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Enquanto não temos uma sinalização clara das autoridades de como reconstrui-
remos uma regra fiscal crível que possibilite a estabilização da dívida pública nos
próximos anos, devemos seguir com bastante volatilidade nos mercados, inclusive
de Fundos Imobiliários.
Pensando nos principais riscos e oportunidades que possam surgir nesse novo con-
texto, escolhemos três fundos com boas perspectivas e relação risco-retorno bas-
tante atrativa para você ter na sua carteira em 2023. Vamos lá?
O BTG Pactual Logística (BTLG11) é um fundo imobiliário que tem como objetivo ge-
rar renda e ganhos de capital por meio de investimentos imobiliários no segmento
logístico.
Com um patrimônio líquido superior a R$ 2 bilhões e com mais de 199 mil cotistas, o
BTG Pactual Logística possui ótima liquidez, negociando um volume médio diário de
R$ 4,6 milhões no último ano. Desse modo, o investidor não deverá ter dificuldades
na montagem e desmontagem de posição.
Em relação às taxas, o Fundo cobra dos cotistas uma taxa unificada no valor de 0,90%
ao ano sobre o seu valor de mercado, o que faz do seu custo um dos mais baixos do
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segmento logístico, uma vez que não há cobrança de taxa de performance.
Portfólio
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Vale destacar que o portfólio de am-
bos os fundos incorporados é, de
modo geral, bem alinhado com o per-
fil do BTLG, por também serem imó-
veis principalmente voltados para o
segmento logístico/industrial. Ainda
assim, há duas exceções.
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Seguindo adiante, a incorporação levou a um importante aumento da diversificação
na receita de locação entre ativos, o que é muito positivo por reduzir eventuais im-
pactos específicos sobre a receita imobiliária total do Fundo.
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Fonte: BTG Pactual.
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Contratos de locação
Gostamos bastante dessa composição, visto que ela proporciona uma maior previ-
sibilidade para o fluxo de caixa futuro do Fundo devido à parcela atípica, mas sem
deixar de lado a possibilidade de revisionais positivas do aluguel dos contratos típi-
cos em meio ao cenário favorável para o segmento.
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Quanto ao perfil dos inquilinos, a maior parte da ABL está exposta ao setor logístico
(32%), de alimentos e bebidas (15%) e e-commerce (11%). Entendemos que a eleva-
da exposição a esses ramos é positiva, visto que os segmentos logístico e varejista
estão em franca ascensão, enquanto o segmento alimentício costuma ser economi-
camente resiliente.
Quanto aos locatários, temos que eles são, em sua maioria, players consolidados em
seus ramos de atuação, como o caso da BRF, Femsa, Petz, Ambev, entre outros. Sendo
assim, o risco de crédito do portfólio é bastante reduzido.
Fonte: Buildings.
Multa de contratos
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Além de incentivarem os locatários a cumprirem o acordo firmado, multas elevadas
evitam que o fundo tenha grandes impactos financeiros enquanto não reposiciona
os espaços vagos no mercado.
Recomendação
Desde que assumiu o BTLG no final de 2019, a equipe de gestão do BTG vem fazen-
do um belo trabalho de reciclagem do portfólio, além de reduzir a concentração a
poucos locatários — desafio antigo do Fundo até então. Como consequência do bom
trabalho desempenhado até o momento, temos visto um aumento consistente de
sua distribuição de proventos nos últimos anos.
O Fundo conta atualmente com: (i) um portfólio de imóveis bem posicionado para
atender às demandas exigidas do mercado de galpões logísticos; (ii) uma carteira de
locatários pulverizada e com exposição a setores resilientes; (iii) bom mix de con-
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tratos entre os típicos e atípicos; (iv) possibilidade de desinvestimento com direito a
ganho de capital em alguns imóveis.
Riscos
i) Risco de mercado: risco relacionado à oscilação no valor das cotas dos Fundos
Imobiliários devido a fatores que afetam o desempenho geral dos mercados, como
instabilidades políticas, entre outros eventos.
ii) Risco de vacância: embora conte com um portfólio de imóveis de bom padrão
construtivo e muito bem localizado, além de uma carteira de locatários bem diversi-
ficada e com boa exposição a contratos longos celebrados na modalidade atípica, o
risco de vacância não deve ser descartado. Afinal, eventuais rescisões de contratos e
desocupações dos locatários impactariam a rentabilidade do Fundo.
O Valora CRI CDI (VGIR11) é um fundo de recebíveis imobiliários que possui como
objetivo auferir rendimentos e ganhos de capital a seus cotistas por meio de inves-
timentos preponderantemente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Constituído em julho de 2018, o Fundo conta com a administração do BTG Pactual
e gestão da Valora Investimentos. Fundada em 2005, a Valora é uma gestora inde-
pendente com mais de R$ 6,5 bilhões sob gestão em 28 fundos de investimentos de
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diversas estratégias. Vale destacar que seus sócios e executivos contam com ampla
experiência nos setores imobiliário e financeiro, além de possuírem capital proprie-
tário investido nos fundos da casa.
