com o mesencéfalo e o
tálamo.
O hipotálamo e a hipófise agem juntos como um sistema de controle mestre.
Os hormônios por eles liberados agem sobre as glândulas endócrinas para
controlar os hormônios que essas glândulas liberam.
O hipotálamo parece ser também o centro de controle mestre da emoção. A
estimulação elétrica em uma parte do hipotálamo, como também em certas
25

regiões do sistema límbico, podem desencadear a ira total e o comportamento


de ataque em seres humanos e outros animais.
No sistema límbico, estão localizados as principais estruturas, que são
elas: a amígdala, o hipocampo, as regiões adjacentes do córtex límbico e a
área septal. Essas estruturas formam importantes interconexões com porções
do hipotálamo e também do tálamo e o córtex cerebral (giro do cíngulo).
Algumas estruturas do sistema límbico, como o hipocampo, assumiram
também, outras funções, bem diferentes durante a evolução. Considera-se, por
exemplo, que o hipocampo, participa da aprendizagem e da memória.
O grupo de grandes núcleos situados nas regiões centrais dos hemisférios
cerebrais, é chamado de gânglios da base. Eles circundam parcialmente o tálamo
e são envolvidos pelo córtex e substância branca cerebrais. Estes núcleos
recebem o nome de corpo estriado, parecem participar do controle de
movimentos e formam a parte principal do sistema motor extrapiramidal.
O córtex cerebral é o responsável pelos seres humanos serem como são.
Dentro do grande córtex humano situa-se uma parte expressiva do segredo da
consciência humana, nossas capacidades sensoriais e sensibilidades
extraordinárias do mundo externo, nossas habilidades motoras, aptidões para o
raciocínio e imaginação, e acima de tudo nossas capacidades únicas de
linguagem.
26

CAPÍTULO II
MEMÓRIA E SEUS DIFERENTES TIPOS

“As descobertas fornecidas pela nova


ciência da mente se manifestam de maneira
mais evidente em nossa compreensão dos
mecanismos moleculares que o cérebro utiliza
para armazenar as memórias.”

Kandel, Eric R. Em busca da memória _ O


nascimento de uma nova ciência da mente.
Ano, 2009.

Iván Izquierdo define o termo “Memória” como sendo aquisição,


formação e evocação de informações. A aquisição também é chamada de
aprendizado ou aprendizagem, pois só se “grava”, retém, aquilo que foi
aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança,
recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido.
Podemos afirmar, conforme Noberto Bobbio, que somos aquilo que
recordamos, literalmente. Não podemos fazer aquilo que não sabemos, nem
comunicar nada que desconheçamos, isto é, nada que não esteja na nossa
memória. É o acervo de nossas memórias que faz com que cada um de nós
seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico.
Não há como negar que assim se constitui um processo ativo, uma
prática da memória, já que nosso cérebro “lembra” quais são as memórias que
não quer trazer à tona, e evita recordá-las; as humilhações, por exemplo, ou as
situações profundamente desagradáveis e incovenientes. De fato, não as
esquece, pelo contrário, as lembra muito bem e muito seletivamente, mas a
torna de difícil acesso.
O passado, nossas memórias, nossos esquecimentos voluntários, não
só nos dizem quem somos, como também nos permite projetar o futuro; isto é,
nos dizem quem poderemos ser. O passado contém o acervo de dados, o
27

único que possuímos, o tesouro que nos permite traçar linhas a partir dele,
atravessando, rumo ao futuro, o presente passageiro em que vivemos.
O conjunto das memórias de cada ume que determina aquilo que se
denomina personalidade ou forma de ser. Um humano ou animal criado no
medo será mais cuidadoso, introvertido, lutador ou ressentido, dependendo de
suas lembranças específicas mais do que de suas propriedades congênitas.
Nem se quer as memórias dos seres clonados (como os gêmeos univitelinos)
são iguais; as experiências de vida de cada um são diferentes.
Memória têm os computadores, as bibliotecas, o cachorro que nos
reconhece pelo cheiro depois de vários anos, os elefantes de quem se diz
terem muita (mas ninguém mediu), os povos ou países e, logicamente, nós, os
humanos.
Mas cada elefante, cada cachorro, e cada ser humano é quem é, um
indivíduo diferente de qualquer congênere, graças justamente à memória; a
coleção pessoal de lembranças de cada indivíduo é distinta das demais, é
única. Todos recordamos nossos pais, mas os pais de cada um de nós foram
diferentes. Todos recordamos geralmente vaga, mas prazerosamente, a casa
onde passamos nossa primeira infância ; mas a infância de uns foi mais feliz
que a de outros, e as casas de alguns desafortunados trazem más lembranças.
Todos recordamos nossa rua, mas a rua de cada um foi diferente. Eu sou
quem sou, cada um é quem é, porque todos lembramos de coisas que nos são
próprias e exclusivas e não pertencem a mais ninguém. Nossas memórias
fazem com que cada ser humano ou animal seja um ser único, um indivíduo.
O acervo das memórias de cada um de nos converte em indivíduos.
Porém, tanto nós, como os demais animais, embora indivíduos, não sabemos
viver muito bem em isolamento, com isso, formamos grupos. “Deus os cria e
eles se juntam”, afirma o ditado popular. Esse fenômeno é tanto mais intenso e
importante quanto mais evoluído seja o animal. A necessidade da interação
entre membros da mesma espécie, ou entre diferentes espécies inclui, como
elemento- chave, a comunicação entre indivíduos. Essa comunicação é
necessária para o bem-estar e para a sobrevivência. Nas espécies mais
avançadas, o altruísmo, a defesa de ideais comuns, as emoções coletivas são
28

