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Por: Marx Gonçalves e Marilia Fontes

Publicado em: 2/12/2022


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• 2023: Um ano de incertezas
Com a definição dos resultados das eleições, a atenção dos mercados locais se volta
agora para o novo arcabouço fiscal que vai vigorar no país daqui em diante.

Enquanto não temos uma sinalização clara das autoridades de como reconstrui-
remos uma regra fiscal crível que possibilite a estabilização da dívida pública nos
próximos anos, devemos seguir com bastante volatilidade nos mercados, inclusive
de Fundos Imobiliários.

Pensando nos principais riscos e oportunidades que possam surgir nesse novo con-
texto, escolhemos três fundos com boas perspectivas e relação risco-retorno bas-
tante atrativa para você ter na sua carteira em 2023. Vamos lá?

Três fundos imobiliários para 2023


BTG Pactual Logística (BTLG11)
O Fundo

O BTG Pactual Logística (BTLG11) é um fundo imobiliário que tem como objetivo ge-
rar renda e ganhos de capital por meio de investimentos imobiliários no segmento
logístico.

Originalmente denominado “TRX Realty Logística Renda Fundo de Investimento Imo-


biliário (TRXL11)”, o Fundo foi estruturado e gerido pela Gestora TRX Realty entre 2010
e 2019. A partir de outubro de 2019, a sua administração e gestão foram transferidas
para a BTG Pactual Serviços Financeiros DTVM e a BTG Pactual Gestora de Recursos —
maior gestora de fundos imobiliários do mercado, com cerca de R$ 24,7 bilhões sob
gestão.

Com um patrimônio líquido superior a R$ 2 bilhões e com mais de 199 mil cotistas, o
BTG Pactual Logística possui ótima liquidez, negociando um volume médio diário de
R$ 4,6 milhões no último ano. Desse modo, o investidor não deverá ter dificuldades
na montagem e desmontagem de posição.

Em relação às taxas, o Fundo cobra dos cotistas uma taxa unificada no valor de 0,90%
ao ano sobre o seu valor de mercado, o que faz do seu custo um dos mais baixos do

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segmento logístico, uma vez que não há cobrança de taxa de performance.

Portfólio

Em outubro de 2022, o portfólio do BTLG contava com uma vacância financeira de 0%


e somava um total de 666,98 mil m² de ABL distribuídos entre vinte e dois imóveis,
sendo que 82% está localizada no estado de São Paulo.

Fonte: BTG Pactual.

Recentemente, o Fundo passou por uma importante transformação em seu portfólio,


realizando a incorporação do FII V2 Properties (VVPR) e do BlueCap Renda Logística
FII (BLCP) a condições bastante vantajosas. Com isso, a incorporação não apenas
trouxe novos ativos ao portfólio do BTLG, elevando a sua diversificação, como tam-
bém provocou um aumento imediato de 5% em seu resultado recorrente (FFO) e de
3% em seu valor patrimonial.

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Vale destacar que o portfólio de am-
bos os fundos incorporados é, de
modo geral, bem alinhado com o per-
fil do BTLG, por também serem imó-
veis principalmente voltados para o
segmento logístico/industrial. Ainda
assim, há duas exceções.

No caso do VVPR, foram incorporados


dois imóveis de perfis que fogem do
padrão, sendo eles o BTS Faria Lima
(SP), cujo foco é de renda urbana, e o
BTS Cotia (SP), que possui perfil cor-
porativo.

Embora não sejam ativos voltados


para a estratégia core do BTLG, se tra-
tam de bons imóveis, com contratos
de locação atípicos para boas empre-
sas e de bom prazo de vencimento.
Desse modo, nada impede que a ges-
tão do BTG Pactual Logística promova
Fonte: BTG Pactual. a alienação desses ativos de modo a
tornar o portfólio mais aderente à sua estratégia, auferindo ganhos de capital no
processo.

Fonte: BTG Pactual.

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Seguindo adiante, a incorporação levou a um importante aumento da diversificação
na receita de locação entre ativos, o que é muito positivo por reduzir eventuais im-
pactos específicos sobre a receita imobiliária total do Fundo.

Fonte: BTG Pactual.

É importante comentar que o portfólio consolidado segue concentrado em imóveis


de elevado padrão construtivo (A+) localizados principalmente no estado de São
Paulo, mesmo após a incorporação. Além disso, boa parte da sua receita imobiliária
está localizada dentro do raio de 30 km da capital paulista (41%), enquanto outros
16% estão no raio de 60 km.

