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JANICE MACÊDO DA MATTA SIMÕES

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MEMÓRIAS – ATÉ QUE PONTO SÃO VERDADEIRAS?

Feira de Santana
2022
JANICE MACÊDO DA MATTA SIMÕES1
MEMÓRIAS – ATÉ QUE PONTO SÃO VERDADEIRAS?

Feira de Santana
2022

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Professora Especialista da Rede Pública Estadual. Especialista em Educação Especial; pós-graduada em
Psicopedagogia; licenciada em Letras Vernáculas com Inglês (2004) e bacharel em Administração de Empresas;
coordenadora em Laboratório de Informática; coordenadora de Sala de Recursos Multifuncionais – AEE; formada
em Dosvox pela UFRJ(2012). Formada em Tecnologia Assistiva - UNESP . Formada em Combate ao Trabalho
Infantil. Especialista em Mídias pelo UESB-Mec/NTE3.Especialista em Educação com Foco nas tecnologias
Ativas; Necessidades Educativas Especiais e Tecnologia Assistiva. Formada em Deficiências Intelectuais pela
UNESP-SP. Selecionada entre os professores da Bahia para Formação e aperfeiçoamento na língua inglesa pelo
estado da Bahia e Consulado Americano do Rio de Janeiro. Selecionada para representar a Bahia na Missão
Pedagógica no Parlamento - Brasília – DF. Especialista pelo Programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento
profissional de professores de inglês nos Estados Unidos, pela CAPES/ Fulbright; Ex-Supervisora concursada do
PIBID Espanhol, CAPES/UEFS-BA. Membro do quadro de regentes do Colégio Estadual Ernesto Carneiro
Ribeiro - prêmio Ouro por reconhecimento das dimensões, administrativa e pedagógica Certificada em Ensino
Híbrido na Prática pela SEC-BA. Certificada como Professora Tutora pela UFRB; formada em Lógica de
programação e autoria Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
Sumário
RESUMO ................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 4
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 5
3. FORMAÇÃO DA MEMÓRIA .............................................................................................. 6
CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 8
RESUMO

A partir da memória as construções mentais se processam proporcionamos a retenção de informações


experienciadas no transcurso de nossa vida, para acesso em momentos posteriores. Este acervo torna as
condições para planejamento de nossas ações e construção de referências pessoais que interferem de
forma decisiva em nossos projetos de vida. Porém, resta uma questão que torna obscura a credibilidade
de nossas construções mentais, as falsas memórias, que há muito tempo se transformou em uma das
questões mais preocupantes nos estudos cognitivos. Fenômeno abordado com base na Teoria do Traço
Difuso, a partir da memória essencial e a literal, tornando a este tema de extrema relevância por sua
vulnerabilidade aos fatores externos e internos, autoconstruídos ou sugestionado por situações diversas.
Neste viés, este estudo de cunho bibliográfico, intenta o entendimento e provocação de discussões sobre
as causas e efeitos das falsas memórias, com o objetivo de ampliar as contribuições para estudos e
pesquisas mais aprofundadas, alertando para a extrema importância do cuidado professional em relação
aos riscos envolvidos nesta temática.

Palavras-Chave: memória, falsas memórias,teoria do traço difuso, memória essencial e literal.

ABSTRACT

From memory, mental constructions are processed, we provide the retention of information experienced
in the course of our lives, for access in later moments. This collection makes the conditions for planning
our actions and construction of personal references that interfere decisively in our life projects.
However, there remains an issue that obscures the credibility of our mental constructions, false
memories, which has long become one of the most worrisome issues in cognitive studies. Phenomenon
approached based on diffuse trait theory, from essential and literal memory, making this theme
extremely relevant due to its vulnerability to external and internal factors, self-constructed or suggested
by various situations. In this bias, this bibliographic study attempts to understand and provoke
discussions about the causes and effects of false memories, with the objective of expanding contributions
to further studies and research, alerting to the extreme importance of professional care in relation to the
risks involved in this theme.