parte da nossa memória e servem para nossa intercomunicação. Assim como


os golfinhos, nós humanos, também nos ajudamos quando passamos por
dificuldades. Procuramos por laços, geralmente, culturais ou de afinidades e,
com base nas nossas memórias comuns, assim, formamos nossos grupos.
Consideramo-nos membros de civilizações inteiras e isso nos da segurança,
porque nos proporciona conforto e identidade coletiva. Sentimos-nos apoiados
por todo grupo, chamado assim de família, bairro, cidade, país, continente.
Juntos compartilham experiências, memórias e uma história.
A memória é essencial para dar continuidade a identidade individual,
identidade de um país, para a transmissão da cultura, evolução e a
continuação das sociedades ao passar dos séculos.
Mas a palavra “memória” quer dizer algo diferente em cada caso, porque
os mecanismos de aquisição, armazenamento e evocação são diferentes.
A memória humana é parecida com a dos demais mamíferos no que se
refere aos seus mecanismos essenciais, às áreas nervosas envolvidas e ao
seu mecanismo molecular de operação; mas não no relativo ao seu conteúdo.
Um ser humano lembra de melodias e letras de canções, por exemplo, já um
rato não.
Muito do que sabemos sobre memórias, são com base em estudos e
experimentos feitos em animais em laboratórios. As memórias são feitas por
células nervosas, conhecidas também, como neurônios, que se armazenam
em redes de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes neuronais ou por
outras. São moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e pelos
estados de ânimo. Sabemos que é fácil aprender ou evocar algo quando
estamos alertas e de bom ânimo; e como fica difícil aprender qualquer coisa,
ou até de lembrar o nome de uma pessoa ou canção quando estamos
cansados, deprimidos ou muito estressados.
Os maiores reguladores da aquisição, formação e evocação das
memórias são justamente as emoções e os estados de ânimo. Nas
experiências que deixam memórias, aos olhos que veem se somam o cérebro
que compara e o coração que bate acelerado.
29

2.1. As células nervosas – Os neurônios

As células nervosas localizadas no cérebro humano, também


conhecidas como neurônios, tem a função de conduzir os impulsos nervosos
pelo corpo. São células especializadas em processar informações, armazenar,
evocar e também modular a memória animal. É sabido que há cerca de oitenta
bilhões de neurônios no cérebro humano.
Os neurônios por sua vez têm prolongamentos, às vezes de vários
centímetros, por meio dos quais estabelecem redes, se comunicando uns com
os outros. Os prolongamentos que emitem informação em forma de sinais
elétricos a outros neurônios, são denominados axônios. Os prolongamentos
sobre os quais os axônios colocam essa informação se chamam dendritos.
Essa passagem de informação dos axônios para os dendritos é feita através de
substâncias químicas produzidas nas terminações dos axônios, o qual são
chamadas de neurotransmissores. Os pontos onde as terminações axônicas
mais se aproximam dos dendritos se chamam sinapses, e são os reais de
intercomunicação de células nervosas. Do lado dendrítico, nas sinapses,
existem proteínas específicas para cada neurotransmissor, chamadas
receptores. Os neurônios “recebem” terminações de axônios de muitos outros
neurônios, por vezes, tanto como 10.000 ou mais. Porém emitem um axônio
só, que se ramifica no máximo 10 ou 20 vezes. Ou seja, eles recebem
informações de muitos outros neurônios, mas somente repassam para poucos.
Os receptores com os quais interagem os neurotransmissores podem
ser classificados como excitatórios ou inibitórios.
Os excitatórios diminuem transitoriamente a diferença de potencial entre o
líquido interior dos neurônios e o meio que os rodeia. Os inibitórios produzem o
efeito contrário, pois aumentam esse potencial. Para que um neurônio possa
produzir potenciais de ação e assim se comunicar com os seguintes, precisa
ser despolarizado até um determinado nível , chamado de limiar. Os efeitos
excitatórios e inibitórios das interações entre os neurotransmissores e seus
30

receptores devem-se ao fluxo de íons para o interior da célula, ou desde o


interior da célula para fora. A entrada de íons positivos, como sódio e cálcio
reduz a diferença de potencial entre o interior da célula, que é negativo, e o
exterior. A entrada de íons negativos, como o cloro, ou a saída de potássio,
produz um efeito contrário.

(fonte: IZQUIERDO, Iván. Memória. 2º Ed., rev e


ampliada. Artmed, 2011. Capítulo 1, página 16.)