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Fonte: BTG Pactual.

As duas regiões estão muito bem posicionadas para aproveitar o crescimento do


setor logístico, contando com boas perspectivas no curto prazo. O destaque fica por
conta do raio de 30 km, que tem se mostrado uma região muito resiliente por favo-
recer galpões logísticos last mile – última etapa do transporte de uma mercadoria
até o consumidor final – em meio ao cenário de crescimento do comércio eletrônico.

Fonte: Log Commercial Properties e Morgan Stanley.

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Contratos de locação

Os contratos de locação possuem um prazo médio ponderado equivalente a 5,8


anos. Com isso, as receitas contratadas com vencimento previsto para o curto prazo
representam apenas 14% do total, contribuindo para uma maior previsibilidade dos
fluxos futuros de aluguéis.

Fonte: BTG Pactual.

Outro benefício importante proporcionado pela incorporação foi o aumento da ex-


posição do portfólio a contratos atípicos, que passaram a representar 45% da receita
contratada, enquanto o restante (55%) corresponde a contratos típicos.

Gostamos bastante dessa composição, visto que ela proporciona uma maior previ-
sibilidade para o fluxo de caixa futuro do Fundo devido à parcela atípica, mas sem
deixar de lado a possibilidade de revisionais positivas do aluguel dos contratos típi-
cos em meio ao cenário favorável para o segmento.

Fonte: BTG Pactual.

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Quanto ao perfil dos inquilinos, a maior parte da ABL está exposta ao setor logístico
(32%), de alimentos e bebidas (15%) e e-commerce (11%). Entendemos que a eleva-
da exposição a esses ramos é positiva, visto que os segmentos logístico e varejista
estão em franca ascensão, enquanto o segmento alimentício costuma ser economi-
camente resiliente.

Fonte: BTG Pactual.

Quanto aos locatários, temos que eles são, em sua maioria, players consolidados em
seus ramos de atuação, como o caso da BRF, Femsa, Petz, Ambev, entre outros. Sendo
assim, o risco de crédito do portfólio é bastante reduzido.

Fonte: Buildings.

Multa de contratos

As multas exigidas em caso de rompimento de contrato também são robustas, com


50% do total prevendo o pagamento do saldo remanescente do contrato até o seu
vencimento e 43% entre 4 e 18 aluguéis.

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Além de incentivarem os locatários a cumprirem o acordo firmado, multas elevadas
evitam que o fundo tenha grandes impactos financeiros enquanto não reposiciona
os espaços vagos no mercado.

Fonte: BTG Pactual.

Recomendação

Desde que assumiu o BTLG no final de 2019, a equipe de gestão do BTG vem fazen-
do um belo trabalho de reciclagem do portfólio, além de reduzir a concentração a
poucos locatários — desafio antigo do Fundo até então. Como consequência do bom
trabalho desempenhado até o momento, temos visto um aumento consistente de
sua distribuição de proventos nos últimos anos.

O Fundo conta atualmente com: (i) um portfólio de imóveis bem posicionado para
atender às demandas exigidas do mercado de galpões logísticos; (ii) uma carteira de
locatários pulverizada e com exposição a setores resilientes; (iii) bom mix de con-

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tratos entre os típicos e atípicos; (iv) possibilidade de desinvestimento com direito a
ganho de capital em alguns imóveis.

Esses pilares somados ao seu valuation atrativo e à boa capacidade de distribuição


para os próximos 12 meses (estimativa de R$ 9,06/cota para o período) nos levam
a acreditar que o BTG Pactual Logística é um dos FIIs de melhor risco-retorno para
2023.

Recomendação: COMPRAR BTG Pactual Logística (BTLG11).

Riscos

Os principais riscos para o BTG Pactual Logística são:

i) Risco de mercado: risco relacionado à oscilação no valor das cotas dos Fundos
Imobiliários devido a fatores que afetam o desempenho geral dos mercados, como
instabilidades políticas, entre outros eventos.

ii) Risco de vacância: embora conte com um portfólio de imóveis de bom padrão
construtivo e muito bem localizado, além de uma carteira de locatários bem diversi-
ficada e com boa exposição a contratos longos celebrados na modalidade atípica, o
risco de vacância não deve ser descartado. Afinal, eventuais rescisões de contratos e
desocupações dos locatários impactariam a rentabilidade do Fundo.

iii) Risco de inadimplência: embora conte com um portfólio de locatários formado


por empresas consolidadas em seus respectivos ramos de atuação, esse também é
um risco que nunca pode ser desconsiderado em fundos de tijolo, visto que even-
tuais insolvências dos locatários poderiam acarretar atrasos ou calote dos aluguéis.