Keywords: memory, false memories, fuzzy trait theory, essential and literal memory.

INTRODUÇÃO
A constituição da memória é um tema bastante intrigante, instigante e controverso,
sendo importante para diversos campos das ciências a exemplo da medicina geral e da forense.
Como exemplo há situações em que a memória pode se configurar em traumas duradouros que
se desencadeiam e ramificam em transtornos psicológico atormentando a vida do indivíduo,
quanto, no caso de testemunhos e afirmações baseadas em crenças, nas quais a memória é um
arcabouço e sustentáculo de informações que podem repercurtir em resultados comprometidos
e falhos.
Levando-se em conta que, em sua maioria, as memórias se constituem em decorrenccia
do acúmulo de experiências e vivências possíveis (Stenberg:2000), sua função primordial é
decorrente de sua capacidade de reter, reprocessar ideias, imagens, expessões e conhecimentos
adquiridos. Também, considerada como faculdade cognitiva extremamente importante, serve
de base para desenvolvimentos mnemônicos diversos de extrema importância na construção e
reconstrução da mental do ser humano.

As falsas memórias se configuram em uma temática desafiadora, inclusive, devido ao


fato de serem baseadas em situações que, apesar de percebidas como verdadeiras, nunca foram
vivenciadas. Neste sentido, somos levados a questionamentos sobre até que ponto as afirmações
de um sujeito se alicerçam em memórias verdadeiras ou falsas? Existem meios de se perceber
quando uma memória tem base real ou se é fruto de distorções voluntárias ou provocadas?

Aspectos como estes, tornam a busca por respostas que desvendem o porquê de algumas
pessoas serem mais sujeitas à produção e aceitaçao de falsas memórias que outras, sendo esta
uma questão muito importante, especialmente no tratamento de patologias que provocam
transtornos que interferem na inserção social, e no próprio bem estar mental do indivíduo.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Inicialmente, torna-se imprescindível definir o que vem a ser a memória e os aspectos


ligados à sua gênese e morfologia. A localização, desenvolvimento e funcionamento dos
aspectos envolvendo a memória só começou a ser entendida a partir da metade do século XX
(DAMÁSIO: 1999).

Penfield, neurocirurgião de profissão e exercício, através de suas pesquisas relacionadas


a esta temática possibilitou a descoberta e evidência de que os processos da memória 2 se
localizam em determinadas partes específicas do cérebro humano. Seus estudos partiram do
mapeamento por estimulação elétrica, além das funções motoras, sensoriais e da linguagem no
córtex dos pacientes humanos submetidos à neurocirurgia (Penfield, Wilder: 1959).

2
A memória não está localizada numa única área do cérebro, inclusive, funciona por meio de redes de neurônios,
que processam e preservam diferentes tipos de informação, amplamente distribuídos entre diversas zonas do
cérebro, numerosas conexões são ativadas simultaneamente no processamento das lembranças.
Imagem 2 - Fonte: https://italo.com.br/blog/italo/memoria/

Cardoso (2002) reintera o postulado, ao afirmar que a memória não está localizada em
uma área específica do cérebro, mas, sim, dispersa por todo ele. Inclusive, o mito de que o
cérebro era estático, com circuitos supostamente ligados de forma permanente durante o
desenvolvimento infantil, foi quebrado pela Neurociência.

Na concepção de Davidoff (1983) a capacidade de recuperar a informação desejada é


provocada a partir da relação entre elementos que provocam associação e reconhecimento,
conduzindo a comparação da informação armazenada e às prováveis associações e escolhas.

Estudiosos, como Stein e Neufeld (2001) concordam que, tanto de forma espontânea
quanto sugestionadas, as falsas memórias são factíveis, sendo as espontâneas, derivadas da
distorção interna, podendo ocorrer por autosugestão, ou por implantação, a partir de sugestão
intencional. No entanto, ambas comprometem a exatidão dos processos minemônicos, causando
riscos inclusive ao paciente e ao processo psicoterapêutico.