Os axônios que liberam um outro tipo de neurotransmissor, e os


receptores a estes existentes nos dendritos, são denominados segundo o
nome do neurotransmissor. Assim, os axônios que liberam glutamato, o
principal neurotransmissor excitatório e seus receptores correspondentes são
denominados glutamatérgicos. Já o principal neurotransmissor inibitório é
chamado GABA, da sigla em inglês do ácido gama- amino- butírico; os axônios
que liberam e os receptores aos quais se liga são denominados GABAérgicos.
Os receptores à dopamina são chamados dopaminérgicos, e os axônios que
liberam esse neurotransmissor também. Os receptores à noradrenalina se
chamam noradrenérgicos, assim como os axônios que liberam essa
31

substância. No caso da seretonina, usam-se os termos serotonérgico ou


serotoninérgico. No caso em que o neurotransmissor é a acetilcolina, usa-se a
expressão colinérgico.
O glutamato, o GABA, a dopamina, a noradrenalina , a seretonina e a
acetilcolina são moléculas simples e relativamente pequenas. São esses os
principais neurotransmissores envolvidos com os processos de memória.
Há substâncias liberadas pelos axônios que atingem receptores
disseminados por muitos neurônios vizinhos, e não simplesmente sobre o
dendrito mais próximo. Essas substâncias são denominadas
neuromoduladores. Muitos são de natureza peptídica, como a B-endorfina, que
é liberada por neurônios cujo corpo celular está no hipotálamo sobre muitas
células do hipotálamo e da área imediatamente anterior a este, denominada
área preóptica, e no núcleo amigdalino ou na amígdala.

2.2. Tipos de memória e suas funções

Existem muitas classificações das memórias variando de acordo com


sua função, com o tempo que duram e de acordo com o seu conteúdo.
A memória de trabalho, também conhecida como memória imediata,
serve pra manter durante alguns segundos, no máximo poucos minutos, a
informação que está sendo processada no momento, e também, para saber
onde estamos ou o que estamos fazendo a cada momento, e o que fizemos ou
onde estávamos no momento anterior, dando continuidade assim aos nossos
atos.
A memória de trabalho se diferencia assim das demais por não deixar
traços e não produzir arquivos. Porém, as demais memórias sim.
A memória de trabalho se define melhor com exemplos, ao usarmos
quando guardamos na consciência por alguns segundos a terceira palavra da
frase anterior. A retenção dessa palavra só serviu para conseguir entender a
frase, contexto e conteúdo que veio a seguir. Usamos a memória de trabalho
32

quando perguntamos para alguém o número de telefone do dentista, pois


conservamos esse dado o tempo suficiente para disca-lo em seguida, após
feita essa comunicação, já esquecemos.
A memória de trabalho é processada fundamentalmente pelo córtex pré-
frontal, a porção mais anterior do lobo frontal. Suas porções anterolateral e
orbito-frontal e suas conexões com a amígdala basolateral e o hipocampo,
através do córtex entorrinal. A memória de trabalho, também chamada de
memória operacional, depende, simplesmente, da atividade elétrica dos
neurônios dessas regiões: há neurônios que disparam seus potenciais de ação
no início; outros, no meio e outros, no fim dos acontecimentos, sejam estes
quais forem. As células que detectam o início e o fim dos acontecimentos
denominam-se neurônios- on- e neurônios –off-, encontrados não só no córtex
prefrontal como também em todas as vias sensoriais.
A memória de trabalho não é acompanhada por alterações bioquímicas
importantes. Seu breve e fugaz processamento parece depender
fundamentalmente da atividade elétrica dos neurônios do córtex pré frontal. O
córtex pré- frontal recebe axônios procedentes de regiões cerebrais vinculadas
com a regulação dos estados de ânimo, dos níveis de consciência e das
emoções. Os neurotransmissores liberados por estes axônios, que vêm de
estruturas muito distante, modulam intensamente as células do lobo frontal que
se encarregam da memória de trabalho. Os principais neurotransmissores
moduladores da memória de trabalho no córtex pré-frontal anterolateral são a
acetilcolina e a dopamina. O que explica o fato tão conhecido de que um
estado de ânimo negativo, por exemplo, por falta de sono, por depressão, ou
por tristeza ou desânimo, perturba nossa memória de trabalho.

Denominam-se memórias procedurais ou memórias de procedimentos


as memórias de capacidade ou habilidades motoras e sensoriais, como
também conhecidas como hábitos, como exemplo, ao andar de bicicleta, nadar,
saltar, etc.
Podemos dividir essa memória em explícitas e implícitas. As memórias
de procedimentos em geral são adquiridas de maneira implícita, mais ou
33