A área imobiliária da gestora, a qual contempla, além do VGIR, outros dois fundos
imobiliários (VGHF e o VGIP) e FIDCs, é formada por 16 profissionais e comandada
desde 2016 por dois sócios da casa, sendo que ambos possuem vasta experiência
nos mercados imobiliário e de crédito privado.
Embora tenha um Patrimônio Líquido de apenas R$ 730 milhões, o VGIR vem apre-
sentando uma importante melhora de liquidez nos últimos tempos, negociando uma
média diária de R$ 3 milhões no 3T22. A melhora é justificada principalmente pela
realização de sua 6ª emissão de cotas, a qual captou um total de R$ 265 milhões e
contribuiu para pulverizar a sua base de cotistas, que alcançou o patamar de 74,5 mil
investidores.
Histórico
O Fundo acumula uma rentabilidade em torno de 54% desde a sua criação, enquanto
o IFIX e o CDI bruto acumulado obtiveram uma performance de 33% e 30%, respecti-
vamente, no período.
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Performance acumulada. Fonte: Economática.
A baixa performance registrada entre 2020 e 2021 é explicada em grande parte pelo
forte movimento de queda da Selic que vimos em 2020, quando a taxa básica de ju-
ros chegou ao patamar de apenas 2% a.a. Como a carteira de CRIs do Fundo possui
grande exposição ao indexador, o movimento acabou afetando os seus rendimentos
e, por sua vez, impactou o preço da sua cota de mercado.
Porém, com o novo ciclo de alta de juros iniciado pelo Copom em março/21 e alguns
movimentos de reciclagem do portfólio promovidos pela gestão, o cenário vem se
revertendo em favor do Fundo novamente. No acumulado dos últimos 6 meses, por
exemplo, os rendimentos distribuídos com base na cota patrimonial equivaleram a
CDI + 3,21% a.a., o que entendemos ser uma bela remuneração para o nível de risco
da carteira.
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Portfólio
Carteira de CRIs
Em relação ao perfil das operações, temos que elas são principalmente do segmento
residencial (96,7%), ainda que também haja investimentos nos segmentos de sho-
ppings (1,2%) e pulverizado (1,5%). Também há uma pequena alocação de 0,6% no
segmento hospitalar por meio do investimento em um CRI da Rede D’Or.
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Por ainda não ter um patrimônio líquido muito elevado, o VGIR possui uma carteira
um pouco concentrada em alguns riscos, como o caso dos CRIs atrelados à HM En-
genharia (13,9% do PL) e à Helbor (13,8% do PL), além das operações ligadas à Delfim
Moreira (8,7%). Isso por si só não é necessariamente um problema, mas exige certa
atenção.
No caso dos CRIs Delfim Moreira, as operações foram realizadas junto à Gafisa S.A.,
incorporadora de capital aberto com foco em empreendimentos residenciais. Essas
operações contam com alienação fiduciária de um terreno localizado no ótimo bair-
ro do Leblon, na capital carioca, além de uma relação de garantia de 189,1%.
Desse modo, entendemos que as operações possuem grau de risco adequado para
suas remunerações, que variam entre CDI + 3,5% a.a. e CDI + 4,75 % a.a.
Seguindo adiante, um ponto positivo que vemos na carteira do VGIR é a maior expo-
sição a CRIs atrelados ao CDI (98%). Uma maior alocação em ativos com esse perfil é
bem-vinda neste momento de grandes incertezas sobre qual será o novo arcabouço
fiscal do país, já que a Selic deve seguir em patamares elevados ainda por um bom
período.
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Alocação por indexador. Fonte: Valora.
É importante comentar que apenas 11,5% de suas operações não contam com garan-
tias reais. Por outro lado, o Loan-To-Value (LTV) médio ponderado da outra parcela
da carteira está em torno de 52%, ou seja, o valor do saldo devedor dos recebíveis é,
em média, metade do valor atribuído aos ativos dados em garantia nas operações,
proporcionando uma maior segurança aos cotistas.
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Alocação por LTV. Fonte: Valora.
Por fim, as taxas médias dos CRIs giram em torno de CDI + 5,0% a.a. (98,1%) e IPCA +
6,5% a.a. (1,9%), o que entendemos ser bons patamares frente ao risco e à duration
de apenas 2,4 anos da carteira.
Conclusão
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O ponto de atenção fica por conta da exposição mais elevada em algumas operações,
fator que tende a ser endereçado em futuras emissões de novas cotas do Fundo.