Valora CRI CDI (VGIR11)


O Fundo

O Valora CRI CDI (VGIR11) é um fundo de recebíveis imobiliários que possui como
objetivo auferir rendimentos e ganhos de capital a seus cotistas por meio de inves-
timentos preponderantemente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Constituído em julho de 2018, o Fundo conta com a administração do BTG Pactual
e gestão da Valora Investimentos. Fundada em 2005, a Valora é uma gestora inde-
pendente com mais de R$ 6,5 bilhões sob gestão em 28 fundos de investimentos de

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diversas estratégias. Vale destacar que seus sócios e executivos contam com ampla
experiência nos setores imobiliário e financeiro, além de possuírem capital proprie-
tário investido nos fundos da casa.

A área imobiliária da gestora, a qual contempla, além do VGIR, outros dois fundos
imobiliários (VGHF e o VGIP) e FIDCs, é formada por 16 profissionais e comandada
desde 2016 por dois sócios da casa, sendo que ambos possuem vasta experiência
nos mercados imobiliário e de crédito privado.

Embora tenha um Patrimônio Líquido de apenas R$ 730 milhões, o VGIR vem apre-
sentando uma importante melhora de liquidez nos últimos tempos, negociando uma
média diária de R$ 3 milhões no 3T22. A melhora é justificada principalmente pela
realização de sua 6ª emissão de cotas, a qual captou um total de R$ 265 milhões e
contribuiu para pulverizar a sua base de cotistas, que alcançou o patamar de 74,5 mil
investidores.

A sua taxa de gestão, administração e escrituração é de 1,06% ao ano e incide sobre


o valor de mercado, enquanto a taxa de performance corresponde a 20% sobre os
rendimentos que excederem 100% do CDI. Sendo assim, embora os custos não se-
jam baixos, são condizentes com o praticado no mercado, e o benchmark utilizado é
aderente ao perfil de investimento do VGIR, conforme veremos a seguir.

Tabela comparativa de custos.


Fonte: Regulamentos dos principais FIIs de papel do mercado.

Histórico

O Fundo acumula uma rentabilidade em torno de 54% desde a sua criação, enquanto
o IFIX e o CDI bruto acumulado obtiveram uma performance de 33% e 30%, respecti-
vamente, no período.

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Performance acumulada. Fonte: Economática.

A baixa performance registrada entre 2020 e 2021 é explicada em grande parte pelo
forte movimento de queda da Selic que vimos em 2020, quando a taxa básica de ju-
ros chegou ao patamar de apenas 2% a.a. Como a carteira de CRIs do Fundo possui
grande exposição ao indexador, o movimento acabou afetando os seus rendimentos
e, por sua vez, impactou o preço da sua cota de mercado.

Porém, com o novo ciclo de alta de juros iniciado pelo Copom em março/21 e alguns
movimentos de reciclagem do portfólio promovidos pela gestão, o cenário vem se
revertendo em favor do Fundo novamente. No acumulado dos últimos 6 meses, por
exemplo, os rendimentos distribuídos com base na cota patrimonial equivaleram a
CDI + 3,21% a.a., o que entendemos ser uma bela remuneração para o nível de risco
da carteira.

Histórico de distribuição entre mai/22 e out/22. Fonte: Valora Investimentos.

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Portfólio

O Fundo encerrou o mês de setembro com a totalidade do Patrimônio Líquido alo-


cado em 45 CRIs, sendo que todas as operações estão adimplentes com as suas
obrigações.

Alocação por ativo alvo. Fonte: Valora.

Carteira de CRIs

Em relação ao perfil das operações, temos que elas são principalmente do segmento
residencial (96,7%), ainda que também haja investimentos nos segmentos de sho-
ppings (1,2%) e pulverizado (1,5%). Também há uma pequena alocação de 0,6% no
segmento hospitalar por meio do investimento em um CRI da Rede D’Or.

Embora as operações residenciais possam ter um perfil um pouco mais apimentado


frente a outras alternativas, os CRIs da carteira contam com boas garantias na maio-
ria dos casos, como a alienação fiduciária de terrenos/imóveis líquidos e de cotas
de SPEs detidas pelas incorporadoras.

Alocação por segmento. Fonte: Valora.