menos automática , e sem que o sujeito perceba de forma clara que as está
aprendendo. As memórias adquiridas sem a percepção do processo
denominam-se implícitas. As memórias adquiridas com plena intervenção da
consciência se chamam explícitas.
Em caso de amésias ou perdas de memória costumam falhar primordial
ou exclusivamente as memórias declarativas episódicas e explícitas. Na
maioria das síndromes amnésicas encontram-se preservadas a maioria das
memórias procedurais e boa parte das memórias semânticas adquiridas de
maneira implícita. As exceções são a doença de Alzheimer na sua fase
terminal e a doença de Parkinson nos seus estágios mais avançados.
As principais regiões moduladoras da formação de memórias
declarativas são a área basolateral do núcleo amigdalino ou amígdala,
localizada também no lobo temporal (nas suas fases iniciais) e as grandes
regiões reguladoras dos estados de ânimo e de alerta, da ansiedade e das
emoções, localizadas à distância. Além de modular, a amígdala também
armazena memórias, principalmente quando estas têm componentes de alerta
emocional. Basta lembrar que os axônios dessas quatro estruturas inervam o
hipocampo, a amígdala e o córtex entorrinal, o cingulado e o parietal, e liberam,
respectivamente, os neurotransmissores dopamina, noradrenalina, serotonina e
acetilcolina.
A amígdala basolateral recebe, na hora da formação das memórias, o
impacto inicial de hormônios periféricos, principalmente os corticoides,
liberados no sangue pelo estresse ou pela emoção excessiva. É o núcleo por
meio do qual essas substâncias modulam as memórias. E sua ativação faz
com que estas se gravem, em geral, melhor que as outras. A adrenalina
também é liberada em situações de estresse ou exercício, mas não atravessa a
barreira que existe entre os capilares sanguíneos e o tecido encefálico,
chamada hematencenfálica. Ele age de maneira reflexa sobre a amígdala e
sobre outras regiões cerebrais, modificando localmente a pressão sanguínea.
O mesmo faz a noradrenalina liberada perifericamente pela estimulação do
sistema simpático, cujos efeitos são semelhantes aos da adrenalina.
34

Em resumo, de acordo com o seu conteúdo, as memórias se dividem


em dois grandes grupos, as declarativas (governadas fundamentalmente pelo
hipocampo e suas conexões) e as procedurais, a cargo do núcleo caudato e
suas conexões e também ao cerebelo. As vias neuronais encarregadas de
cada um desses dois grandes tipos de memórias são diferentes, e as primeiras,
as declarativas, são muito mais suscetíveis à modulação pelas emoções, pela
ansiedade e pelo estado de ânimo.
As memórias também podem ser classificadas pelo tempo que duram.
Fora da memória de trabalho, as memória explícitas podem durar alguns
minutos ou horas, ou alguns dias ou meses, ou muitas décadas. As memórias
implícitas, geralmente, duram toda vida.
Memória declarativa, de longa duração, levam tempo para serem
consolidadas. Nas primeiras horas após sua aquisição, são lábeis e suscetíveis
à interferência, por numerosos fatores, desde traumatismos cranianos ou
eletrochoques convulsivos até uma variedade enorme de drogas ou, mesmo, à
ocorrência de outras memórias.
Justamente o fato de que a fixação definitiva de uma memória é sensível
a numerosos agentes externos ou internos aplicados depois da aquisição
definiu o conceito de consolidação. As memórias de longa duração não ficam
estabelecidas em sua forma estável ou permanente imediatamente depois da
sua aquisição. O processo que leva à sua fixação definitiva de maneira em que
mais tarde poderão ser evocadas nos dias ou no anos seguintes denomina-se
consolidação.
A memória de curta duração requer as mesmas estruturas nervosas que
a de longa duração, mas envolve mecanismos próprios e distintos. Pois a
memória de curta duração é bastante resistente a muitos dos agentes que
afetam os mecanismos da consolidação da memória de longa duração. Por
último, as memórias de longa duração que duram muitos meses ou anos,
costumam ser denominadas memórias remotas.
Em seus estudos, o fisiologista russo Ivan Pavlov, no início do século
XX, estabeleceu que muitas memórias são adquiridas por meio da associação
de um estímulo a outro ou até mesmo uma resposta. Ele observou que a
35

resposta mais comum dos animais a qualquer estímulo ou conjunto de


estímulos novos, não dolorosos, é uma reação de orientação, que denominou
“reação do Que é isto?”. A reação compreende certo grau de alerta, o
direcionamento da cabeça, dos olhos, por exemplo. Se o estímulo for um
ambiente novo, o animal reage com respostas exploratórias e de orientação
geral. A repetição do estímulo leva à supressão gradual da reação de
orientação. Isso se denomina habituação. É a forma mais simples de
aprendizado e deixa memória; esta se revela justamente pela diminuição
gradual da resposta com a repetição do estímulo.
A ligação entre um estímulo e uma resposta se chama reflexo. O
desenvolvimento de uma resposta condicionada a um estímulo originalmente
neutro, que sozinho não a produzia, se chama reflexo condicionado. Existe
também uma variante importante dos reflexos condicionados em que o animal
aprende a fazer ou a omitir uma reposta condicionada para obter ou para evitar
o estímulo condicionado. Esse tipo de aprendizado denomina-se instrumental e
é extraordinariamente comum e de grande valor adaptativo. Foi descoberto
independentemente pelo polonês Jerzy Konorski e pelo estadunidense Skinner
em 1937.
Embora tenham valor descritivo e aplicação clínica, as classificações das
memórias não devem ser tomadas ao pé da letra, pois a maioria se constitui de
misturas de memórias de vários tipos e ou misturas de memórias antigas com
outras que estão sendo adquiridas ou evocadas no momento.
Assim, enquanto estamos evocando qualquer experiência,
conhecimento ou procedimento, ativa-se a memória de trabalho para verificar
se essa informação consta ou não de nossos “arquivos”, evocam-se memórias
de conteúdo similar ou não e misturam-se todas elas, às vezes formando, no
momento, uma nova memória.
Nosso cérebro possui milhões de memórias e fragmentos de memórias.
É sobre essa base que formamos ou evocamos outras. O conjunto de nossas
memórias é semelhante àquelas cidades europeias ou asiáticas muito velhas,
em que sucessivas construções ao longo de séculos, muitas vezes uma acima
das outras lhes dão uma aparência própria.
36

