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Sistemas Estruturais na

Arquitetura II
Universidade Federal de Goiás – UFG
Escola de Engenharia Civil e Ambiental – EECA
Departamento de Estruturas
Prof. Dr. Arthur Álax de Araújo Albuquerque
Cascas
✓ Uma folha de papel segura entre os dedos é incapaz de
suportar o seu próprio peso.

✓ Entretanto, ao deixar o formato do papel com uma


curvatura para cima ela suporta o seu peso e mais
alguma carga adicional.

✓ A nova capacidade portante foi obtida sem aumento de


material, mas apenas com a mudança da sua forma.

✓ As membranas dependem da curvatura para suportar as


cargas. Uma membrana invertida estaria submetida a
tensões de compressão (cascas).

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Cascas

✓ Cascas são estruturas delgadas de superfície, não planas, que recebem cargas
distribuídas e reagem através de esforços solicitantes de tração, compressão e
cisalhamento.

✓ Quando a espessura da casca é pequena, comparando-se com as outras dimensões,


a rigidez a momento fletor é muito pequena, sendo considerada zero.
o Nesses casos as cascas podem ser estudadas pela teoria da membrana, ou seja,
as cargas externas serão absorvidas através de esforços solicitantes normais de
compressão e tração.

✓ As estruturas em casca mais comuns são as cilíndricas e as esféricas.

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Cascas
✓ Forma de geração das superfícies
Rotação Translação de uma curva
o curva girando ao redor de uma linha (eixo o curva translada paralelamente a si
de rotação) gera a superfície de revolução mesma, apoiando-se constantemente
em uma curva diretriz, gerando a
Superfície de revolução
superfície de translação
Superfície de translação

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Cascas
✓ Forma de geração das superfícies
No caso de uma superfície de revolução, quando o eixo de rotação é vertical, e a curva
intercepta este eixo, a superfície é chamada cúpula, e a curva de revolução é chamada
meridiano. O plano que a contém é chamado plano meridiano da superfície, e as
intersecções dos planos horizontais com a superfície são denominadas paralelos.

Círculos = paralelos arcos = meridianos

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Esforços internos nas cascas esféricas

Transição entre
compressão e
tração nos
paralelos ocorre
para um ângulo
Φ de 52°

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Esforços internos nas cascas esféricas
✓ Uma casca delgada submetida a ações externas desenvolve tensões de membrana (tração,
compressão e de cisalhamento)
✓ Geralmente são constituídas pela casca (propriamente dita), e por um anel de borda que apoia
a casca
✓ Para ações gravitacionais os esforços na casca consistem em:
o Compressão nos meridianos (efeito de arco) e nos paralelos situados acima do paralelo
definido por um ângulo (teta) igual a 51°50’.
o Os paralelos situados abaixo do ângulo (teta) igual a 51°50’ encontram-se tracionados
✓ A casca delgada deverá ser ou estar corretamente apoiada para desenvolver tensões de
membrana sobre toda a superfície

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Cascas esféricas – cúpula semi-esférica

Tração nos
paralelos
H=0 Reação na H=0
direção
vertical

As reações de apoio possuem direção da tangente à superfície no


ponto do apoio

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Cascas de revolução delgadas: membranas
✓ Forma e apoios poderão desenvolver
flexão em toda a superfície

✓ Comportamento de membrana
o Apoios contínuos desenvolverão
somente tensões normais de tração
ou compressão e tensões tangenciais
nulas, devido à simetria.

✓ Apoios isolados, as curvas dos esforços


(isostáticas) podem apresentar
pertubações na distribuição das tensões
internas nos locais de apoio
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Cascas esféricas – cúpula quando não é semi-esférica
Perturbação de borda
✓ Quando as reações das cascas, nos apoios, não são na direção da tangente à
superfície no apoio;
✓ Brusca mudança de curvatura na borda de apoio da casca, o que indica o
aparecimento de momento fletor.

Momento de borda Mb
(perturbação de borda)

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Cascas esféricas – cúpula quando não é semi-esférica
Perturbação de borda
✓ A resistência da cúpula a esse esforço de borda se faz aumentando a sua espessura
junto ao apoio.

Componente Componente
horizontal horizontal

Componente
vertical

O anel restringirá ainda mais a tendência de


dilatação dos paralelos inferiores, o que por sua Anel de borda
vez, provocará maior flexão na cúpula.
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Cascas esféricas – cúpula quando não é semi-esférica
Perturbação de borda
✓ Uma maneira de evitar o anel é colocar os apoios da cúpula na direção das forças dos
meridianos. Entretanto, não evita o aparecimento da perturbação de borda.