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Por ainda não ter um patrimônio líquido muito elevado, o VGIR possui uma carteira
um pouco concentrada em alguns riscos, como o caso dos CRIs atrelados à HM En-
genharia (13,9% do PL) e à Helbor (13,8% do PL), além das operações ligadas à Delfim
Moreira (8,7%). Isso por si só não é necessariamente um problema, mas exige certa
atenção.

Em relação às duas últimas operações, os CRIs da HM Engenharia consistem em


operações lastreadas em debêntures emitidas pela própria HM Engenharia e Cons-
truções S.A.— incorporadora com mais de 40 anos de atuação especializada em em-
preendimentos destinados ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Vale mencionar que em razão do juro subsidiado pelo programa governamental, o


nicho de atuação da empresa costuma ter uma demanda mais resiliente mesmo em
momentos desfavoráveis para o setor imobiliário.

No caso dos CRIs Delfim Moreira, as operações foram realizadas junto à Gafisa S.A.,
incorporadora de capital aberto com foco em empreendimentos residenciais. Essas
operações contam com alienação fiduciária de um terreno localizado no ótimo bair-
ro do Leblon, na capital carioca, além de uma relação de garantia de 189,1%.

Desse modo, entendemos que as operações possuem grau de risco adequado para
suas remunerações, que variam entre CDI + 3,5% a.a. e CDI + 4,75 % a.a.

Principais alocações da carteira. Fonte: Valora.

Seguindo adiante, um ponto positivo que vemos na carteira do VGIR é a maior expo-
sição a CRIs atrelados ao CDI (98%). Uma maior alocação em ativos com esse perfil é
bem-vinda neste momento de grandes incertezas sobre qual será o novo arcabouço
fiscal do país, já que a Selic deve seguir em patamares elevados ainda por um bom
período.

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Alocação por indexador. Fonte: Valora.

Destacamos também o foco de investimento da Valora em operações exclusivas,


geralmente estruturadas pela própria gestora. Vemos essa iniciativa como positiva,
pois proporciona à gestão um maior controle das operações desde a estruturação
e precificação, até o monitoramento mais próximo dos CRIs presentes no portfólio.
Uma outra consequência dessa iniciativa é a maior exposição da carteira a CRIs
provenientes de ofertas exclusivas para investidores profissionais (ICVM 476), que
costumam contar com um risco versus retorno mais atrativo para os credores.

Alocação por tipo de emissão. Fonte: Valora.

É importante comentar que apenas 11,5% de suas operações não contam com garan-
tias reais. Por outro lado, o Loan-To-Value (LTV) médio ponderado da outra parcela
da carteira está em torno de 52%, ou seja, o valor do saldo devedor dos recebíveis é,
em média, metade do valor atribuído aos ativos dados em garantia nas operações,
proporcionando uma maior segurança aos cotistas.

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Alocação por LTV. Fonte: Valora.

Por fim, as taxas médias dos CRIs giram em torno de CDI + 5,0% a.a. (98,1%) e IPCA +
6,5% a.a. (1,9%), o que entendemos ser bons patamares frente ao risco e à duration
de apenas 2,4 anos da carteira.

Taxa média ponderada de aquisição por indexador. Fonte: Valora.

Conclusão

Além de contar com uma gestão experiente e criteriosa na estruturação e acom-


panhamento de créditos imobiliários, fundamental em seu segmento de atuação,
o VGIR conta uma carteira de CRIs: (i) com boas taxas; (ii) garantias robustas; (iii) e
maior exposição ao CDI.

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O ponto de atenção fica por conta da exposição mais elevada em algumas operações,
fator que tende a ser endereçado em futuras emissões de novas cotas do Fundo.

Com as atenções voltadas para o risco fiscal e seus possíveis impactos na inflação, é
possível que a Selic se mantenha em patamares elevados por mais tempo do que o
inicialmente esperado, o que tende a tornar a distribuição de rendimentos do Fundo
bastante resiliente no decorrer de 2023. Com base nas informações disponíveis no
momento da elaboração deste relatório, estimamos que o Fundo possa gerar rendi-
mentos equivalentes a R$ 1,56/cota nos próximos 12 meses. Ou seja, um belo ren-
dimento levando em conta o risco do Fundo, motivo pelo qual o vemos como uma
ótima opção para se ter na carteira em 2023.