É bom lembrar que a base sobre a qual formamos e evocamos


memórias constantemente está constituída por “memórias e fragmentos de
memórias”, mas principalmente por fragmentos. Temos mais memórias extintas
ou quase extintas no nosso cérebro do que memórias inteiras e exatas.
A maioria das coisas que aprendemos ao longo de todos os dias de
nossa vida se extingue ou se perde. Talvez a mais importante forma de
esquecimento seja a extinção, a maioria das memórias que fomos juntando se
perde por falta de esforço. Vale lembrar que os seres humanos começam a
perder neurônios na época que aprendem a caminhar, entre os 9 e 14 meses.
A segunda perda maior acontece no segundo ano de vida e depois desacelera.
A desaparição de neurônios também pode ocorrer por doenças degenerativas,
como Alzheimer, Parkinson e alcoolismo.
O uso contínuo da memória desacelera ou reduz o déficit funcional da
memória que ocorre com a idade. Referente a memória, quanto mais se usa,
mais ligações se faz, menos neurônios se perde.
A perda das memórias pela falta de uso relaciona-se a uma propriedade
neuronal conhecida há pelo menos meio século, como perda de função,
seguida da atrofia das sinapses pela falta de uso. Essa propriedade foi
estudada inicialmente na sinapse entre o nervo frênico e o diafragma; a
estimulação repetida do nervo mantém a sinapse funcional; a secção do nervo
atrofia a sinapse.
37

CAPÍTULO III
COMO A MOTIVAÇÃO E ATENÇÃO AUXILIAM NA
AQUISIÇÃO, CONSTRUÇÃO E FIXAÇÃO DA MEMÓRIA

“O verdadeiro aprendizado se dá não quando


compreendemos, mas quando sentimos.”
Chabot, Daniel e Michael. Pedagogia
emocional_ Sentir para aprender.
Ano, 2005.

Embora, todos saibamos, intuitivamente, o que são as emoções e


possamos dar exemplos dela, como alegria, raiva, medo ou tristeza, é comum
haver dificuldade em conceituá-las ou explicar para que servem. As emoções
se manifestam por meio de alterações na sua fisiologia e nos seus processos
mentais e mobilizam os recursos cognitivos existentes, como a atenção e a
percepção. Além disso, elas alteram a fisiologia do organismo visando uma
aproximação, confronto ou afastamento e, frequentemente, costumam
determinar a escolha das ações que se seguirão.
As emoções atuam também como um sinalizador interno de que algo
importante está ocorrendo, e são, também, um eficiente mecanismo de
sinalização intergrupal, já que podemos reconhecer as emoções uns dos outros
e, por meio delas, comunicar situações e decisões relevantes aos demais
indivíduos ao nosso redor. Não só os seres humanos, mais também os animais
são capazes de perceber as respostas emocionais dos seus semelhantes e
reagir prontamente.
Como já foi citado no primeiro capítulo desse trabalho, Charles Darwin, o
criador da teoria da evolução, já havia chamado a atenção para a importância
das expressões emocionais no comportamento animal, e suas pesquisas
posteriores vieram demonstrar que as expressões faciais relativas às emoções
básicas (alegria, tristeza, medo, motivação, raiva, surpresa e desprezo) são
38

invariáveis nas diversas culturas humanas, o que as torna facilmente


identificáveis, mesmo para indivíduos de culturas distantes.
Na nossa cultura, as emoções costumam ser consideradas um resíduo
da evolução animal e são tidas como um elemento perturbador para a tomada
de decisões racionais. Acredita-se que os seres humanos deveriam controlar
suas emoções para que a razão prevaleça. Na verdade as Neurociências têm
mostrado que os processos cognitivos e emocionais estão profundamente
entrelaçados no funcionamento do cérebro e têm tornado evidente que as
emoções são importantes para que o comportamento mais adequado à
sobrevivência seja selecionado em momentos importantes da vida dos
indivíduos. A ausência dessas emoções nos tornaria como inexpressivos robôs
androides, já que vida perderia muito em colorido e sabor.
As emoções envolvem respostas periféricas que podem ser percebidas
por um observador externo: aumento no estado de alerta, desassossego,
dilatação da pupila, sudorese, lacrimejamento, alteração da expressão facial,
entre outras manifestações. Além disso, há modificações corporais internas
que são percebidas pelo sujeito, como um coração disparado, “um frio no
estômago”, ou um “nó na garganta”. Essas respostas fisiológicas são
acompanhadas por um sentimento emocional, ligado ao universo afetivo do
organismo: euforia, desânimo, irritação, etc. Além disso, na maioria das vezes,
podemos identificar a emoção que estamos sentindo.
Todos esses acontecimentos, observáveis ou não, têm origem no
cérebro, e cada um deles é processado em distintos circuitos e sistemas. Os
órgãos dos sentidos enviam as informações relevantes até o cérebro por meio
de circuitos neuronais. Se um estímulo importante, com valor emocional, é
captado, pode mobilizar a atenção e atingir as regiões corticais especificas
onde é percebido e identificado, tornando-se consciente. As informações são
então direcionadas a uma região de substância cinzenta subcortical do lobo
temporal, a amígdala cerebral (ou no núcleo amigdaloide), cuja forma lembra
uma amêndoa (amígdala = amêndoa em latim). A amígdala costuma ser
incluída em um conjunto de estruturas encefálicas conhecido como sistema
39