Com as atenções voltadas para o risco fiscal e seus possíveis impactos na inflação, é
possível que a Selic se mantenha em patamares elevados por mais tempo do que o
inicialmente esperado, o que tende a tornar a distribuição de rendimentos do Fundo
bastante resiliente no decorrer de 2023. Com base nas informações disponíveis no
momento da elaboração deste relatório, estimamos que o Fundo possa gerar rendi-
mentos equivalentes a R$ 1,56/cota nos próximos 12 meses. Ou seja, um belo ren-
dimento levando em conta o risco do Fundo, motivo pelo qual o vemos como uma
ótima opção para se ter na carteira em 2023.
Como principais riscos que envolvem a tese do Valora CRI CDI, destacamos:
i) Risco de mercado: risco relacionado à oscilação no valor das cotas dos Fundos
Imobiliários devido a fatores que afetam o desempenho geral dos mercados, como
instabilidades políticas, entre outros eventos.
ii) Risco de crédito: apesar de contar com a diligência da gestão, assim como todo
fundo de recebíveis imobiliários, o principal risco ao qual o VGIR está exposto é o de
crédito dos devedores dos CRIs.
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Kinea Securities (KNSC11)
O Kinea Securities (KNSC11) é um fundo imobiliário que busca gerar rendimentos e
ganhos de capital a seus cotistas, por meio de investimentos tanto em Certificados
de Recebíveis Imobiliários (CRIs) quanto em cotas de outros FIIs.
O Fundo deu início às suas atividades em outubro de 2020, e é gerido pela renomada
Kinea – segunda maior gestora do mercado de FIIs, com quase R$ 22,2 bilhões sob
gestão. A gestora dispensa apresentações, sendo que é uma das mais tradicionais do
mercado e possui um corpo técnico de muita qualidade e experiência.
A sua taxa de administração de 1,20% ao ano lhe confere um custo superior ao pra-
ticado pelos pares de referência. Em contrapartida, o regulamento do Fundo não
prevê a cobrança de taxa de performance.
Portfólio
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que acabam por elevar a rentabilidade do portfólio, além de proporcionarem maior
flexibilidade na alocação de recursos.
Vale comentar que por terem um prazo longo de vencimento e indexadores com-
patíveis com os de alguns ativos da carteira, entendemos que o atual patamar de
alavancagem (menos de 10% do PL) não adiciona grandes riscos ao Fundo.
Carteira de CRIs
Fonte: Kinea.
Em relação aos indexadores que remuneram os CRIs, o Fundo possui maior expo-
sição ao IPCA (60,6%), mas vem elevando gradativamente a alocação em operações
atreladas ao CDI (atualmente em 37,3% da carteira) como forma de aproveitar o ce-
nário de juros altos pelo qual o país está passando.
Fonte: Kinea.
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Essa capacidade de adaptação da carteira — seja entre os indexadores dos CRIs ou
até mesmo em relação aos riscos de crédito das operações —, de acordo com as con-
dições macroeconômicas, é uma grande vantagem do KNSC em relação aos outros
fundos de recebíveis da Kinea, que possuem mandatos menos flexíveis.
Garantias
Por fim, a carteira possui um Loan-To-Value (LTV) médio ponderado de 59%. Na prá-
tica, isso significa que o valor dos ativos dados em garantia na operação equivale
a aproximadamente 1,69 vezes o valor do saldo devedor dos recebíveis (razão de
garantia de 1,69 x), ou seja, um bom patamar considerando o risco de crédito das
operações.
Rentabilidade
Por fim, mas não menos importante, é possível notar pelos dados de cota e taxa di-
ária disponibilizados pela Kinea que a rentabilidade média da carteira do KNSC está
em torno de IPCA + 8,00% a.a. — já deduzida a taxa de administração. Ou seja, uma
rentabilidade que julgamos ser muito atrativa para uma carteira muito bem diversi-
ficada e de baixo risco de crédito.
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Fonte: Kinea Investimentos.
Recomendação
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i) Risco de crédito: assim como todo fundo de recebíveis imobiliários, o principal
risco ao qual o KNSC está exposto é o de crédito dos devedores dos CRIs. Em caso
de um eventual default, os pagamentos dos CRIs serão interrompidos, impactando
negativamente as suas distribuições. Mesmo que as suas operações contem com
mecanismos de proteção robustos e garantias suficientes para cobrir as dívidas, o
processo de execução é moroso e, ainda assim, o Fundo pode incorrer em eventuais
perdas patrimoniais.
iii) Risco de mercado: como o Fundo é negociado em Bolsa, também há o risco rela-
cionado à oscilação no valor de suas cotas de acordo com os momentos do mercado.
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Marilia Fontes
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“Em observância aos Artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, a Analista Marilia Fontes declara que:
A Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por
diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo va- CONHEÇA A NOSSA PLATAFORMA
lor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações
do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que
o norteia.”
Nord Research, 2022. Todos os direitos reservados. Rua Joaquim Floriano, 100 - Itaim Bibi, São Paulo - SP, 04534-000
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