Recomendação: COMPRAR Valora CRI CDI (VGIR11)


Riscos

Como principais riscos que envolvem a tese do Valora CRI CDI, destacamos:

i) Risco de mercado: risco relacionado à oscilação no valor das cotas dos Fundos
Imobiliários devido a fatores que afetam o desempenho geral dos mercados, como
instabilidades políticas, entre outros eventos.

ii) Risco de crédito: apesar de contar com a diligência da gestão, assim como todo
fundo de recebíveis imobiliários, o principal risco ao qual o VGIR está exposto é o de
crédito dos devedores dos CRIs.

iii) Risco de pré-pagamento: em momentos de taxas de juros baixas, é comum que


os devedores de alguns CRIs pré-paguem as dívidas antigas (de juros mais elevados)
para financiar novos débitos a juros inferiores, afetando a rentabilidade dos fundos
de recebíveis imobiliários.

iv) Risco de reinvestimento: em caso de pré-pagamento ou vencimento de um CRI,


parte dos recursos devolvidos pelo devedor será reinvestida. Em um ambiente de
queda das taxas de juros, as opções de investimentos podem apresentar rentabi-
lidades menos atrativas se comparadas às anteriores, impactando negativamente
as distribuições de rendimentos do fundo. Esse também é um risco a que todos os
Fundos de papel da indústria estão sujeitos.

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Kinea Securities (KNSC11)
O Kinea Securities (KNSC11) é um fundo imobiliário que busca gerar rendimentos e
ganhos de capital a seus cotistas, por meio de investimentos tanto em Certificados
de Recebíveis Imobiliários (CRIs) quanto em cotas de outros FIIs.

O Fundo deu início às suas atividades em outubro de 2020, e é gerido pela renomada
Kinea – segunda maior gestora do mercado de FIIs, com quase R$ 22,2 bilhões sob
gestão. A gestora dispensa apresentações, sendo que é uma das mais tradicionais do
mercado e possui um corpo técnico de muita qualidade e experiência.

Com um Patrimônio Líquido de aproximadamente R$ 1,2 bilhão e uma base de cotis-


tas superior a 77,9 mil investidores, o KNSC conta com uma ótima liquidez no merca-
do secundário, negociando uma média diária de R$ 4,1 milhões no 3T22.

A sua taxa de administração de 1,20% ao ano lhe confere um custo superior ao pra-
ticado pelos pares de referência. Em contrapartida, o regulamento do Fundo não
prevê a cobrança de taxa de performance.

Portfólio

Atualmente, o KNSC possui 103% de seu patrimônio líquido alocado em sessenta e


um CRIs, sendo que todas as operações estão adimplentes com suas obrigações no
momento. Além disso, ainda há 2,5% de seu PL investido em cotas de dois FIIs, sendo
eles o IDGR11 e o ERCR11, e 4% em instrumentos de renda fixa/caixa.

Fonte: Kinea. Elaborado por Nord Research.

É importante comentar que o total da alocação ultrapassou o PL em 9,6 p.p. em fun-


ção da alavancagem via operações compromissadas reversas lastreadas em CRIs,

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que acabam por elevar a rentabilidade do portfólio, além de proporcionarem maior
flexibilidade na alocação de recursos.

Vale comentar que por terem um prazo longo de vencimento e indexadores com-
patíveis com os de alguns ativos da carteira, entendemos que o atual patamar de
alavancagem (menos de 10% do PL) não adiciona grandes riscos ao Fundo.

Carteira de CRIs

A carteira de CRIs é voltada principalmente aos segmentos residencial (36,8%) e de


escritórios (34,2%), ainda que o Fundo também tenha operações de outros setores,
tais como logístico, corporativo e shoppings.

Fonte: Kinea.

Em relação aos indexadores que remuneram os CRIs, o Fundo possui maior expo-
sição ao IPCA (60,6%), mas vem elevando gradativamente a alocação em operações
atreladas ao CDI (atualmente em 37,3% da carteira) como forma de aproveitar o ce-
nário de juros altos pelo qual o país está passando.

Fonte: Kinea.

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Essa capacidade de adaptação da carteira — seja entre os indexadores dos CRIs ou
até mesmo em relação aos riscos de crédito das operações —, de acordo com as con-
dições macroeconômicas, é uma grande vantagem do KNSC em relação aos outros
fundos de recebíveis da Kinea, que possuem mandatos menos flexíveis.

Garantias

Quando tratamos de fundos de recebíveis imobiliários também é essencial anali-


sarmos as garantias que envolvem as estruturas dos CRIs em vista de uma possível
necessidade de executá-las em caso de inadimplência.