límbico, ao qual se atribui o controle das emoções e dos processos


motivacionais.
Ela é um aglomerado de neurônios, de organização complexa, que tem
múltiplas conexões com outras áreas do sistema nervoso. Por meio dessas
conexões a amígdala age como um centro coordenador, que dispara
comandos que poderão provocar, por exemplo, o aumento da vigilância e as
modificações viscerais (taquicardia, sudorese, dilatação da pupila), além de
promover a secreção de hormônios da glândula suprarrenal, que têm papel
importante nas emoções como o medo e a raiva. (As modificações do nosso
meio interno, inclusive a secreção dos hormônios, são feitas por intermédio do
hipotálamo, uma pequena região situada bilateralmente no centro do cérebro e
que coordena as ações viscerais e das glândulas endócrinas.) A amígdala
interage também com o córtex cerebral, permitindo que a identificação da
emoção seja feita, e podendo ocasionar, além disso, o aparecimento e a
persistência de um determinado estado de humor.
A amígdala é importante ainda na aprendizagem das reações de medo
e na identificação das expressões faciais a ele relacionadas. Pessoas ou
animais em que a amígdala foi lesada geralmente não identificam os sinais de
perigo emitidos pelos seus semelhantes e têm dificuldade de reagir
adequadamente a situações ameaçadoras.
No nosso cotidiano, as informações sensoriais que nos chegam podem
ser neutras ou vir acompanhadas de uma valência emocional, negativa ou
positiva.
Um fato importante revelado pelas pesquisas é que um determinado
estímulo, que tenha valor emocional, pode afetar o cérebro de duas maneiras
distintas. A primeira que é mais lenta, segue as vias sensoriais até o córtex
cerebral, sendo a informação depois enviada à amígdala. Dessa forma,
podemos dizer que o cérebro primeiro identifica o estímulo e depois o avalia.
Ao mesmo tempo, porém, existe uma segunda via nervosa que, após seguir
inicialmente as mesmas vias sensoriais, segue direto à amígdala antes de
chegar ao córtex cerebral. Nesse caso, as respostas emocionais periféricas
40

são desencadeadas antes que o córtex cerebral tome conhecimento do


estímulo.
Isso significa que um pequeno detalhe do ambiente é capaz de ser
identificado como mobilizador, ainda que passe despercebido aos processos
conscientes. O córtex cerebral, nesse caso, ao perceber as respostas corporais
desencadeadas, pode se confundir e identificar erroneamente a origem da
emoção ao fazer associações com outros fatores ambientais imediatos que são
percebidos conscientemente.
A amígdala tem sido muito estudada no seu envolvimento com as
emoções com valência negativa, como o medo e a raiva, mas parece também
estar envolvida no desencadeamento das emoções positivas, como a sensação
de bem-estar e prazer. Nesse caso, no entanto, outras estruturas cerebrais têm
participação mais importante. Dentre elas se destacam as que participam de
um circuito dopaminérgico (que utiliza a dopamina como neurotransmissor) que
se origina em neurônios do mesencéfalo, uma região situada um pouco abaixo
do cérebro. Esses neurônios se comunicam com muitas estruturas, mas têm
como um dos seus alvos principais uma região da base do cérebro que tem o
estranho nome de núcleo acumbente, cujos neurônios, por sua vez, se
conectam ao córtex pré-frontal. Estimulações dessa via provocam sensação de
prazer e bem-estar. Em situações experimentais, nas quais os animais têm
eletrodos implantados no núcleo acumbente de modo que podem se estimular
nessa região pressionando uma alavanca, eles costumam fazer isso com uma
alta frequência, preferindo mesmo essa estimulação a outras recompensas,
como o alimento ou o sexo. Portanto, trata-se de uma estrutura vital para a
sobrevivência dos organismos e das espécies. Esse circuito está ligado ao
fenômeno que chamamos de motivação.
A motivação parece ser resultante de uma atividade cerebral que
processa as informações vindas do meio interno (seja fome, dor, etc...) e do
ambiente externo (oportunidades e ameaças) e determina o comportamento a
ser exibido. A motivação não se refere a comportamentos reflexos ou
localizados, mas envolve a aprendizagem e outros processos cognitivos que se
encarregam da organização das ações que melhor garantam a sobrevivência.
41