Apoios
inclinados

Apoios inclinados

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Cascas esféricas – cúpula quando não é semi-esférica

✓ Outra forma de resolver o problema,


pode ser colocado um conjunto aduelas
de forma triangular, as quais fornecem o
apoio contínuo à cúpula, e transmitem
forças concentradas aos aparelhos de
apoio
✓ Para cúpulas de concreto, costuma-se
protender o referido anel, com o que se
consegue uma compressão anular nas
bordas, de tal grandeza que anula as Palácio de esportes (Turin - Itália)
tensões de tração provocadas pelas ações
externas, incluindo-se o peso próprio.
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Cascas esféricas

✓ A casca delgada não é apta a absorver


ações concentradas, somente por efeito
de membrana, uma vez que a
deformação sob a força concentrada
envolve também novas curvaturas e
portanto tensões de flexão.

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Forma de geração das superfícies: Exemplos de superfícies de revolução
Um arco de círculo usado Um arco de elipse usado Uma parábola usada como
como meridiano gera uma como meridiano gera um meridiano gera um
superfície esférica. elipsóide de revolução paraboloide de revolução
ESFÉRICA ELIPSÓIDE PARABOLÓIDE

Uma hipérbole usada Uma reta paralela ao eixo de Uma rela inclinada em relação
como meridiano, gera rotação usada como ao eixo de rotação, que o
um hiperboloide de meridiano, gera uma intercepta, que é usada como
revolução superfície cilíndrica meridiano, gera uma
superfície cônica
HIPERBOLÓIDE CILÍNDRICA
CÔNICA

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Forma de geração das superfícies: Exemplos de superfícies de translação
PARABOLÓIDE ELÍPTICO
Transladando-se uma parábola com curvatura
interna sobre outra parábola também com
curvatura interna, obtém-se um parabolóide
Elipse elíptico (cujas seções horizontais são elipses).
Parábola
PARABOLÓIDE HIPERBÓLICO
Parábola Parábola

Parábola com curvatura interna, transladando-se Parábola


sobre outra parábola com curvatura externa, gera o
parabolóide hiperbólico (cujas seções horizontais
são hipérboles)

Hipérbole Hipérbole
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Classificação das superfícies segundo a curvatura
✓ Curvatura de uma superfície num ponto é obtida cortando-a com um plano que
gira ao redor da perpendicular a superfície.

1
curvatura =
R
✓ A curvatura pode ser: 1 1
. 0
o positiva ou negativa em todas as direções R1 R2
OU
o positiva em algumas e negativas em outras 1 1
. 0
✓ Superfícies do tipo:
R1 R2
o “cúpula” tem curvatura para baixo (POSITIVA)
o “taça” tem curvaturas para cima (NEGATIVA)

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Classificação das superfícies segundo a curvatura
Quando a curvatura em um ponto for
de mesmo sinal em todas direções, a
superfície é chamada de sinclástica,
naquele ponto (curvatura gaussiana
positiva) ESFÉRICA ELIPSÓIDE PARABOLÓIDE

PARABOLÓIDE HIPERBÓLICO Quando a curvatura em um ponto da superfície é


positiva numa certa direção e negativa na outra,
a superfície é chamada de anticlástica, no ponto
considerado. (curvatura gaussiana negativa)

Quando a curvatura num ponto da


superfície for positiva numa direção e
nula na outra, a superfície é chamada de
superfície desenvolvível. CILÍNDRICA
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Influência da curvatura no comportamento estrutural da casca
Para se avaliar a importância na capacidade da casca, basta considerar a seguinte expressão
da Teoria de Membrana para superfície de revolução

N1 N 2
+ =P
R1 R2
Onde:
✓ N1 e N2 são os esforços de superfície;
✓ P é a força externa aplicada radialmente.

Assim, se um índice de curvatura é nulo, a absorção das forças será menos eficiente que nas
cascas de dupla curvatura

Portanto, pode dizer que cascas de dupla curvatura são as mais eficientes!!!

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Principais tipos de casca segundo a sua curvatura

a) Cúpulas com curvatura gaussiana positiva (superfície sinclástica)


o Cúpulas de revolução: esféricas, elípticas e parabólicas
o Parabolóide elíptico

b) Cascas com curvatura gaussiana negativa (superfície anticlásticas)


o Paraboloides hiperbólicos
o Conóides

c) cúpulas com curvatura gaussiana nula (superfície desenvolvível)


o Cascas cilíndricas
o Cascas cônicas

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EXERCÍCIO

✓ Faça uma pesquisa e mostre 3 exemplos de estruturas de cascas


o Cite o arquiteto, ano, local de construção, e a finalidade da obra
o Discuta sobre o formato do elemento de casca empregado

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

✓ SALES, J. J.; MALITE, M.; GONÇALVES, R. M.; Sistemas Estruturais. Elementos


Estruturais, São Carlos, EESC/USP, 1994.

✓ REBELLO, Yopanan C. P., A concepção estrutural e a Arquitetura, São Paulo: Zigurate


Editora, 2001

✓ Oliveria, M. B., Notas de aula de Modelagem dos Sistemas Estruturais (MSE), da


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).

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