No caso do Kinea Securities, temos garantias bastante sólidas e que proporcionam


maior segurança aos cotistas, já que grande parte das operações conta, dentre ou-
tros mecanismos, com a alienação fiduciária dos terrenos e das SPEs dos projetos,
assim como cessões fiduciárias dos recebíveis oriundos das vendas das unidades e
aval dos acionistas.

Por fim, a carteira possui um Loan-To-Value (LTV) médio ponderado de 59%. Na prá-
tica, isso significa que o valor dos ativos dados em garantia na operação equivale
a aproximadamente 1,69 vezes o valor do saldo devedor dos recebíveis (razão de
garantia de 1,69 x), ou seja, um bom patamar considerando o risco de crédito das
operações.

Rentabilidade

Por fim, mas não menos importante, é possível notar pelos dados de cota e taxa di-
ária disponibilizados pela Kinea que a rentabilidade média da carteira do KNSC está
em torno de IPCA + 8,00% a.a. — já deduzida a taxa de administração. Ou seja, uma
rentabilidade que julgamos ser muito atrativa para uma carteira muito bem diversi-
ficada e de baixo risco de crédito.

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Fonte: Kinea Investimentos.

Recomendação

Além de possuir uma gestão diligente e com vasta experiência na estruturação e


acompanhamento de créditos imobiliários, a nossa recomendação de compra de
KNSC está pautada nos seguintes pilares: (i) excelente liquidez no mercado secundá-
rio; (ii) portfólio pulverizado em operações com baixo risco de crédito e com garan-
tias robustas; (iii) spread médio líquido bastante atrativo tendo em vista os riscos e
as durations das operações; (iv) portfólio balanceado entre indexadores; e (iv) des-
conto sobre o valor patrimonial.

Pelas nossas estimativas baseadas em informações disponíveis no momento da ela-


boração deste relatório, temos que o Fundo poderá entregar proventos em torno
de R$ 11,96/cota aos cotistas nos próximos 12 meses. Ou seja, um patamar bastante
atrativo diante de todos os benefícios que o Fundo pode proporcionar aos investi-
dores em um momento como o atual.

Recomendação: COMPRAR Kinea Securities (KNSC11).


Riscos

Como principais riscos para o Kinea Securities, destacamos:

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i) Risco de crédito: assim como todo fundo de recebíveis imobiliários, o principal
risco ao qual o KNSC está exposto é o de crédito dos devedores dos CRIs. Em caso
de um eventual default, os pagamentos dos CRIs serão interrompidos, impactando
negativamente as suas distribuições. Mesmo que as suas operações contem com
mecanismos de proteção robustos e garantias suficientes para cobrir as dívidas, o
processo de execução é moroso e, ainda assim, o Fundo pode incorrer em eventuais
perdas patrimoniais.

ii) Risco de pré-pagamento e reinvestimento: com as taxas de juros ainda próximas


das mínimas históricas, não é improvável que os devedores pré-paguem as dívidas
antigas (de juros mais elevados) para financiar novos débitos a juros inferiores. Caso
isso venha a acontecer, ou os CRIs simplesmente vençam, o fundo pode ter alguma
dificuldade em reinvestir os recursos na mesma taxa de juros. Esse também é um
risco a que todos os FIIs de papel da indústria estão sujeitos.

iii) Risco de mercado: como o Fundo é negociado em Bolsa, também há o risco rela-
cionado à oscilação no valor de suas cotas de acordo com os momentos do mercado.

•Considerações finais
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Um abraço e bons investimentos,

Marx Gonçalves
Marilia Fontes

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“Em observância aos Artigos 20 e 21 da Resolução CVM nº 20/2021, a Analista Marilia Fontes declara que:

1. é a responsável principal pelo conteúdo do presente Relatório de Análise;


2. as recomendações constantes no presente Relatório de Análise refletem única e exclusivamente suas
NOSSA CENTRAL DE AJUDA
opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente, inclusive com relação à Nord Research;

A Nord Research esclarece que oferece produtos contendo recomendações de investimento pautadas por
diferentes estratégias e/ou elaborados por diferentes Analistas. Dessa forma, é possível que um mesmo va- CONHEÇA A NOSSA PLATAFORMA
lor mobiliário encontre recomendações distintas em diferentes produtos por nós oferecidos. As indicações
do presente Relatório de Análise, portanto, devem ser sempre consideradas no contexto da estratégia que
o norteia.”

Nord Research, 2022. Todos os direitos reservados. Rua Joaquim Floriano, 100 - Itaim Bibi, São Paulo - SP, 04534-000

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