3. FORMAÇÃO DA MEMÓRIA

A neurociência e o estudo da memória têm aberto enormes possibilidades no


entendimento do funcionamento cerebral em relação ao meio ambiente, fatores internos e
circunstanciais que o influenciam. Pesquisas atuais demonstraram que novos neurônios são
formados em áreas favoráveis em nosso cérebro. Inclusive estudos na genética assumem que
os genes podem ser modificados a partir das experiências de vida e o meio ambiente, uns sendo
estimulados e outros bloqueados. As falsas memórias caracterizam-se pelo armazenamento de
eventos que na realidade nunca ocorreram. Estes registros são acessados, porém com distorções
susceptíveis às interpretações e inferências do indivíduo.
Neste mesmo caminho, estudiosos, como Stein e Neufeld (2001) concordam que, tanto
de forma espontânea quanto sugestionadas, a memória é sujeita à produção fruto de distorções
e erros que podem incorrer em grande risco prático. Sendo as falsas memórias factíveis, e as
espontâneas derivadas da distorção interna, podendo ocorrer por autosugestão, ou por
implantação, a partir de sugestão intencional. No entanto, ambas comprometem a exatidão dos
processos minemônicos por diversos motivos, como os causados pela transitoriedade temporal,
que apaga ou torna imprescisos os registros, com o passar do tempo, causando riscos inclusive
ao paciente e ao processo psicoterapêutico.

CONCLUSÃO

As falsas recordações de experiência são eventos susceptíveis a todos sujeitos, mas


especialmente em adultos. Isto porque nossa sociedade cobra, constantemente, reconhecimento
cognitive, além de estarmos submetidos a cconstantes pressões em todo meio social, o que
propicia sugestionamentos e encoraja a incorporação de lembranças que atendam esta demanda.
Neste conflito se dá a incorporação, em alguns casos, de falsas memórias como efetivamente
reais.

Estes fatores externos não são únicos que geram a necessidade do sujeito de atender
falsas expectativas, fruto das circunstâncias temporais, da presssão psicológica, do excedente
de demandas, da busca por aceitação, ou ascenção social, ou do próprio excesso de
processamento cerebral, bem como as situações relacionadas a transtornos diversos. Porém,
até o momento, estudos efetuados não conseguiram apresentar conclusões concretas, sobre
como evitar a produção desta distorção mnemônica. Assim, se tornam relevantes mais
pesquisas e experimentos científicos que interliguem a medicina, psicologia, psiquiatria e
neurociênia, na expectativa de se desvendar estas questões.

Finalmente, resta aos profissionais de todas as áreas, inclusive a da Saúde, se manterem


em constante reciclagem, bem como atentos e preparados com um olhar mais profundo e
distinto, para poder identificar indícios de falsas memórias, para que estas não comprometam,
nem interfiram nas psicoterapias e resultados esperados.
REFERÊNCIAS
DAMÁSIO, A. O Mistério da Consciência. Cia das Letras. São Paulo.1999.

DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: McGraw-Hill, 1983.

PENFIELD, W. & JASPER, H. 1959. Epilepsy and the Functional Anatomy of the Human
Brain. : Ed. Little, Brown and Co. Boston.

STEIN, L. M., & NEUFELD, C. B. (2001). Falsas Memórias: Por que lembramos de coisas
que não aconteceram? Arquivos de Ciências da Saúde UNIPAR, 5, 179-186.

STERNBERG, R. J. (2000). Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul.

WEB – Google Imagens – domínio público

Imagem Capa: In: < Fonte: https://media.rtp.pt/extra/wp-content/uploads/sites/22/2017/09/Tricky-


Memory_Raphael-Hitier-860x507.jpg>
Imagem 2 - Fonte: https://italo.com.br/blog/italo/memoria/

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