A maioria dos comportamentos motivados, direcionados para um


objetivo, é aprendida. A própria obtenção da comida e água, quando estamos
famintos ou sedentos, obedece a esta regra. Mesmo o recém- nascido irá
selecionar alguns comportamentos que foram bem- sucedidos para esse fim e
tenderá a repeti-los no futuro. Nossas motivações nos levam a repetir as ações
que foram capazes de obter recompensa no passado ou a procurar situações
similares, que tenham chance de proporcionar uma satisfação desejada no
futuro. Portanto, ela é muito importante para a aprendizagem em geral. A
liberação de dopamina em algumas regiões cerebrais parece estar associada a
esse tipo de recompensa, que leva à aprendizagem.
As emoções, portanto, são importantes para os seres humanos da
mesma forma que para os outros animais. Contudo, diferentemente deles,
somos capazes de tomar consciência desses fenômenos, podendo identifica-
los e rotulá-los. Além disso, somos capazes também, de aprender a controlar
algumas de nossas reações emocionais de acordo com as convivências
sociais. De fato, as emoções não são por si mesmas, boas ou más, como
muitas vezes nos querem fazer acreditar, mas a forma como lidamos com elas
pode fazer a diferença em nossas relações sociais.
Ao longo do processo educacional, aprendemos a controlar a expressão
de nossas emoções de forma aceitável socialmente, como quando orientamos
uma criança a não bater no colega que pegou o seu brinquedo, mas sim,
conversar com ele, como meio de resolver a situação. Também aprendemos a
pesar as consequências dos comportamentos sugeridos por nosso sentimento
emocional.
Logo, aqui entra em cena a importância da interação entre os processos
cognitivos e emocionais no cérebro, para qual tem o papel primordial de uma
região do córtex pré-frontal situada logo acima das órbitas e por isso mesmo
denominada área orbitofrontal. Ela atua analisando e integrando os avisos
emocionais provenientes da amígdala ou outras informações vindas, por
exemplo, das vísceras, assim como os dados enviados por outras regiões
corticais relacionados com experiências anteriores registradas na memória.
Tudo isso gera um contexto que vai determinar que comportamentos podem
42

ser desencadeados ou devem ser inibidos. Sem dúvida, as emoções são um


fenômeno central da nossa existência e sabemos que ela tem grande influência
na aprendizagem e na memória.
Sabemos que nos momentos em que experimentamos uma carga
emocional ficamos mais vigilantes e que nossa atenção está voltada para os
detalhes considerados importantes, pois as emoções controlam os processos
motivacionais. Além disso, sabemos também que a amígdala interage com o
hipocampo e pode mesmo influenciar o processo de consolidação da memória.
Portanto, uma pequena motivação, pode ajudar no estabelecimento e
conservação de uma lembrança.

Figura 6.4. – A área mais escura delimita a


porção do córtex pré frontal denominada região orbital ou orbitofrontal, que se localiza na face inferior do
cérebro.(fonte: COSENZA, Ramon N. Neurociência e Educação _ Como o cérebro aprende. Artmed, 2011. Capítulo 6,
página 82.)

Contanto, é preciso lembrar que, por outro lado, as emoções podem ser
prejudiciais, pois a ansiedade e o estresse prolongados têm um efeito contrário
na aprendizagem. Já que a própria atenção pode ser prejudicada por eles,
sendo que, em situações estressantes, os hormônios glicocorticoides
secretados pelas suprarrenal atuam nos neurônios do hipocampo, chegando a
destruí-los.
Por tudo isso, as emoções precisam ser consideradas nos processos
educacionais. Logo, é importante que o ambiente escolar seja planejado de
43

forma a mobilizar as emoções positivas, como o entusiasmo, curiosidade,


envolvimento, desafio, enquanto as negativas, como ansiedade, apatia, medo e
frustração devem ser evitadas para que não pertubem a aprendizagem.

3.1 O aprendizado acontecendo no cérebro

Graças às pesquisas sobre o cérebro e a contribuição da neurociência, é


reconhecido dois grandes campos de competência, como as cognitivas e as
técnicas.
As competências cognitivas estão associadas ao saber e ao
conhecimento. São por vez, as mais solicitadas na escola, como exemplo, na
leitura e interpretação de textos.
As competências técnicas por sua vez, estão associadas ao Know-how e a
tudo que diz respeito às habilidades técnicas, sejam elas manuais, como
mecânica, a hidráulica, ou a eletricidade, sejam intelectuais, como a
programação de um computador, a contabilidade ou a prática do Direito. A
esses dois campos de competência, acrescem-se as competências relacionais
que nos permitem interagir com outras pessoas. E por último, não menos
importante, as competências emocionais, que nos permitem sentir as coisas,
experimentar emoções e, em consequência, reagir a elas.
Todos nós vivemos experiências que demonstram quanto nossas
emoções interferem em todas as demais competências. Por vezes, sabemos
que as emoções vêm sombrear nossas capacidades intelectuais,
procedimentais ou relacionais. Outras as embelezam, iluminam-nas e facilitam-
nas. Por isso é tão importante prestar uma atenção especial ao
desenvolvimento de nossas competências emocionais, no intuito de delas
retirar o melhor proveito em nossas atividades cotidianas.
Estudos recentes permitiram que compreendêssemos que cada um
desses campos de competências apresenta seu modo de aprendizado
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particular, seu sistema de memória particular e até mesmo suas estruturas


específicas.
As principais estruturas nervosas implicadas no aprendizado cognitivo
são o hipocampo e o córtex pré-frontal. Assim, o aprendizado das
competências cognitivas é possível graças a memória declarativa (memória
semântica e episódica), cujos substratos neurológicos são o hipocampo e o
córtex frontal.
O aprendizado das competências técnicas relativas ao Know- how e as
habilidades, se apoiam na memória procedimental, ou seja, na memória das
ações e dos saberes operatórios. As inúmeras observações dos pesquisadores
a respeito da memória nos permitiram compreender que a memória
procedimental funciona independentemente da memória declarativa.
Já as competências emocionais apoiam-se sobre uma memória
emocional, relacionada por sua vez à amígdala e ao córtex pré frontal. O
aprendizado emocional utiliza um modo de aprendizado associativo.

(fonte: CHABOT, Daniel e Michael.


Pedagogia emocional_ sentir para aprender. Sá Editora. Capítulo 1, página 18. Ano 2005.)

Na figura acima, é apresentado uma imagem de uma amígdala de um


ser humano que sofreu um condicionamento aversivo. Um estímulo
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desagradável (um choque no pulso) foi associado a um quadrado azul na tela


do computador. A condutividade eletrodermal dos sujeitos permitiu medir sua
reação emocional no momento desse processo de aprendizagem. Inicialmente,
as pessoas reagiam emocionalmente apenas quando sentiam o choque no
pulso. Depois, após algumas associações entre o choque e o quadrado azul na
tela, começaram a apresentar uma reação eletrodermal assim que viam o
quadrado azul. Essa reação estava ligada a uma ativação na amígdala. Várias
experiências com animais demonstraram que lesões na amígdala
relacionavam-se a uma ausência do aprendizado condicionado pelo medo.
Segundo o neuropsicólogo Antonio Damasio, após ter como resultado
das suas observações feitas com seres humanos chegou a constatações
similares àquelas efetuadas com os animais. Os sujeitos que sofreram lesão na
amígdala mostraram uma incapacidade a reagir emocionalmente em situações
aversivas. Pois o fato de não conseguir identificar o elo que e estabelece entre
nossas ações e suas consequências emocionais tem repercussões
extremamente importantes em nossas vidas.
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CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou investigar a importância dos aspectos


positivos da Neurociência cognitiva contribuindo com um novo olhar durante os
processos de aquisição de memória, o qual envolve os pensamentos, emoções
e a contínua motivação pela busca do “novo” por uma aprendizagem viva
durante o ciclo escolar.
Neste processo de aquisição, os novos conhecimentos apreendidos são
permeados pelo Sistema Sensorial, visto que ele é um dos canais responsáveis
por captar essas informações que recebemos a todo momento e em seguida
perpassá-los para o Sistema Nervoso Central.
Ao longo dos estudos feitos para a realização desse trabalho ficou
evidenciada a relevância da pesquisa, pois os teóricos que deram suporte ao
tema foram unânimes em apontar os benefícios que a atenção, motivação e as
emoções auxiliam para as novas conexões neurais, formando sinapses e assim
constituindo a memória.
Assim, a problemática escolhida e suas hipóteses, que buscavam
comprovar a importância da motivação e atenção como aspectos fundamentais
para a construção da aprendizagem, pode a cada capítulo, a cada leitura, obter
a confirmação dos pressupostos levantados.
A Neurociência vem trazendo suas contribuições para a Educação, de
forma a auxiliar os professores no processo de ensino x aprendizagem. Pois o
educador tendo conhecimento do processo neuronal para aquisição da
memória, ele utilizará os recursos necessários para que o indivíduo possa
aprender, reter os conhecimentos e assim, com os estímulos do ambiente
formando novas sinapses e fortalecendo a rede neuronal do indivíduo.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BEAR, Mark F., CONNORS, Barry W., PARADISO, Michael A.Neurociências,


desvendando o sistema nervoso. 3º edição Reimpressão 2010, Artmed 2008.

LENT, Roberto. Coordenador. Neurociência da mente e do comportamento.


Reimpressão, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da Educação. 4ºedição.


Editora Wak 2009. Rio de Janeiro.

THOMPSON,Richard F. O cérebro. Uma introdução à neurociência. 3º edição.


Livraria Santos Editora, 2005. São Paulo.

KANDEL, Eric R. Em busca da memória. O nascimento de uma nova ciência da


mente. 1º reimpressão. Editora Companhia das Letras, 2009. São Paulo.

IZQUIERDO, Iván. Memória. 2º edição, revista e ampliada. Editora Artmed,


2011. Porto Alegre.

COSENZA, Ramon Moreira. Fundamentos da Neuroanatomia. 4º edição. Rio


de Janeiro. Editora Guanabara Koogan, 2012.

COSENZA, Ramon Moreira, GUERRA, Leonor B. Neurociência e educação _


Como o cérebro aprende. Porto Alegre. Editora Artmed, 2011.

CHABOT, Daniel e Michael. Pedagogia emocional- Sentir para aprender.


Sá Editora, 2005.

HERCULANO_Houzel, Suzana. Fique de bem com seu cérebro.


Editora Sextante. Rio de Janeiro, Ano 2007.
48

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 07
METODOLOGIA 08
SUMÁRIO 09
INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I
Encéfalo- Mente e cérebro. Uma breve história 12
1.1. Mente e cognição- Desvendando a sua ligação 17
1.2. Desvendando o Sistema Nervoso 22

CAPÍTULO II
Memória e seus diferentes tipos 26
2.1. As células nervosas – Os neurônios 29
2.2. Tipos de memória e suas diferentes funções 31

CAPÍTULO III

Como a motivação e atenção auxiliam na aquisição, construção e fixação da


memória 37
3.1. O aprendizado acontecendo no cérebro 43

Conclusão 46
Bibliografia consultada 47
Índice 48

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